Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 45
Surpresa


Notas iniciais do capítulo

“Uma mágica, um mistério
Todos os seus encantos funcionaram em mim
Eu vou me render
Inferno sagrado e Paraíso
Você abriu meus olhos
E eu estou finalmente curada
Isso é espiritual, sob o seu feitiço
Fenomenal, é o jeito que você me faz sentir
Como um anjo, brilhando completamente
Como uma pena, você me faz flutuar”
~Spiritual, Katy Perry



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Vesti-me no closet parando um momento para avaliar meu abdômen, não havia diferença nenhuma, como eu já bem sabia. Caminhei pelo meu quarto na casa de meus avós, me deparando com Jacob deitado, vestido a uma calça branca de moletom. Ele me olhou embasbacado. Levei um segundo para perceber que ele nunca havia me visto vestida assim.

Sorri parando provocativamente, apreciando sua admiração enquanto ele avaliava a camisola de renda e cetim azuis escuros. Ele balançou a cabeça.

_Seu pai não deve estar gostando das coisas que estou pensando_ ele lambeu os lábios brevemente.

_Então ele não vai gostar do que vou fazer_ me inclinei sobre a cama, engatinhando para ele.

_Nessie... _me advertiu nervoso e tentado. Eu ri, me arrastando por suas pernas e sentando sobre seu umbigo. Uma mão comportada em minha coxa e a outra hesitante passeando pelo tecido.

_Você não colocou nada assim antes_ murmurou, um sorriso safado brincando nos lábios grossos.

_Na verdade eu costumava usar coisas assim antes, mas não me parecia de bom tom me vestir assim na sua casa quando estávamos tentando ser amigos_ expliquei. _E depois... A maior parte das noites eu passei sem roupas_ cochichei.

Ele se retesou, sob mim, nervoso.

_Edward vai me matar a qualquer momento_ sorriu, a expressão dividida entre angústia e divertimento.

_Meus pais saíram há uns vinte minutos_ Confessei, impaciente para torturá-lo mais. _E os outros um pouco antes. Estamos sozinhos.

Espalmei minhas mãos em seu peito, enquanto ele me empurrava em direção a seu quadril, a mão que estivera em minha perna me puxando pela nuca em direção a sua boca.

*

Quando acordei, muito cedo para voltarmos a Forks, precisei correr para o banheiro. Jacob estava comigo em dois segundos, eu devo tê-lo acordado.

_Tudo bem?_ perguntou me apoiando por trás enquanto eu levantava indo até a pia. Assenti lavando-me. O mal estar passou rápido.

Depois de tomar café da manhã nós pegamos a estrada, voltaríamos na sexta a tarde para que eu fizesse mais exames. Passamos em Seattle para que eu pegasse algumas coisas, não era uma mudança oficial ainda.

Chegamos a La Push no fim da manhã. Ninguém sabia o que estava havendo: a razão de eu ir lá numa terça e Jacob e eu viajarmos na quarta de manhã. Quil olhou estranho para nós quando passamos na oficina para saber como andavam as coisas.

_Acho uma boa ideia contar para todos, agora_ falei enquanto íamos para a casa de Billy.

Jacob sorriu. Ele estava ansioso por isso, eu não quis contar nada antes por causa de Charlie, mas minha família já sabia então, nada mais justo que contar para a família dele agora.

Rachel estava na casa de Billy cozinhando, eles nos olharam com surpresa. Minha boca salivou com o cheiro de alho, cebola e tomate refogando.

_Se não são os desaparecidos!_ brincou ela. Sarah correndo em nossa direção.

_Nessie_ chamou a vozinha mostrando uma boneca.

_É linda, Sarah! Foi um presente?_ conversei enquanto Billy perguntava o que tinha havido, afinal, para que fossemos até Vancouver no meio da semana.

Jacob sorriu para mim, com Sarah nos braços; retribuí o riso arrulhando para a menina.

_Nessie está grávida. Precisamos contar aos pais dela. Fizemos alguns exames também.

Rachel arfou alto, as mãos sobre a boca e os olhos arregalados. Billy gargalhou brevemente, vindo até mim em sua cadeira. Inclinei-me para abraçá-lo. Deixando-o, cai nos braços de Rachel.

_Ah, que coisa mais linda! Você está enjoando muito?_ ela me olhou com aflição, segurando minhas mãos.

_Um pouco... _ eu ri.

_Não tive muito enjoos, mas muita tontura. Era horrível. Quanto tempo?_ Rachel tagarelou animadamente, me puxando para a mesa da cozinha. Puxei uma cadeira.

_Carlisle disse que de 14 semanas, mas vamos voltar sexta para tentar estabelecer um padrão e fazer exames quantitativos. Talvez ele seja mais jovem e esteja crescendo rapidamente.

_Ah_ ela pareceu lembrar que não estava lidando com algo comum. _Mas está tudo bem?

_Sim, pelo que conseguimos ver, ele ou ela está bem protegido, então as imagens não são muito boas.

_Ainda não dá para saber se o bebê é mais vampiro ou...

_Rachel!_ ralhou Jacob. Eu sorri, ela me olhou constrangida.

_Tudo bem... _murmurei. _Ainda não dá pra saber.

No entanto, souberam que eu tinha o lado vampiro acentuado pelas necessidades de minha mãe, se eu levasse em conta meu apetite, por exemplo... Tinha bons palpites de como essa criança seria. Esse novo conhecimento me trouxe um alívio indistinto, as coisas pareciam mais claras aos poucos.

_E quando será o casamento?_ Billy indagou, os olhos perscrutadores em minha mão, eu sabia que ele procurava um anel de noivado. Jacob franziu o cenho, mordi o lábio tentando não rir, ao que parecia ele sempre levava a culpa disso.

_Não por enquanto, Billy_ respondi antes de Jacob. _Mas estou me mudando para La Push_ lhe lancei meu sorriso confiante, ele hesitou, mas sorriu parecendo satisfeito, ao menos por enquanto.

Almoçamos. O refogado de Rachel estava delicioso, a carne derretendo na boca. Ignorei a satisfação de Jacob ao me ver comer mais que o normal. Depois fui para a casa da praia organizar as poucas coisas que eu trouxera, no closet. Jake foi para a oficina. Liguei para Hannah e a chamei para me fazer companhia. Ela ficou confusa quando eu disse que estava na cidade. Em 20 minutos ela estava lá.

_O que está acontecendo?_ inquiriu, ainda dentro de meu abraço.

_Estou me mudando para cá.

_Tipo, casando?_ os olhos claros eram enormes.

_Por que todos querem me casar?!

_Porque é o que acontece quando duas pessoas se amam. E você ama ao Jacob e ele... Bom, você sabe!_ afirmou categórica, enquanto eu a puxava pela cozinha, Hannah se apoiando habilidosamente em sua muleta.

_Depois que... O bebê nascer e tudo estiver bem, talvez, mas não quero pensar nisso agora_ falei pretensiosamente. Hannah levou dois segundos para entender. Ela arquejou alto atrás de mim enquanto eu remexia na geladeira, percebendo que não tinha muita coisa. Jacob não morava exatamente naquela casa, então não havia razão para fazer compras periódicas.

_Renesmee? Você está grávida? Ah, meu Deus!_ Hannah quicava balançando-se de uma perna para outra _Como é possível?! Não acredito.

Eu gargalhei alto com sua reação.

_Ora, como é possível?!

Ela revirou os olhos, sorridente, e, para minha surpresa, deu um passo em minha direção, ajoelhando-se e tocando minha barriga através da blusa.

_Ooi! Tem alguém aí? Aqui é sua tia, Hannah!

Para minha completa perplexidade, aquilo me emocionou de uma forma boa, ainda mais que ver a pequena massa agitada naquela tela; não havia apreensão ou incredulidade. Percebi que a ideia de ter um ser dentro de mim parecia cada vez mais natural.

Inclinei-me um pouco a ajudando a levantar.

_Boba!_ murmurei embargada. Hannah me abraçou, nós duas chorando e rindo.

_Vamos, me mostre o supermercado da cidade!_ pedi enxugando as lágrimas.

Nós conversamos a tarde inteira, ela me contou sobre como as coisas estavam muito bem com Embry, e eu contei sobre a loucura que essa semana vinha sendo. Sentia-me grata aos céus que Hannah estivesse ali, fazia dessa transição algo mais fácil; afinal, eu não poderia passar o dia com Jacob, não me importava em fazer tarefas domésticas, mas mesmo com elas em meu dia ainda me sobrariam muitas horas de ócio.

_Mas afinal, Renesmee, casar não vai fazer diferença: vocês estavam convivendo diariamente, ou noturnamente. _Sorri para sua observação. _E agora vocês vão viver como marido e mulher, o que tem demais casar, com uma festa e tudo mais?

_Nada. Eu não queria antes, mas agora não faz mesmo diferença, não é? Só não dá pra ser agora. Para os Cullen casamentos são verdadeiros eventos, acho que eles ficam entediados, às vezes precisam de coisas assim... Não quero me concentrar em planejar uma festa. Não tenho menos certeza de que amo Jacob por isso.

Hannah mordeu o lábio a expressão pensativa.

_Embry disse o que Jacob mais quer é casar com você_ segredou.

Desviei os olhos da estrada, fitando-a por um momento.

_Eu sei. _suspirei. _E eu vou.

*

_Acho que vou fazer um curso de artes_ ela me contava seus planos para quando tivesse o diploma do colegial.

Verifiquei os bifes na grelha enquanto Hannah verificava as batatas ao forno. Cozinhar lembrava-me minha infância, quando minha família tentava me envolver e tornar pratos atrativos para mim. Eu gostava de cozinhar, mas tentar me fazer comer não deu certo.

Jacob chegou quando eu grelhava a segunda remessa de bifes.

_Hey, meninas!_ ele veio até mim me fazendo perceber que eu estava ansiosa para vê-lo, embora só houvéssemos estado longe por pouco mais de quatro horas. _Você está bem?_ uma mão tocou um rosto e outra minha barriga.

Assenti o abraçando e beijando.

_O.k. Vocês têm a noite toda!_ chamou Hannah.

_Então teremos jantar?_ Jake olhou em volta, enquanto eu aquiescia. _Pensei que comeríamos o tradicional e milenar macarrão ao molho que Billy cozinha. Nesse caso, posso chamá-lo?

_É claro. Embry também virá._ Jacob beijou minha testa sorrindo como uma criança.

_Vou tomar banho.

A noite foi muito agradável e divertida, era diferente tê-los comendo à mesa e conversando coisas do dia, rindo de bobagens; eu sempre tive muito orgulho de minha família, mas a nova experiência aqueceu meu coração, deu outro sentido à palavra família. No final Hannah se ofereceu para lavar a louça e fez com que Embry a ajudasse. Antes das 21:30 todos já haviam ido.

_Estou tão feliz!_ exclamou Jacob quando estávamos a sós, abraçando-me por trás e depositando um beijo em meu pescoço. Sorri automaticamente. _Espere um minuto.

Então correu escada a cima, deixando-me a caminho da sala; segui ligando a tv e deitando no estofado azul claro. Não demorou até que ele estivesse de volta, a expressão enigmática.

_Encare como um presente, certo? Algo que simbolize esse dia... _Jacob tomou minha mão despejando na palma algo frio e pesado. Senti minha boca abrir.

Era um aro reluzente em ouro branco e acomodava solitário rubi; ao longo do anel tinha linhas curvas gravadas, formando o símbolo do infinito várias vezes de forma que eles formavam vários corações se olhasse de um determinado ângulo.

_Espero que você saiba que eu não sou o tipo de cara que diz: certo, ao menos tentei. Eu sou o cara que tenta de novo, de novo e de novo. Até que não haja mais possibilidades._ Eu tentava não gargalhar. _Então eu espero que você o aceite, agora. Não precisa pensar nele como um anel de noivado.

_Tudo bem. Ele pode ser um anel de noivado_ murmurei afagando seu rosto. Jacob pareceu confuso por um momento.

_Droga, nesse caso eu devia fazer um pedido descente, então_ ele se ajoelhou diante de mim. Eu só conseguia sorrir. Jacob tirou o anel de minhas mãos e pigarreou, sua voz soando majestosa, os olhos maravilhados em meu rosto:

_Nessie. Você aceita ser minha esposa e... Droga, isso não vai ficar bom...

Eu gargalhei alto.

_Amo você_ segurei seu rosto em minhas mãos beijando o ponto onde as sobrancelhas se uniam e então seus lábios por um momento. _Eu aceito, é claro que aceito!

Jacob me beijou docemente pelo que me pareceu muito pouco tempo antes de se afastar tomando minha mão esquerda e colocando o anel em meu dedo com solenidade.

_Esse anel significa muito para mim_ sua voz mais rouca que o normal. _Foi com ele que meu pai pediu minha mãe em casamento. Ele me deu depois que estivemos juntos aqui na primeira vez.

_Vai ser uma honra usá-lo.

***

De volta a Vancouver fomos direto ao hospital para que Carlisle me tirasse amostras de sangue para novos exames e então voltaríamos à noite para outra ecografia.

Alice, Rosalie e, até mesmo, Bella já tinham feito um enxoval completo, era apenas o básico, elas imaginaram que eu gostaria de escolher algumas peças, portanto se contiveram. Elas estavam enlouquecidas com todas as coisinhas minúsculas. Talvez eu precisasse começar a pensar em decorar um quarto e comprar um berço, cadeirinha de alimentação... Comecei a sentir afeição com a ideia lembrando-me de quando Sue e Leah começaram a comprar coisas para Matt; eu acabei ficando bem envolvida.

_Depois de saber o sexo, podemos começar a decorar o outro quarto do andar de cima_ Jacob espelhava meus pensamentos. Sorri para ele.

Minha família não deixou de notar o anel em meu dedo, no entanto eu desconversei.

De volta à sala de exames no hospital, nós fitávamos a tela.

_Hm... Está acelerado. O computador ainda afirma 14 semanas, mas eu posso dizer que há alguns dias mais_ meu avô murmurou. _No entanto o beta-HCG quantitativo afirma 12 semanas. Fazendo as contas posso afirmar que a gestação foi concebida no dia 14 de janeiro, vocês podem confirmar se tiveram relações nesse dia?

Senti meu rosto esquentar violentamente. Perguntei-me como eu poderia ainda ter vergonha quando meu avô, apesar dos planos iniciais, já havia me examinado de todas as formas possíveis.

_Sim, doutor. O dia de meu aniversário_ Jacob me olhou de soslaio, um sorriso de lado me tirando dos devaneios por um segundo antes de se voltar para meu avô:

_ Duas semanas em uma?_ afagou meus cabelos.

_Parece que sim, mas o desenvolvimento começou a acelerar agora. Não sabemos se continuará acelerando, então não vamos nos precipitar, uma vez que Renesmee nem ao menos vem sentindo as bruscas mudanças. Sinto muito, mas precisaremos de outro exame para estabelecer um padrão.

Então Carlisle sorriu, retirando o cateter.

_A sexagem também está pronta. Querem saber?

Vovô se moveu na sala em busca de sua pasta, enquanto eu sentava e então, nos estendeu um papel. Deixei que Jacob o pegasse, eu me vestia; meu avô saiu da sala discretamente enquanto eu encarava o homem que lia atentamente. Ele riu, mas isso não dizia muito.

_Menino! É um menino_ Jacob me abraçou me balançando em seus braços. _Vamos ter um menininho.

Eu sorri, contra seu o peito, um novo tipo de encanto surgindo, calor me inundando de dentro para fora.

***

Jacob estava orgulhoso de seu menino. Em geral estávamos muito felizes, era fácil esquecer qualquer preocupação ao lado dele; meu noivo não era muito de ruminar problemas e isso era bom, era oposto de mim, equilibrava bem as coisas.

Cinco dias depois, estávamos novamente em Vancouver refazendo a ecografia. O bebê parecia ter 16 semanas de idade (embora eu só estivesse na décima terceira semana), e até o fim da semana seguinte ele passaria de 17 semanas a 18. Carlisle precisava fazer acompanhamento constante, mas acreditava ter encontrado o arquétipo. Era provável, que em três meses eu teria uma pessoinha nos braços.

Vovô sugeriu tirar férias antecipadas do hospital para poder me acompanhar; reativaria a casa de Forks e ficaria lá meio às escondidas, providenciaria equipamentos médicos para me fazer todos os exames e se preparar para o parto, uma parte que eu evitava pensar. Todos gostaram da ideia, ao que parecia logo eu não poderia fazer essas viagens, e eu nem ao menos cogitei ficar em Vancouver e deixar Jake.

Eu não havia crescido nada, o que me preocupava um pouco, embora Carlisle me assegurasse que estava tudo bem e que o feto tinha o tamanho correspondente ao desenvolvimento; em algum momento a criança teria de crescer e meu corpo parecia resistir.

Na segunda semana de abril, no sábado, foi com um misto de alívio e medo que percebi que havia perdido uma calça jeans, literalmente corri para o espelho do closet percebendo com nitidez a forma arredondada entre meus quadris, não era nada que se percebesse por sob a roupa, mas era finalmente algum sinal evidente de que meu corpo cedia ao processo.

_Tudo bem aí?_ Jacob surgiu enrolado em uma toalha, ainda um pouco molhado do banho recente provavelmente tendo percebido meu sobressalto. Eu precisaria perguntar a Carlisle (assim que tivesse coragem), se isso era mesmo normal para uma mulher grávida, mas assim que vi o reflexo de meu noivo no espelho, senti uma trilha de calor correr o centro de meu corpo; do meio de meu peito ao sul.

Dividida entre a novidade e meu constante, mas avassalador, desejo hesitei. Jacob se aproximou preocupado. Vencida pela necessidade de tranquiliza-lo tirei o robe, em frente ao espelho, e toquei o pequeno volume por um instante, fitando o homem pelo espelho. Ele sorriu maravilhosamente, um deus grego esculpido em argila vermelha. Suspirei apaixonada.

Virei-me para ele no momento em que se ajoelhou diante de mim; Jacob estava constantemente tocando minha barriga e completamente envolvido em tudo que dizia respeito ao filho, mas foi a primeira vez que ele fez isso: abraçou meus quadris e repousou o rosto no relevo por dois segundos antes de beijar a nós dois, a mim e a criança, sob minha pele. Segurei seu rosto e o puxei para cima, para meus lábios. Beijei-lhe com vontade livrando-me da toalha, suas mãos imediatamente indo para o fecho de meu sutiã. Fiz um muxoxo jogando a cabeça para trás.

_Temos que ir _ senti meu rosto franzir de frustração. Eu queria ir a Seattle buscar algumas coisas pessoais e meu piano. Tínhamos combinado de almoçar com Charlie hoje.

Desde que me mudei há quase duas semanas eu o evitava. Todos já sabiam que estava grávida e que estava morando com Jacob, exceto meu avô, e eu não queria mentir nem fazê-lo de bobo, era melhor falar logo e era melhor que eu mesma dissesse.

_Claro, claro_ Jake sorriu e beijou entre minhas sobrancelhas, indo até sua parte no closet.

Mais duas calças e percebi que talvez eu precisasse fazer compras, então optei por um vestido e meias 7/8, o que fez com Jacob quase desistisse do plano de nos fazer chegar na hora. Nós sempre perdíamos a hora quando cedíamos ao impulso, essa foi a primeira vez que conseguimos não ceder, embora eu tivesse a impressão de que a qualquer momento um saltaria sobre o outro.

Depois de envolver meu piano de mais plástico- bolha que o necessário e fazer algumas malas nós retornamos. Alice se encarregaria do restante, incluindo todo meu material de observação e alguns eletrodomésticos.

De volta a Forks, na hora do almoço, Jacob desembarcou o piano; nós já havíamos aberto espaço para ele na sala e ficou perfeito. Então agora tínhamos que encarar o chefe Swan.

_Oh, céus! Você cresceu tanto!_ havia três semanas que eu não via Matt.

O garotinho se agitou e gargalhou nos braços de Sue, que nos cumprimentava a porta. Ela abraçou Jacob e então a mim, murmurando “parabéns” em meu ouvido. Atrás deles na sala meu avô, Billy, Seth e Leah assistiam a um jogo de futebol. Saudei a todos e ouvi, tolerante, as reclamações de Charlie sobre eu o ter abandonado nos últimos dias. Leah abriu espaço para mim no sofá, enquanto Jacob brigava com Seth pelo espaço ao meu lado.

_É sério?! Você está mesmo mais bonita?_ a loba piscou infinitesimalmente. Sorri lisonjeada.

_Obrigada. Dizem que a gravidez faz isso_ cochichei e ela sorriu, nesse momento meu avô, Seth e Billy gritaram para algum passe do jogo, me fazendo quicar no sofá.

Jacob tocou minha perna, os olhos inquisitivos, balancei a cabeça dizendo que estava tudo bem.

_Vamos sair daqui_ chamou Leah levantando. Eu a segui, oscilando um momento sem equilíbrio.

Leah passou um braço em minha cintura me sustentando até a pequena sala de jantar onde me fez sentar. Jacob vindo em seguida.

_Está tudo bem_ falei, antes que ele perguntasse. _Carlisle disse que podia acontecer, lembra? Por que...

_Porque o bebê cresce..._ murmurou tenso.

_E o eixo muda. Isso_ completei com um sorriso tranquilizador.

_Diga-me se sentir qualquer coisa_ pediu e eu concordei, mas ele lançou um olhar penetrante para Leah que assentiu prontamente, antes de manda-lo de volta a sala, pedindo-lhe que relaxasse um pouco.

_Ele não te sufoca?_ indagou-me abismada.

_Na verdade, não.

*

Era um dia claro, não via o sol, mas as nuvens finas eram mais cinzentas que arroxeadas, então depois do almoço Billy e Charlie foram para fora terminar com as cervejas, aproveitei que meu sogro foi ao banheiro e me esgueirei para fora, Matt quase adormecido em meu colo.

Vovô nos olhou sorridente e enigmático; estendeu os braços depois de um segundo. O bebê se agitou um pouco, os olhos castanhos muito atentos ao sentir a mudança.

_Você leva jeito, menina. _ele riu um pouco, fiquei nervosa. _Ele gosta mais do seu colo.

_Tomara que eu tenha mesmo_ comentei sentando na mesinha ao lado da cerveja. _Você devia moderar, sabe?

Charlie sorriu e afagou a cabecinha do filho, já sonolento de novo.

_Eu sei. Mas não se preocupe, eu ainda vou conhecer seus filhos.

_Vai mesmo_ me estiquei um pouco, a mão esquerda pousando deliberadamente sobre o ventre, sentada o pequeno volume podia ser percebido sob o tecido.

_Você está noiva?_ a voz de Charlie não era alta, mas seria se não fosse por Matt em seu colo.

Eu teria rido, não estivesse tão tensa; então ele percebera o anel, entretanto não o que havia embaixo...

_E grávida_ sussurrei quase torcendo para que ele não ouvisse. _Espero que você seja um bisavô forte e saudável.

_Mas você é tão jovem! Jacob..._ ele rosnou o nome de meu futuro marido.

_Jacob é a melhor pessoa que eu poderia ter ao meu lado_ sorri para minhas palavras fitando o anel em meu dedo, antes de olhar para os olhos chocados de Charlie. _Acho que idade não importa tanto quando você se sente de outra forma não é?_ olhei para o bebê dormindo nos braços dele.

_É... Vou parar de beber. Mas não hoje, querida _gargalhei. _Quero que você seja feliz, Nessie. Melhor que Jacob cuide muito bem de você, ele sabe que tenho boa mira, então ele vai.

_Seu bisneto é um menino.

Charlie não disse nada, mas sorriu, os olhos enchendo-se de rugas e lágrimas; ele estava afetado o bastante pelo álcool para que deixasse uma lágrima cair. Sorri me inclinando e beijando seu rosto.

_Dê-me, vou colocar no berço_ estendi o braço e ele me devolveu Matt.

Passei por Billy na cozinha, ela me sorriu encorajador, Jacob foi o próximo que encontrei. Ergui uma sobrancelha, os olhos estreitos, ele apenas sorriu um pouco.

_Fiquei com medo que você desmaiasse ou coisa assim_ disse-me, rolei os olhos.

_Foi melhor que pensei_ sorri.

*

Meus avós estavam em Forks, fazendo pequenas reformas na casa e instalando todos os equipamentos para uma pequena maternidade. Minhas tias e mãe vieram conhecer a casa da praia uma tarde.

_Eu adorei, tem mesmo a cara de vocês dois_ comentou Bella.

_Claro que Jacob já estava pensando em você morando aqui quando a construiu­_ segredou Alice.

_Quem diria que o cachorro tem bom gosto.

Virei-me em direção a tia Rosalie.

_Jacob, Rose! O homem que eu amo, o pai do meu filho_ lembrei-a retoricamente. Ela se remexeu incomodada, mas não disse nada.

Combinamos um dia de compras e passamos a tarde juntas.

No fim da tarde quando Jacob chegou do trabalho tive que lhe dar o mesmo sermão que dei em Rosalie quando ele a cumprimentara com “Psicopata”.

_Rosalie, Jake. Minha tia. Por favor.

_Desculpe-me_ murmurou sem jeito e eu lhe agradeci com um beijo.

Exceto as preocupações com o parto iminente e o desenvolvimento da criança depois que nascesse eu me sentia muitíssimo bem, era a gestação perfeita: sem inchaço, já que minha constituição era muito forte para que o peso do bebê impedisse a circulação; os enjoos matinais haviam passado, vindo apenas com um determinado cheiro; eu sentia pouquíssima tontura e o único peso que eu havia ganhado eram os 200 gramas que pesava o bebê, mesmo comendo 3 vezes mais comida humana que antes, o que ainda era perfeitamente dentro do normal e um pouco menos do que mulheres grávidas comem. No entanto com meu metabolismo acelerado, a criança crescendo rapidamente e a dificuldade do meu corpo em mudar Carlisle afirmou que não esperava mesmo que eu ganhasse muito peso. A única coisa que me incomodava era o sono, mesmo que a sensação de cansaço tenha passado, e a fome animalesca. Nunca pensei que algum dia me deliciaria com um bife e um copo de leite, o que era uma combinação bem estranha.

Eu estava sempre lendo coisas sobre gravidez e bebês, embora isso não fosse de grande ajuda para mim exatamente, já que minha gestação não era exatamente humana, me dava boas referências para o bebê; por exemplo, eu sabia que de agora em diante ele ouvia melhor minha voz, já a reconhecia e já seria capaz de se habituar aos sons em volta de mim. Voltei a tocar mais piano e ler livros aleatórios (em voz alta), já que havia deixado de lado a astronomia.

Numa noite no sofá Jacob lia Tennyson, em voz alta, minhas pernas sobre as dele e sua mãos direita em meu ventre. Eu gostava quando era criança, não esperava que esta criança compreendesse como eu, mas o importante era que ele reconhecesse a voz de Jake.

_Corrente, doce corrente, por gramado e prado. Um riacho, então, um rio: agora, por ti meus passos devem ir, para sempre e sempre. Mas aqui suspirará vosso carvalho e aqui vosso arbusto estremecerá...

Arfei e me contrai, tocando automaticamente a lateral baixa de minha barriga. Houve uma dor, percebi então que não era nada, foi muito mais o susto que a dor em si. Jacob estava afoito, os olhos ferozes. Eu pisquei e ele já tinha o celular pressionado contra a orelha.

_Não foi nada_ mas ele me ignorou falando:

_Doutor, Renesmee sentiu dor _Ouve um chiar breve do outro lado enquanto eu murmurava que estava bem. _Estamos indo.

_Jake, está tudo bem.

_Quero que ele a examine_ ele levantou correndo escada a cima e voltando com um de meus casacos, contrariada eu vesti por cima do vestido de malha que eu usava.

Mesmo chateada com o alarde desnecessário não discuti, contendo um choro bobo que obstruía minha garganta. Na casa de meus avós todos estavam aflitos quando passei pela porta.

_Jacob está exagerando, eu estou bem_ murmurei mal-humorada seguindo por onde Carlisle indicava.

_Você fez bem, Jacob_ ouvi meu pai dizer.

Deitada na maca, já quase habituada a esse tipo de exame eu encarava a tela com imagem, minha mãe ao meu lado, eu ouvia Jacob a porta, atrás de mim, mas não virei para olhá-lo.

_Não fique chateada com Jacob, só estamos adiantando a consulta em dois dias_ meu avô comentou quase divertido. _Pais de primeira viagem são assim mesmo. Olha só, nosso garotão está crescendo, alcançamos a vigésima semana.

Sorri, sentindo-me apressada, era uma sensação estranha. Correndo para não perder nada. Em três semanas ele já havia crescido mais de um mês.

_Eu comentei que talvez se sentisse assim_ os olhos de ouro foram para além de mim, na direção de Jacob. _Isso acontece porque o útero está sendo forçado a crescer, não é nada de mais a não ser que a dor não passe.

_Não foi nada demais, foi mais o susto que a dor.

*

Não falei com Jacob por todo o caminho, ele parecia esperar pacientemente que meu humor melhorasse, mas eu só pensava em nossa cama, estava com tanto sono.

Encaminhei-me para o andar de cima para nosso quarto.

_Você vai mesmo ficar com raiva de mim?_ murmurou enquanto eu me despia e deitava. Hesitei petulante.

_Você precisava confiar em mim se vamos estar juntos. Disse que estava bem, eu estava apreciando um bom momento e você fez um alarde bobo.

Jacob balançou-se, as mãos nos bolsos do moletom, o cenho franzido.

_Desculpe-me pelo exagero. É que... _ sua boca se crispou enquanto ele lutava com as palavras. _Tudo está indo tão bem e estou tão feliz que parece que a qualquer momento algo vai dar errado e não suporto a ideia de perdê-la.

_Eu sou forte, Jake. Nosso bebê está muito saudável e seguro e eu também.

_Você me perdoa?_ ele apertou os lábios tentando não sorrir. Revirei os olhos para como ele me tinha na palma da mão... Sorri abrindo os braços para recebê-lo em nossa cama.

Na mesma semana recebemos uma encomenda de Alice. Eu ri maravilhada com as lembranças ao desembrulhar o grande em pacote.

_Meu berço de ferro!

Em três dias o quarto estava pronto, é isso que acontece quando sua família é constituída por lobos vampiros superfortes e rápidos. Optei por decorar tudo o mais simples e prático possível, e ir adicionando coisas quando ele nascesse eu pudesse conhecê-lo.

Jacob e eu havíamos ido comprar uma poltrona de amamentação; não achei que fosse precisar de uma até o bebê alcançar as 21 semanas quando então senti a diferença em meu colo, não no tamanho, mas na consistência e Carlisle deu o aval de que sim, era leite materno.

Nós descemos do carro e paramos ao mesmo tempo percebendo a presença deslocada. Quil saiu de nossa casa com cara de poucos amigos, a cabeleira loira o seguindo para fora e me fitando com reconhecimento enquanto eu retribuía com confusão.

_Jennifer?


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Notas finais do capítulo

*Sexagem fetal: Com uma pequena amostra do sangue da mãe pode se encontrar poucas quantidades de DNA do feto. A presença do cromossomo “Y” indica que é um menino e a ausência dele, uma menina. No caso de gêmeos, se forem idênticos, univitelinos, o resultado é válido para os dois fetos. Em gêmeos fraternos, bivitelinos, o resultado “Y”, significa que ao menos um dos gêmeos será menino.

Capitulo difícil de escrever, há muito detalhes da gestação que queria colocar, mas não dá.
Desculpem as bobagens médicas, mas tive que criar um meio termo entre o humano e as limitações do corpo dela, mas realmente acho que não haveria grandes problemas, não. deu pra entender como o baby tá desenvolvendo?
Então, o que acham?