Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 18
Hesitação e Entrega


Notas iniciais do capítulo

"As coisas que eu amei, as coisas que eu perdi
As coisas que eram sagradas para mim e que abandonei
Eu não mentirei nunca mais, você pode apostar
Eu não quero aprender o que eu precisarei esquecer

Dobre-me e dê-me forma
Eu amo o seu jeito
Devagar e docemente
Como nunca antes
Calmo e dormindo
Nós não provocaremos o passado
Tão discretamente
Nós não olharemos para trás"
—Doesn't Remind Me, Audioslave



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Estávamos na estrada quando meu telefone tocou, o atendi no viva voz.

_Sim?_ atendi.

_Jake_ era Sue_ Estou avisando que Rachel entrou em trabalho de parto, seu pai pediu que lhe dissesse._ soou a voz pelo fone.

_Ela está bem? Não é um pouco cedo? Onde estão?_ disse nervosamente enquanto me concentrava um pouco mais na estrada e na garota ao meu lado, que parecia confusa.

_No hospital da reserva, mas já a estão preparando para transferi-la para Forks, não se preocupe, apesar de ser cedo tudo parece bem.

_Obrigada, estou indo para lá.

_Até logo_ e a linha se foi.

_Quem está tendo bebê?_ Anne perguntou hesitante.

_Minha irmã, Rachel_ respondi e ela assentiu com entendimento. _ Se importa se formos até lá?_ o hospital de Forks era antes da casa de Anne e eu precisava ver se estava tudo bem e se Billy precisava de algo.

_Claro que não, tudo bem_ disse-me ela.

Chegamos em meia hora em Forks. Na ala da maternidade do hospital, estavam Billy e Sue. Paul estava com Rachel, imaginei logo, ele não a deixaria por nada. Era capaz de socar cada médico que o impedisse de entrar com minha irmã.

_Como ela está?_ perguntei afagando o ombro de Sue ao meu lado, meu pai parecia muito tranqüilo e feliz, bebericando um copo de café puro.

_Está bem, acabaram de sair da sala de parto, logo poderemos ir ao berçário. Foi rápido_ sue respondeu.

_É uma menina, Jake_ disse meu pai, bobo de tão risonho_ Uma netinha!_ uma onda desconhecida e de certa forma já esperada de ternura me invadiu: uma sobrinha! Dei tapinhas no ombro de meu pai, que sorriu largo ao perceber Anne hesitante ao meu lado. Billy me lançou um olhar sugestivo.

_Anne, esse é Billy, meu pai_ apontei_ e Sue, amiga da família.

Sue sorriu enquanto Anne trocava um aperto de mão com Billy e depois com ela.

_É um prazer conhecê-los.

Billy e sua discrição me olharam parecendo duas vezes mais contentes e eu revirei os olhos para ele, nesse momento um médico surgiu na sala de espera, chamando por meu pai e pedindo que o seguíssemos. Fomos até o berçário, onde uma janela de vidro nos separava das crianças com rosto de joelhos e ciciando. O médico apontou a coisinha agitada dentro da caixa transparente que era a incubadora. Paul estava lá dentro, vestindo uma roupa verde que facilmente o faria passar por médico se não fossem os olhos enormes de adulação pela pequena. Não pensei que ele deixaria Rachel tão cedo.

_Ela vai ficar na incubadora só por precaução, está tudo muito bem. Logo ela estará com a mãe_ explicava o médico.

_Qual o nome dela?_ Anne murmurou para mim.

_Não sei... Não sabíamos o sexo até agora.

Eu preferia não pensar no fato de ter apresentado Anne ao meu pai, só me pareceu mais prático na hora, não era como se ela estivesse exultante por isso, eu acho. Por fim fui deixá-la em casa. Eu não sabia dizer se desejava voltar a vê-la, embora não tivesse nenhuma aversão pela idéia. Descemos do carro e a acompanhei até a pequena varanda de casa... Havia sido uma noite agradável e surpreendentemente coroada com o nascimento de minha sobrinha, que agora eu sabia, se chamaria Sarah como minha mãe.

_Bom... Boa noite_ falei, pegando a mão de Anne em um cumprimento. Ela sorriu como se guardasse um segredo e assentiu dizendo.

_Obrigada, pelo jantar, durma bem_ sua voz soou muito delicada murmurada no silêncio da noite. Eu sorri e me afastei dando- lhe as costas.

Ao entrar no carro ela não estava mais na varanda, e eu podia ouvir os ferrolhos internos da porta sendo fechados.

Sarah era o bibelô da casa, estava em casa há três dias. Paul começava afazer os preparativos para que eles se mudassem para o começo da rua, sua casa própria. Eu tomava meu café da manhã embora fosse tarde para isso, era metade da manhã. Rachel ninava Sarah, uma coisinha minúscula e frágil que eu sequer tivera coragem de pegar no colo...

_Jake, eu preciso tomar um banho,_ falou minha irmã com olhos pidões_ então você vai vigiá-la para mim.

_Não deve ser tão difícil_ murmurei esticando o pescoço para olhar o pedacinho rosado de gente que Rachel punha num baby- confort.

Rachel se encaminhou para seu banho enquanto eu continuava comendo minha omelete. Em menos de três minutos Sarah gemeu, e eu gemi junto começando ame desesperar, ela choramingou e eu balancei seu leito, chamando por Rachel o mais baixo que pude, mas ela não ouviu. E ainda que ouvisse ela não podia se apressar muito, com toda essa coisa de repouso pós parto. A menininha, deitada no acolchoado, soltou um gemido agudo e gritou, chorando.

_Shshsh_ tentei balançando o baby confort sobre a mesa. Mas a garota tomou fôlego e continuou berrando.

_Pegue-a no colo, Jake_ ouvi Rachel falar, sua voz abafada vinda do corredor, no banheiro.

_Droga!_ sussurrei, minhas mãos movendo desajeitadamente sobre o corpo rechonchudo e pequeno. Eu ri, percebendo a penugem arrepiada concentrada no meio de sua cabeça... Ela continuava chorando_ Calminha aí, garota, esqueça as coisas que seu pai anda ensinando, Hm?_ murmurei_ colocando as mãos, onde ela cabia perfeitamente, onde me pareceu melhor e tirando-a do acolchoado. Deitei-a em minha palma, onde se encolheu em uma bola, como coelhos fazem, e a protegi com a outra mão trazendo-a para meu peito, ela aos poucos parou de se esgoelar e percebi que ela parecia mais confortável assim, encolhida e envolta em minhas mãos, do que deitada naquela caixa acolchoada. Talvez fosse tão quente quanto no útero e tão pequeno quanto, também. Ela gemia murmúrios que ora parecia de irritação, ora de contentamento, eu realmente não sabia dizer. Bom, não foi tão difícil, afinal. Sarah ficou ali, balbuciando em seu sono, enquanto eu a segurava em meu peito, seu cheiro era bom, reconfortante de alguma forma.

Alguém se aproximava da casa e temi me virar em direção à porta e acordá-la, então reconheci o riso baixinho de Leah enquanto ela entrava.

_E aí, babá?_ ela estava zombando de mim, mas seu olhar era bobo para a bolinha em minhas mãos_ Vim apressá-lo, tem cliente_ ela disse isso menos docemente que no inicio.

_Quil não pode entregar o carro por mim?_ murmurei sem querer perturbar Sarah.

_Ele já entregou. É uma cliente, com um carro_ Leah parecia incomodada com algo. Mas não pude perguntar, pois foi quando Rachel surgiu em um roupão.

_Fácil, não foi?_ disse ela risonha me olhando. _Own... Ela está tão confortável!_ Rachel e Leah riram.

_Mas eu preciso trabalhar_ falei.

_Deixe que eu cuide dela_ Lee falou docemente, um brilho diferente nos olhos_
Rachel assentiu indicando que ia se trocar enquanto cuidadosamente Leah tirava Sarah de minhas mãos, ela pareceu nem perceber a troca; bem, Leah era tão quente quanto eu.

Acenei e saí pegando minha camisa sobre o sofá, o que me fez pensar que precisávamos providenciar macacões...

Antes de entrar no galpão reconhecia os cheiros de Quil e... Anne, embora eu tenha ouvido as risadas antes. Anne e eu não nos falamos desde a semana passada, eu estive muito cheio de trabalho e também hesitante sobre o que fazer, minhas intenções ou a existência delas não eram claras para mim; não sabia se queria...

_Aí está ele_ disse Quil antes que eu entrasse completamente na oficina. Anne se virou e sorriu assentindo uma vez em cumprimento, eu sorri.

_Vazamento de óleo e eu não consegui descobrir qual o problema no carburador_ Quil foi direto aos negócios._ Preciso do seu carro, tenho que trocar umas tubulações no limite da cidade. Tirei as chaves do bolso e as joguei, ele as pegou no ar.

_Como está Sarah?- perguntou-me Anne.

_Muito bem_ falei sorrindo.

_E você é um babão_ constatou ela, sorrindo. Eu ri, admitindo enquanto abria o capo verificando a carburador.

_Acha que vai demorar? Porque eu devia pegar uma carona com Quil, ele me ofereceu.

Quil?! Eles já eram assim tão amigos? O que eles estavam conversando?

_ Hã...

_Jake?_ chamou Embry, parando confuso ao perceber Anne, o que foi no mínimo estranho, uma vez que ele era tanto quanto eu capaz de percebê-la há metros de distância._ Oi_ disse ele parecendo contente, mais contente do que nos últimos dias.

_Sim?_ falei me debruçando sobre o motor.

_Sabe a Hannah?_ perguntou tentando ser casual, eu sorri sabendo que o motivo de sua felicidade era esse._ Descobri que ela não é mesmo daqui_ seu sorriso era tão grande que me entristeceu ter que abrir seus olhos, dei uma olhadela para Anne, que provavelmente esperava minha resposta sobre sua carona com Quil.

_Isso abre literalmente o mundo todo de opções_ falei. Ele riu achando muito engraçado.

_Eu consegui fazer a secretária do fórum falar, ela disse que ela mora no Canadá ou Alaska, porque ouviu que ela tinha que fazer uma escala em Yukon por causa do mau tempo.

_E só agora ela resolveu falar?

_Por 500 pratas!

Eu resfoleguei sem acreditar.

_Você devia ser um homem da lei_ me referi ao seu suborno apontando para seu uniforme, ele riu, muito feliz por ter um ponto de partida.

_Vamos sair e comemorar hoje, que tal?_ ele estava eufórico eu assenti sem pensar muito no assunto, não queria desapontá-lo, ele havia estado horrível ultimamente_ Você também, Anne!

Ela, recostada na lateral do carro de sua mãe, o olhou confusa provavelmente por ele saber seu nome... Ou talvez ela entendesse que eu falara dela o bastante para que ele se lembrasse dela, o que de certa forma era verdade, já que ela estava constantemente em minha mente...

_Hm... claro!_ respondeu ela duvidosa olhando para mim, que sorri em resposta.

Nesse momento, meu carro estacionou na calçada em frente ao galpão e Quil buzinou. Anne me olhou inquisitiva.

_Eu o deixo as... Sete?_ olhei de Anne para Embry, querendo unir uma coisa a outra. Quando estivéssemos indo “comemorar” deixaria o carro e buscaria Anne, os dois assentiram entendendo.

Anne acenou e saiu em direção aonde Quil esperava no carro.

Embry estava eufórico, no bar. Eu já havia apresentado Anne a todos, incluindo Leah, apesar deles se conhecerem do dia da fogueira. Leah e Embry dançavam na pista enquanto estávamos numa mesa, Quil, Seth, Anne e eu.

_O que exatamente estamos comemorando?_ perguntou Anne a certa altura. Nós todos nos entreolhamos e eu optei por contar a verdade, ainda que de forma amena:

_Ele se apaixonou por uma garota que ele só viu uma vez na vida e finalmente com seguiu informações o bastante para começar a procurá-la.

_Nossa! Isso é sério?_Anne admirou-se.

_Você precisava vê-lo no dia, chegou todo rasgado_ Seth riu_ ele correu atrás do táxi em que ela estava e foi atropelado.

_E ela não o viu?_ Anne interpelou. E Seth contou-lhe, entre um gole e outro, o que e como podia.

Ninguém tinha medo de beber nada ali, afinal o efeito era fugaz e débil sobre nós, mas achei de mau gosto a brincadeira do Embry com aqueles coquetéis destilados... Tentei prevenir Anne, mas ela disse que era acostumada, o que ela não contava é que Embry a estava enredando com a história de desafio e que apenas ela ficaria bêbada. Leah estava apoiando e não adiantou falar, eu em geral não precisava comandar em voz dual para que me obedecessem e não era possível fazer isso em voz humana.

_O que sua mãe vai dizer quando chegar bêbada?_ perguntei. Anne riu.

_Ela não está, ia para Seattle assim que o carro estivesse lá_ ela me respondeu com certa dificuldade.

_Deixe que ela se divirta, Jake_ falou Leah e eu lhe lancei um olhar mortal.

_Mais uma Anne_ disse Embry, _você também, Jake!_ eu o encarei e ele riu.

_Vocês não fariam isso com o Sam_ me perguntei se dar umas ordens seria tão ruim afinal de contas... Eles riram; Anne já estava pronta com seu copo em mãos.

Embry e Seth contaram até 3 e beberam de uma vez só todo o conteúdo do copo, eu achava que eles já estavam todos bêbados, exceto Leah e eu, eles já estavam naquela brincadeira há muito tempo, bebendo muitos copos a cada 10 minutos.

Anne tentou levantar para ir ao banheiro e não pareceu muito estável, Leah se ofereceu para ajudá-la, o que me surpreendeu, já Lee parecia não ter simpatizado com Anne, mas sua ajuda era muito mais prática. As acompanhei até o banheiro e esperava fora quando uma voz veio por trás de mim:

_Aqui é seu ponto de pesca?_ eu sorri reconhecendo a voz, era a garota que me ofereceu uma noite em seu apartamento...

_Juro que é uma coincidência_ falei me virando de frente para ela, que sorria maliciosamente.

_Adoro coincidências_ disse ela. Eu ri um pouco e antes que pudesse responder, Leah e Anne estavam ao meu lado, essa última parecendo oscilar.

_Com licença_ falei para a garota bonita enquanto sem jeito colocava o braço em torno dos ombros de Anne.

_Eu ainda te encontro, garotão_ soou atrás de mim. Leah bufou e Anne:

_Hmmm, garotão!_ e então riu completamente fora de si.

_Está na hora de irmos_ falei sustentando seu peso; lancei um olhar sugestivo para Leah entregando-lhe uma nota de cem e fui em direção a saída sem me despedir dos garotos.

_Eu nunca bebi tanto_ murmurou Anne, as sílabas se arrastando enquanto ela tentava não usar muito a minha ajuda. Fui ajudá-la a entrar e ela riu, delicadamente se livrando de minhas mãos e dizendo:

_Ainda me resta alguma dignidade_ eu ri e concordei fechando a porta em seguida. Uma vez dentro do carro afivelei seu cinto, o que ela estava tendo dificuldade, ela murmurou um agradecimento e soluçou.

O caminho foi silencioso, Anne logo dormiu. Eu me senti culpado por ter deixado Embry brincar com ela, mas havia sido divertido... Mas não seria nada divertido se ela passasse mal e não tivesse ninguém para ajudá-la...

Já passava das 3 da manhã quando chegamos a casa dela. Como ela disse não havia ninguém lá. Peguei Anne no colo, ela balbuciou algo, mas nada que mesmo meus ouvidos pudessem entender. Então na floresta, há mais de um quilômetro eu ouvi algo. Meus sentidos esquadrinharam a minha volta e fiquei muito mais consciente da humana em meus braços. Segundos se passaram.

_Sou só eu, Jake_ a voz de Leah soou da floresta e respirei aliviado esperando que ela aparecesse arrumando o vestido que acabara de colocar. _Achei que precisaria de ajuda.

_É acho que sim, para colocá-la na cama de forma confortável.

Leah procurou a chave pelos lugares óbvios pela varanda e a encontrou, antes de me seguir pela casa por onde eu senti ao cheiro de Anne se intensificando até encontrar seu quarto.

_Tem certeza que pode ajudá-la a se trocar sozinha?_ murmurei ao sentar Anne em sua cama, ela pareci amais desperta.

_Saia daqui_ disse Leah com um olhar mortalmente cético. Eu obedeci, fechando e me escorando na porta enquanto ouvia Leah farejando e se movimentando no quarto, Anne balbuciando coisas ininteligíveis. Finalmente Leah abriu a porta e vi Anne deitada em sua cama.

_Ela vai ficar bem sozinha?_ Lee me perguntou.

_Acho que vou ficar com ela_ essa frase fez os olhos de Leah virarem duas fendas._Não pense bobagens_ me defendi_ ela precisar pode precisar de algo.

_Claro, que alguém limpe seu vomito_ e revirou os olhos passando por mim em direção ao corredor, porém eu segurei seu braço.

_Porque fala essas coisas? Às vezes parece a antiga Leah_ meu sussurro soou urgente com minha irritação. Leah bufou.

_Antiga ou nova! Sou apenas eu, Jacob! Faça como quiser, eu vou para casa dormir_ soltei seu braço murmurando um ‘obrigada’ para só depois de ouvir Leah no gramado da casa me dar conta da estranheza de sua atitude, porque afinal, eu não pedi nada, foi ela quem veio de Port Angeles em forma de lobo e ofereceu ajuda.

Pensei em ficar do lado de fora da casa em forma de lobo, mas se ela quisesse beber algo ou outra coisa poderia se machucar e eu não chegaria a tempo, ficar no andar de baixo não era boa idéia, eu não sabia se sua mãe iria voltar... Assim optei por trancar a porta do quarto e tirar um cochilo sentado na poltrona no canto do quarto que era muito organizado, por sinal.

Acordei sentindo-me rígido por dormir sentado, a movimentação contra a luz da janela foi o que me despertou do sono leve, ou não tão leve já que Anne estava de cabelo molhadas e roupas limpas se penteando de pé junto a janela.

Eu bocejei e ela me olhou com timidez e isso me surpreendeu, ela não era tímida.

_Desculpe pelo trabalho_ e então sorriu. Eu sorri lembrando suas risadas na noite anterior enquanto me espreguiçava, meus ossos estalando. _E pela péssima acomodação.

_Não se preocupe. Sente-se bem?

_Sim, estou bem.

_Não vomitou nem nada_ eu ri e ela revirou os olhos.

_Tenho estomago forte. Preciso comer antes que venha a dor de cabeça. Café da manhã?

_Não eu preciso ir...

_Ah, Jake, deixei-me agradecer decentemente pelo trabalho que eu dei, venha, tome café comigo, se quiser usar o banheiro, há escovas de dente novas na primeira gaveta... Embora, eu nunca vi alguém acordar tão bem e cheiroso_ ela riu indo em direção a porta.

_Obrigado_ balbuciei imaginando se a condição inumana tinha algo a ver com seu comentário... Mas fiz como ela indicou e apenas lavei o rosto sem querer ser muito mais invasivo.

Tomamos café da manhã, ela preparou omeletes, bacon e Waffles. Comemos conversando amenidades e sobre a noite anterior que ela foi muito boba em confiar em Embry, mas que se divertiu muito apesar de estar com vergonha.

_Você não devia estar na escola?_ perguntei, era sexta feira. Ela deu de ombros.

_Final de semestre, sabe como é!

_Preciso ir, tenho muito trabalho, hoje_ falei levantando e ela me imitou_ Obrigada pelo café.

_Obrigada, você._ disse ela me seguindo em direção a porta. _ E lembre-me de não aceitar nenhum desafio de Embry_ acrescentou abrindo a porta. Eu ri me virando para ela.

_Bom dia, Jacob_ e ela ficou n aponta dos pés, segurando meus ombros e me deu um beijo demorado no rosto. Ela tinha cheiro de baunilha nos cabelos e mel e hortelã no hálito, era gostoso.

Saímos outras duas vezes, era agradável e sem pressão. Não era nada difícil deixar a mão pequena e macia na minha, a frieza natural causada pelo super aquecimento da minha pele tampouco me incomodava.

Acendi uma pequena fogueira e Anne estendeu um acolchoado sobre a areia úmida, tirando da bolsa um saco de marshmallow.

_Como vai assá-los?_ perguntei, ela olhou em volta procurando algo que pudesse usar.

_Vem, vamos procurar entre as árvores_ falei estendendo a mão e nos levantando. Sob a proteção das árvores, estava escuro de mais para ela, que tropeçou numa raiz e segurou no meu braço rindo.

_Tem alguma lanterna aí? Não vamos achar nada tão cedo_ falou risonha.

_Tenha fé, Anne_ e me agachei juntando gravetos que poderíamos usar.

Ao longe havia um lobo, longe o bastante para que ela não percebesse, devia ser Embry.

_Vem, vamos voltar a floresta é perigosa há essa hora.

Sentei no acolchoado, minhas pernas flexionadas diante de mim, meu peso em meus braços, atrás de mim. Anne parou estendendo as mãos para o fogo, de joelhos na areia.

_Frio?_ indaguei procurando em volta a sua parca, assim eu perdi o momento em que ela decidiu.

Anne engatinhou até mim e se posicionando entre minhas pernas e se aconchegando em meu peito, se aninhando, macia ali. Meus braços a envolveram por instinto; era gostoso tê-la assim. O cheiro de baunilha em seus cabelos e o de amêndoas em sua pele clara, também era gostoso, mesmo levemente salgado pela maresia

_Como aquecedor você é melhor que a fogueira_ murmurou_ Quase sinto calor. É gostoso.

_Esteja a vontade_ murmurei sorrindo. Ela riu sua risada mais característica, a de mulher fatal, que nada tinha a ver com seu rosto suave, mas que era perfeita para sua personalidade. Sua risada forte e bonita causou um estranho vibrar em meu estômago, e o vibrar se converteu em calor, subindo por meu peito quando ela ergueu o rosto, os olhos no meu.

Estávamos próximos o bastante para que eu não precisasse me mover muito para tocar minha bochecha em seu nariz gelado, sentíamos o hálito um do outro. Meu braço esquerdo a segurava, apoiando-me em minha perna, o direito subindo por seu braço até seu pescoço, por baixo dos cabelos finos e ondulados, onde sua pele estava arrepiada. Afastei o cabelo do rosto, eliminando os centímetros que separavam sua boca da minha.

Não houve hesitação de nenhuma das partes, apenas entrega e me surpreendi em perceber minha disposição ali: eu também me entregava. O beijo seguiu lento e longo, era um ato de quem pisa onde nunca esteve, embora macio e acalentador. Sem restrições minha boca explorou a sua enquanto ela me sentia e se deixava ser sentida.


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Notas finais do capítulo

Esculachem!