Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 46
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Notas iniciais do capítulo

“Posso sentir você
E ficar perto de você
Você é o ar que eu respiro pra sobreviver
Posso te abraçar
Quero te mostrar
Que sem você o meu sol não brilha
Você não precisa se esforçar pra que eu te ame
Garoto, sem você minha vida simplesmente não é a mesma
Você não precisa se esforçar pra que eu te ame
Por que você me ganhou com um olá”
~Hello, Beyoncé



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_Renesmee_ Jennifer desceu a escada da varanda e nos encontramos no meio do caminho, nos abraçamos. O olhar tenso entre Quil e Jacob não me passou despercebido.

_Eu a encontrei na floresta perto daqui. Procurava por vocês. Achei melhor esperar_ disse Quil da varanda.

Jennifer se separou de mim, o rosto confuso e uma mão vindo para minha barriga, seus olhos azuis turquesa se estreitaram com curiosidade, os lábios se entreabriram com espanto.

Sorri com hesitação, enquanto seus olhos iam para trás de mim, para Jacob.

_Jake, está é Jennifer, irmã de Nahuel.

_Posso ver porque você tem estado tanto por aqui_ murmurou ela jocosa enquanto ele acenava com educação.

_Vamos entrar_ chamei atenção dela.

Entramos e os rapazes nos seguiram. Havia um turbilhão de surpresas pela presença de Jennifer, uma delas era constrangimento. Levou alguns minutos para que eu superasse isso, não havia razões para isso, ela era uma amiga, embora só a tivesse visto uma única vez, então me ative a coisas mais importantes. Paramos na cozinha, onde minhas visitas sempre terminavam, percebi.

_O que a traz aqui?_ indaguei por fim enquanto ela se sentava numa banqueta perto do balcão de mármore enquanto eu alcançava uma caixa de biscoitos no armário.

_Você está mesmo grávida?

Suspirei e a encarei.

_Estou. Grávida e noiva.

_Nossa! Nahuel soube disso quando esteve aqui?

_Jen, seu irmão é alguém que amo e eu gostaria que houvesse alguma coisa que eu pudesse fazer para não magoá-lo, mas não é assim_ gesticulei vagamente para a sala, onde Jacob e Quil estavam. _Acho que nunca foi...

_Não estou aqui para implorar seu amor por Nahuel_ disse na defensiva.

_Eu não estava noiva e não estava grávida quando Nahuel esteve aqui. Agora, pode dizer o que está havendo?

_Eles são de sua confiança, imagino_ Jennifer se inclinou em minha direção apontando em direção à sala.

_Absolutamente_ disse impaciente. Apreensão atravessou seu rosto.

_Nahuel me procurou muito abalado. Disse-me que você havia rompido e que... _seu rosto perfeito se crispou. _Que estava se relacionando com lobisomens.

Ela parou esperando minha resposta, mas eu só pensava em nosso último encontro, em como ele pareceu horrorizado, no que o que ele viu poderia ter significado.

_Eu falei que era impossível que um filho da lua pudesse se transformar de dia, que devia haver algum engano, alguma outra explicação.

_Não... Não um filho da lua. Jacob!_ ele veio seguido de Quil.

_Filho da lua?_ Quil indagou enquanto Jake me encarava insondável; Jennifer atrás deles, balançava-se sobre os calcanhares, ansiosamente.

_Metade homem- metade lobo. Precisam de lua cheia_ ela explicou.

_Essas coisas existem e ele acha que nós somos?_ Jacob perguntou sem tirar os olhos de mim. Imaginei que ele não prestou nenhuma atenção nas explicações de Edward sobre a confusão das Denali meses antes. Assenti.

_Ah, Renesmee, me desculpe... Não imaginei que você estivesse passando por um momento delicado assim... _ ela apertou os próprios dedos ansiosamente, os olhos em meu ventre por um segundo_ Eu... Ele disse que faria uma denúncia aos Volturi e eu vim avisá-la.

_O que?!_ minha voz soou muito fraca. Cambaleei na direção de Jacob, sendo amparada por seus braços. Olhei para cima e me surpreendi com a fúria em seu rosto, ele parecia absolutamente violento enquanto encarava a loira. Jennifer vacilou dando um passo atrás, suas costas batendo no mármore.

Respirei fundo tentando clarear minha mente e não deixar que as emoções me sufocassem. Aafaguei o peito de Jacob querendo que ele ficasse calmo, Jennifer não tinha culpa, na verdade nos prestava um grande favor.

_Jennifer_ incitei, ela hesitou, os olhos intimidados em Jacob, mas por fim continuou:

_Eu falei que isso era absurdo, que seria perigoso para nós também. Os Volturi não sabem da existência de híbridos. Contatei nosso pai, ele ficou furioso com a atitude de Nahuel.

_Quanto tempo faz?_ a voz de Jake era mais controlada do que imaginei.

_Três semanas desde que o vi. Falei com meu pai há uma semana, ele é sempre difícil de localizar... Disse que procuraria Nahuel e o impediria de fazer essa sandice. Mas achei melhor avisá-los.

_Melhor avisar minha família_ Jacob balançou a cabeça, concordando com minhas palavras.

_Preciso posicionar os lobos. Seth ficou na oficina?_ referiu-se a Quil, que aquiesceu. Jake pegou o celular discando rapidamente, sem me soltar.

_Seth, preciso de você na floresta imediatamente. Verifique a fronteira de Forks inteira, logo entro em contato.

Jacob me olhou, ansioso, os olhos cheios de especulações.

_Preciso ir, você fica bem por 20 minutos? _ assenti. _Tenho de deixar a matilha a par de tudo.

Ele me abraçou por um longo segundo e beijou-me os lábios docemente, selando-o antes de sair apressado. Quil o seguindo pela porta da cozinha antes de lançar um olhar desconfiado para Jennifer.

_Seu amigo não gostou muito de mim_ murmurou amuada. _Deve ser porque eu quase o apresei_ ela sorriu um pouco.

_Espere. Você estava caçando na floresta?

Ela me olhou desconcertada enquanto eu sentava à mesa.

_Hã, é_ encolheu os ombros.

_Não é que não seja bom, mas... Por quê?

Jennifer, como Nahuel antes e as outras irmãs, alimentava-se tradicionalmente. A jovem mulher puxou uma cadeira à minha frente e sentou-se, a expressão consternada.

_Eu conheci uma pessoa, nós estávamos nos dando muito bem _sorriu. _ Não seria a primeira vez que um romance acabava em sobremesa, mas eu gostava dele, de verdade.

Senti meus olhos saltando com a surpresa, um leve enjoo me abatendo enquanto eu lembrava o gosto de sangue humano, me ocorrendo então que eu não caçava desde que me mudara, há três semanas. Jennifer conteve uma lágrima, suspirou e me deu um sorriso tímido.

_Não quero matar mais ninguém, não acho que eu possa lidar com mais disso. Nahuel me dissera uma vez que não era tão difícil, então venho tentando há 5 meses. Está dando certo.

_Sinto muito. Fico feliz que não esteja sendo difícil. _Jennifer sorriu por um momento.

_O que eles são afinal? Seu noivo e o amigo Quil...

_Transfiguradores, metamorfos... _ dei de ombros. _Não são como os filhos da lua, eles têm plena consciência de si mesmos na outra forma e a lua não os influência_ toquei sua mão sobre a mesa enviando lembranças deles em forma de lobo.

Ela balançou a cabeça, entendendo.

_Então, uma híbrida grávida! Isso é mesmo um grande acontecimento, não? Você vai me contar como chegamos a isso, além da parte do sexo, é claro?

Eu resfoleguei um riso.

Contei um pouco de como conheci Jacob, excluindo a parte imprinting e de como ele me conquistou pacientemente. De minhas questões sobre o casamento com Nahuel, mesmo antes de conhecer Jacob, e de como isso me levou a ele.

_Eu nunca diria isso a meu irmão, na verdade não sei como ele não viu, sendo tão experiente_ começou ela, _mas nunca acreditei que o relacionamento de vocês fosse adiante, você era muito criança. Você sempre foi um tanto hesitante em relação e ele, estou errada?

Concordei. Ela tinha razão em tudo, não era só a gravidez (que para falar a verdade não achava que tinha me mudado tanto), toda minha perspectiva de mundo havia mudado, eu me sentia mais madura e mais pronta para a vida e eu sabia por quê. Por Jacob.

Recordei o dia em que Nahuel e eu falamos abertamente sobre uma possível relação entre nós, ele havia pedido para que eu não usasse o meu conceito de compromisso (o conceito etéreo e permanente), no entanto um conceito mais humano e mutável; foi só por isso que aceitei, pela possibilidade de voltar atrás, de mudar de ideia.

_Houve uma espécie de acordo no início, onde nós faríamos uma tentativa... Depois ficou muito cômodo e seguro, mas sei que nunca foi esse tipo de amor, eu sinto muito por isso_ minha voz falhou.

_Não sinta. Vejo como você amadureceu desde que a conheci_ ela sorriu, complacente_ E vi como você e seu lobisomem se olham, nem mesmo Nahuel olhou assim para você algum dia.

Não, ninguém no mundo me amaria como Jacob ama, eu sabia, tal qual eu jamais poderia amar a qualquer um como o amava. Sua expressão mudou de repente, um misto de medo e raiva.

_Não consigo acreditar que Nahuel possa realmente fazer uma estupidez dessas, mesmo com toda a mágoa que ele possa estar sentindo.

Antes que eu dissesse algo, Jacob surgiu passando a blusa pelos braços e vestindo.

_Embry foi ver como Hannah está e Quil está na floresta. Vamos todos até os Cullen_ disse enquanto eu levantava indo até ele, que me recebeu com um abraço. _Podemos ir agora?

_Claro_ murmurei, Jennifer levantou nos seguindo em direção a porta da frente, Seth nos esperava no quintal.

Tudo aconteceu muito rápido. Jennifer parou na varanda à espera, enquanto eu fechava a porta. Eu nem teria percebido no momento não fosse pela surpresa divertida estampada no rosto de Jacob. Eu segui seu olhar, me dando conta da expressão maravilhada de Seth dirigida a Jennifer.

Eu já havia encarado milhares de rostos admirados com a beleza e o apelo híbrido, mas aquele era o tipo de olhar que eu só havia visto em poucos rostos, e com aquela intensidade e choque uma única vez, dirigido a mim, quando Jake e eu nos olhamos nos olhos à primeira vez. Senti um pouco de ciúmes, por não sermos os únicos agraciados com aquela ligação, mas superei no mesmo instante.

_Não...!_ ouvi-me dizer entorpecida de surpresa, Jacob deu uma risadinha puxando-me pela cintura. Mal podia acreditar que Jennifer era imprinting de Seth.

_O que?!_ Jennifer quebrou o olhar de Seth, nos fitando sem jeito.

_Oi, eu sou Seth_ o rapaz se aproximou esticando uma mão ainda de baixo, Jennifer no alto da escada de três degraus, como se estivesse num altar, sendo adorada por Seth.

_Jennifer _retribuiu o aperto de mão.

_Desculpe, garoto, mas temos que ir_ disse Jacob, sua expressão mais suave do que esteve desde que Jennifer chegara.

*

Minha família ouviu com surpresa o que Jennifer tinha a dizer. Eu assisti atônita eles fazerem planos para uma busca de interceptação. Tudo foi planejado e dividido muito rapidamente.

_Não se preocupe, bebê_ disse-me meu pai ternamente. Não consegui responder, minha garganta muito apertada para que eu falasse algo. Ele se virou para minha mãe prendendo-a num abraço de aço.

Meu pai iria com grupo que partiria em algumas horas, minha mãe ficaria: incapaz de me deixar e dilacerada por se afastar de Edward após tantos anos. Também iriam Alice e Jasper, suas habilidades seriam cruciais para seguir pistas de Nahuel ou Johan, o que fosse mais plausível, e junto dos três iria Emmett, sua força seria muito útil se precisassem lutar, juntos eles era inabaláveis.

Rosalie e Bella não me deixariam, por mais que elas não pudessem estar inteiras; Carlisle precisava ficar por causa de minha gestação e minha amável avó não iria a lugar algum sem meu avô.

Apertei-me contra Jacob, quente e forte, sentado ao meu lado, consolando-me por não precisar me separar dele e tentando não chorar. Afinal, era apenas uma viagem, como tantas já feitas, Nahuel não era perigoso, Johan também não. O que poderia acontecer?

_Você prefere passar a noite aqui?_ indagou-me Jacob, o olhei assustada. Ele não esteve na ronda noturna desde que eu viera morar com ele, tudo estivera tão tranquilo...

_Vai estar na floresta?_ senti meus olhos marejarem, suas mãos enormes tocaram meu rosto.

_Quil concordou em ficar na ronda noturna. Seth também, mas agora..._ seus olhos foram para onde Seth jazia perto de onde Jennifer estava sentada, eu sorri. _Não vou deixa-la_ murmurou antes de me beijar brevemente.

_Acho que é melhor irmos_ minha família precisava se despedir a seu modo e partir tão logo pudessem. Jacob assentiu e eu me levantei abraçando meu pai.

Todos me beijaram, acariciaram e tentaram tranquilizar enquanto eu assentia e tentava não lamentar.

_Você tem um lugar para ficar?_ perguntei a Jennifer enquanto nos dirigíamos ao carro ainda na casa de meus avós.

_Fiz check- in no resort da reserva, eu não sabia se ia encontra-los hoje mesmo.

_Se importa se Seth acompanha-la até lá? É que foi um dia muito longo para Renesmee e o bebê_ jogou Jacob, eu fiz cara de paisagem, embarcando, ao imaginar que ele tentava dar alguma vantagem ao amigo.

_Não me importo_ ela sorriu educadamente para nós com um olhar breve para o rapaz contente ao seu lado. _Nos vemos amanhã?

Assenti e ela me abraçou murmurando pedidos de desculpa.

*

Acho que cochilei no caminho, me dei conta de que estávamos em casa quando o carro parou. Sentia-me mesmo bem cansada, a base de minhas costas doía um pouco, o que era curioso para mim. Fui direto para a cozinha pensando na salada de macarrão que havia na geladeira.

Belisquei por dois minutos perdendo o interesse logo, mesmo sem sentir sede talvez eu devesse caçar enquanto a barriga não me impedia de correr, pensei ao acaso ouvindo o som de água no banheiro. Subi as escadas lentamente, quase com desânimo.

Jacob me encontrou antes que eu chegasse ao corredor; estava muito sexy descalço e apenas de jeans, esbocei um sorriso enquanto ele me puxava pela mão.

Tirei a jaqueta enquanto ele desabotoou o único jeans que ainda me servia. O alívio que senti ao me livrar dele me fez imaginar que não caberia ao fim dos próximos três dias.

_Você cresceu mais_ murmurou, as duas mãos cobrindo todo o volume em meu umbigo.

_Provavelmente, sim. Meu umbigo está ficando estranho_ dei uma risadinha. A próxima consulta seria em três dias, seguindo o ritmo de uma vez por semana.

O bebê devia estar entre a 21 e 22 semanas agora, mas eu ostentava o tamanho mais comum que uma mulher exibe aos quatro meses.

_Você está ainda mais linda!_ murmurou puxando minha blusa para cima. A voz rouca enviando descargas elétricas por minhas pernas.

Jake me puxou para o banheiro onde a banheira estava convidativamente cheia de água morna e pouca espuma. Gemi com a expectativa da água em meu corpo. Jacob tirou a roupa rapidamente entrando na banheira e me ajudando a entrar também. Encaixou-me entre suas pernas e me fez deitar de lado em seu toráx, de forma que a barriga não incomodasse enquanto uma mão afagava a base de minhas costas e a outra meu ombro.

A letargia me dominou imediatamente, mas minha cabeça estava cheia demais para conseguir pegar no sono, decidi aproveitar a sensação.

_Você é o melhor_ balbuciei erguendo uma mão para um high five, Jacob a tocou, rindo em meu ouvido.

*

Acordei de sobressalto, lembrando vagamente de ter saído do banheiro e me preparado para deitar. Sentada, uma mão sobre a barriga, percebi que Jacob dormia ao meu lado e chovia lá fora, era pouco mais de uma hora da manhã, no entanto eu estava com fome. Alcancei a primeira roupa que vi, uma blusa limpa de Jacob e vesti me dirigindo silenciosamente ao andar de baixo.

Vaguei pela cozinha escura... Grelhei alguns peitos de frango enquanto comia algumas bananas, separei fatias de pão e passei geleia de cereja; esperei impacientemente e quando o primeiro pedaço pareceu assado o suficiente coloquei entre as fatias lambuzadas, dando uma grande mordida, em seguida. Servi-me de leite, desliguei a grelha e sentei à mesa deliciada com a mistura de doce e salgado.

Arfei assustada quando senti o soco no lado esquerdo de meu umbigo. Pus a mão no exato ponto, sentindo como se uma bolha passeasse de um lado para o outro dentro de mim, então senti em minha mão a pele se chocando levemente enquanto, dentro, eu podia sentir nitidamente o empuxo. Arquejei segurando uma gargalhada, abraçando meu próprio tronco e me balançando como se ninasse meu bebê, curvando-me para frente. Lágrimas grossas derramaram-se por meu rosto.

Eu estava imersa demais naquele momento para dar atenção à movimentação no andar de cima. Tudo havia mudado: pela primeira vez o bebê me pareceu realmente concreto, um pedaço de mim. Houve uma onda abrasadora e irrefreável de amor, senti como se fosse explodir, sufocando (maravilhosamente) de tanta ternura; solucei em meu choro copioso, abraçada a minha barriga pequena.

_Nessie!_ Jacob corria para mim. _Nessie, meu amor, o que há? Fale comigo!_ ele me tocou, as mãos adejando sobre mim, a voz ansiosa enquanto ele se ajoelhava na minha frente.

Suspirei, sorrindo entre lágrimas, e ergui o rosto para fitá-lo na penumbra, seus olhos aflitos pareciam brilhar mesmo sem luz no ambiente. Peguei sua mão e me estiquei a depositando em meu ventre. Eu ainda sentia o vibrar levíssimo, mas Jacob me olhou confuso. Toquei seu rosto deixando que ele sentisse minha experiência, ele resfolegou um riso.

_Sente dor?_ seus olhos ainda eram tensos. Neguei com a cabeça.

_Só amor... Muito amor!_ murmurei me inclinando para beijá-lo. Suas mãos enxugaram as lágrimas e ele retribuiu com carinho até meu estômago roncar, eu não havia comido mais que duas mordidas. Jacob riu e puxou uma cadeira para perto enquanto eu voltava para meu sanduíche.

Comi distraidamente enquanto cutucava com cuidado a barriga, tentando fazê-lo se mover... O frango havia esfriado então passei mais geleia, Jacob me assistindo muito interessado. Bastou engolir a poção com bastante geleia e houve outro cutucão, dessa vez mais abaixo, arregalei os olhos sinalizando para Jacob que espalmou a barriga com as duas mãos.

_Acho que ele gosta de doce_ murmurei emocionada sentindo-me um aquário com um peixe agitado dentro, era divertido. Jacob gargalhou, os olhos úmidos, sentindo nosso filho. Ele levantou o tecido tocando diretamente sobre minha pele.

_É divertido aí dentro?_ indagou fazendo uma série de vibrações internas começarem, mais forte que antes senti a pressão em minha pele tocar a mão de Jacob, eu ri de boca cheia. Seus olhos eram encantados, ele afagou minha pele, rindo como um menino. _Precisamos pensar no nome dele. Tem algo em mente?

Senti-me culpada por não pensar nisso antes. De alguma maneira estranha só agora havia me atingido de fato que um dia aquela vida estaria fora, independente de mim... O pensamento despertou uma súbita sensação de proteção e cuidado, repentinamente eu me senti o mais perto do que é ser mãe que eu havia me sentido até ali.

_Ainda não, você sim?

_Algumas vezes, mas não sei se você vai gostar ou se combina. Nenhum nome parece combinar com o que temos aqui_ ele afagou uma pequena onda, o bebê parecia responder a voz dele.

_Talvez devamos seguir o exemplo de minha mãe_ gargalhei e ele bufou. Então ficou sério por um momento.

_Pensando bem, não a imagino com nenhum outro nome. Renesmee é perfeito, absolutamente como você.

Os olhos de adoração sobre mim me atraíram até que nossos rostos estivessem juntos, levantei sentando em seu colo, uma perna de cada lado, suas mãos firmes em minha pele.

_Eu devoraria você_ sussurrou contra meu pescoço me fazendo desejar que ele o fizesse.

***

JACOB

“(...) É algo entre mundos; e estar entre mundos é da natureza da mulher de cabelos carmesim, cobre ou dourado-fogo.

Fica, pois, entre os mundos dela, como entre os lábios, entre os braços, entre os seios e, afinal, entre as coxas.

Sem pressa, porém; pois para amar uma ruiva é preciso queimar como boa madeira no inverno: por toda uma noite, aquecendo a casa, crepitando baixo, estremecendo sempre até as cinzas.

É preciso amar um pouco o próprio inferno.”

~Filipe Paiva

Eu poderia olhá-la por horas... Nunca me cansaria.

Os cachos de ferrugem espalhados, o contraste com o travesseiro branco fazia refletir tantas cores: do laranja vibrante ao vermelho profundo. Sua pele perolada, o rosto primoroso... Os lábios cheios e vermelhos entreabertos, enquanto ela ressonava baixinho, era uma tentação; como as curvas. Todas elas, incluindo a cintura saliente abrigando nosso filho. Eu queria abraçá-la e não soltar jamais.

Sentei devagar na cama e toquei seu rosto sentindo-me absolutamente grato ao universo por tê-la, antes de me inclinar e beijar a ponta de seu nariz perfeito. Renesmee suspirou e me revelou os calorosos olhos de chocolate ao leite.

_Bom dia, ruiva! Quer descer para tomar café comigo ou dormir mais um pouco?

Ela sorriu, o sorriso que me deixava atordoado com tanta beleza, e se moveu. Senti sua perna em minhas costas e seus braços se ergueram para mim.

_Quero você no café da manhã_ a voz límpida e ressoante me deixando ligado, suas mãos invadindo minha blusa e tocando meu tórax.

_Tipo uma doação de sangue?_ brinquei me deixando levar e curvando com cuidado sobre ela.

_Outro tipo de doação_ sussurrou em meu ouvido, me provocando como se eu cogitasse resistir a ela. Quem resistiria?! Não eu, certamente.

_Eu tenho trinta minutos_ murmurei me livrando dos cobertores.

_Eu só preciso de 15_ Renesmee meu puxou ansiosamente.

Onze minutos depois estávamos os dois ofegantes e risonhos, abraçados. Contrariado, suspirei traçando mentalmente o dia de hoje: tomar café, correr para oficina, fazer uma vigia na fronteira da cidade antes do almoço, verificar se os Cullen já tinham alguma novidade, talvez Bella devesse ficar aqui com Renesmee, e eu precisaria ter alguém mais em constante vigília onde ela estivesse.

_Certo, agora estou com fome_ Nessie sentou, as bochechas adoravelmente rubras. Levantei abotoando minha calça enquanto ela correu animada para o banheiro.

Em dois minutos ela estava comigo na cozinha.

_Você devia chamar Bella até aqui ou ficar com ela na casa branca_ sugeri fritando bacon, Renesmee desviou da cafeteira por um momento. Sorri com a imagem: o robe preto de seda contrastando com e pele branca e os cabelos desarrumados presos no alto, na cozinha da nossa casa. A casa que foi meticulosamente pensada para ela, para que não sentisse falta de nada que pudesse ter. Ela retribuiu o sorriso, mas os olhos eram preocupados, a ruguinha estava lá.

_Vou fazer compras com ela e Hannah. Minhas opções de vestuário estão diminuindo drasticamente_ sua voz soou vacilante.

Pus a comida no prato no mesmo instante em que ela depositou o café sobre a mesa indo para geladeira.

_Não se preocupe com nada_ falei esperando que ela se virasse para mim, tirei a caixa de suco de suas mãos e as beijei. A envolvi pela cintura, tocando seu rosto... Nunca me acostumaria com a sensação de veludo quente que era sua pele em minhas mãos. _Vai ver que eles vão encontrar Nahuel_ o nome parecia ácido em minha língua. _Vão explicar como são as coisas e ele vai ter de superar. Vai ficar tudo bem.

Ela sorriu relutante e concordou.

_Bom dia, aí dentro! Vamos acordar?_ toquei a saliência em seu corpo e Renesmee arfou um riso, uma mão sobre a minha e a outra em meu braço.

_Nossa, isso foi forte!

Beijei-a apaixonado. Eu não poderia estar mais feliz, a possibilidade de qualquer coisa que abalasse isso me tornava capaz de matar.

O bebê mexeu mais algumas vezes, parecia animado com o café da manhã. Relutante, como todas as manhãs, eu a deixei e fui para a oficina.

Quil havia acabado de abrir e eu o liberei para dormir lá nos fundos, já que ele tinha passado a noite na ronda com Seth; Quil falou que não houve nada demais com a híbrida loira, apenas uma conversa despretensiosa, ele nem mesmo explicou para ela sobre o imprinting. Eu não ia me meter com isso, ele já era bem grandinho e podia cuidar de si mesmo. Havia coisas muito mais sérias com que me preocupar.

Pensei em ligar para Bella, mas talvez ela estivesse com Renesmee, então me segurei. Eu queria dar uma boa sova naquele meio-vampiro nanico... Como ele podia dizer que amava Renesmee quando queria fazer uma denúncia descabida aos tais italianos?! Rosnei para o nada no galpão, lembrando que eu não precisava sair do lugar para entender; eu mesmo fui estúpido assim, usando o tratado para ameaçar Bella sobre se tornar imortal. De qualquer forma, era improvável que já houvesse alguma notícia, eles haviam partido naquela madrugada.

Na hora do almoço me embrenhei na floresta para a verificação. Mergulhei direto na mente de Leah. Ela se pôs a par de tudo, enquanto eu absorvia suas impressões, Seth já havia ligado para ela, para alertá-la de que talvez fosse necessária, mas isso foi antes que ele visse Jennifer.

Então, ele teve imprinting?!”, Leah estava abismada. Senti sua inquietação: parecia mesmo que ninguém escaparia. “Ouça, eu não pediria a você que viesse, mas se está se transformando... Acha que poderia nos ajudar até que os Cullen voltem?, pedi cauteloso.

Claro que eu vou, Jacob. Não vou deixar vocês na mão. Não tenho conseguido ficar muito tempo longe dessa forma, mesmo, que ela seja útil ao menos”, disse-me de mal humor. Ninguém nunca havia dito qual difícil era não ceder ao apelo do lobo, era quase como um comando alfa a necessidade de se transformar, por obra divina eu não precisaria não precisaria me preocupar com isso.

Leah suspirou resignada com a conclusão de que mesmo nove anos depois, e tendo domado o mau gênio, seu corpo ainda sentia necessidade de extravasar tomando outro formato.

Você se importaria em ficar com Nessie? Acho que ela vai ficar mais a vontade com uma mulher, você sabe, com a gravidez...”.

Leah ganiu um riso.

Estou muito orgulhosa de você” disse com ironia, embora houvesse verdade em suas palavras. “Você não é mais um machão idiota que foge de assuntos femininos”, ela riu e eu bufei.

Não... Foram os anos com você em minha cabeça!”.

Ela parece muito bem”, em sua mente uma comparação com Renesmee saudável e radiante e Bella esquálida e fraca. Encolhi-me com as imagens, tudo em meu corpo repudiava a ideia de Nessie ficar no mesmo estado. “Um menininho, hein?!”.

É, um garotão!”, não pude evitar que orgulho dominasse meus pensamentos, não pelo gênero, eu também estivera imaginando uma miniatura de Renesmee. Leah ignorava minhas emoções, demorando-se na imagem de Renesmee, quase contemplativa. “Tudo bem, estarei aí hoje, mesmo”, então ela desapareceu, eu fiquei sozinho em minha mente.

Contornei a fronteira e comecei a voltar, meu celular vibrando no bolso de minha calça dobrada em minha perna traseira. Parei imediatamente, derrapando poucos metros e voltando a forma humana; podia ser Renesmee precisando de alguma coisa.

Era mesmo ela, mas estava tudo bem. Só queria que eu fosse almoçar com ela na casa dos avós.

Renesmee parecia tão calma e feliz que eu não quis preocupá-la trazendo à tona o assunto. Passamos uma hora feliz depois do almoço, enquanto ela me mostrava as roupinhas de todos os tamanhos que havia comprado, até mesmo um minúsculo macacão azul com dois filhotes de lobos coloridos bordados na frente.

Era tudo o que eu queria: que ela estivesse feliz. Ser razão para sua felicidade era uma dádiva a parte. Olhando seu sorriso para mim, enquanto afagávamos sua barriga, no sofá, eu podia ver como minha vida inteira fazia sentido. Como não haveria nada bom para mim sem ela em minha vida.


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Notas finais do capítulo

É, as coisas não poderiam ficar muito fáceis não é?!
O que me dizem?