O silêncio na sala foi total, nunca pensei que ficaria envergonhada por ser o centro das atenções, mas esse pessoal já está exagerando! O que foi que eu disse de tão estranho assim?

Ok. Eu sei. Tenho ciência de que é totalmente estranho Isabella Swan estar se colocando na forca por pessoas que acabou de conhecer, mas qual é!? Essa galera provou estar comigo pro que der e vier, afinal não é qualquer um que se mete no meio de uma confusão daquelas por alguém.

Meus pais e Emmett são os mais surpresos, com toda a certeza. Os três perderam a coloração do rosto e estão com a boca escancarada e os olhos arregalados, eu estaria rindo se Renée não estivesse ficando estranhamente vermelha e sua expressão se fechando.

–  EMMETT! VOCÊ DEU REMÉDIOS ALUCINÓGENOS PRA SUA IRMÃ, DE NOVO? – ela berrou a plenos pulmões quase voando no pescoço do meu querido irmão.

–  De novo? – todos os presentes na sala falaram em uníssono, realmente chocados.

–  É – murmurei revirando os olhos – Emmett resolveu brincar um pouco com a minha cara e misturou uns dois ou três remédios diferentes em minha bebida. Depois ele fez um vídeo quando eu estava doidona – semicerrei os olhos na direção do meu irmão.

Charlie apesar de tentar a todo o custo continuar com a expressão séria, não aguentou e começou a gargalhar. Todos os presentes na sala viraram-se para ele com expressões assustadas e chocadas, afinal o momento não é propício para ter um ataque de risos. Mas meu querido papai está rindo tanto que teve de se curvar e colocar os braços ao redor da barriga.

Fala sério!

–  Charlie! – Renée exclamou chocada.

–  Qual é Renée – meu pai disse entre arfadas, tentando recuperar o controle da respiração – Você tem que admitir, aquele vídeo estava hilário.

Revirei os olhos. Sempre estive ciente de que tenho um irmão completamente perturbado e atentado que faz de tudo para entrar em confusões, acabando por me levar junto e me ferrando. Também, sempre soube que Renée é a mãe menos equilibrada que pode existir no planeta, completamente histérica e rigorosa com os filhos.

Agora... Que Charlie Swan tem senso de humor, essa é nova! Nunca vi meu pai rir tanto em tão pouco tempo e principalmente: por uma coisa tão idiota. Apesar de que aquele vídeo estava mesmo muito engraçado, para a minha infelicidade.

–  Estão vendo? – a mãe de Tania disse, chamando a atenção de todos – É uma família desequilibrada e com dois delinquentes que com toda a certeza deveriam estar em um reformatório.

–  Reformatório? – a voz de Charlie soou séria, sua expressão divertida deu lugar a uma completamente centrada e desafiadora. Bem, uma coisa que sempre soube do meu pai é que ele move céus e terras pra defender sua família – Não acho que meus filhos precisem de um reformatório, eles são causadores de confusões, sim, porém são possuidores de corações de ouro... Como podem perceber pelo simples fato de Isabella estar se sacrificando pelo bem de outras pessoas.

Todos ficaram quietos, novamente. Acho que esse foi o discurso mais longo e mais emocionante que Charlie já fez para defender Emmett e eu. Eu sei que meus pais não são loucos o bastante para nos enviar a um reformatório, mas não deixo de sentir um frio na espinha toda vez que isso é mencionado... Quer dizer, vai que dá a louca nos dois e eles resolvem, assim de brincadeira, se livrarem de nós?

Mordi o lábio inferior, estou completamente orgulhosa dos meus pais. Porque Renée não está se descabelando querendo me levar embora arrastada pelos cabelos, pela primeira vez na vida vejo essa mulher centrada e tentando manter a calma. E também porque vi meu pai ter um ataque de risos e logo depois falar que eu e Emmett temos corações de ouro. Claro que acho isso um completo exagero.

Alice, Rosalie e Aro estão com os olhos marejados completamente emocionados com toda a situação. Já Renesmee, Jasper e Alec estão apenas com as sobrancelhas erguidas um tanto quanto descrentes, só não sei se é pelo “coração de ouro” ou pelo fato de Emmett ter colocado remédios alucinógenos em minha bebida.

Já Tania e Mike estão me encarando com os olhos semicerrados, provavelmente tentando entender o que está se passando em minha cabeça. Conhecendo-os bem – como conhecia antes – os dois devem estar achando que essa minha história de expulsão é algum tipo de truque pra tirar o meu da reta e de alguma forma sair impune de toda essa confusão.

Mas os dois estão completamente enganados, estou fazendo tudo isso porque acho que é um motivo nobre e também acho que seja absurdamente injusto os outros serem castigados por tentar me ajudar.

–  É por isso que gosto dessa garota – ouvi Aro murmurar com a voz chorosa, fazendo Alice e Rosalie assentirem.

Revirei os olhos. Esse cara nem ao menos me conhece!

Mas meus olhos pararam exatamente em quem eu estou evitando olhar desde que as palavras atravessaram minha boca. Edward Cullen está encostado na parede, com os braços cruzados em frente ao corpo e uma perna dobrada. Porém tenho que deixar de lado sua pose completamente sedutora porque o olhar dele sobre mim é acusador, insatisfeito e ao mesmo tempo orgulhoso.

Soltei um muxoxo desgostosa. Esse nerd dos infernos até pelo olhar me deixa confusa e perdida, como é possível um negócio desses?

–  Michael Newton – uma voz grossa e imponente chamou a atenção de todos assim que a porta foi aberta, por ela passou a figura alta de cabelos loiros e olhos azuis do Sr. Sidney Newton, pai de Mike.

–  Oi pai – o garoto murmurou envergonhado.

–  O que você fez dessa vez? – o homem nem ao menos olhou para qualquer outro presente na sala, apenas para seu filho.

–  Não foi culpa minha! – Mike disse na defensiva.

E minha boca despencou escancarada. Mas que mentiroso! Ele está nessa sala justamente porque é culpa sua, ninguém foi descer a porrada nele do nada, foi sua e completamente sua a culpa de ter começado a brigar com o nerd.

Mas ao que parece o Sr. Newton não acredita no próprio filho – convenhamos, nem mesmo eu confiaria nessa peste – e então lançou lhe um ultimo olhar duro e virou sua atenção para o diretor.

–  O que realmente aconteceu? – perguntou de forma direta e sem paciência.

O diretor Walter começou a fazer um resumo rápido – e distorcido, diga-se de passagem – colocando toda e qualquer culpa em cima de mim, como se eu tivesse ido lá e acertado a mão na cara do Mike precioso. Na verdade, foi ele quem veio me irritar!

E então o Newton mais velho correu seus olhos incrivelmente azuis pela sala encarando rosto por rosto, até encontrar comigo. Pensei que ele iria falar milhares de impropérios ao meu respeito e possivelmente cuspir em minha cara, tudo bem... Isso é exagero, mas ao contrário de tudo ele apenas abre um sorriso glorioso para mim.

–  Isabella querida – ele disse em tom carinhoso, todos pararam com a boca aberta, menos eu, é claro – Quanto tempo não nos vemos.

–  É mesmo Sr. Sidney – falei sorrindo e assentindo.

–  Eu sei que não deveria lhe falar isso – ele começou com um tom divertido na voz – Mas, até que enfim você deu essa surra na Denali-cobra-mirim.

Eu e Renée caímos na gargalhada. A verdade é que os pais de Mike sempre me adoraram, apesar do meu jeito rebelde e encrenqueiro sempre me trataram muito bem. E quando estourou a bomba de que Tania e Mike me traíram, os pais do meu querido ex ficaram do meu lado.

E outro detalhe importantíssimo nessa história toda é que os Newtons tem uma antiga rixa com os Denali, algo que provavelmente aconteceu na época em que todos eles estudavam juntos. Bem... Digamos que isso piorou ainda mais a situação do coitado do Mike.

E eu simplesmente adorei saber dessa rixa.

–  Como é? – o senhor Denali quase berrou com as palavras de Sidney.

–  Você ouviu bem, Denali – as palavras ásperas e cheias de desprezo saíram pelos lábios do Newton mais velho – Sua filha já deveria ter levado essa surra no passado, mas por algum motivo desconhecido Isabella resolveu poupá-la. Até hoje – e falando isso, o olhar dele caiu sobre Tania toda esfolada e um sorriso formou-se em seus lábios.

–  Lá vamos nós! – o diretor murmurou e soltou um longo suspiro.

Para a surpresa de todos os adolescentes, incluindo a mim, os mais velhos começaram uma discussão histérica e descontrolada. Renée acabou voando para cima da Denali mais velha, as duas começaram a se estapear e gritar coisas incoerentes e idiotas. Eu e Tania nos entreolhamos com dúvidas nos olhos, ela provavelmente está pensando a mesma coisa que eu.

Nós duas brigamos dessa forma também? Mas que coisa ridícula e vergonhosa!

Já o pai da vadia mor começou a trocar socos com o Sr. Sidney, estou achando interessantíssima essa briga porque nunca vi o pai de Mike perder a postura e quem dirá os pais da loira oxigenada. Tirando Emmett e eu, os filhos dos respectivos adultos descontrolados estão desesperados para apartar a briga.

Na realidade Emmett está gritando coisas de incentivo para Renée, enquanto eu continuo aqui, parada encarando tudo sem realmente participar das coisas. Qual o problema deles? Eu já disse que vou sair dessa escola, não precisa disso tudo, mas que saco!

–  CHEGA! – o berro do diretor foi extremamente potente, talvez a escola inteira tenha conseguido ouvi-lo também – VOCÊS SÃO PÉSSIMOS EXEMPLOS! POR ISSO QUE OS FILHOS DE VOCÊS ESTÃO SEMPRE NA PORCARIA DA MINHA SALA!

AH-RÁ! Até ele admite que a sala dele é uma porcaria.

Os seus berros adiantaram por alguns minutos, pois todos calaram a boca e congelaram na posição que estavam.

–  SORTE QUE MEU FILHO ESTÁ EM OUTRA CIDADE – ele continuou berrando a plenos pulmões, eu até lhe daria o concelho de parar enquanto ainda está na vantagem, mas o homem apenas para pra puxar ar aos pulmões – VOCÊS NÃO SABEM COMO EDUCAR UM ADOLESCENTE!

E pronto, o alvo da briga mudou. Agora, todos, incluindo Carlisle e Esme, que desde que os conheci nunca os vi perder a cabeça, estão irritados e prontos para socar a cara do senhor Walter. Até mesmo Aro Volturi, que pareceu psicologicamente desequilibrado tomou uma postura mais séria.

Ok. Isso serve de lição. Nunca, nunca mesmo, diga para pais que eles são incompetentes em educar seus filhos. Isso é meio que assinar sua sentença de morte. Vendo toda a movimentação lenta e calculada dos presentes na sala, tenho ciência de que o meu querido diretor entrou em uma enrascada!

Assim que a manada de pais voou para cima do ‘todo-poderoso-do-apito’ eu simplesmente me afastei, não vou me intrometer nisso é capaz de me baterem junto!

(...)

Depois que os pais mais perturbados e malucos da história terminaram de bater no diretor, todos ficaram extremamente envergonhados com suas atitudes e acabaram por pedir uns cinco minutos para se recompor.

E com isso, agora resta Alice, Jasper, Emmett e Rosalie fofocando e rindo no canto da sala. Renesmee e Alec do outro lado conversando, parecem indignados com alguma coisa, Tania e Mike resolveram sair para falar com os pais e por fim Edward parado na mesma posição desde que entrou aqui.

Como sou incapaz de encará-lo nos olhos por muito tempo, minha atenção é rapidamente desviada para qualquer outro ponto menos intimidador e confuso do que as esmeraldas de certo nerd por ai.

–  Aquilo que você disse – a voz incrivelmente rouca do Cullen soou próxima ao meu ouvido, próxima demais – É verdade?

–  Aquilo o que nerd? – falei tentando manter a voz neutra – Eu falo tantas coisas.

–  Sobre sair da escola, deixar todos em paz – ele murmurou de forma cabisbaixa.

Virei-me um pouco e o encarei por longos segundos, que mais pareceram horas, devo admitir. Porque diabos eles tiveram que entrar nessa maldita escola? Quer dizer, estava indo tudo bem... tudo lindo, até Edward e Alice Cullen pipocarem pra cá. Depois disso as coisas começaram a ficar descontroladas, bati meu nariz mais vezes do que gostaria, tive concussão e de quebra fui expulsa de um restaurante!

Tirando o fato de que junto com os dois, veio à corja, Rosalie e Jasper que era pra serem figuras familiares no meio dessa baderna toda e no fim não são porcaria nenhuma. Renesmee e Alec vieram de intrusos também, claro que o garoto eu abro uma exeção porque realmente me interessei por ele no shopping, mas a ruiva assassina começou a nos perseguir de uma forma bem sutil.

E o pior de tudo, é que apesar de não conviver com os últimos quatro citados eu os considero alguma coisa. Amizade é uma palavra estranha pra mim depois das desilusões e decepções que passei com as pessoas, então é difícil admitir que tenho amigos – tirando os garotos, que sempre estiveram comigo – e ainda mais difícil admitir que me importo com eles.

Importo-me com todos esses bocós que apareceram do nada na minha vida, viraram tudo de cabeça pra baixo. E não posso culpa-los por tornar minhas ultimas semanas as mais engraçadas e confusas de toda a vida.

–  Sim – suspirei resignada, por fim o respondendo – É apenas esperar que os adultos parem de ter chiliques e resolvemos isso.

–  Por quê? – sua pergunta saiu indignada – Quero dizer, você nem ao menos se importa com os outros, sempre deixou bem claro que não queria que todos eles se aproximassem de você. Então... Por que se sacrificar dessa forma?

–  Pelo simples fato Edward – ele ficou surpreso por tê-lo chamado pelo nome, sem nada de nerd e nada de sarcasmo na voz – Que nenhum de vocês obedeceu aos meus avisos, nenhum de vocês respeitou os meus pedidos. E isso além de me irritar profundamente, me mostra que são insistentes ao ponto de querer fazer amizade com uma garota encrenqueira, como eu.

–  Então isso significa que... – o nerd não terminou a frase.

–  Isso significa que eu me importo, sim. – dei de ombros e um sorriso torto formou-se em meus lábios.

Ele apenas ficou com os lábios entreabertos demonstrando sua surpresa. Hoje é o dia do choque, certo!? Todo mundo está ficando mais chocado hoje do que em toda a sua vida. Não tinha percebido que os outros presentes na sala ficaram quietos para ouvir minha conversa com o nerd, apenas percebi quando braços circundaram meu corpo em um abraço coletivo.

Arregalei os olhos. Primeiro que eu não sei de quem são os braços, apesar de ter a grande sensação de que sejam as três meninas e mais alguém, algum garoto. Segundo estou completamente sufocada nesse abraço, terceiro que tem cabelos ruivos em minha boca e cabelos loiros entrando no meu nariz... Como elas conseguem isso, eu já não sei.

Estiquei um pouco a cabeça, em busca de ar. Alice e Renesmee estão uma de cada lado, por isso os cabelos ruivos em minha boca a Volturi é alguns centímetros menor do que eu. Rosalie está de frente comigo e com o corpo um pouco pra trás das duas primeiras, isso explica o fato do seu cabelo estar entrando no meu nariz. Mas nada explica o fato de Emmett-sem-vergonha-Swan estar atrás da loira com um sorriso idiota no rosto, fingindo estar participando do abraço.

–  Tudo bem pessoal, eu já entendi – murmurei com a voz abafada – E Rosalie, meu irmão está se aproveitando da situação.

–  Emmett! – ela exclamou chocada e logo se soltou do abraço, dando uma bela bofetada no rosto de meu irmão.

–  Porra Bella! – ele disse entredentes.

Apenas dei de ombros achando graça da situação. Todos começaram a rir, menos o nerd, que continua com uma expressão estranha no rosto. O que ele quer que eu faça? Que eu deixe todo mundo se ferrar porque eu tive um surto de raiva?

Não, isso não faz meu gênero.

Quando abri minha boca pra perguntar por que aquela cara de bunda, a porta foi aberta e toda a corja de pais entrou novamente. Renée e Charlie estão com expressões sérias e com os maxilares trincados, isso não é boa coisa. Os Denali estão com uma expressão vitoriosa estampada no rosto e Tania com um sorriso zombeteiro.

Nada bom, nada bom!

O diretor entrou por ultimo com alguns arranhões no rosto e uma veia quase saltando na testa, normal dele, afinal esse homem sempre está com os nervos à flor da pele. Não me assustaria se ele tivesse um colapso nervoso bem diante dos meus olhos, esse cara é tenso demais, deveria relaxar, tirar umas férias ou qualquer coisa do tipo. Quer dizer, deve ser estressante ser diretor de uma escola, principalmente essa onde existem rixas demais.

–  Bella – Charlie começou de forma séria e com o olhar tentando me passar confiança, ergui as sobrancelhas apenas aguardando – Os Denali acabaram por subornar o diretor...

–  Subornar é o cacete! – o senhor Denali gritou e todos olharam pra ele – Desculpe, mas não chamamos isso de suborno... É apenas uma forma de resolver as coisas. – terminou a frase se recompondo.

–  A verdade é que ele vai te expulsar da escola – Renée disse com pesar, seriamente chateada por toda a situação.

–  Tudo bem – dei de ombros, sem realmente ligar para toda a situação e novamente o olhar dos presentes caiu sobre mim, surpresos – Só quero que meus amigos não paguem por isso.

–  Mas de jeito nenhum! – dessa vez foi Tania quem perdeu a compostura.

Todos olharam pra ela, os pais dos envolvidos com expressões de puro choque e incredulidade, meus mais novos – ou não tão novos assim – amigos com expressões de puro ódio. Já eu e Mike, olhamos apenas com indiferença. Conhecemos bem a cobra venenosa que essa loira é, temos total ciência de tudo o que ela é capaz de fazer e o quão insaciável essa garota pode ser.

Claro que ela não iria se contentar apenas com a minha expulsão, ela quer mais, ela sempre quer mais! Tania quer fazer todos pagarem por sua humilhação em público, ela quer sair por cima de qualquer forma e deixar meus amigos impunes vai fazer sua popularidade cair drasticamente.

–  Eu quero que todos eles paguem pelo o que fizeram! – sua voz deu uma grande desafinada no final, causando expressões de desgosto em todos.

–  Nada disso! – falei, firme, encarando-a nos olhos – Se eu sair dessa escola, eles vão ter que sair impunes. Caso contrário, eu não saio daqui, nem que chamem o exercito!

A vadia loira quase rosnou pra mim, posso até imaginar faíscas saindo de nossos olhos e chocando-se em pleno ar. O ambiente ficou com um clima ainda mais tenso do que já estava, por causa desse grande impasse em que nos encontramos.

Pela visão periférica vi um sorriso estupendo brotar nos lábios de Renée, completamente orgulhoso e os olhos brilharem.

–  Está em suas mãos Walter – a voz da Denali mais velha se fez presente, ela está com o braço enganchado ao do marido, sua voz deixando evidente a ameaça escondida ali – Isabella será expulsa e os amiguinhos dela serão devidamente punidos, ou ela continuará por aqui?

Ótimo. Está tudo nas mãos do diretor que me odeia. Porque eu perturbei tanto a vida desse homem? Agora estou de mãos atadas esperando pela resposta do mesmo. Passei os olhos rapidamente pela sala e novamente as esmeraldas do nerd me prenderam, algo tipo frustração presa ali.

Tentei mostrar-lhe um sorriso encorajador, mas acho que não saiu tão encorajador quanto eu queria, pois o nerd fez careta soltando um suspiro. Mas porque diabos ele está assim? Não é o fim do mundo! Eu apenas serei expulsa, não é como se eu fosse mudar para o outro lado do planeta.

Que saco!

Apesar do meu ato nobre, a verdade é que não quero sair dessa escola! Mesmo tendo que aguentar a vadia mor todos os dias e ver Mike pelos corredores com um sorrisinho cínico para tudo quanto é lado, ainda assim, eu gosto dessa escola, gosto de ter meus amigos por perto, gosto de encher a paciência do meu professor de álgebra, até mesmo do Felix eu gosto, mesmo ele sempre ir me buscar para me trazer até o diretor!

Apeguei-me a essas pessoas, diacho.

–  Isabella fica – a voz rouca, mas ainda assim decidida do senhor Walter tirou-me dos devaneios. Ele olhou seriamente para os Denali e continuou – Apesar dessa garota me deixar com os cabelos brancos antes da hora, ela sempre foi sincera com as pessoas e prova disso é o que está fazendo agora.

Falar que minha boca escancarou, é pouco. Eu já estava praticamente me despedindo dos amigos e pronta pra pegar uma lista de nomes de escolas pela redondeza para ver qual delas é digna de minha ilustre presença. Mas as palavras do querido diretor me pegaram de surpresa.

Quer dizer... Ele está falando que eu vou ficar, aqui? Não serei expulsa? Mas e a ameaça que recebeu dos Denali? Tania e seus pais ficaram encarando o homem de uma forma mortal, como se apenas seus olhares pudessem fritá-lo aqui mesmo. Charlie por sua vez está com as sobrancelhas erguidas em descrença e Renée com um sorriso exageradamente feliz em seus lábios.

–  Como é? – perguntei sem entender direito ainda. O diretor Walter, o homem que azucrinei a vida desde que coloquei os pés aqui, está mesmo me defendendo?

Com toda a certeza, aquelas porradas danificaram uma parte muito importante da cabeça desse homem. Infernos, ele está me defendendo! Eu não deveria aproveitar a situação?

–  Você fica Swan – ele disse firme e decidido.