BELLA POV:

Não posso negar que fiquei impressionada com o fato do nerd saber beijar, ah qual é, desde a primeira vez que eu o vi pensei que ele fosse literalmente um nerd. Um daqueles que gaguejam quase se borram nas calças quando são o centro das atenções e principalmente, que não tem experiência nenhuma em beijos.

E eu estava completamente errada, faz algum tempo que eu já havia percebido que ele não é um nerd convencional e isso me deixou um tanto quanto surpresa... Porém, ao beijá-lo eu fiquei totalmente chocada.

Esse Cullen me surpreende cada vez mais. Sua boca fazendo cada vez mais pressão sob a minha para intensificar mais e mais o beijo – que a propósito, já está muito intenso – e é claro que eu estou colaborando, pois nem mesmo Jacob conseguiu me beijar de uma forma tão intensa, sensual e arrebatadora.

As mãos do senhor abusado desceu do meu rosto para meu pescoço me fazendo ter leves e contínuos arrepios por toda a extensão do corpo, logo depois sua mão escorregou por meu braço e enlaçou minha cintura, ofeguei quando meu corpo se chocou contra o dele fortemente. Sem interromper o beijo pude sentir o ar de diversão do Cullen, minha maior vontade é interromper essa palhaçada e lhe sentar uns cascudos por ser tão abusado.

Porém...

Não estou com completo controle sobre meu corpo e minha mão que ainda se encontra em seu pescoço arranhou levemente o Cullen e com satisfação percebi que o mesmo se arrepiou, meus dedos migraram até seus cabelos os bagunçando. Isso foi um estimulante para ele continuar a apertar minha cintura.

Antes que pudéssemos fazer mais alguma coisa, senti uma mão no topo da minha cabeça e com muita força me puxou pra longe do nerd. Olhei pra cima pronta pra mandar quem quer que fosse pro inferno, mas parei assim que encontrei com um Emmett muito irritado. Olhei para os lados e todos do restaurante tinham parado seus afazeres para olhar o casal, nenhum pouco, discreto.

Voltei meu olhar para meu irmão que está encarando o nerd intensamente, desviei minha atenção para o Cullen que está com um sorrisinho presunçoso nos lábios e olhando fixamente pra mim. Semicerrei os olhos pra ele e suspirei.

– O que pensa que está fazendo Isabella? – meu irmão soltou se controlando pra não gritar.

– Beijando – revirei os olhos, que pergunta idiota!

– Isso eu vi – ele disse em um tom ríspido – Eu quero saber o porquê e principalmente, porque com ele! – seu rosto começou há ficar um pouco vermelho.

– Bom... – comecei calmamente vendo a expressão de diversão no rosto do nerd – Porque sua querida loira boazuda iria nos descobrir aqui – dei de ombros.

– E precisavam se agarrar de uma forma tão pornográfica? – Emmett começou a ficar com o rosto em um tom escarlate.

Dei de ombros, o único argumento a meu favor é falar “Claro Emmett, foi o melhor beijo que eu já recebi em toda minha vida!” e isso significa deixar o nerd ainda mais presunçoso do que já está. Fiquei quieta e o nerd deu uma leve risada e para nosso total azar meu irmão ouviu.

– Está se aproveitando da situação pra agarrar a irmã alheia, não é mesmo? – meu irmão falou aumentando o tom de voz.

– Não, quem me beijou foi ela – o nerd balançou a cabeça apontando para mim – Eu apenas dei continuidade.

Desde quando ele ficou confiante desse jeito?

Em poucos segundos o rosto do meu irmão passou de sua cor branca natural para um leve rosado, depois para um vermelho intenso e finalmente chegou ao escarlate com uma veia saltada no centro de sua testa. Isso significa que ele está prestes a perder o controle e com toda a certeza do mundo, isso não é bom.

Meu irmão segurou o nerd pelo colarinho e levantou o coitado em um rompante só, o corpo dele bateu na mesa balançando-a e com o barulho todos focaram ainda mais a atenção aqui. Fala sério! Ninguém tem mais nada pra fazer? Se bem que... Pensando pelo lado deles... Se eu estivesse em um restaurante e visse uma cena como essa, com toda a certeza iria parar pra acompanhar tudo.

Emmett deu um soco no rosto do Cullen que me fez soltar um som de surpresa, pra que toda essa violência? O nerd caiu no chão e massageou o lado do rosto que foi acertado, olhei para meu irmão e os músculos de seu ombro e costas estão tensionados. Ele foi pra cima do nerd novamente e para minha completa surpresa – e espanto, diga-se de passagem – o Cullen levantou rapidamente e devolveu o soco no rosto do meu irmão.

DESDE QUANDO O NERD SABE BRIGAR?

Coloquei as mãos na cabeça, pela primeira vez na vida, não sei o que fazer diante de uma confusão. E meu sexto sentido está apitando algo como “pare isso logo, antes que você se ferre novamente”, mas como parar dois mamutes furiosos?

A confusão só continuou e tomou proporções maiores, quando dei por mim várias pessoas já estão gritando e torcendo. Alguns torcendo por meu irmão e outros pelo nerd, que surpreendentemente está deixando a briga balanceada, nem ganhando e nem perdendo para meu irmão.

– EDWARD!

– EMMETT!

No mesmo instante em que eu gritei o nome do meu irmão, outra voz também feminina gritou o nome do nerd. Olhei para o lado me deparando com Rosalie assustada e surpresa por enfim entender quem está envolvido nessa coisa toda. Suspirei, por fim, meus esforços não adiantaram de nada.

– Bella? – ela encontrou minha figura atônita parada no meio do restaurante – O que faz aqui?

– Bem... – comecei e não consegui terminar, o que diabos eu posso falar agora?

– Sua peruca está torta – ela disse e soltou uma gargalhada contagiante.

Bufei irritada e ajeitei a peruca na cabeça, ótimo, agora terei mais uma pessoa pra me zoar pelo resto da vida. Ó-T-I-M-O.

Olhei em volta e percebi que os dois mamutes lutadores pararam a briga e passaram a nos encarar, meu irmão com um semblante assustado provavelmente com medo de Rosalie descobrir alguma coisa e o nerd por outro lado está com um sorriso divertido nos lábios. Claro que toda essa situação quem vai ter que dar a volta por cima, sou eu, isso é que é entrar numa fria.

– O que faz aqui? – a loira perguntou ainda com ar de graça – De peruca e com o meu primo?

– Ahn... – disse sem saber ao certo, o que, responder.

Se eu contar a verdade meu irmão nunca mais irá me perdoar e nem ao menos esquecer a cena “quase pornográfica” – como ele mesmo se referiu – com o nerd. O jeito é mandar minha reputação pro inferno e livrar meu irmão de um fora desastroso.

– Bem, é que... Eu e seu primo... – comecei meio tímida, envergonhada e logo a compreensão passou por seu rosto.

– Vocês estão juntos! – Rosalie quase gritou de empolgação – Mas ainda não entendi o porquê da peruca.

– Bom, é que não queríamos que ninguém ficasse sabendo – murmurei deixando ainda mais visível meu constrangimento.

– Tudo bem Bella, entendi tudo – com um sorriso triunfante nos lábios ela olhou para o primo e piscou.

Ninguém merece. Agora ela realmente vai ficar pensando isso e minha vida vai virar um inferno, o que eu não faço pelo meu irmão? Olhei para ele e semicerrei os olhos, em um aviso explicito de que ele está me devendo muitas depois dessa. E com isso Emmett soltou o colarinho do nerd e ficou de frente com a loira boazuda.

Nós quatro abrimos a boca pra falar ao mesmo tempo, porém antes que qualquer um de nós pudesse soltar qualquer som que fosse um homem extremamente furioso irrompeu no nosso circulo.

– VOCÊS QUATRO – ele gritou a plenos pulmões – FORA DO MEU RESTAURANTE. AGORA!

– Credo – falei massageando a orelha.

– E NUNCA MAIS VOLTEM AQUI!

– O QUE? – gritei ofendida – POR QUE?

– OLHA SÓ A CONFUSÃO QUE VOCÊS ARMARAM AQUI! ESSE É UM RESTAURANTE DE PRESTIGIO, NÃO PARA MULEQUES BADERNEIROS QUE QUEREM BRIGAR – ele vociferou tudo de uma vez.

– Mas eu nem fiz nada – coloquei a mão no peito ofendida.

– NÃO É? TAVA PRATICAMENTE FAZENDO UM FILME PORNO COM O GAROTO ESTRANHO – ele apontou para o nerd – E SE NÃO FOSSE ESSE BRUTAMONTES TÊ-LOS SEPARADO, TENHO CERTEZA QUE CONTINUARIAM COM A PEGAÇÃO.

Digamos que por essa eu não esperava. As palavras desse homem arrogante e histérico me fizeram perceber que eu realmente continuaria com a pegação e se meu irmão não tivesse dado um basta naquilo, nós teríamos ido muito mais longe. Engoli em seco.

– AGORA, SAIAM DAQUI – ele apontou para as portas do restaurante – E NUNCA MAIS VOLTEM.

– ÓTIMO. NEM GOSTEI DAQUI MESMO – gritei antes de sair – MAL ILUMINADO, SERVIÇO DE QUINTA E A COMIDA COM UM GOSTO ESTRANHO.

E antes que ele pudesse soltar os cachorros em cima de mim, sai rapidinho do restaurante sendo acompanhada por Emmett e Rosalie que estavam tão envergonhados que nem ao menos conseguiam olhar pra outro lugar a não ser o chão. Já o nerd está com uma expressão estranha no rosto, com o pensamento longe.

Bufei irritada. Nunca em toda minha vida fui expulsa de um restaurante. Mas como dizem, sempre há a primeira vez pra tudo. Não queria que a minha fosse dessa forma. Bufei novamente.

– Bom, acho melhor irmos embora – a loira boazuda murmurou.

– Sim – o nerd suspirou cansado.

– Vamos Emmett – Rosalie disse animada e eu arregalei os olhos.

– Como? – eu e meu irmão perguntamos ao mesmo tempo.

– Qual é Bella, agora eu já sei sobre você e meu primo... – ela soltou uma risadinha – Não precisa tentar esconder mais, seu irmão me leva embora e você aproveita mais um tempo com o Edward – piscou pra mim.

Emmett semicerrou os olhos e examinou detalhadamente a situação, por um lado se ele não deixasse o nerd me levar pra casa ele não teria um momento a mais com a loira boazuda e se ele deixasse isso acontecer corre o risco de deixar a irmã ser abusada novamente. O coitado do meu irmão deve estar em um conflito interno terrível agora, por isso, vou ajuda-lo em sua decisão e me dirigi ao carro do nerd.

O trajeto até minha adorável residência foi em um completo e desconfortável silêncio, meus pensamentos longe no exato momento em que meus lábios se encontraram com os dele e quando tudo e todos sumiram. Mesmo sem tirar os olhos da janela consigo sentir os olhos dele me examinando de minuto em minuto, como se a qualquer momento eu pudesse fazer ou falar algo idiota.

O que eu realmente faria se estivesse em um momento normal. Se aquele beijo não tivesse acontecido e eu não estivesse tão e completamente envergonhada com toda a certeza, estaria falando pelos cotovelos e ironizando muitas coisas, como é o meu normal.

Mas eu simplesmente não consigo fazer isso.

O carro parou em frente a minha casa, todas as luzes apagadas exceto a da sala e isso significa que meus pais resolveram esperar deitados em sua cama e com toda a certeza os dois já estão babando de tanto dormir. Ri com esse pensamento e isso chamou a atenção do nerd.

– Bella... – ele chamou-me e olhei pra ele – O que aconteceu no restaurante foi apenas pra Rosalie não nos ver?

– Sim – murmurei e continuei encarando seus olhos verdes.

– E isso significa que nunca mais vai acontecer novamente? – ele perguntou sustentando um olhar cheio de significados que eu simplesmente não consigo identificar.

– Bom... – comecei meio confusa.

Que inferno de pergunta é essa afinal?

E o que devo responder? Quer dizer... Isso não deveria mais acontecer, afinal somos dois amigos e não é como minha antiga relação com Jacob, ele é meu professor particular de álgebra e temos uma estranha amizade. Mas, uma grande parte do meu ser clama para que as sensações que senti voltem à tona e isso só é possível se eu ficar de agarração com o nerd.

Antes mesmo de concluir o pensamento e de dar alguma resposta concreta ao Cullen, o mesmo me puxa pra perto colando nossos lábios com força e voracidade. Nossas línguas no mesmo instante começaram a travar uma batalha prazerosa e incansável, uma de minhas mãos foi de encontro com o peito do nerd a principio querendo empurra-lo e isso foi uma tarefa inútil. Na verdade me vi sendo traída por meu próprio corpo já que minha mão começou a percorrer o abdome dele ao invés de afastá-lo.

Assim que precisamos de ar nos separamos, porém minha mão continuou sobre seu peito e a mão dele continuou em minha nuca. O Cullen me olhou profundamente nos olhos como se quisesse enxergar minha alma e eu ergui uma sobrancelha, logo um sorriso torto se formou nos lábios dele.

Sua mão saiu do meu pescoço e puxou minha peruca revelando meus cabelos castanhos deixando-os cair em cascata pelos ombros.

– Assim fica muito melhor – murmurou e sorriu.

Sorri pra ele antes que nossos lábios se encontrassem novamente e cada vez mais os beijos se intensificando, nossos corpos respondendo aos desejos carnais. Em algum momento nos livramos dos nossos cintos de segurança e meu corpo foi puxado para o dele, sem desgrudar os lábios nenhuma vez, sentei-me em seu colo.

Sem nos contentar com o contado continuamos a nos esmagar, eu puxando os cabelos do nerd e puxando sua nuca aproximando seu corpo cada vez mais do meu. Já ele, puxando minha cintura e a apertando várias e várias vezes, estou tendo a leve sensação de que em algum momento vamos virar um só.

Arranjando forças do meu âmago consegui me afastar dele e afastei suas mãos da minha cintura, nos encaramos por minutos até nossas respirações, enfim, se regularem.

– Preciso entrar – murmurei.

– Mas já? – sua voz continua firme mesmo depois de tudo isso, sem nenhum sinal de constrangimento, como ele consegue? – Tem certeza que quer ir?

– Tenho sim – soltei uma risada alta que o surpreendeu – Eu sei que meu beijo é irresistível, mas vai ter que se contentar com isso.

– Está meio convencida não é mesmo Swan? – o rosto dele encontrou meu pescoço e ele soltou uma lufada de ar ali me fazendo arrepiar – Acho que meu beijo é tão irresistível quanto, pois você em momento algum o negou.

– Agora quem está ficando convencido Cullen? – afastei seu rosto do meu pescoço e um sorriso tomou conta do meu semblante – Preciso mesmo ir.

Dito isso me afastei de seu colo já mudando para o banco do lado, abri a porta e antes que pudesse colocar ao menos o pé para fora meu pulso foi puxado e novamente os lábios do nerd encontraram os meus e dessa vez não foi nada exagerado, apenas um beijo calmo com um leve roçar de lábios no final.

– Sonhe comigo – ele murmurou e um sorriso torto surgiu em seus lábios.

– Nada disso, nerd – sorri e ergui uma sobrancelha.

Penso ter visto o sorriso dele vacilar por alguns segundos e antes que eu pudesse falar qualquer coisa ele se recompôs. Estranho. Balancei a cabeça uma ultima vez e sai do carro, andei a passos lentos e meio cambaleantes até a porta de minha casa. Ouvi o automóvel ser ligado e sair cantando pneus. O que deu no Cullen?

Infelizmente, sei que vou sonhar com esse cara. E por algum motivo, completamente desconhecido por mim, eu estou com uma vontade imensa de contar isso pra ele.