Meu Querido Nerd. escrita por Cacau54


Capítulo 2
CAPÍTULO 1 – Esse é novo!




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BELLA POV:

 

A vida nem sempre acontece como queremos, nem sempre somos quem queremos e em geral não temos o que tanto desejamos. Mas e daí? É para isso que novos dias existem. Como o processo de autoconhecimento é constante e eu, particularmente, tenho uma propensão enorme a encrencas, no geral preciso muito dos meus pais para sair dessas confusões. E eles sempre me ajudam. 

Ou quase sempre.

E isso não é necessariamente algo bom, no meu caso. Meus pais tem sérios problemas de pressão alta e acredito que parte disso é culpa minha - e do meu irmão, claro -, mas eles fazem o melhor que podem apesar de todas as circunstâncias e problemas que causamos. 

O meu irmão é um caso à parte. Ele é enorme, um armário mesmo, mas tão inofensivo quanto um ursinho de pelúcia. Às vezes a ingenuidade dele passa do limite e se torna burrice, então acabo entrando em problemas para tirá-lo de problemas e meus pais, coitados, sofrem com tudo isso. 

— MÃE TEM UMA ABELHA NO MEU QUARTO! — Emmett passou pelo corredor correndo e gritando. — TIRA ELA DE LÁ! MATA. MATA. 

Quanta coragem! 

Apesar de ser um inútil em casa, não pode ver um rapaz chegando perto de mim que já começa a querer amedrontar a pessoa. Outro ponto controverso e interessante sobre Emmett Swan é que ele se apaixona com grande facilidade e acredita em absolutamente tudo o que uma garota fala. 

Considerando os fatos de maneira direta preciso admitir que apesar de todos os erros que meu irmão comete, ele tem uma vida amorosa mais agitada que a minha. 

— Isabella, o que está fazendo deitada ainda? — perguntou Renée e levantei a cabeça minimamente, vendo minha mãe com a mão na cintura. — Você só pode estar brincando comigo.

— Estava considerando se vou para a escola hoje ou não — comentei ao encostar a cabeça no travesseiro novamente —, e provavelmente não são nem sete horas ainda, o que significa que tenho tempo para debater internamente. 

— Já são oito e quarenta, Isabella! — falou ela e seu tom de voz saiu um pouco mais agudo do que o habitual. — Você tem cinco minutos para se arrumar e chegar até a garagem, caso contrário irá a pé — falou e ameaçou sair pelo corredor, mas voltou e sorriu forçadamente. — Caso não tenha ficado claro: faltar não é uma opção para a senhorita.

MERDA.

Joguei os cobertores para o lado e corri até meu guarda roupa. É incrível que quando estamos com pressa nada dá certo e demorei o que me pareceu uma eternidade até encontrar uma roupa decente. Não sei como acabei com uma camiseta de um ombro só e calça larga, mas é isso que tenho para hoje. Coloquei um tênis folgado e escovei meus dentes mais rápido que um jato.

Desci as escadas correndo, para variar escorreguei em um degrau e quase paro no primeiro andar de uma vez só. Por sorte consegui me segurar no corrimão, parei com uma mão no peito sentindo o coração acelerado. 

— Cuidado Isabella. — meu pai falou da sala, sem tirar os olhos do jornal — Cadê sua mochila?

— Droga — resmunguei.

Corri para o quarto novamente e quase comecei a chorar. Durante minha confusão para achar o quê vestir o local ficou parecendo um campo minado de roupas e calçados revirados. Droga. Como vou achar minha mochila? Ouvi uma buzina e o desespero começou a tomar conta. A primeira buzina significa que Renée está perdendo a paciência e se ela apertar aquele botão mais duas vezes não terei carona hoje. 

Droga. Merda. Droga. Mil vezes droga. Joguei todas as minhas roupas para o alto novamente tentando achar a droga da minha mochila. Pensa Bella, pensa. A última vez que eu vi aquela coisa, eu estava no quarto do Emmett conversando com aquele energúmeno. Segunda buzina.

Contrariando as probabilidades fui até o quarto do meu irmão mais velho e quase caí pra trás ao abrir a porta, o que diabos ele andou fazendo aqui? Cheiro de chulé misturado com mofo. Adentrei no ambiente apertando o nariz e fui revirando as coisas. Por fim encontrei minha mochila embaixo da cama daquele imbecil, onde por algum acaso encontrei também meu mp3, meu all star, e muitos restos de pizzas.

O porquê tantas das minhas coisas estão aqui é um mistério para mim, mas continuará assim por enquanto. Peguei minhas coisas e corri até a sala. Tropecei em alguma coisa e caí direto com o rosto no chão. 

Inferno, só falta ter quebrado o nariz.

— Ai Ai Ai — resmunguei no chão.

— Quase quebrou o nariz, não é? — perguntou Charlie ainda sem sequer levantar os olhos do jornal. — Espero que aprenda a lição, você precisa levar suas coisas para o seu quarto.

Levantei-me massageando o nariz, vi meu skate largado a alguns passos de mim. Legal, traída pelo meu próprio camarada. Comecei a resmungar com o meu queridinho e percebi que meu pai começou a me encarar. 

— A terceira buzinada deve estar prestes a acontecer! — ele avisou e enfiou a cara no jornal novamente.

— Ok. Tchau.

Cheguei na frente do automóvel no exato momento em que ela apertou a buzina pela terceira vez, me fazendo dar um pulo e soltar um gritinho. Olhei para Renée e ela está com um sorriso tão satisfeito que deveria ser crime. Optei por não falar nada sobre isso ao entrar no carro e colocar o cinto de segurança, afinal o trajeto já seria difícil o suficiente sem cutucar um vespeiro. 

Minha mãe começou a dirigir da forma ilegal com a qual ela leva a vida e eu já não sei mais onde tentar me segurar para ter um pouco mais de proteção. Ao longo do tempo fui aprendendo que dependendo do assunto é melhor não conversar enquanto ela está dirigindo. Ela sempre dirigiu feito louca e não apenas o carro, mas a vida em si. 

Quando chegamos a minha escola quase não consegui desgrudar minhas mãos do acento. Respirei fundo umas três vezes antes de sair do carro, mas ao pisar fora dele gritei um tchau e sai correndo sem dar-lhe a chance de passar sermões, como sempre. 

— Oi Bella! — falou Angela ao passar por mim. A cumprimentei sem diminuir meu ritmo de caminhada, podendo ser definido também como modo de fuga. 

Renée Swan é uma cinquentona com tudo em cima, muito louca. Meu pai, Charlie Swan, é outro cinquentão com tudo em cima, porém mais calmo. Ele só surta quando se trata dos filhos. Eles são um casal interessante, afinal não demonstram carinho com frequência, mas são bem cúmplices em tudo. 

Eles geralmente me tratam melhor e me chamam de Bella. Eu venho sozinha para a escola, com o meu carro. A questão é que na última sexta-feira Emmett e eu fomos a uma festa e as coisas saíram do controle quando ele me viu paquerando um garoto, meu irmão perdeu a noção do ridículo e começou a discutir. Se tivesse acabado por aí tudo bem, mas uma garota doida começou a puxar o meu cabelo e a briga estava armada. 

Ao me ver estapeando uma pessoa aleatória Emmett se sentiu incentivado a partir para o soco com o garoto e pronto, fomos todos para a delegacia. 

O que não faz o menor sentido e me deixa muito indignada é que apesar do meu irmão estar de castigo não chega nem perto do transtorno que tenho passado sem o carro. Além de que estou proibida de ir em festas - e/ou sair no geral - por duas semanas enquanto ele ficará nessa uma semana só. A justificativa dos meus pais é que Emmett teve apenas culpa parcial no esquema todo, pois estava apenas tentando me proteger.

Ou seja, eu acabei saindo como a vilã da história.

— E ai Bella! — Jacob gritou pra mim do lugar onde ele e os meninos estavam sentados no gramado.

— Fala garotos! — cumprimentei sorrindo — Vocês viram meu irmão? — perguntei sem fazer rodeios, adoro ter amizades que permitem isso. 

— No exato momento em que ele viu o carro da sua mãe entrando no estacionamento, correu daqui. — Jacob respondeu rindo e apontou para o gramado. 

Examinei melhor todas as pessoas e lugares por ali. De repente, quando estava prestes a desistir, achei o animal do meu irmão andando ao lado de duas garotas e adivinha só, uma delas é a tal que ele está apaixonado no momento.

— Meninos, me desculpem. — comecei sem tirar os olhos de Emmett — Mas preciso resolver um assunto com o meu irmãozinho! — completei e sorri. 

Eles caíram na gargalhada.

— Vai lá Bella! — Sam falou e me deu um soquinho nas costas.

Andei disfarçadamente entre as pessoas tentando não fazer nenhum movimento brusco para não chamar a atenção do meu irmão, apesar de que se tratando de Emmett Swan posso andar batendo panelas nesse momento que o cidadão não prestará atenção, já que está ocupado demais com a garota dele.

— E AI BELLA! — gritou alguém. E eu simplesmente congelei no mesmo lugar, não identifiquei a voz da pessoa, mas já quero matar o fulano.

Emmett levantou a cabeça na mesma hora, parecendo um suricato, e olhou diretamente pra mim. Após falar algo rapidamente para a garota que gosta, ele saiu correndo. Inferno. 

— EMMETT SWAN PODE PARAR AI! — gritei a plenos pulmões ao mesmo tempo em que corro atrás dele. Às pessoas pelo caminho não sabem se é melhor permanecer onde estão ou se devem sair. 

— EU NÃO FIZ NADA BELLA, NEM VEM! — respondeu ele, correndo em ziguezague entre os outros alunos.

— QUEM MANDOU VOCÊ NÃO ME ACORDAR? — berrei ao chegar perto dele, até encostei os dedos em sua camiseta, mas ele escapou — TIVE QUE VIR COM A LOUCA DA RENÉE! VOCÊ SABE COMO ELA DIRIGE!

— OH QUERIDA IRMÃ, ISSO NÃO É CULPA MINHA. VOCÊ ESTÁ DE CASTIGO POR SUA CONTA E RISCO.

O que há de errado com irmãos? Eles não deveriam ficar ao seu lado, te apoiando, ajudando e todas essas babaquices da vida? A única coisa que Emmett sabe fazer é brigar com os garotos que estou interessada e isso sempre acaba dando em confusão, ou seja, eu sempre acabo de castigo.

Ou seja, essa declaração dele sobre estar de castigo por “sua conta e risco” está turvando minha vista de vermelho. Apenas Emmett é o tipo de irmão que realmente não se liga nos problemas que causa?

Peguei um galho meio pesado e grande o suficiente pra acertar o imbecil.

— MAS ISSO TUDO É CULPA SUA, SEU INFELIZ! — rebati fervendo ódio e joguei o galho com força e acertou em cheio sua nuca — VOCÊ DEVERIA PELO MENOS ME DAR CARONA!

Aproveitando o momento de debilidade do maninho, me joguei em cima dele e começamos a brigar igual duas crianças birrentas. Uma hora ele estava por cima de mim puxando meus cabelos e outra hora eu estava por cima dele, amassando sua cara no chão. Até que comecei a morder seu braço, enquanto ele torcia o meu.

— ISABELLA SWAN! — gritou o diretor para logo em seguida apitar bem no meu ouvido — EMMETT SWAN. Vocês dois, podem se largar agora!

— Foi ela quem começou. — Emmett respondeu e apontou o dedo no meu rosto.

Levantei tirando o pó da roupa e tentando arrumar meus cabelos que infelizmente não estão com um humor muito bom hoje, então decidi fazer um coque e deixar por isso mesmo.

— Eu sei, sempre é essa delinquente que começa com as confusões. Mesmo assim você deveria tê-la acalmado, não continuado a brigar — respondeu o diretor e desaprovou com um aceno de cabeça —, Enquanto a você mocinha — continuou ele e virou para mim — DETENÇÃO!

AH INFERNO.

Quando abri a boca para fazer muitas - e habituais - reclamações o infeliz do senhor Walter soprou naquele apito, fazendo minha cabeça latejar. Abri minha boca novamente e dessa vez o sinal tocou, informando que a primeira aula já estava pra começar.

— Continuamos depois. — comentei olhando para Emmett e completei com uma piscada, só pude percebê-lo engolindo em seco. 

 

***

 

O dia já começou ruim e tende a ficar pior, pois minha primeira aula é álgebra. Uma chatice pura, que deixa qualquer um com sono e com a paciência no limite. Eu nunca consegui acompanhar coisas de matemática básica, imagina acompanhar coisas mais complicadas como álgebra, ninguém merece.

Cheguei na sala meio atrasada por causa de toda a confusão que houve lá fora. E já tive a (in)felicidade de encontrar a nova paixonite de Emmett sentada bem no centro da sala, ela sorriu pra mim. Segui em sua direção sorrindo também, porém, no meu caso, não há um pingo de verdade na expressão.

— Olá Valéria — falei e me sentei na carteira disponível na fileira ao lado. 

— Victoria — disse ela.

— Oi? — perguntei fingindo inocência. 

— Meu nome, não é Valéria — começou ela —, é Victoria! – completou sorrindo, como se já tivesse me desculpado pelo equívoco.

— Ah, desculpe! — falei ao arregalar os olhos, fingindo estar realmente chocada com o erro. — Então você é a Victoria! — completei e me esforcei na expressão de preocupação — Sabe como é sempre confundo as garotas do Emmett.

Victória até abriu a boca pra falar alguma coisa, mas não conseguiu encontrar palavras para me responder. Bem, eu realmente não acredito que poderia vir algo construtivo dali. 

— Pessoal — George, nosso professor, falou ao entrar na sala —, temos um aluno novo — completou e apontou para a porta. 

Dito isso um garoto todo esquisito entrou na sala, com os cabelos penteados perfeitamente para o lado, sem qualquer fio de cabelo fora do lugar. Credo. Ele está usando uma camiseta engomadinha enfiada por dentro do short jeans. SHORTS JEANS? As pessoas pararam de se vestir dessa maneira faz, tipo, uns trinta anos.

E pra piorar o cara está usando óculos. Um daqueles modelos antigos, que provavelmente nossos bisavós usavam. Ou seja, o rapaz é uma confusão só. 

— Esse é Edward Cullen — comentou o professor —, ele veio transferido de Nova Jersey. Sejam receptivos!

Edward Cullen, que nome mais antigo. Que garoto mais estranho. Ele vai ter um ano bem longo e sofrido por aqui, tenho certeza.

 


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Notas finais do capítulo

Capítulo editado em 03/2020!