Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 56
Destinados


Notas iniciais do capítulo

O tempo fica parado
Há beleza em tudo que ela é
Terei coragem
Não deixarei nada levar embora o que está na minha frente
Cada suspiro
Cada momento trouxe a isso
Eu morri todos os dias esperando você
O tempo trouxe o seu coração para mim
Eu te amei por mil anos
Eu te amarei por mais mil
—A Thousand Years, Christina Perri



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Renesmee

 

Suspirei, admirada quando Alice me ajudou a colocar o vestido: tão delicado em um tom muito claro de champanhe que se intensificava, deixando-o quase bege onde as camadas de organza se sobrepunham delicadamente na barra. Poderia facilmente pertencer a uma princesa grega, ou troiana, porque imediatamente pensei em Helena de Troia. Havia detalhes em renda envolvendo o tronco e se unindo às alças largas e delicadas que sustentavam o busto.

Alice acertara em cheio, obviamente. Foi a única coisa que ela conseguiu que Jacob não decidisse, com o argumento de que era tradição e ele não veria o vestido ou teria de casar se contorcendo de dor já que, agora sabíamos, veneno de vampiro não mata lobos saudáveis.

—Que linda!_ minha mãe chorou, entre um sorriso, seu pranto seco. Vários pares de olhos emocionados me fitavam através do espelho.

—Maquiagem à prova d’água está na minha lista de melhores invenções das últimas décadas_ Alice sorriu me entregando um lenço de seda.

—Quer manter o cabelo assim ou prender de lado?_ Rose questionou enquanto eu enxugava o canto do olho sem borrar ou amassar os cílios volumosos com rímel.

—Jacob gosta do seu cabelo solto_ sugeriu Leah.

—Assim, então_ me virei de lado avaliando as duas complicadas e finas tranças que Rose usou para prender a frente de meu cabelo para trás, usando delicadas tiras de couro castanhas que se confundiam ao meu cabelo, caindo para trás, juntas dos cachos soltos.

—E os sapatos?_ indaguei e Alice suspirou em resposta.

—Sem sapatos.

Eu ri, adorando a ideia.

—Jacob?

—Quem mais?_ Rose e Alice disseram em uníssono.

Minha mãe sorriu para mim, com cumplicidade.

*

—Achei que nunca veria noiva mais bonita que sua mãe_ a voz aveludada soou por trás de mim, sorri e antes que pudesse me virar Edward estava ao meu lado na sala de casa de meus avós.

—Obrigada.

—Ainda dá tempo de fugir_ ele sorriu de lado.

—Não há nada que eu queira, em lugar algum, que não seja num altar em...

—La Push.

—La Push? Porque não me surpreende?_ sorri para Edward que me fitava com um sorriso tranquilo e estudado. —Não vou fugir, tenho certeza.

—Fico feliz com isso. Vamos lá, parece que tenho mesmo que entregar minha menina ao lobo!

Edward me levou para o carro nos braços, Alice deixou ordens claras para que eu não sujasse o vestido antes de chegar onde deveria, que agora eu sabia que era La Push. As coisas ficaram bastante claras enquanto meu pai dirigia pelo conhecido caminho de minha casa: nossa praia particular. Haviam alguns carros estacionados no acostamento de nossa estrada de seixos.

Que lugar melhor para nosso casamento? Não consegui pensar em nenhum. O dia havia sido anormalmente seco para Forks, em outubro (provavelmente, o último dia sem chuva do ano), refleti enquanto meu pai dava a volta no carro para me pegar.

—Preciso que feche os olhos, Alice tem planos cruéis e individualizados para cada um que descumprir suas ordens. Jacob também, aliás_ meu pai se inclinou me tirando do carro facilmente enquanto minha respiração ficava subitamente difícil.

Senti que ele caminhava em torno da casa, por fora, à fim de ir para a praia, recostei a testa em seu ombro e tentei ouvir alguma coisa, nada me deu sinal algum, então decidi focar em acalmar minha respiração, nesse momento percebi o cheiro deslocado e muito suave que eu não pude reconhecer, mas sem dúvida era herbáceo... Flores talvez, se tratando de um casamento. Sentia como se meu estômago congelasse. Em poucos segundos a claridade em minhas pálpebras mudou e meu pai disse:

—Pronto.

Algo como um tremor me fez balançar e arquejar, minha respiração ficando mais pesada.

—Respire, amor_ a voz de minha mãe soou ao mesmo tempo em que um objeto frio foi depositado em minha mão direita.

Finalmente abri os olhos e me deparei com 8 encorpadas rosas híbridas, iguais àquela com que Jacob me presenteou um dia e que eu mantinha guardada, após ter conseguido envolve-la em resina com ajuda de um professor do departamento de química da universidade de Seattle, garantindo que eu a teria para sempre. Meus olhos arderam com as lágrimas que não queria derramar e deixei escapar uma risada.

Observei também que elas estavam acomodadas num largo cilindro de prata brilhante com o brasão Cullen.

—Algo antigo_ disse meu pai.

—E algo azul_ minha mãe sussurrou, emocionada, encaixando um pequeno enfeite de cabelo com pedrinhas azuis entre as flores de meu buquê. —Renée me deu quando casei e disse que eu devia dar a minha filha no dia do casamento dela. Eu não achei que fosse poder, mas aqui estamos nós.

—Ah, mãe!_ a abracei, incapaz de conter as lágrimas.

—Mais 5 minutos_ a voz de Alice soou de trás de Bella, me fazendo abrir os olhos bem a tempo de vê-la entrar na tenda de tecido branco em que estávamos, me obrigando a respirar e olhar em volta enquanto ela passava por nós e saía na direção oposta.

O chão era um tablado liso cor de mogno e a tenda redonda à minha volta tinha pouco menos que dois metros e meio de altura.

—Vamos ver como estão as coisas_ Bella disse afagando meu rosto, eu assenti.

Quando eles se foram, e decidindo que Alice não arriscaria cancelar o casamento ao arrancar minha cabeça, dei uma olhadela para fora, mas tudo o que pude ver foram as costas de vários convidados (e os flashes de luz colorida causada pela pele de vampiros exposta ao sol), eles estavam dispostos de ambos os lados de onde o tablado em madeira se estendia até o altar que acabava onde meu piano estava localizado, todos atrás dele, o céu azul com nuvens finas e roxas se estendia sobre o mar que hoje estava verde jade, por causa da claridade incomum. Ouvi o resmungar de Anthony em algum lugar que não pude ver, por cima do burburinho de conversa e riso. Senti como se meu estômago fosse sair pela boca, meu coração acelerando desconfortavelmente, meu rosto esquentando.

Tudo que eu queria era ver Jacob. De repente, parecia dias atrás o momento em que saí de casa deixando-o com nosso filho. Estava com saudade dos dois.

—Vocês têm um minuto_ a voz de Alice soou de onde ela viera antes, me fazendo pensar que ela deu a volta por fora.

—Um minuto e 6 segundos se contar o tempo em que ainda estou falando com você_ a voz de Jacob saiu baixa, mas impaciente.

Me apressei em voltar para onde estava, chegando lá no momento em que Alice entrava. Ela ergueu a mão para mim e, quando a peguei, me virou de costas.

—Por favor, colaborem, em um minuto vocês poderão se ver para sempre e como bem entenderem. Por favor!

—Um minuto e 11 segundos, Alice_ sorri para o tom autoritário e gentil que era tão característico de Alice saindo na voz de Jacob. Era engraçado vê-la beber do próprio veneno.

Ela rosnou e com um último olhar suplicante para mim e sumiu. No mesmo momento uma mão grande e quente alcançou a minha, os dedos se entrelaçando nos meus, o braço encostando no meu e toda a lateral traseira do seu corpo tocando a extensão do meu.

Suspirei com o alívio de uma dor que eu não sabia que sentia.

—E se eu dissesse que não, Jake?

Senti-o dar de ombros.

—Eles todos teriam um belo jantar, não os vampiros espero, e nós teríamos uma lua de mel sem casamento.

—Nós teremos uma lua de mel?

—De qualquer forma Edward não a teria deixado vir até aqui se você tivesse dúvidas, então isso é assunto para mais tarde.

—Você é maluco! _ ri e apertei sua mão.

—Por você, principalmente_ seu tom de voz aqueceu meu peito, o nervosismo frio, sendo substituído por outro tipo de ansiedade. —Agora quero ouvir de você: tudo bem com isso? Quer casar comigo?

—Um pouco tarde para dizer não_ provoquei. Ele apertou minha mão com impaciência. —Eu disse sim, quando aceitei o anel de sua mãe, seis meses atrás. Já havia dito sim, antes, de várias formas, cada vez que não o deixei sair de minha vida. Já estamos atados, Jake. Há muito tempo.

Com um súbito movimento ele me girou, as mãos em meu rosto, tão próximos que só o que víamos era um ao outro.

—Amo você_ murmurou antes de me beijar da forma como não nos beijávamos há meses. Foi rápido, muito, muito rápido. Só durou o bastante para que eu percebesse um vislumbre do que éramos antes e do que, provavelmente, voltaríamos a ser... —Nosso temp-

—Acabou o tempo_ Alice rosnou do lado de fora.

—Está só começando_ a voz rouca e risonha decretou. Zonza com o beijo e a expectativa, só o que pude ver foi o vulto bege enquanto ele saía.

Alice surgiu me colocando de frente para a saída.

—Não se preocupe com nada_ disse-me e saiu, meu pai surgindo imediatamente.

Ele entrelaçou meu braço ao seu, beijou minha têmpora e soprei o ar lentamente enquanto a cortina se abria. O som do piano ecoou no espaço aberto.

Um passo para a tarde com os olhos de todas as tonalidades possíveis em minha direção e eu parei. Por um segundo inteiro meu cérebro lutou para assimilar a imagem e os sons, eu não podia acreditar, elas não se coadunavam em minha realidade. Com a mão livre cobri a boca, contendo uma risada alta e ilógica. Eu estava tão perplexa, surpresa e feliz que estava prestes a ter um ataque de riso, o que era absurdo porque a cena era emocionante, mas não hilariante.

Jacob, em um blazer cor de areia seca cujo as mangas estavam arrepanhadas quase até o cotovelo, dedilhava ao piano com incoerente intimidade, fazendo soar uma canção que eu desconhecia. O braço de Edward preso ao meu me conduziu, me tirando de meu momento aturdido, enquanto eu caminhava (literalmente) boquiaberta na direção de Jacob. Não pude deixar de perceber Leah com Anthony adormecendo em seu colo, de pé no canto do tablado, juntos de pessoas que registrei parcialmente, quando o instinto de conferi-lo foi sanado pude ouvir a música, por fim, e me atentar apenas em Jacob.

 Era uma composição complexa e preenchia o ar aberto sem a necessidade de nenhum outro acompanhamento, o que era um feitio e tanto para um iniciante... Talvez Jacob tivesse mesmo talento, mesmo que não tivesse tido nenhum interesse antes; com certeza aqueles longos e ágeis dedos contribuíam muito. Edward pressionou meu braço e balancei a cabeça focando apenas na disposição das notas soando com doçura e vibração intensas, era tão bonita.

Edward e eu paramos há 1 metro do piano e os olhos encantados de Jake vieram aos meus antes que duas notas seguidas encerrassem a canção com um longo ecoar. Ele levantou e deu dois passos até nós, seu sorriso espelhando o meu. Meu pai segurou minha mão e, com um meio abraço em Jake e uma breve abraço em mim, colocou-a sobre a mão dele, me entregando simbólica e definitivamente.

Apenas parcialmente percebi a aproximação do ancião, o velho Quil, se posicionando entre nós e o piano, as mãos de Jacob nas minhas e seus olhos nos meus. Ele estava tão lindo: a calça, mais clara que o blazer, dobrada nas panturrilhas musculosas, a camisa de botões branca em contraste com a pele castanha... Acariciei suas mãos e ele ergueu uma para tocar meu rosto, então a voz de tenor soou, encurtando a carícia:

—Guardamos este momento para celebrar a vida, a união e o amor. A vida que perdura mesmo no fim, a união que fortalece e torna funcional e o amor que apenas é, sem moldes ou pretensões. Jacob Black e Renesmee Cullen representam essas 3 coisas para todos nós e a partir de agora devem representar um para o outro. Que por nossa história e força, a ligação entre vocês seja como cada grão de areia e como cada gota do oceano em nossas raízes: sempre presente, mudando de forma, recuando, avançando e eterno.

Rachel e Bella surgiram trazendo pequenos banquinhos em madeira e nos separando, a primeira tomou minha mão livre, enquanto minha mãe fez o mesmo com Jacob. Nos fizeram sentar de frente um para o outro, nossas pernas quase se tocando.

—Que seus caminhos sejam o mesmo_ disse o velho Quil com solenidade, enquanto elas sujavam um dedo num pequeno pote com algo pastoso demais para ser tinta comum, tinha cheiro de óleo de alguma planta. —Mas que se não forem_ elas se ajoelharam e Rachel ergueu minha saia até os joelhos, pegando meu pé direito e traçando em seguida uma linha ondulada do meio de minha perna até o dedo indicador, —seus destinos sejam sempre se encontrar.

Então elas trocaram de lugar, depois de juntarem meus dedos do pé aos dedos de Jacob, e minha mãe seguiu o rastro que deixou nele subindo por minha pele, de maneira que juntando o trabalho de Rachel, ele e eu, tínhamos duas linhas interligadas, unindo nossos pés.

—Que a família de um seja a família do outro e que nelas possam encontrar tanto amparo como em suas famílias de origem_ nesse momento, Rachel e Bella uniram, ajoelhadas de frente para nós os dedos sujos de tinta e o senhor Quil disse uma curta frase em quileute. —A partir de agora, não apenas dois jovens, mas duas famílias estão comprometidas com união e lealdade.

Suspirei entrecortadamente e não pude deixar de pensar no significado magnânimo de me casar com Jacob: vampiros e lobos, unidos para sempre, não apenas por um tratado de paz, mas em real compromisso uns para com os outros.

As duas levantaram e voltaram para seus lugares.

—Suas palavras, Jacob.

Os olhos castanhos, intensos e marejados, fixos nos meus pareceram acender.

—Sabe os fios vermelhos emaranhados daquela história que você me contou, no dia em que nos conhecemos? Os nossos são vermelhos de sangue... Qual é, esfaqueamento nas primeiras 24 horas e assassinato alguns encontros depois?!_ a voz que começou solene e falha de emoção terminou jocosa, tirando gargalhadas de todos.

Embora questionasse o bom gosto de fazer piada com sangue e assassinato numa cerimônia cheia de vampiros, não pude deixar de rir também. Ele era impossível!

—Sério, os nossos são banhados à sangue. São tecidos de cada vida que nos trouxe até aqui, começando séculos atrás, e que a fez tão perfeita como você é para mim. Também que me fez insistente o bastante para merecê-la. São feitos de partes da sua família e da minha e de toda a história que os envolve, tendo começado quase 80 anos atrás. E eu não poderia ser mais grato por isso: por nossos caminhos estarem interligados mesmo antes que nascêssemos.

“Eu não poderia descrever, agora e em poucos minutos, quanto você é para mim, na verdade eu não poderia nem que tivesse 100 anos para isso, e nós temos. Então vou começar apenas dizendo que estarei aqui, para o que for_ ele ergueu o dedo mindinho, num gesto que faria sentido para poucas pessoas ali, mas que significava infinitamente para nós dois, e eu ergui a mão livre no pequeno espaço entre nós o envolvendo e segurando. —E que darei meus dias, por todo o sempre, para que você esteja feliz e segura. Que se você se perder, eu estarei aqui, para lembrá-la de quem é. Não vai ser difícil porque absolutamente tudo em mim é você”

—Seguirei te amando, Renesmee, como amo há tanto, e serei grato todos os dias por me amar, também _disse em tom de encerramento, e então: —Eu sei que você deve estar um pouco chateada por não ter tido tempo para fazer seus próprios votos, mas tudo bem, porque você não fugiu, então...!”

Mais risadas.

—Suas palavras, Renesmee_ disse o ancião.

—Se conseguir!_ a voz risonha de Seth soou de nossa plateia, seguida de alguns risinhos.

Eu estava, obviamente, um pouco engasgada com minhas lágrimas. Jacob afagou minha mão e a levou aos lábios, brevemente, beijando os nós de meus dedos. Foi como se abrisse uma porta para um lugar onde só havia nós dois.

—Você foi a maior e melhor surpresa em minha vida. Ter Jacob Black diante de mim pela primeira vez está, certamente, na categoria das coisas mais apavorantes e fascinantes pela qual passei. Apavorante porque pelo que eu sabia, ele era um lobo fedorento e de pavio curto.

—Continua sendo fedorento_ a voz de Emmett soou e risadas seguiram. Jacob rolou os olhos, mas tinha um sorriso de lado.

—Não para mim, obviamente_ sorrindo, olhei na direção de meu tio por um segundo, fazendo soar alguns “hmm” e voltei minha atenção ao noivo. —Quando me disse seu nome, pensei em 15 formas diferentes de fugir e algumas incluíam apagar você_ ele abriu a boca, teatralmente chocado, ignorei as risadinhas de nossos convidados. —Mas na verdade, não as cogitei porque no fundo eu queria ficar e, além da possibilidade de ser morta por você, ter encontrado a mim mesma, na casa de um semidesconhecido, num lobo e ter desejado tanto todas as coisas que eu vi prometidas quando me olhou nos olhos no primeiro segundo foi terrificante. E fascinante porque eu já sabia que estava em casa, que era certo e que já havia vivido muito naquele mundo estranho do qual Jacob Black não fazia parte.

“Você é tudo o que eu nunca fui corajosa o bastante para desejar. Não é o homem dos meus sonhos, porque é ainda melhor: é o homem da minha realidade. É aquele por quem não temo tanto o futuro, porque sei que viver cada dia ao seu lado será fantástico. Estarei em meu lar, onde for e quando for, porque estarei com você”.

Incapaz de dizer mais nada sem chorar ou me jogar nos braços de Jacob, olhei para nosso cerimonialista por um curto momento, antes de voltar a olhar Jake, e foi minha vez de esticar o braço e tocar seu rosto emocionado.

—As alianças, criança_ disse velho Quil e Claire surgiu nos oferecendo-as.

O idoso ditou frases (para que repetíssemos em uníssono) numa entonação pausada, com ênfase em lugares engraçados e tonalidades guturais que eu já reconhecia como dialeto quileute. Acho que fiz um bom trabalho na pronúncia, mas Jacob ia ter que me ensinar qualquer dia. E então trocamos alianças.

Dessa vez, Edward e Billy surgiram, em suas mãos, largas fitas tecidas a mão (também já reconhecia esse tipo de trabalho), com que eles envolveram a mim e Jacob, nos amarrando pelo tronco um ao outro.

—Unidos fisicamente estão, agora, como estão em espírito desde o início de suas vidas. Jacob, pode beijar sua esposa espiritual.

As últimas três palavras fizeram uma onda de calor percorrer meu corpo, minhas bochechas esbrasearam e Jacob segurou meu rosto. Tremi com o tipo de nervosismo que se experimenta em primeiras vezes, enquanto sua boca quente cobria a minha casta e energeticamente.

Tudo parecia envolto numa aura de felicidade tangível enquanto nossas famílias e amigos me abraçaram, incluindo vampiros de clãs distantes, sorridentes. Senti quando Jacob nos desamarrou e, ao meu lado, foi felicitado também, menos efusivamente pelos vampiros que não eram da família.

Leah se aproximou e me entregou Anthony, perfeitamente vestido num pequeno paletó e adormecido, ela me abraçou e, em poucos segundos, senti a mão de Jacob (inconfundível) em minha cintura.

—Ness, amor_ sorrindo, Leah e eu nos soltamos e me virei para ele, percebendo a mulher com ele.

Seria uma cópia exata de Rachel, se não fosse seu bronzeado de sol e os cabelos na altura do ombro.

—Rebecca_ falei em reconhecimento, embora não nunca a tivesse visto pessoalmente, e Jake explicativamente. Ele continuou:

—Minha irmã.

—É um prazer conhecê-la_ murmuramos em uníssono e sorrimos uma para a outra. Ela me abraçou de lado, considerando o bebê em meu colo.

—Parabéns por Anthony. Ele é tão lindo, estou apaixonada por meus sobrinhos.

—Sarah é mesmo um docinho_ endossei.

—Estou muito orgulhosa, Jake_ ela levantou a mão, para tocar o rosto do irmão, uns 80 centímetros mais alto que ela. Estava visivelmente emocionada. —Cuide bem da família linda que tem aqui.

—Vou cuidar.

Fui apresentada ao seu marido e então Jacob me chamou atenção para a festa que nos esperava.

Deve ter sido um trabalhão, pensei vendo que o mesmo tablado que revestia o altar na praia se estendia para nosso quintal, num caminho iluminado por tochas através das árvores e enlarguecendo em um círculo rodeado por cadeiras e mesas, mais além, próximo à casa havia uma grandiosa mesa com comida. Sobre nossas cabeças faixas de pequenas lâmpadas de led atravessavam o quintal, por enquanto, mais decorava que iluminava, a luz do sol poente fortuitamente forte. Havia arranjos de flores híbridas por todo o lugar, nos mais diferentes tons avermelhados, do rosa mais pálido ao marrom mais profundo.

Sorri para Jacob, pasma. Nós paramos enquanto eu contemplava tudo, Jacob abraçou a mim e nosso filho e fiquei na ponta do pé oferecendo minha boca, capturada por ele sem hesitação.

—A dança dos noivos_ cantou a voz familiar e retumbante.

O rosto áureo de Rosalie quase parecia infantil com o interesse no bebê que seguia adormecido em meu colo. Lhe entreguei ele e deixei que Jacob me levasse para a pista, uma valsa já tocando.

—Sério, uma valsa tradicional?_ cochichei, sorrindo. Jacob fez uma careta divertida.

—Menos é mais, disseram.

—Adoraria ver como você e Alice se afinaram em todo esse trabalho_ me deixei guiar por ele, confiando absolutamente, meus olhos apenas em seu rosto e nos senti girar. Sorri percebendo que dançava bem e recordando a única vez em que dançamos: nos balançando num restaurante, com uma barriga proeminente entre nós.

—Ela foi ótima a maior parte do tempo... a parte em que obedeceu.

Contive o impulso de jogar a cabeça para trás com a gargalhada, consciente dos olhos em nós, e apenas ri baixinho contra o alto de seu peito.

—Eu quis fazer uma surpresa. Não queria que se preocupasse ou estressasse. Ou que fugisse_ ele sorriu, mas no fundo sabia que cada palavra era verdadeira.

—Nunca fugiria de você_ chegava a me tirar o fôlego pensar em como ele era tudo pelo que eu correria atrás para sempre, nunca na direção oposta. Ele colou sua testa na minha. —Com certeza, estou muito surpresa. A cerimônia foi linda, tão original e significativa. A festa está linda! Você está maravilhoso!

Sua boca úmida tocou a minha por um segundo, aquecendo até a boca do meu estômago.

—Lembre-me de agradecer a Alice pela surpresa do vestido. Parece que veio do Olimpo para mim. _então se inclinou para sussurrar, rouco e com o hálito quente, diretamente em meu ouvido: —Eu quero adorá-la vestida e depois adorá-la sem ele.

Jacob!, projetei em sua mente num giro verificando se meu pai, por qualquer razão, não estava por ali. Jake sorriu com culpa, divertimento e desejo enquanto eu sustentava seu olhar, advertindo-o.

—Você é minha esposa, agora. Além disso eu já estou pensando, mesmo! Não vou estar mais ou menos morto por deixá-la assim_ ele tocou minha bochecha com as costas da mão que estava na minha, a mão em minha cintura me apertando um pouco.

Eufórica demais para alcançar a irritação que devia sentir, tentei segurar o riso, ele se aproveitou disso, rindo contra minha têmpora e então estávamos parando.

Um bufar exasperado atrás de mim saturou o ar a minha volta com o cheiro de Edward, Jacob passou minha mão para ele, que girou fluidamente me fazendo ter uma visão de meu marido com Rachel.

—Desculpe por Jacob.

—Sorte a dele você amá-lo tanto_ Edward sorriu de lado antes de me fazer girar num passo elaborado. Lembrei de minha curta adolescência, quando costumávamos dançar em casa.

Adorava dançar com ele.

Meu pai tomou isso como um incentivo e executou uma sucessão de passos dignos de uma competição, ele era mesmo um exibicionista.

—Você não fica muito atrás_ murmurou, inabalado pelo esforço de dançar.

—Agradeça a meus genes vampirescos_ minha voz falhava com o esforço, se comparada à dele.

—São mesmo uma ótima desculpa_ e então nos parou em uma pose clássica, me inclinando para trás. —Vamos deixar que outros dancem, ninguém fará enquanto puder admirá-la.

Voltando à posição original, murmurei:

—Ou intimidados por você, Astaire— ele beijou minha mão e sorriu afetado.

—Sinto-me muito orgulhoso pela mulher que tem se tornado, filha.

 —Obrigada, pai. Por tudo_ seus olhos de ouro pareceram derreter e seu rosto perfeito ondulou com emoção.

O abracei.

—Amo você, Renesmee. Para sempre.

Todo o resto fluiu como um rio, em movimentos constantes e mudanças quase imperceptíveis, todos envoltos numa aura de felicidade. À certa altura, quando tinha acabado de amamentar Anthony e Leah tinha sugerido entrar com ele, Jacob me chamou para dar uma volta. Olhei indecisa para o bebê no colo da loba.

—É sua festa de casamento, Nessie. Prometo que chamo se ele precisar, estarei com ele e Matt_ assenti, vendo Sue e Charlie balançarem com todo o jeito para dança de meu avô, sabendo que Leah não hesitaria em atirar Jacob longe, se Anthony viesse a precisar de mim.

Com um sorriso ela virou e se foi caminhando entre nossa estranha família ainda dançando e comendo (os que comiam).

Jacob me pegou pela mão e com alguns passos estávamos sob as árvores, o caminho mais curto para desaparecermos, sem que todos nos vissem atravessando a pista. Em silêncio ele me pegou no colo e correu. Um minuto e estávamos no altar usado por nós horas mais cedo. Ele me depositou sobre o piano.

Afaguei o material lustroso.

—Estou quase com ciúmes dele_ murmurou pegando minhas mãos e levando para seus ombros, se encaixando entre meus joelhos tanto quanto o vestido permitia.

—Precisa me contar sobre quando descobriu talento como pianista.

Ele correu o nariz por meu ombro nu, enquanto eu tentava controlar minha respiração, pensando em todos há alguns metros, após as árvores. Um beijo sob minha orelha fez minha pele doer com o arrepio exposto ao vento frio.

—Você me deu uma música. Depois de Anthony, é o melhor presente que já recebi na vida_ ele se afastou e seu sorriso faiscou sob a luz das tochas há alguns metros. —Quis te dar uma também.

—Você compôs? Aprendeu a tocar e compôs?

—Deu mais trabalho que organizar todo o casamento. Não fosse por isso, você nem teria percebido que eu andava ocupado_ sua voz vacilou com o que imaginei como culpa. —Gostou dela?

—Jake, é linda! Muito, muito bonita! Devia tocar para mim.

—Agora?_ ele pareceu constrangido. Balancei a cabeça e alcancei seu rosto trazendo-o para mim.

—Quando você quiser_ beijei suas bochechas. —Como se chama?

—Não tem um nome... Gostaria de dar o seu, mas Edward saiu na frente.

Sorri.

—Também gostaria de ter visto vocês trabalhando nisso. Ele o ajudou, certo?

—Aposto que gostaria, mesmo_ então balançou a cabeça, um sorriso enigmático no rosto à luz do fogo. Perdi o ar.

A luz alaranjada e bruxuleante fazia seu rosto sombrio, perigoso e fantasmagórico. Ele se parecia com um espírito da floresta: grande, poderoso, onipresente. Sua pele como bronze e os olhos como ónix.

—Meu pai não ajudou? Vocês...

—Digamos... Que Edward não assimilou o conceito que eu quis seguir_ senti meu rosto franzir. —Rose me ajudou.

Arquejei, minha boca abrindo.

—Você pediu?

Ele meneou a cabeça.

—Edward me ensinou o básico. Não é como se eu pudesse tocar realmente, aprendi algumas coisas e sei tocar sua música_ sorri, tocada. Seu rosto um pouco embaçado com minhas lágrimas. —Quando comecei a explicar as coisas que queria que a música expressasse, foi demais para ele ver em minha mente.

Gargalhei com vontade imaginando a cena. Não me segurei quando a risada me fez pender de lado sobre o piano. Jacob se inclinou, apoiando-se nos cotovelos, ao meu lado, e me apoiei como ele.

—E Rosalie entendeu.

Ele aquiesceu.

—Acho que até conquistei o respeito dela_ ele riu com escárnio.

—Acho que conquistou mesmo_ pensei nas palavras dela mais cedo, sem nada de objeção a Jacob, falando de como ele se esforçou e merecia que eu viesse. Ele bufou.

—Ela entende de paixão. Fui descrevendo e cantarolando, tentando desenhar você com a música, e ela foi mostrando quais notas poderiam funcionar como eu queria.

Alcancei sua mão, correndo seu braço com a minha e me inclinei para alcançar sua boca... Deus!, foi como jogar gasolina numa fogueira: deslizei sobre a superfície, o tecido do vestido de noiva facilitando muito, enquanto Jacob me puxava. Mais esperto dessa vez, suas mãos alcançaram meu tornozelo, afastando o tecido até meus joelhos e ele pôde se encaixar em mim, mais perto que na vez anterior. Uma mão veio para minha nuca enquanto sua boca estava, exigentemente, na minha. A outra subia por baixo do tecido.

Retribuí o beijo por um momento, tinha gosto de sol e champanhe, saudosa e desconcertada, meu corpo descobriu que estava vivo para isso ainda e minha cabeça girando com mil coisas.

—Jake..._ murmurei me afastando apenas alguns centímetros. Não pude ver seu rosto, pois se recostou em meu ombro, controlando a respiração. —Estão todos bem ali_ murmurei envergonhada, culpada e, por baixo disso, querendo-o.

—Não... Não estou procurando sexo, bem aqui. Estou procurando você— se ergueu e seus olhos estavam cheios de uma necessidade tão profunda que não podia ser apenas física.

Fiquei muda.

Nos olhamos por alguns minutos até que o assunto pareceu ter dispersado. Olhei em volta e afaguei sem peito sem pensar. O ruído de fundo se definindo em risadas e conversas de nossa família e amigos. Todos os lobos, até Sam... Não sei se o teria convidado, se tivesse tido parte nisso.

—Rebecca... Pensei que ela não soubesse sobre os lobos.

Ele olhou na direção da festa e deu de ombros.

—Não sabia_ ficou em silêncio por uns segundos. —Não nos víamos desde que eu era um molecote. Ela é quileute, tem direito de saber. Era isso ou não a convidar para o casamento. Um casamento estranho mesmo sem os olhos vermelhos, precisa admitir. E alguns olhos vermelhos foram bem legais, prometendo proteger você e Anthony.

Sorri e concordei alcançando sua mão e segurando em meu colo.

—E o marido dela?

—Deixei que ela decidisse isso. De qualquer forma, eles não chegaram perto o bastante para perceber muito, eu acho...

Balancei a cabeça, entendendo.

—Porque está me evitando?_ não havia acusação nem ressentimento em seu tom. Jacob perguntou com a mesma naturalidade com que perguntava se precisava ir ao mercado, o que tinha para o jantar... Ele só queria saber.

Mordi o lábio, incapaz de não ser honesta com ele.

—Não sei.

—Qualquer coisa, Ness.

Tentei resgatar o que senti por um momento e ele esperou pacientemente.

—Medo. Vergonha_ era completamente deslocado com relação a Jacob, mas era real. Quase virginal. —Timidez... eu não sei!

—Nessie, meu amor. Minha vida. Minha esposa. Porque teria medo ou vergonha de mim?

—Porque eu dei à luz um bebê de três quilos!

—Isso faz três meses. Faz dois meses e 10 dias que vejo você trocando de roupa, correndo meio enrolada na toalha, ou com o robe aberto, para atender Anthony e... Ah, Renesmee— sua voz soando tão rouca me deixou meio desesperada, levei vários segundos para entender porque. —Você está tão perfeita como sempre. Ainda mais, impossivelmente! Estaria de qualquer maneira, para mim.

Eu o queria, tanto quanto ele a mim. Como sempre havia sido.

—Me sinto tão diferente. O bebê ocupa tanto de minha mente...

—Eu sei. Eu também mudei. Mas não isso. Sempre vou querer você e sempre vou estar esperando. Entendo se não estiver pronta_ ele segurou meu rosto em concha. —Só achei que se eu..._ balançou a cabeça, fechando os olhos por um segundo.

—Se você estava me vendo assim, eu também estaria_ terminei para ele. Jacob apertou os lábios numa linha fina, dúbio: ele não diria se pensasse que isso ia me pressionar. Puxei-o pela camisa e suas mãos vieram para minha cintura. —Acho que me acovardei um pouco. Era o que eu precisava: que você me trouxesse para mim mesma. Para você.

—Nessie...

—Está tudo bem. Mesmo! Eu quero você, essa Renesmee ainda está aqui. Só preciso que me lembre, às vezes_ sorri e aproximei meu rosto do seu. —Por favor, me lembre, agora.

Devagar, sua boca tocou a minha e, lentamente, o beijo foi crescendo, ampliando e se alastrando até que tomasse todo meu corpo. A sensação familiar de que beijá-lo e sentir suas mãos não seria o bastante me inundou. Minhas mãos percorreram toda a extensão de seu corpo, sentindo a rigidez dos músculos poderosos sob a roupa e a maciez onde a pele estava exposta, aonde alcançava e senti quando seu gemido ficou preso na garganta. No mesmo momento em que ele se afastou de mim, virando ligeiramente em direção à praia, o pigarrear soou.

Jacob era muito mais sensível a presença de vampiros que eu, mesmo na forma humana.

—Hora de jogar o buquê_ disse Alice calculadamente inocente, 10 metros distante de nós. Perto demais na minha opinião. A encarei deliberadamente. —Vou lhes dar 5 minutos. Depois disso podem partir para a lua de mel.

Sua risada delicada ficou soando mesmo depois que ela se foi.

—Sobre a lua de mel..._ falei, insegura.

—Tem um avião particular nos esperando, para que possamos ser rápidos. Só dois dias e algumas horas. Mas podemos ficar mais tempo, se preferir incluir Anthony_ sorri. —Mas nesse caso, incluiremos Leah, também.

—Sério?

—Ela se ofereceu para cuidar dele. Mas podemos fazer uma viagem em família, só os três, não vejo problemas com isso.

O fitei, indecisa: embora soasse estranho ter Leah como babá em nossa lua de mel, ela devia estar angustiada pela possibilidade de ficar longe de Anthony, ao mesmo tempo eu gostava da ideia de dois dias inteiros a sós com Jacob, mas não queria ficar longe de meu filho.

—Preciso de uns minutos para amadurecer isso e então decidimos_ ele assentiu. —Vamos, preciso jogar um buquê.

Antes de chegar a pista olhei em volta e avaliei a cena: não havia muitas mulheres solteiras e, entre as humanas, apenas Hannah ainda era solteira. Não era justo que vampiras concorressem com ela... E não é como se uma vampira fosse se incomodar com isso, imaginei olhando Maggie e Tanya. Jennifer, que interrompera sua viagem com Seth para estar em meu casamento, também não seria concorrente justa. Assim, tive uma ideia e parei antes da metade da pista.

—Não há muita igualdade..._ falei um tom mais alto que o normal e lembrei da irmã de Jacob, recém trazida ao nosso mundo sobrenatural —de habilidades entre as mulheres solteiras, não é? Espero que ninguém se importe se eu tentar igualar isso, alterando um pouco as regras.

Todos me olharam com curiosidade e sorri.

—Seth, Embry e Alex disputarão pelo buquê_ a maioria compreendeu e houve uma salva de palmas e risadas, que foram seguidas pelos demais. Embora o último rapaz fosse jovem demais para casar, ele tinha força física para concorrer com os dois mais velhos, além de estar comprometido através do imprinting com sua melhor amiga.

O lobo mais jovem parecia vermelho sob a pele caramelo, tanto Seth quanto Embry passaram a mão em sua cabeça e o cutucaram e acotovelaram, enquanto riam e se puxavam para um ponto a alguns metros de mim, na pista de dança. Procurei as garotas e apenas Ava parecia constrangida, embora seu status não fosse diferente do que era antes, pelo que eu soubesse. Hannah e Jen estavam risonhas falando incentivos aos garotos! Bella se aproximou me entregando o buquê, de onde tirei uma rosa e o pente com pedras preciosas que Bella me entregou.

—Se esforcem, garotos!

—Aposto 100 no Seth!_ Emmett rugiu enquanto eu me virava.

—Um, dois..._ e joguei por cima de minha cabeça, me virando rapidamente à fim de vê-los lutar.

Enquanto Seth e Embry perderam tempo se engalfinhando, Alex deu um ágil salto no ar e agarrou o buquê; ou a maior parte dele, já que algumas flores soltaram do arranjo, sendo pegas rapidamente por outras mãos, de forma que os 3 saíram com, ao menos, uma flor.

Eu batia palma, rindo, quando senti um braço em torno de minha cintura. Olhei para cima bem a tempo de ver Jacob desviar os olhos contentes dos amigos e encontrarem os meus.

—Tudo bem garoto, você precisa mesmo de alguma vantagem_ disse Embry a Alex, nos chamando atenção, e fazendo-o balançar a cabeça com um sorriso tímido e os outros lobos rirem. Enquanto falava, ele pegou a mão de Hannah, sentada à mesa, e a fez levantar. Com uma mão nas costas dela, olhou para o outro lado, na direção onde meus avós assistiam tudo, por um segundo.

—Eu gostaria de, na frente de nossos amigos, perguntar: você quer casar comigo?_ ele tirou do bolso da calça uma caixinha de veludo negro. Me vi, apertando o braço de Jacob, para me conter e não pular de alegria, enquanto o coro de vozes comovidas e admiradas soava em torno.

Hannah cobriu a boca com uma mão, os olhos daquele tom vibrante e raro de verde, enormes e brilhantes.

—Quero pedir a bênção de Esme e Carlisle, que têm sido como seus segundos pais_ ele se desviou de minha amiga, e olhando para meus avós disse: —Prometo cuidar bem dela.

—Têm nossa bênção_ disse Carlisle com um sorriso brilhante. Esme tinha o rosto contorcido de ternura em seu pranto seco.

—Você aceita?_ Embry voltou-se para Hannah que se jogou contra ele, engasgada quase não pude ouvir seu sim, mas ouve um coro de risadas, principalmente dos que tinham ouvidos sensíveis o bastante para ouvi-la.

Depois que os cumprimentamos pelo noivado, Alice se aproximou falando sobre o horário de nosso voo, senti um frio na barriga ao pensar nisso, por vários motivos.

*

Parei à porta do quarto de Anthony, ele raramente dormira lá, mas agora estava em seu berço, enquanto Matt estava numa cama improvisada que parecia bastante confortável. Os dois dormiam profundamente.

—Suas malas também estão prontas, caso eu decida que seria melhor que fosse também?_ Leah estava deitada, num colchão de ar, já sem seu vestido de festa.

—Sabe como Alice gosta de estar prevenida_ deu de ombros.

—Acha que é egoísmo querer um tempo sozinha com Jacob?_ sussurrei sem olhá-la, indo até aonde meu bebê dormia. Meu coração se apertou por sair sem me despedir dele.

Ele sentiria muito a minha falta? Eu sentiria mais falta dele do que ele de mim? Não sabia o que era pior: ele sofrer por minha ausência ou ele mal senti-la.

—Talvez tenha sido uma forma de egoísmo todo esse tempo focando só em Anthony_ a voz soou muito baixa na escuridão amenizada pelo abajur de ursinho. —Só você sabe o que está sentindo, Nessie. Faça como quiser. Anthony vai ficar bem, de qualquer maneira. Crianças se adaptam melhor que nós, acredite.

Fiz um muxoxo.

—Serão só dois dias_ disse Bella à porta. —Dois e algumas horas, se contar a viagem. Estará de volta antes do fim do terceiro. Seu pai e eu estaremos por aqui, para ajudar Leah. Ele está habituado a nós.

Balancei a cabeça positivamente e voltei a olhar a criança rechonchuda e ruiva. Me inclinei e dei uma boa fungada, sentindo seu cheirinho delicioso.

—Eu volto logo, amor!_ sussurrei. Me ajoelhei para abraçar Leah. —Prometa ligar se achar que ele precisa. E me mandar fotos e vídeos à cada duas horas.

—Prometo_ ela disse rindo, contra meu ouvido. Assenti, sabendo que ela faria.

*

No guardian, dirigimos até o aeroporto em Seattle, onde o voo particular nos levaria direto ao destino ainda desconhecido por mim.

Sentada, em meu lugar grande e confortável, abri a mala de mão (a única a que tive acesso) tentando encontrar alguma pista. Só havia escova de dentes, uma escova e elásticos de cabelo, minha extratora de leite (muito bem lembrado) e uma muda de roupas.

Jacob se acomodou na minha frente e uma aeromoça surgiu com taças de champanhe.

—Achou mesmo que eu deixaria alguma pista aí?

—Não custava tentar.

Ele sorriu, aquele sorriso fácil e despreocupado com que me conquistara.

—Devíamos tentar dormir, temos um voo de quase 6 horas pela frente_ franzi o cenho_ A não ser que tenha outra ideia_ acrescentou, sua voz mais baixa e mais rouca.

Com um olhar para a aeromoça sentada próxima à cabine de pilotagem e uma risada divertida, eu ignorei a sugestão.

—Seis horas?_ tentei adivinhar.

E com esforço visível ele me ignorou dessa vez.

Não achei que conseguiria, mas dormi pelo restante do tempo, acordando com a claridade em meus olhos. Me inclinei para desviar da luz direta e me dei conta da paisagem abaixo, estávamos razoavelmente baixo em altitude, o mar verde claríssimo e cristalino se estendia exponencialmente. Senti um sorriso rasgar meu rosto.

—Sabia que ia gostar_ Jacob murmurou se espreguiçando, os olhos pesados de sono.

—Como não me dei conta antes? Obrigada!_ uma conversa, num momento delicado, planos que pareciam vazios, apenas distração, soaram em minha mente na voz de Jacob enquanto eu o fitava emocionada.

*

Era quase o fim da manhã quando desembarcamos e um carro nos esperava.  A viagem até o hotel durou menos de meia hora. Logo estávamos em um bangalô, que ficava há 3 minutos de caminhada por um trilha suspensa e coberta do restante do hotel. Abri a porta dupla imitando persianas e me deparei com uma varanda com plantas, uma mesa com duas cadeiras, um sofá redondo, uma piscina privativa, areia branca e muito fina e o mar cristalino.

—Adorei!_ me voltei para Jacob, surpreendendo-o ao me jogar contra ele e abraça-lo com braços e pernas.

Deixei que ele me beijasse e não resisti quando ele sentou na enorme cama comigo no colo e me acariciou livre e lentamente. Foi fácil, imensuravelmente mais fácil do que achei que seria, natural como tudo quando se tratava de Jacob.

*

A ponta dos dedos úmidas e quentes como o sol passeavam de minha clavícula até meus joelhos, acumulando arrepios em minha pele nua. Dúbia, eu permanecia inerte.

—Podemos ficar mais alguns dias, se quiser_ virei a cabeça para Jake, mesmo dentro da piscina ainda estava mais alto que eu, ainda que estivesse deitada ao longo da borda.

Balancei a cabeça, em negativa.

—Estou com saudades de Anthony, também. Às vezes tenho a impressão de sentir seu cheiro.

—Pensei que só eu tinha essas alucinações_ ri e ele sorriu balançando a cabeça. Uma mão cheia de água se ergueu sobre mim, me molhando.

—Podemos voltar em alguns meses, quando ele estiver andando. Vai nos deixar loucos correndo na praia. Podemos ficar na ilha em que Rebecca mora, acho que ela vai gostar de nos ter perto por alguns dias.

—Parece uma ótima ideia_ me inclinei para beijá-lo. —Deveríamos começar a nos organizar.

—Temos duas horas_ a voz soando mais rouca enquanto me puxava para dentro da água, de encontro ao seu corpo.

***

Botei a armação mais delicada no rosto e encarei Jacob, refestelado na cama, através do espelho. Ele balançou a cabeça, a expressão muito mais perto da diversão que da seriedade, embora não sorrisse. Peguei a armação mais grossa, preta e pesada e me encarei no espelho por um momento antes de encará-lo. Ele mordeu o lábio, divertida e maliciosamente. Me virei para exasperada e, num movimento muito rápido, tirei o scarpin em meu pé e joguei nele.

—Ai, Nessie!_ me virei de volta para o espelho sem me importar muito se o havia machucado, não só porque qualquer leve contusão estaria sarada em minutos, mas principalmente pelo riso em sua voz. Logo ele me alcançou, seus braços na cômoda e seu corpo contra o meu.

O empurrei com o quadril e ele riu.

—Preciso parecer menos...

—Linda? Irreal? Uma supermodelo?

Fiz um muxoxo.

—Jovem_ murmurei a contragosto.

—Inocência sua acreditar que vai parecer menos jovem, bonita ou chamar menos atenção com óculos de grau_ seus olhos eram graves, me fitando pelo espelho, então acrescentou, respirando em minha orelha, com um sussurro: —Honestamente, você fica muito excitante com qualquer um deles.

Franzi o cenho, chateada e nervosa, as sensações que sua boca causava descendo por meu pescoço se misturando ao meu desgosto momentâneo por ser vampira demais para dar aula numa escola pequena sem virar algum tipo de celebridade ou ser levada à sério. Minha mente inumana se enchendo de especulações sobre meu primeiro dia de trabalho.

—Está se preocupando à toa_ seus braços me envolveram e ele beijou a parte de trás de minha cabeça, antes de me fitar pelo reflexo. —Eles sabem que você é jovem e sabem que é competente: uma jovem superdotada, formada com méritos que teve o azar de se apaixonar e casar com um cara de cidade pequena. A história é ótima.

Sorri, tentando aderir à essa perspectiva.

—Uma ótima história com base em meus méritos e diplomas falsificados.

—Ainda assim, atestando verdades. Você é mais inteligente e competente que qualquer professor com 20 anos de experiência nessa cidade. Tente os óculos em 10 ou 15 anos, amor, quando precisará de algum sinal de imperfeição.

Antes que eu pudesse respondê-lo...

—Nessie, Nessie, Nessie!_ a voz de Leah soou baixa, mas com urgência inconfundível no andar de baixo.

Indistintamente, me livrei dos braços de Jacob e voejei pela casa, parando no meio da escada assim que vi a cena, Jake com o coração aos solavancos atrás de mim. Cobri minha boca com as mãos, tentando não chorar: Anthony, segurando habilmente um mordedor na boca, estava de pé, a outra mão batia no assento do sofá. Ele se equilibrava perfeitamente, embora não usasse nenhum apoio, e sorriu quando me viu entrando na sala. Ele deu um passo, muito seguro, e sentou deliberadamente, engatinhando em minha direção.

—Ah, meu amor! Está crescendo tão rápido. Você sabia que só tem seis meses?!_ ele riu enquanto eu o aninhava em meu colo. —Sim, só seis meses e já é um rapazinho tentando andar por aí!

Desalentada e orgulhosa olhei para Jacob.

—Papaí!_ ele apontou para o pai, que se inclinou e beijou várias vezes, fazendo-o gargalhar.

—E ainda assim, nada de mamãe— reclamei.

—Agora que você não estará com ele todas as horas do dia, é provável que ele fale_ refletiu Leah, que provavelmente tinha razão.

Anthony não precisava me chamar porque eu sempre estava lá.

—Se ele falar enquanto não estiver aqui, nunca vou me perdoar.

—Logo mais vai querer que ele esqueça que aprendeu a chamá-la, lembre daquela fase do Matt um tempo atrás_ ela sorriu e eu ri, lembrando que ele era capaz de chamar a mãe, 40 vezes por minuto.

—Vai acabar se atrasando, Nessie_ lembrou Jacob.

Assenti e subi para terminar de me arrumar.

Com uma saia lápis azul escura e uma camisa rosê, desisti de qualquer acessório como óculos, trancei o cabelo de lado, conferi minhas cadernetas e os livros de física e estava pronta.

—Por favor, filme se achar que ele vai andar ou coisa assim?_ pedi a Leah.

­—É claro.

Beijei a cabeça do bebê e lhe ofereci um brinquedo que estava distante, olhando o rosto fascinado da loba fitando a criança.

—Tem certeza que está fazendo a melhor coisa para você?

Ela me olhou por um segundo parecendo confusa e depois sorriu.

—Óbvio! Não há nada mais gratificante que ficar com ele.

—Você tinha uma carreira em Seattle_ lembrei-a.

—Ainda tenho! Só que faço meus próprios horários agora e bem mais perto.

Horários estes que estavam todos encaixados aos meus, a partir de agora, para que ela ficasse com ele em nossa casa enquanto eu lecionava disciplinas de Física duas tardes e meia por semana na Forks High, suspirei. Em algum momento eu teria de deixar de ruminar sobre quanto a vida de Leah estava atada à minha por, pelo menos, enquanto Anthony dependesse tanto de todos nós. Uns 18 anos... Talvez 50?! Não acreditava que me importaria menos quando ele fosse adulto o bastante.

—E seus inquilinos?

—Se mudam ainda esta semana.

Assenti.

Ela havia alugado a casa em Seattle e voltado para a casa de Sue, há algumas semanas.

—Estou pronto, amor!_ Jacob desceu, pronto para me levar, coisa que fizera questão.

—Boa sorte_ disse-me Leah.

—Para vocês também. Eu volto logo­_ beijei a bochecha rosada de Anthony e levantei do chão, dando espaço para que Jake se despedisse do filho.

***

Jacob levava as compras no carrinho e Anthony me contava uma história pouco coerente sobre peixes e o vovô Billy, sua dicção clara demais para uma criança de 11 meses deixava as pessoas admiradas, mas não muito assustadas, ele ainda falava como um bebê, de certo modo. Olhei para além do estacionamento coberto do supermercado conferindo a chuva que não caía, apesar do céu opressor.

—Que tal brincar no quintal quando chegarmos em casa?_ lhe perguntei sorrindo. Seus olhos castanhos escuros, ligeiramente maiores de animação, eram cópias dos de Jake, assim como o formato das sobrancelhas marrons, e sua boca larga de lábios cheios e vermelhíssimos se abriu num sorriso iluminado mostrando-me dentinhos brilhantes como pérolas.

—Lobo!_ ele apontou para o pai, por sobre meu ombro e bateu palminhas enquanto eu concordava acenando.

Jacob?_ virei e parei em direção à voz desconhecida, surpresa e com um leve toque de exultação.

Uma moça de cabelos marrons e ondulados segurava o pulso de Jake, que empurrava nosso carro de compras. Não pude ver seu rosto, mas não precisei, sabia de quem se tratava. Jake olhou para mim, por um segundo no espaço de 3 passos longos, e a moça seguiu seu olhar, soltando-o quando a fitei, tudo acontecendo em 2 segundos.

Ela pareceu mais pálida, suas sardas douradas ganhando destaque, enquanto olhava de mim para o bebê em meus braços e eu, sorri um pouco, acenando de leve com a cabeça, antes de olhar para Jacob:

—Vou acomodá-lo_ e segui em direção ao nosso carro, a quatro vagas de distância.

—Cadeirinha?_ Anthony perguntou.

—Isso mesmo_ respondi vagamente, meus ouvidos atentos na conversa.

—Já faz mais de dois anos_ ela dizia.

—Er... Sim, por aí!_ Jake respondeu, inseguro, depois de um momento.

—É ela?

—Sim, é ela.

—Ela quis você, afinal..._ seu tom era de desalento. —Está feliz?

Nesse momento abri o carro e coloquei Anthony lhe entregando o livrinho emborrachado de que ele gostava e o afivelei mais rápido do que deveria fazer em público, indo para meu lugar no banco da frente e me posicionando de forma que pudesse vê-los. Abri uma fresta do vidro da caminhonete para ouvi-los com mais clareza, tendo ouvido apenas vagamente quando Jacob disse “Sou muito feliz, Anne”, sua voz rouca parecendo muito gentil.

Eu a vi assentindo enquanto olhava para baixo, por um momento. Ela disse algo, muito baixo, pareceu um suspiro e não distingui à distância e sem ver seu rosto.

—Sei que sim_ dois segundos de silêncio passaram. —Demorou que nos encontrássemos, não foi? Em uma cidade com Forks, é difícil passar dois anos sem ver alguém_ ele mudou de assunto.

—Ah, eu me mudei! Estou visitando minha mãe pelo fim de semana, moro na capital, consegui aquela vaga. Lembra que tinha ido fazer novos testes?

—Parabéns. Sei que se esforçou muito.

—Obrigada e parabéns pelo bebê. Tem seus olhos, pelo que pude ver. Ele é lindo!

Jacob sorriu genuinamente e olhou em minha direção por um momento.

—Talvez pudéssemos tomar um café amanhã ou depois_ continuou ela. Senti meus olhos arregalarem, meu coração acelerou e contive o impulso de me inclinar e buzinar para apressá-lo. Jake franziu o cenho.

—Desculpe, não acho uma boa ideia... Você está muito bem, de verdade. Foi bom revê-la, mas preciso ir agora.

Ela assentiu e se precipitou para abraçá-lo. Ele hesitou por menos de um segundo, mas se curvou, retribuindo. Tentei não me deixar abalar: aquilo era natural, eles foram noivos, tiveram planos para uma vida juntos, era como se eu tivesse roubado o lugar dela. Além disso, não era nada diferente de minha última conversa com Nahuel, 11 meses antes. Quando esse pensamento fez com que uma onda de calma e resignação passasse por meu corpo e mente, então a garota agiu com uma audácia que poderia ter lhe custado a vida, se eu estivesse mais perto: no caminho para se afastar, ela ficou na ponta do pé e tocou a boca dele com a sua. Foi rápido, Jake ficou ereto afastando o rosto, perplexo, mas ainda assim pelo segundo mais longo que vivi nos últimos tempos, ela o beijou.

A força do ciúme me abateu com tanta intensidade que meus olhos arderam, minha respiração saía em arquejos e a única coisa que me impediu de ir até ela e mostrar quem eu era, foi Anthony, distraído e inocente na cadeirinha, na traseira da caminhonete. Respirei fundo algumas vezes repetindo a mim mesma que não tinha sido nada, que ele não teve culpa, assistindo-o balançar a cabeça exasperado e caminhar em nossa direção, deixando-a. Olhei para trás a afaguei a cabeleira ruiva e lisa do bebê, tentando me acalmar enquanto Jacob punha as compras no banco de trás.

Ele me olhou de esguelha ao sentar no banco do motorista, mas a viagem de 20 minutos foi estranhamente silenciosa.

*

Estava guardando as compras e ouvindo os dois brincando na sala, quando ele veio até mim.

—Quer ajuda?

—Já estou terminando.

—Ness_ não me virei para olhá-lo enquanto guardava coisas no armário superior, mas esperei que continuasse. —Me desculpe. Não imaginei que ela faria algo assim, juro. Jamais teria permitido.  Não magoaria você assim.

Fechei o armário e parei um momento tentando entender como me sentia. A cena, o milésimo de segundo em que a boca dela esteve na dele, fazendo minha respiração pesar e um nó em minha garganta surgir. Sim, eu estava magoada.

—Eu sei. Não foi sua culpa_ minha voz falhou um pouco e odiei isso. Seus passos rápidos vieram até mim e ele me abraçou de lado.

Pousei a cabeça em seu peito, sentindo o beijo que ele depositava longamente nos meus cabelos.

—O que eu posso fazer para que não se sinta assim?_ sua mão grande  aquente afagava meu braço por cima de meu cardigã. Balancei a cabeça.

—Não tem nada a fazer. Está tudo bem, você é meu, afinal. Sempre foi_ senti-o assentir e levantei o rosto para olhá-lo. Ele estava consternado e preocupado.

—Seu_ afirmou, o rosto cheio de adoração.

Levantei ainda mais o rosto oferecendo minha boca, que ele tomou num beijo calmo e profundo.

Anne, Bella ou a garota desconhecida num bar... todas faziam parte dessa história. Da história de Jacob Black. Faziam parte de minha ausência em sua vida. Uma vida que poderia ter sido muito diferente, se tivéssemos nos visto antes, quando eu nasci, quando ele era um garoto de 16 anos lutando contra todas as possibilidades.

No entanto, nem todas as possibilidades paralelas existentes no universo mudariam o fato de que Jacob Black e eu nos pertencíamos e só seríamos realmente fortes se estivéssemos juntos. Poderia ter sido uma incógnita híbrida recém-nascida. Poderia ter sido uma jovem recém-casada numa relação com um amigo. Ou uma híbrida centenária.

Ainda seria eu.

Neste tempo ou em qualquer outro.

Renesmee sempre seria aquela por quem Jacob estava esperando.

E por quem eu sempre esperaria.


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Notas finais do capítulo

Mais de 6 anos depois, me sinto muito feliz e aliviada em terminar esta história.
Terminar as fics é uma meta que me impus para começar a trabalhar minhas originais. Não consigo focar num enredo quando personagens de outros ficam cochichando pelos cantos na minha cabeça (bem esquizofrênica haha).
Ainda postarei o epílogo, que são mais ou menos uma compilação de saltos no futuro para esses Jake e Nessie.
Até mais!
Obrigada a todos que me acompanharam e ainda acompanham, você são ótimos!



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