Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 37
Metades


Notas iniciais do capítulo

“(...) mais a diante
Você vai odiar que eu nunca dei mais para você
Do que metade do meu coração.
Metade do meu coração tem a mente certa para te dizer
Que metade do meu coração não vai ser suficiente.
Metade do meu coração é um casamento forçado
Com uma noiva com um anel de papel (...)
Metade do meu coração tem a mente certa para dizer a você
Que eu não posso continuar te amando”
—Half of my heart



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Acordei com o calor, dentro e fora. A barraca estava quente, Jacob estava muito perto, aquecíamos demais juntos. Além disso, eu definitivamente estava com sede, a garganta seca; o calor de seu corpo pulsando tão perto do meu não ajudava muito. Abri a barraca deixando o vento frio entrar, isso desanuviou minha mente, me ajudou a despertar. Resolvi caçar, agora mesmo. Escrevi uma nota em meu celular, avisando ao Jacob e o deixei do seu lado, ele ainda ressonava dormindo profundamente. Procurei minhas botas e parti indo pelo lado oposto ao que viemos, eu podia ver um dedo de floresta se estendendo na areia a certa distância. Alcançando a floresta, corri a toda velocidade e encontrei um córrego estreito de água doce, lavei o rosto e segui. Não demorou até encontrar um bando de veados; apresei o macho maior com pressa e eficácia. Era o bastante.

De volta à praia, Jacob já estava terminando de desmontar a barraca, os sacos de dormir já estavam guardados.

_Bom dia, ruiva. Que tal o café da manhã?_ perguntou-me com seu sorriso encantador.

_Não era meu favorito, mas... Estou satisfeita_ sorri.

_Qual seu favorito?

_Carnívoros. O sangue é mais parecido com humano. Herbívoros são horríveis, mas nutritivos.

Jacob sorriu como se achasse muito interessante.

Já alcançávamos o carro de Jacob quando seu telefone tocou. Era Charlie.

_Bom dia, Garoto! Ouça, minha neta está com você?_ Bradou do outro lado da linha. Jacob me lançou um sorriso maldoso.

_Neta?! Desde quando você tem neta, Charlie?_ Jacob perguntou com cara de desentendido e mordeu o lábio para não rir. Sorri incrédula, enquanto meu inocente avô gaguejava do outro lado da linha.

_Você sabe muito melhor que eu do que estou falando, tenho certeza!_ praguejou.

_Bom, cherife, no momento eu planejo tomar café da manhã com uma ruiva linda que conheci outro dia, sua neta eu não sei quem é_ Jacob me olhou de um jeito que derreteria um ice Berg, me movi, sem jeito.

_Traga Renesmee, Jacob_ falou seriamente. Estendi a mão para que Jacob me passasse o telefone, ele não hesitou.

_Vovô, preciso tomar banho e trocar de roupa, acampamos na praia e estou cheia de areia_ houve um silêncio longo do outro lado da linha e Charlie pigarreou. Eu nem queria imaginar o que se passava em sua mente.

_Tudo bem.

***

Jacob parecia se divertir com a situação, mas eu não estava muito animada em ter Charlie de olho em nós. Meu avô devia estar muito confuso com tudo isso, para ele Jacob odiava e nem podia ouvir falar em qualquer coisa relacionada à minha família, me receber em sua casa por um fim de semana era, no mínimo, duvidoso; ele nunca falava para ninguém, nem mesmo a Sue, sobre nós. E no fim, todos sabiam mais que ele.

_Não se preocupe_ disse Jacob enquanto dirigia seu carro para a casa de Charlie e Sue. Ele pegou minha mão, segurando-a sobre sua perna. _ Charlie não vai fazer perguntas complicadas. Bella me explicou o acordo entre eles, o conheço bem demais para ter certeza.

Jacob tinha razão, Charlie não tentou complicar nada, mas pareceu bem incomodado com minha proximidade a Jacob. Estávamos Sue, Charlie, Seth, Leah, Jacob e eu a mesa para o café.

_Não acredito que você não viria me ver, Renesmee_ reclamou Charlie.

_Claro que viria, vovô_ falei lhe dirigindo meu melhor olhar derretedor de corações.

_E desde quando vocês se conhecem?_ Charlie apontou de Jacob para mim. Mordi minha torrada com geleia.

_Há algumas semanas, nos esbarramos por acidente e fomos com a cara um do outro_ falou Jacob dando de ombros e eufemizando a situação. Beberiquei meu chocolate quente, tentando não pensar muito para não ficar vermelha. Leah e Seth tentavam não rir, percebi, mas Leah me olhou com complacência.

_E toda aquela... Implicância com..._ insistiu vovô.

_É passado, Charlie!_ interrompeu Jacob.

_E vocês..._ Charlie tentou.

_Charlie, deixe os garotos_ pediu Sue. _Sua neta está aqui, aproveite!

Ele a olhou desconcertado, meneou a cabeça e se resignou a comer por uns instantes.

_Crianças, eu preciso ir, essa manhã eu estarei no hospital de Forks. Volto para o almoço. _ anunciou Sue levantando e beijando Charlie. _Muito bom tê-la aqui, finalmente, Nessie._ sorri para Sue, mas principalmente porque até ela já havia aderido ao apelido.

_Nessie?_ perguntou Charlie.

_Como o monstro do lago_ riu Seth. Revirei os olhos e Charlie bufou um riso.

_Eu também estou de saída, mas volto logo. Tire a mesa, Seth_ disse Leah, ela também sorriu para mim.

_Você tem um namoradinho, não tem?_ Charlie perguntou. Ele sabia de Nahuel, embora nunca o tenha conhecido.

_Tinha_murmurei.

_Billy disse que você terminou com Anne_ Charlie soou quase acusatório encarando Jacob. A veia em sua testa estava cada segundo mais proeminente.

_Você não ia pescar com Billy, Charlie?_ Comentou Seth. Charlie o encarou, eu quase podia ouvir sua mente gritando que Seth era nosso cúmplice em algo.

Decidi ir pescar com Charlie, não queria deixá-lo mais mal-humorado ao ir para a oficina com Jacob, depois da manhã cheia de conjecturas veladas.

A manhã passou muito rápido, pescamos a dois km da costa num barquinho a motor. Billy era bem engraçado. Antes das 11 estávamos de volta à casa de Sue, Billy havia sido convidado para o almoço. Leah estava na cozinha começando a fazer o almoço então e ofereci para ajudar. Eu cortava alguns legumes e ela lidava com o peixe e a carne, enquanto Billy e Charlie tomavam cervejas nos fundos da casa.

_E então você e Jacob, como vão?_ Perguntou baixo o bastante para os dois lá fora não terem ideia do que falava.

_Não quero parecer grossa, mas você já sabe, não?

_Não tudo na verdade, estou tentando parar, não sei quais as últimas_ ela falou sem me olhar, concentrada em seu trabalho.

_Mas eventualmente, você volta a se transformar e isso quer dizer que todos vão saber_ demandei.

_Tem razão, desculpe.

Senti-me estúpida, quero dizer, coisa muito mais intima eles viram e conhecem sobre mim, então...

_Bom, estamos tentando nos conhecer. Eu... Prefiro assim porque, tecnicamente, ainda sou noiva. Ele está viajando e não faz ideia de nada do que está acontecendo_ olhei em sua direção e ela me olhava.

_Você se sente culpada_ ela afirmou. Aquiesci.

_Jacob também, se isso a consola. Ele se martiriza por fazer Anne sofrer.

_Já tentei falar com ele a respeito disso, mas ele falou que não é uma questão de força de vontade_ murmurei.

_Isso mesmo. Mas ele nunca a faria feliz de verdade e nunca seria feliz de verdade_ Leah punha a carne no forno. _Fico muito feliz que ela tenha encontrado você.

_É muita responsabilidade ter a vida de alguém assim, a mercê da sua_ assegurei.

_Não se sinta pressionada, ele vai ficar contente com qualquer coisa que faça você feliz_ garantiu-me Leah.

_Não acho que Jacob mereça qualquer coisa_ murmurei, insegura, não queria parecer agressiva.

_Tenho certeza que você também não aceita qualquer coisa, não é mesmo?_ ela sorriu e eu retribuí, assentindo. _Então, tudo vai ficar bem, de qualquer forma.

Houve um instante de trabalho em silêncio confortável.

_Não quero deprimi-la juro, mas acho que devo dizer com todas as palavras, mesmo correndo o risco de que ele me comande pular na frente de um trem_ começou ela, parando o que estava fazendo e me olhando através dos cílios espessos, eu fiz o mesmo. _Jacob parece muito forte, ele é, e ele vai lidar bem com qualquer coisa que venha a acontecer, mas ele merece toda a felicidade que você puder dar e todo o sacrifício que vier a precisar fazer.

Nossa! Isso foi intenso.

_Certo. Tenho certeza de que sim.

Depois disso Leah dirigiu nossa conversa para lugares menos difíceis, perguntando sobre meus estudos e interesses, apesar de antes, não foi difícil conversar com ela, pelo contrário, eu arriscaria a dizer que talvez pudéssemos ser boas amigas.

Jacob e Seth chegaram assim que o almoço ficou pronto, Sue logo depois. Embora fossemos os mesmos do café da manhã, exceto Billy, a casa parecia cheia agora, com todos conversando ao mesmo tempo e rindo, o cheiro de comida no ar.

O tempo passou rápido e leve. No meio da tarde Jacob me chamou para um passeio. Estava chovendo então fomos com o carro de Jacob, o meu estava em frente a sua casa.

Ele dirigiu até o centro cultural quileute

_Turistas não podem vir aqui. É proibido, pois é um lugar sagrado_ disse Jacob enquanto descíamos do carro.

_E você pretende me levar lá?_ falei confusa, sem acreditar que ele pudesse ser tão desrespeitoso com suas próprias leis.

_Vou. Você não é turista!_ demandou enquanto eu o alcançava do outro lado. Ele tirou um molho de chaves e abriu o portão de madeira que parecia guardar um forte. Uma vez aberto eu entrei.

Não havia ninguém mais ali, só nós dois. Ao contrário do que pareci pelo lado de fora, era aberto. Havia grama e samambaias no chão e totens de dois metros, como um jardim, alguns em madeira escura e envelhecida; outros pintados e coloridos. Sob o telhado, havia um amplo espaço com um monumento como um púlpito e algumas cadeiras. Nos fundos havia uma porta discreta, quase se misturava a madeira da parede. Jacob a abriu, e passamos a outra sala ampla, onde havia grandes placas em madeira muito, muito envelhecida, elas seriam lisas não fossem as inscrições entalhadas.

Aproximando-me pude perceber melhor: algumas não eram em nenhuma língua que eu conhecesse e outras eram nomes, reconheci Black imediatamente e ele se repetia e se misturava a outros... Wilde, Finan, Quehpa... Um árvore genealógica!, percebi deslumbrada. Senti minha boca se abrindo num O estreita.

Girei em torno de mim mesma observando as quatro paredes. Quatro linhagens distintas.

_Ateara, Black, Clearwater e Uley_ murmurou Jacob.

_Isso é... _Toquei as inscrições desconhecidas nas laterais.

_Quileute_ completou.

_Essa é a sua_ afimei, mas olhei para ele, que assentiu. _O primeiro Black se chamava Jacob_ sorri.

_O primeiro Black filho de Taha Aki, nosso primeiro lobo_ corrigiu se aproximando. Ele tocou um ponto, acima, próximo ao primeiro Jacob.

_Aqui é Ephraim Black, o líder que negociou a trégua com Carlisle; Era pai de Willian Black, que gerou meu pai, Willian Black, que você conhece por Billy.

_Sarah Wilde_ li o nome de sua mãe. Percebi também que havia gêmeos em todas as gerações.

_Ela tinha linhagem Ateara, o Velho Quil, você ainda vai conhecer, é tio avô de minha mãe, então eu também tenho linhagem Ateara.

_Por isso você é o chefe?_ perguntei. _Pelas duas linhagens?

_Não, se fosse por isso Leah seria a Chefe, ela e Seth têm três das linhagens e ela é a mais velha. Por isso ela é minha beta. Eu sou o chefe porque descendo diretamente de Ephraim, o último líder e lobo.

_Complexo_ falei, meus olhos prosseguindo... Arfei surpresa. _Meu nome!

Renesmee C.Cullen estava gravado. Gravado ao lado do nome de Jacob e ligados por uma linha.

_Porque?_ murmurei, minha voz presa com uma emoção nebulosa, meus olhos úmidos.

_Você não é uma turista. É parte da comunidade Quileute, agora. Eu estou ligado a você e não é como se isso fosse mudar ou como se houvesse possibilidade de haver, um dia, outro nome aí.

_O que os outros... O que conselho pensa sobre isso?

_Imprinting é a força mais sagrada e reverenciada aqui.

Minha mão foi à boca como se pudesse conter a respiração entrecortada. Eu estava completamente mergulhada no mundo com que eu sonhara sempre e havia muito mais do que eu esperava; de repente eu estava chorando e percebi que era de medo.

Antes que eu pudesse tentar parecer coerente Jacob me abraçou delicadamente, me acalentando em seu peito; o que me fez perceber que tocá-lo era muito natural e que era uma tremenda bobagem ficar tensa ou me reprimir quando pensava em lhe fazer um afago.

_Eu queria que você se sentisse a vontade, não pressionada_ murmurou Jacob, a voz ainda mais rouca.

É, claro, ele tinha que adivinhar!

_Desculpe-me_ respirei fundo contendo o choro. Ergui a cabeça e ele segurou meu rosto com as duas mãos, depositando um longo beijo em minha testa, deixando um espectro quente em minha pele.

_Não peça desculpas pelo que sente. Nem se importe com nada que não seja o que lhe fizer feliz, porque é só o que me preocupa, é uma nova cláusula do nosso contrato_ ele piscou e enxugou minhas lágrimas com as mãos grandes, sorri com a lembrança de nosso contrato de amizade.

Suspirei.

_Eu adorei que meu nome esteja ali_ olhei de novo para o quadro, percebendo o nome da pequena Sarah, abaixo do de Rachel e Paul, mas afastei isso para um canto no fundo de minha mente, não queria e não precisava pensar nisso.

_Vamos, quero mostrar outro lugar_ ele desfez nosso abraço e me levou pela mão.

Ele deixou o carro numa estrada de seixos e me guiou, por um caminho íngreme na floresta, caminhamos 20 minutos de subindo num ritmo pouco mais rápido que uma caminhada humana. Saímos numa chapada, quase como a que eu tinha na casa em Vancouver, mas essa não era rodeada de floresta nem tinha uma cidade a distância. O pequeno platô rochoso era nu e, até onde a visão podia alcançar, só havia céu e mar.

Era pacífico. Apenas o som das gaivotas gravitando ao longe e das ondas quebrando muitos metros a baixo.

_É meu lugar favorito. À beira mar, céu e terra _a voz de Jacob irrompeu o ar. Ele se sentou a beira do abismo, as pernas para fora e me olhou a espera.

Fiz o mesmo, sentei-me ao seu lado e projetei em sua mente: É perfeito!

_Do que você tem medo, afinal?_ perguntou-me depois de um momento de silêncio. O olhei confusa, imaginando se eu parecia com medo por estar à beira de um penhasco.

_Você confia em mim, a não se que eu esteja muito enganado. Mas parece estar sempre se refreando, tensa... Do que tem medo?_ seus olhos escuros eram puros, gentis e prestativos.

_Acho que já tivemos essa conversa antes_ me referi a quando ele falou sobre como eu era muito racional. _Não tenho medo_ menti.

Ele continuou me olhando como se eu não tivesse dito nada. Suspirei, pensando por um segundo.

_Tenho medo... Não quero magoar Nahuel. A mim. E principalmente a você _ demandei. Jacob apertou os lábios um segundo e num único movimento estava de pé, tirando a blusa e as botas de caminhada.

_Você precisa esfriar a cabeça_ ele se aproximou da borda e deu uma olhada a baixo; segui seu olhar e fitei as ondas espumando mais de 300 metros aquém. _Vou logo atrás de você, se tiver coragem.

Encarei-o em desafio e me ergui. Tirei o cardigã que usava e as botas. Jacob sorria, em aprovação.

Posicionei-me a beira do abismo e sorri para o horizonte antes de me lançar como um dardo o ar; o salto livre era extasiante, mas pareceu acabar rápido demais e a água fria chegou. Subi no exato momento em que Jacob saltava com três giros perfeitos antes de posicionar o corpo como uma flecha e mergulhar a cinco metros de mim.

_Foi incrível_ exclamei quando Jacob emergiu. _Quase melhor que velocidade.

_A pior parte é escalar de volta_ disse-me, me acompanhando na risada.

***

Dormi no quarto de Jacob aquela noite, ele dormiu no saco de dormir, em seu antigo quarto. Demorei a dormir, pensando e tentando não pensar. Sentindo falta dele roncando e me sentindo culpada por isso. Mas um sono foi tranquilo e profundo quando, chegou.

Depois de tomar o café da manhã com Jacob e Billy, era hora de ir.

Falei que não, mas Jacob insistiu em me acompanhar de volta, ele voltaria correndo. Deixei que ele dirigisse meu tanque de guerra e falamos muito sobre modelos, peças...

Coisas agradáveis se vão cedo demais, descobri. Às 10 horas do domingo eu estava em frente a minha casa. Descemos do carro, uma energia hesitante pairava no ar: ele não queria ir e eu não queria que ele fosse.

_É hora de mofar! _ exclamou fazendo alusão aos Rangers, eu ri alto, ele me abraçou.

Envolvi sua cintura com meus braços e recostei minha cabeça em seu peito. Seus dedos embrenharam-se em meus cabelos, a mão enorme em meu rosto e pescoço, fazendo-me olhá-lo; Jake me beijou na testa, daquele jeito que já lhe era característico, seus lábios deslizaram por meu nariz; nossos narizes se tocando no final.

_Vou sentir sua falta a cada minuto de todos os dias_ murmurou, pude sentir o gosto de seu hálito.

_Renesmee_ soou a última voz que eu pensaria em ouvir agora, vindo de minha pequena varanda. Meu coração afundou, enquanto eu olhava a figura audaz que me fitava com os punhos cerrados ao lado do corpo.

Sem realmente conceber, eu estava à distância de um braço de Jacob, que permanecia de braços estendidos, como se eu ainda estivesse entre eles; seus olhos seguindo a direção do meu.

_Nahuel_ sussurrei caminhando pelo pátio em sua direção.

_Do que se trata isso?_ ele me olhou por menos de um segundo, a voz inflexível, e voltou a encarar o homem atrás de mim; Jacob me seguia.

_Jacob me acompanhou até aqui _ respondi, sem saber ao certo o que dizer. Ele me olhou, quase disse algo, mas mudou de ideia e então:

_Não quero ter essa conversa na frente de estranhos_ ele arrostou Jacob da forma mais arrogante que poderia.

_Eu não sou..._ tentou Jacob em resposta.

_Jacob, preciso que vá.

_ E deixá-l...

_Jacob! Por favor_ virei para fitá-lo, eu vi sua relutância, mas ele aquiesceu.

Obrigada, projetei em sua mente. Não o vi partir enquanto seguia em direção a minha casa; a abri e Nahuel me seguiu para dentro.

_Quem era?_ lançou-me, irritado.

_Um amigo_ falei chegando à sala.

_Não foi o que pareceu. Ele é da universidade, aliás, você pode me explicar porque desapareceu?

_Ele é um amigo. Da família de minha mãe, Bella e ele se conhecem desde crianças_ me obriguei a explicar, notando que ele merecia. _Eu não desapareci, você viajou.

_Viajei, mas estou aqui desde sexta à noite e sei que não estava em Vancouver.

Fui pega de surpresa.

_Nahuel, nós precisamos conversar_ murmurei, sem conseguir levar isso adiante. Sentei na poltrona perto. Ele não disse nada, mas não o olhei.

_Quero, romper nosso compromisso_ eu disse com a voz mais calma e estável que pude.

_É por ele?_ indagou; balancei a cabeça em negativa. _Eu entendo que esteja com medo de casar, meu amor_ continuou, deduzindo, após dois minutos inteiros de silêncio. Ele se agachou diante de mim, tocando meu joelho. _Você ainda é tão jovem. Podemos adiar _Respirei fundo, tentando não deixar as emoções me dominarem.

_Não, Nahuel. Nós não podemos mais ficar juntos. Eu não posso ser sua esposa ou namorada_ não havia forma fácil de dizer.

_Porque está dizendo isso, Renesmee, o que há?_ rebateu.

Levantei inquieta, engasgada, talvez a sensação de pânico fosse algo como o que eu sentia. Parei no meio da sala e o fitei. Ele ergueu, mas não se moveu;

_Percebi que eu nunca vou estar pronta para você e isso me mata porque eu não quero magoá-lo_ contive um soluço_ Não consegui me entregar e nunca vou poder.

_Renesmee, isso acontece! Não faça de uma situação a regra.

Passou-me pela mente dizer que havia me entregado inconsequentemente a outra pessoa, mas ele não precisava disso, isso não era algo que eu tinha que expor, ao contrário; eu deveria me envergonhar.

_Não torne isso mais difícil_ cada réplica dele me fazia hesitar, repensar, mas eu sabia que não progrediríamos nada, mesmo que eu mudasse de ideia, cedo ou tarde estaríamos de volta a esse empecilho. _Nós merecemos mais que metades. Não posso ser inteira para você, mesmo que o ame. Somos amigos, Nahuel, talvez tenha sido errado tentar ir além _ uma lágrima me escapou. Tirei o anel de noivado e o estendi, esperando que ele pegasse.

Fechei os olhos por um segundo e saltei de susto com o som de vidro partindo, abri os olhos a tempo de ver o sofá que ficava de costas pra escada, deslizar e bater com violência na parede, o abajur ao seu lado quebrado no chão.

Eu o olhei abismada.

_Você está certa do que quer?_ murmurou, a voz fria, me encarando, obstinadamente. Nós dois muito entorpecidos.

_Pensar foi só o que fiz durante o tempo que esteve fora. Eu não seria leviana assim, não lhe diria nada se não tivesse pensando o suficiente. Eu sinto muito_ baixei a cabeça vendo com minha visão periférica ele desaparecer em direção à porta e batê-la com força.

Um tremor me tomou e reprimi com toda força a vontade de gritar e chamá-lo, de pedir perdão e dizer que o amava. Suspirei buscando ar, minha garganta parecia obstruída pelas lágrimas que eu tentava não derramar. Pensei em pegar uma pá e juntar os cacos de louça e vidro, mas não consegui sair do lugar, meus próprios cacos estavam em toda parte e eu não estava conseguindo lidar muito bem com isso.

Vi-me sentada no chão, escorada no sofá deslocado, soluçando enquanto o pranto me sufocava. Agora eu percebia, eu preferia morrer a feri-lo, naquele momento odiava-me destroçá-lo assim. Uma parte de minha mente perguntou-me o quanto Jacob tinha influência em minha certeza, então eu me lembrei de que eu decidira antes de conhecê-lo, que foi por fugir de Nahuel que eu havia atado minha vida a dele.

No entanto, Jacob estava destinado a fazer parte de minha vida muito antes que alguém pudesse cogitar a ideia da existência de Nahuel. A ideia era coesa, mas não reconfortante. Encarei as pedras, um aro luminoso através das lágrimas abundantes, do anel que ele não pegou de volta, e houve outra rodada de desespero. Abracei-me aos joelhos e enterrei meu rosto no vão entre minhas pernas e meu corpo.

Braços fortes e quentes se encaixaram de alguma forma em mim, me puxando para si.

_Ele te machucou, tocou em você?_ a voz baixa e grave era feroz.

Eu queria me afastar, manter alguma dignidade, mas me agarrei a Jacob balançando a cabeça, tentando lhe dizer que não, Nahuel não me feriu. Ele não disse mais nada. Só me abraçou e me ninou levemente, me amparando de uma forma que eu não me sentia merecedora, enquanto eu chorava, e isso foi por muito tempo.

_Eu o amo, Jacob_ vagamente me ouvi dizer, apenas uma pequena parte de mim atenta, todo o resto tomado. Era definitivo: minhas emoções me tornavam inconfiável. Jacob murmurou palavras reconfortantes que me fizeram lamentar, duvidosamente, por ele também.

Era mesmo tão errado que ele me consolasse quando eu pranteava por outro? Não me parecia justo, mas parecia ideal.

Já era meio da tarde, eu notei pela mudança na luminosidade, quando eu finalmente esgotei as lágrimas, a sensação era de torpor, de confusão, eu não sabia o que fazer agora, nem queria me mover embora precisasse, meu corpo estava pesado; imaginei que Jacob se sentia muito pior (de várias maneiras), ele estava na mesma posição por muito tempo, comigo no colo.

Movi-me de forma a me afastar, ele não me deixou ir longe, segurando minha mão; sentei a sua frente e cruzei as pernas ainda sem coragem de olhá-lo, envergonhada de chorar por Nahuel em seus braços. Ele moveu as pernas e expirou com o desconforto, sem me soltar.

_Quer sair, dar uma volta?_ ele perguntou. Suspirei, a respiração saindo entrecortada.

Jacob se inclinou, as duas mãos em meu rosto e, embora eu pensasse não poder mais, outra lágrima rolou; ele ergueu meu rosto, obrigando-me a olhá-lo, um gesto firme e doce. Os olhos tão tristes que a dor já desatinada me aferroou mais forte.

_Você está bem? Fez a coisa certa?_ o cenho franzido.

_Eu tinha que passar por isso, agora ou mais tarde. Mesmo que mudasse de ideia no presente não acho que eu poderia... Além disso... Eu fui infiel, Jacob, mas não sou tão mau caráter a ponto de fazer de conta que nada aconteceu. Não poderia continuar com ele tendo...

_Não diga isso_ ele fez um muxoxo. _Sinto muito. Não queria que se sentisse assim.

Balancei a cabeça.

_Não é sua culpa_ nos fitamos alguns instantes, olhando para ele, defini que talvez fosse, era ele quem me arrebatava, me fazia outra: alguém um tanto inconsequente e egoísta; alguém que sofria, mas não conseguia realmente se arrepender da traição a Nahuel. _Desculpe-me por tudo isso, não queria que estivesse aqui, me vendo assim.

_Eu não poderia me afastar sem saber se estava bem.

Aquiesci, movendo um pouco minha cabeça e deixando um beijo em sua palma.

_ Eu preciso ficar sozinha. Desculpe-me_ murmurei. Não era justo mantê-lo ali, ele também não merecia apenas parte de mim, ele merecia que eu fosse inteira. Não merecia me assistir no luto pelo amor de outro. Leah tinha razão, ele só merecia o melhor, absoluta plenitude; e, mesmo querendo o conforto de seus braços, no momento eu não tinha condições de ser por ele nada além de metades.


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Notas finais do capítulo

Olá, meus amores!
Aqui está, espero que tenham gostado... E sobre o próximo capítulo: confiem em mim, haja o que houver!
Não com certeza, mas acho que entramos agora em reta final.
Não desistam de mim, eu não desistirei de vcs jamais!
Um grande beijo!