Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 15
Conflitos amorosos


Notas iniciais do capítulo

Esqueça essa vida,
venha comigo.
Não olhe para trás, você está a salvo agora.
Destranque seu coração,
abaixe a guarda. _Anywhere; Evanescence



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A temperatura caía o sol quase completamente afundado no horizonte. Não havia muitas pessoas naquela parte, talvez por isso eu tenha percebido: dois caras andando em direção contrária a minha, um gesticulou para o outro apontando para além de mim. Quando passaram por mim na calçada olhei por cima do ombro e vi a garota, Anne, virar a esquina, eles apresaram o passo.

Não pensei no assunto, voltei a passos largos e quando alcancei a esquina eles estavam na metade do caminho entre mim e ela, a rua era pouco movimentada e havia becos para carga e descarga dos galpões logo adiante... A imagem sombria do que poderia acontecer se formou em minha mente.

—Anne!_ chamei, meus punhos cerrados, os dois caras se sobressaltaram olhando para trás e ela virou-se em direção ao meu chamado. Houve um instante de tensão onde ela finalmente percebeu algo estranho e os dois mais que depressa atravessaram a rua estreita. Os olhos da garota estavam arregalados de susto eu caminhei até ela alguns passos, então ela pareceu se recuperar do susto e encurtou o caminho até mim...

—Eles..._ balbuciou ela.

—Me pareceram suspeitos_ falei de forma resoluta._ Aonde está indo?

—Pegar um ônibus para casa.

—E onde mora?

—Em Forks.

—Posso levar você_ ofereci imaginando se ela morava aqui há pouco tempo... Não me lembro de vê-la aos redores da cidade, mesmo que na época ela fosse uma criança. Anne assentiu olhando para trás, desconfiada. Ela pareceu nervosa enquanto me seguia até o carro, onde abri a porta para ela, sentindo a necessidade de dizer:

—Vou deixá-la em casa em segurança, não se preocupe.

—Na verdade, você parece muito confiável_ ela sorriu discretamente entrando na caminhonete.

Eu dava a partida quando ela falou:

—Obrigada pela carona... Também mora em Forks?

—Não há de que... Eu moro na reserva, em La Push._ Eu não estava a fim de conversa, mas ela estava ali, e tínhamos uma hora ininterrupta pela frente.

—E o que faz aqui?

—Vim aqui a trabalho. Trabalho na Wolf’s.

—Ah, vocês são bons! E o preço é ótimo_ disse ela com um sorriso.

—É disso que nos orgulhamos_ falei_ então já foi nossa cliente?

—É, acho que sim, no inverno, em janeiro... Tive que deixar o carro de minha mãe lá, o cara disse que o dono era melhor com carros e que ele não estava. Ela foi buscar depois.Vocês não são muitos, não é?_ falou ela olhando pela janela de forma que o cabelo escondia parte de seu rosto, mas não escondia a pele abaixo de sua clavícula à mostra pelo zíper parcialmente aberto de seu casaco de moletom, de maneira que eu podia ver o sulco dos seios pelo decote... Er... O que ela perguntou mesmo? Ah!

—Geralmente sou eu e Quil, o cara que atendeu você. Às vezes meu cunhado ou outro amigo, depende do que precisamos.

—Então você é o dono?_ ela voltou a me olhar e eu voltei meus olhos para a estrada.

—Acho que sim_ murmurei, pensar em mim como dono era como pensar em mim como alfa, era estranho, como se fosse demais para mim. Mas era a verdade.

—Legal_ murmurou Anne, e não puxou mais conversa durante o caminho. Era fácil ignorá-la, não que eu estivesse fazendo isso, porém ela se manteve quieta então a viajem foi silenciosa exceto pela música no rádio e quando ela me disse o endereço, que era no começo da antiga rua de... Charlie.

—Obrigada mais uma vez, Jacob_ ela sorriu novamente aquele sorriso branco de dentes perfeitos, um sorriso desses que se vê em comerciais de creme dental. Eu sorri e acenei:

—Tchau, Anne.

Fui render Quil na oficina, era bom que ele descansasse um pouco, pois estaria na ronda a partir da meia noite. Terminei de fechar tudo e fui para casa tomar banho e jantar antes de ir para a floresta. Revirei os olhos quando entre e vi Rachel e sua enorme barriga de oito meses sendo melosamente acariciada por Paul que parecia dividir a atenção entre ela e o jantar que ele estava fazendo com instruções dela: ele não a queria cozinhando ou de pé por tanto tempo, e mil e uma coisas que ele julgava ser demais para ela... Então ela estava sentada à mesa:

—Onde está seu celular?_indagou Rachel, assim dei alguns passos atrás, saindo do corredor e voltando para seu campo de visão, não deixei de notar que ela enfatizou a última palavra; Rachel andava com umas idéias idiotas sobre Leah...

—Hm..._ falei buscando mentalmente a última vez em que vi o aparelho... _Acho que deixei no escritório. Por quê?

—Papai queria que trouxesse umas coisas do supermercado_ disse ela dando de ombros._ Está chutando_ ela disse de repente sorridente pegando a mão de Paul e colocando em sua barriga, desviei os olhos e rumei para meu quarto, ouvindo que Billy estava no banheiro.

Depois do jantar passei na oficina para buscar o aparelho celular, não era prático, mas eu o deixaria no bolso da bermuda, muito bem dobrado e amarrado em meu tornozelo... Mas tomei um susto quando senti o cheiro, ouvi o coração e vi a porta do galpão arrombada, o cadeado e a corrente rompidos, segurando debilmente a enorme porta dupla. Olhei pela brecha entre uma porta e outra e vi que o carro de Leah estava dentro do galpão.

Entrei no galpão atento aos sons e segui para o escritório, mas ela estava na parte de trás, no quarto. Leah apenas me olhou e murmurou:

—Desculpe pela porta_ e então baixou os olhos para suas mãos em seu colo. Eu não deixei de notar seus olhos úmidos e avermelhados...

—Leah, o que houve?_ falei me ajoelhando diante dela, que estava sentada na cama que tínhamos ali. Ela soluçou me atordoando de preocupação._ Leah?_ toquei seu rosto fazendo-a me encarar.

—Ethan!_ disse e se debulhou em lágrimas. Eu parei, entendendo e ao mesmo tempo confuso, afinal, estava indo tudo tão bem entre eles... Bom, talvez Embry pudesse ter sua chance agora. Esperei que ela se acalmasse, impacientemente: odiava ver uma mulher chorando, principalmente a Leah, percebi naquele momento. Ela era uma mulher forte, passou por muita coisa de cabeça erguida, se estava chorando é porque a coisa era séria.

Quando seu choro acalmou, ela me olhou envergonhada. Sentei no chão, apoiando um cotovelo na cama e na mão apoiando a cabeça. Ela suspirou enxugando o rosto e se deitou de lado, a cabeça próxima a minha, de forma que podíamos nos olhar nos olhos. Ergui as sobrancelhas, instigando-a a falar. Leah fez um muxoxo:

—Eu achei que ele gostasse mais de mim... Parecia tudo bem. Mas quando sugeri que ele viesse comigo de férias para conhecer minha mãe... Nós nem precisávamos ficar na casa dela, poderíamos ficar no hotel em Forks, ou no resort..._ sua expressão era de raiva.

—Então ele não quer conhecer sua família...

—Não, ao que parece. Ele acha bom o bastante como está. Mas eu não Jake.

—Você gosta tanto dele assim?_ Leah suspirou antes de responder:

—Não... O Pior é que não._ seus olhos eram tristes, mas não era a tristeza da perda._ É Difícil explicar..._ e então houve silêncio. Tanto que achei que ela tinha dormido, mas seus olhos estavam bem abertos quando a olhei, ela ainda parecia triste.

—Quer que dê um susto nele? Seth ia adorar_ ofereci. Para minha surpresa ela gargalhou.

—Não, não precisa_ disse ela erguendo uma mão por sobre seu rosto e afagando meu rabo de cavalo_ Vai mantê-lo?

Dei de ombros.

—O que aconteceu realmente?

—Ele deu a entender que definitivamente não queria conhecer minha família. Então, se isso não ia mesmo adiante porque adiar? O mandei sair e adiantei minhas férias.

—E você diz que não gosta dele_ bufei.

—Eu gosto, mas não é por isso que estou triste... É que ele parecia ser um bom homem, alguém com quem eu poderia me dividir e ele parecia gostar o suficiente de mim para isso, para que eu me doasse, e criei expectativas... Esse é um sério problema entre as mulheres, Jacob, expectativa.

—Posso saber por que você arrombou minha porta?_ mudei de assunto.

—Não queria ir para casa e dar toda essa satisfação para dona Sue_ ela sorriu referindo-se a me dar satisfação.

—Eu preciso ir para a ronda, você vai ficar bem?

—Não se preocupe_ disse-me assentindo.

—Deve ter algo de comer naquele armário_ falei apontando para o pequeno armário atrás do fogão de duas bocas_ e aqui_ apontei para o frigobar que Paul consertou.

—Mas se preferir ir para minha casa, eu vou passar a noite fora e esse aí é meu colchão velho então o outro é mais confortável..._ falei enquanto me levantava.

—Estou bem, Jacob, pode ir tranqüilo, já passou_ ela passou os dedos abaixo dos olhos, mostrando que estavam secos.

—Ok. Seth está no turno hoje, então, não sei se não vai dar para esconder que você está aqui.

—Vá em frente!_ ela deu de ombros.

Eu corri para a floresta tentando limpar minha mente, Seth estava lá... Estava tudo tranqüilo, ele estava longe quase no limite da fronteira com Port Angeles...

“Você demorou”, comentou ele e isso trouxe a minha mente a meia hora anterior com partes de minha conversa com sua irmã e a informação geral: eles terminaram. Ele rosnou.

“Ela está bem?”, preocupado ele quis saber.

“Está, sim”, respondi. Concentrando-me nos serviços do dia seguinte, nos de hoje e nos sentidos de Seth no lugar onde ele estava. E isso trouxe à baila as lembranças da tarde de hoje... Seth absorveu minhas memórias quietamente.

“Acho que conheço essa garota, ela e a mãe se mudaram para Forks há uns quatro anos”, disse começando a voltar.

“De onde?”

“Lugar nenhum exatamente, só que a cidade é pequena e o marido da minha mãe é o Xerife.”

Logo Quil se juntou a nós.

No dia seguinte, sábado, pela tarde eu estava embaixo de um carro cuidando de um vazamento quando ao longe ouvi a discussão velada se aproximando. Deslizei para fora bem a tempo de ver Embry e Seth entrar no galpão da oficina, os dois se encaravam nada contentes um com o outro ao que parecia, estavam só de bermudas, o que logo me levou a pensar que eles estavam correndo.

—O que foi?_ perguntei.

—Embry não vê a hora de colocar as garras em Leah!_ grunhiu Seth, nervoso, inclinando-se perigosamente perto de Embry, que me fitou, pedindo ajuda.

—Olha, Seth, garoto, sua irmã já é bem grandinha, ok, e Embry não vai deliberadamente magoar sua irmã..._ falei levantando da prancha.

—Não, claro que não!_defendeu-se Embry e o olhei quase ameaçadoramente, eu lembrava, todos nos lembrávamos de como Leah sofreu corajosamente por Sam, e ainda lembrei a noite anterior, onde ela chorou pelo idiota do namoradinho... Se, e ninguém tinha certeza sobre isso, ele encontrasse sua prometida e estivesse com Leah... Seria terrível, ela não merecia isso, e todos nós sofreríamos juntos...

—Não, não propositalmente, mas você sabe muito bem que não tem controle algum sobre isso! Não há garantias!_ gritou Seth.

—Ei!_ falei olhando-o seriamente, havia um cliente no escritório com Quil_ Saia daqui, Seth, vá se acalmar, e depois conversaremos. Ele me olhou parecendo ofendido, por um minuto pareceu o menino de anos atrás que me seguia para todos os lados e então saiu, mas rápido do que devia. Suspirei.

—Lee sabe disso tudo? Como ele ficou sabendo?

—Não, acho que ela não sabe_ Embry inspirou fundo e escorou-se no capô do carro soltando o fôlego numa baforada_ Ele me contou sobre Leah ter brigado com o tal carinha e... Eu não tive como não pensar se poderia falar com ela, sei lá! Mas acho que nunca vi Seth tão furioso, pensei que ele fosse arrancar minha cabeça.

Eu ri.

—Vim atrás dele porque seu último pensamento foi contar para ela..._ explicou Embry tristonho, enquanto eu me agachava na prancha de novo, deslizei para baixo do carro e ouvi Quil se despedir do cliente.

—O que foi aquilo?_ perguntou ele, eu só podia ver seus pés. Então Embry contou tudo, desde que achava que está gostando da Leah, passando por minha opinião e chegando ao surto de Seth.

—Cara, é a irmã dele, afinal, eu não quero te jogar um balde de gelo, mas... É um risco desnecessário se todos conhecemos as possibilidades disso, ela já passou por isso antes._ disse Quil.

Ouvi Embry suspirar pesadamente e trocar um cumprimento manual com Quil antes de arrastar-se para fora... Eu sentia por ele e por Leah, acho que eles poderiam se dar bem, mas eu não poderia discordar de Quil, ele também tinha razão.


Eu fechei mais cedo e fui para casa tomar banho e comer alguma coisa. Devorava um saco de fritas quando Leah e Seth invadiram minha casa me chamando para dar uma volta, eu relutei, mas fui. Leah parecia melhor.

Eu não tinha estado muito na praia desde que voltara ao mundo real, na verdade evitei aquele lugar. Encontramos Quil e Embry no estacionamento da praia e eles nos acompanharam, Seth e Embry se cumprimentaram normalmente, e imaginei que fosse para que Leah não quisesse saber a razão da briga. Já estava quase totalmente escuro quando vimos o grupo de jovens adiante, em volta de uma fogueira.

—Vamos lá, vamos fazer uma social com os caras pálidas_ chamou Seth extrovertido. A frase ativou um d’javu, algo que eu preferia ter deixando enterrado em minha mente: anos atrás, quando eu era uma criança, Sam estava no mesmo grupo que eu na praia e disse o mesmo que Seth, e dentre os caras pálidas estava Bella. Eu não havia me dado conta de que parei de caminhar até que Leah, a minha frente, disse:

—Vamos, Oh Alfa Supremo, ou quer que eu vá até aí buscar você?_ ela estava há dois metros de mim, os garotos já haviam ido. Leah recuou até mim e me levou pela mão, nos dirigindo por onde Embry, Seth e Quil iam.

Era engraçado como eu gostava de ter Leah por perto, engraçado e irônico. Ela olhou em minha direção percebendo que eu a olhava.

—Vai me fazer uma declaração de amor?_ disse ela jocosa, e então gargalhou.

Passei um braço por seu pescoço, bagunçando seu cabelo comprido, ela socou minhas costelas, presa sob meu abraço. Segurei suas mãos na frente do corpo, colando suas costas em meu peito, prendendo-a pela cintura. Enquanto “lutávamos” e riamos andávamos a passos estreitos até o grupo onde Quil se apresentava e dizia nossos nomes, deixando Leah e eu por último, no momento exato em que parávamos na ponta aberta do círculo irregular em volta do fogo crepitante. Os meninos e meninas disseram seus nomes e eu não realmente ouvi algum até a voz e o nome combinarem perfeitamente num padrão inconscientemente guardado que se encaixavam muito bem com os olhos escuros e consternados que me encaravam.

Demorou alguns segundos para que eu percebesse a forma como Leah e eu parecíamos: eu a abraçava pela cintura, de costas, seus braços cruzados quase repousando sobre os meus... Aquela altura isso não era nada para mim, o que era proximidade física para quem divide a própria mente?! Leah então se soltou de mim e avançou dois passos cutucando Seth e entrando numa conversa. Quil me deu um empurrão leve e sugestivo ao passar por mim, obviamente tendo reconhecido a garota. Revirei os olhos para ele que fingiu não ver iniciando uma conversa com os visitantes.

Dei dois passos ao lado da fogueira me agachando e dizendo:

—Anne, não é? Como vai?_ ela estava escorada num tronco e sentada no que parecia uma mochila. Ela sorriu um pouco.

—Vou bem, Jacob, obrigada.

Enquanto isso percebi um dos c aras mais velhos do grupo oferecer refrigerante para Leah, flertando.

—Sua namorada é muito bonita_ falou Anne olhando para Leah do outro lado da fogueira.

—É minha amiga. Leah. Não tenho namorada._ falei desconfortavelmente.

—Ah, entendo_ respondeu. Os olhos como um espelho refletindo meu rosto iluminado pelo fogo

—São todos seus amigos? _ perguntei casualmente.

—Mais ou menos_ murmurou_ Pessoal da escola, sabe como é.

—Quantos anos você tem?_ me pareceu uma pergunta normal embora eu não soubesse dizer se estava mesmo interessado.

—18, é o último ano_ ela pareceu aliviada.

—Uma veterana_ comentei.

—Já se conheciam?_ um cara que mais parecia um garoto, se inclinou ao lado de Anne se metendo na conversa.

—Já_ disse ela com uma educação claramente forçada_ Jacob me pagou um sorvete um dia desses_ ela sorriu para mim um momento antes de olhar para o garoto novamente. Ele não disse nada apenas saiu chutando a areia úmida e descendo a praia.

Anne riu, gargalhou alto, uma risada do tipo que se houve num filme antigo e o som vem de uma mulher estonteante com uma bebida forte na mão. Eu sorri, achando engraçado, porque o som não combinava com a aparência dela; Anne era uma garota bonita, os traços do rosto uniformes, seu corpo era... Bem, bom... Bonito. Mas não dava a mesma impressão de sua risada de mulher fatal, era uma beleza suave.

—Não é educado brincar assim com as pessoas_ falei não deixando passar o fato de que ela provocou o garoto com o comentário propositalmente.

—Acredite, ele é sem noção, um chato.

—Diga-me se eu estiver sendo chato— respondi tentando importuná-la.

—Você é legal, Jacob_ disse-me ela. Com a visão periférica vi Embry sorrir satisfeito, mais atento a minha conversa que a dele.

—Obrigada_ falei apenas, deixando de lado o fato de que eu costumava ser um cara legal.

—Quer dar uma volta na praia?_ disse ela levantando_ Eu quase não venho aqui.

Eu hesitei, sem reação.

—Tá esperando o que?_ disse Seth baixo de mais pra que ouvidos humanos captassem.

—Ou não..._ Anne passou a mão no cabelo marrom, jogando-o de lado.

—Tudo bem, vamos_ falei levantando quando ela deu um passo de volta a seu lugar.

Saímos caminhando, as mãos nos bolsos...

—E você quantos anos tem? Desculpe, mas parece meio velho para andar com colegiais_ ela riu.

—Acabo de completar 23. E isso_ apontei vagamente para o grupo que ficava atrás de nós_ é hospitalidade quileute.

—Você, pareceu um pouco mais maduro que isso_ disse ela, e eu não soube dizer se ela se referia ao fato de que eu aparentava em torno dos 25 ou 26 anos ou ao peso intangível sobre mim.

Assenti e suspirei olhando par ao horizonte, onde, apesar de já ter anoitecido, o céu era laranja e rosa, e isso dividia o céu do mar.

—Lindo_ murmurou ela ao meu lado._ Então você apenas trabalha?

—É...

—Desculpe, mas por curiosidade, porque não faz faculdade, é que, não leva a mal, mas estou em dúvida sobre a faculdade agora. Não sei se arranjo um emprego em qualquer lugar e tiro um tempo pra mim ou... _ deu de ombros esperando.

Pensei sobre como responder, nossa!

—Eu, só... decidi sair por aí, sozinho há uns anos, e demorei para voltar, ainda não pensei muito em universidade, embora esteja nos planos.

—E voltou há pouco tempo_ não era uma pergunta. Olhei para ela confuso com sua certeza. Anne se curvou e pegando uma pedrinha a atirou no mar, uma proeza e tanto considerando a distância.

—Do que está falando?_ perguntei por fim e ela deu de ombros.

—Sei lá, eu sou muito observadora às vezes, ou talvez só louca_ ela riu um pouco_ Mas tenho a impressão de que você se sente deslocado, embora este seja seu lugar, sim, porque você combina muito com tudo aqui.

A imitei e joguei uma pedra um pouco maior ainda mais longe.

—Nossa! O Trabalho da oficina de vê ser mesmo pesado_ disse ela forçando os olhos a enxergarem no escuro.

Não foi tão difícil manter uma conversa normal com ela, era até legal, e ficou melhor ainda quando me contou do carro que tinha na garagem, Buick Electra sedã anos 60. Falou que o carro era do pai e que seu sonho era dirigi-lo, coisa que sua mãe não aprovava, pois era uma lembrança do falecido pai de Anne.

—Me dói saber que está estragando por falta de uso.

—Posso dar uma olhada nele se quiser_ ofereci interessado em ver o carro. Seu rosto se iluminou.

—As peças não são muito baratas, não é?_ indagou tristemente. Não eram mesmo, era um carro clássico e mantê-lo original não ia sair barato.

—Primeiro eu o vejo e depois tratamos disso_ falei.

—É bom que você seja mesmo um bom mecânico, não sei o que faço se algo acontecer com meu Buick_ disse-me, eu ri, pois a ameaça em seu tom era verdadeira.

—A montagem completa de um rabbit no currículo é bom o bastante para você?

—É um bom começo_ disse meneando a cabeça, me olhando de canto e com um meio sorriso. Ela ficava bonita sorrindo daquele jeito...

Ouvi seu celular vibrar em seu bolso e ela o tirou do casaco e falou fitando a tela:

—Que tal amanhã as quatro? Você sabe onde eu moro_ Aquiesci em concordância_ Já estão se preparando para partir.

—Vamos então_ e a acompanhei.

—Sabe, você é bom em ser estúpido_ claramente se referia ao dia em que nos conhecemos_ Mas é só porque não quer que ninguém saiba o quanto é gentil.

Obrigada, Anne_ falei sarcasticamente e ela gargalhou me dando as costas rumo ao grupo em volta da fogueira.


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Notas finais do capítulo

Hello, espero que tenham gostado do capítulo, eu gostei de escrevê-lo.
Tem um pessoal sumido, tenho recebido pouco review's, não sei o que custa deixar um recadinho nem que seja pra dizer que não gostou, este é um país onde se pode dizer qualquer coisa, e eu até gosto de criticas, sabiam?
Pois é, então vamos lá, review's?!