Meu Querido Nerd. escrita por Cacau54


Capítulo 18
CAPÍTULO 17 – Uma coisa inesperada.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal *-* peço mil desculpas pela demora, porém dessa vez foi menor kkkkkk um mês exato. Mas sério galera, eu tive UMA SEMANA de provas. Literalmente. Eu nunca havia passado por isso e olha, é terrível. Então eu tive que me matar de estudar. Esse capítulo já estava parcialmente escrito, porém eu não tinha condições de terminá-lo.

E pra piorar, enquanto eu estava em semana de provas eu ainda por cima estava muito gripada. Porém esses dias atrás eu tive um colapso nervoso, fazia tempo que eu não precisava tomar calmantes e agora estou novamente sob efeitos de remédios... Então eu escrevi esse capítulo nessa madrugada, sob efeito de remédios e me desculpem, mesmo, se esse capítulo estiver um lixo. Mas eu juro que dei o meu melhor!

Obrigada a TODOS que deixaram reviews, li e fiquei muito feliz com cada um deles. Ainda não respondi porque não tive tempo, mas responderei todos. Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/294686/chapter/18

BELLA POV:


A semana passou estranhamente rápida, já estou na detenção de sexta feira. Não que isso seja alguma coisa boa muito pelo contrario, continua sendo a mesma sala mofada que ataca meu nariz. Continuo tendo que fazer exercícios idiotas sobre matérias idiotas e desde meu ultimo incidente quando saí para ir “ao banheiro” e acabei indo parar no hospital por conta de uma concussão, a senhora Amy nunca mais me deixou sair.

– Isabella! – ela gritou e eu arregalei os olhos quase caindo da cadeira – Não é pra tirar nenhum cochilo é por isso que está aqui, pra fazer coisas ridículas apenas pra ficar enchendo o meu saco e me fazendo perder tempo – ela revirou os olhos.

– Já percebi que tem alguém estressada por aqui – fechei meu livro – O que está pegando Amy?

– O diretor Walter! – ela jogou os braços pra cima totalmente indignada – Aquele velho descarado disse que ainda não posso me aposentar, depois negou meu pedido e aumento de salário – ela bufou – E ainda por cima assoprou aquele apito infernal no meu ouvido, como se eu fosse algum aluno. Quase fiquei surda!

– Sei bem como é – murmurei coçando meu nariz.

Continuamos ouvindo as reclamações e lamentações da senhora Amy que começou há ficar um pouco melhor depois de poder desabafar com alguém. Os únicos a realmente prestar atenção na coitada somos eu e o nerd, pois Alice e Jasper não pararam de cochichar desde a hora que se sentaram no canto e Renesmee e Jacob sentaram-se no outro canto da sala, ela totalmente emburrada com os pensamentos longe e ele falando alguma coisa.

Suspirei.


RENESMEE POV:

Ver os dois com aquele romancezinho na mesma sala que eu é demais pra mim estou sentindo que vou perder a cabeça a qualquer minuto! Passar todas as tardes dos últimos dias os vendo ficarem de amorzinho pra cá e amorzinho pra lá foi uma tarefa difícil. Ainda mais ter que aguentar essa sala pequena, mofada e vários alunos diferentes a cada dia.

E todos os dias dessa semana Jacob sentou perto de mim e hoje não foi diferente, mesmo que eu o ignore totalmente e mesmo que eu seja estúpida e ignorante, ele continua aqui. Surpreendeu-me todos os dias vindo espontaneamente sentar-se perto de mim e sempre com um sorriso que poderia iluminar a galáxia inteira, não sou burra, muito menos cega, sei como esse garoto é lindo. Sei que não posso ficar muito tempo perto dele porque sou mulher e obviamente sinto atração por um cara desses.

Porém, ele não é o meu Jasper. Não é o cara que eu me apaixonei a primeira vista, não é o tipo de cara sedutor e ao mesmo tempo inteligente e que se importa com os sentimentos das garotas. Não que Jasper tenha demonstrado isso nos últimos tempos, mas quando o conheci ele era assim... Simplesmente perfeito.

Já Jacob parece ser o tipo de cara que fica com a garota apenas pela beleza, pelo status e nada mais que isso. Eu quero um cara que realmente se importe comigo, isso é pedir muito?

– Ei, marrenta! – Jacob falou e cutucou meu braço

– O que? – perguntei estupidamente lançando lhe um olhar mortal.

– Está pensando nele não esta? – ele acenou com a cabeça pro outro lado da sala.

Meus olhos foram diretos ao mais novo casal, trinquei os dentes. Como eles podem ser tão cínicos? Eles são primos, não são? ISSO NÃO PODE.

Never Ever - Ciara.

– Eu sei que você gosta muito dele – Jacob falou atraindo novamente minha atenção – Sei que é apaixonada por ele, mas porque todo esse ódio?

– Já se apaixonou Jacob? – depois de muito tempo pensando finalmente resolvi ter uma conversa com ele.

– Acho que já – ele me olhou nos olhos, como se pudesse enxergar tudo dentro de mim.

– Bom... Quando se está apaixonado você faz loucuras por essa pessoa – suspirei – E mesmo me apaixonando a primeira vista eu sei que Jasper nunca me correspondeu.

– Como? – o moreno me olhou franzindo o cenho.

– Eu coloquei isso na minha cabeça, queria tanto que ele retribuísse aquele sentimento por mim – suspirei novamente, encostei minha cabeça na parede – Nós ficamos juntos, porém eu sabia que os sentimentos dele eram diferentes, mas ele nunca me disse nada porque sabia que iria me ferir.

Jacob olhou para o outro lado da sala examinando Jasper detalhadamente, queria muito saber o que se passa na cabeça desse garoto nesse exato minuto. Mas ao que parece ele quer que eu continue a história.

– A dor de ter um sentimento e não ser correspondido é tão forte, tão intensa, que parece rasgar você por dentro – murmurei fechando os olhos – A dor da rejeição. Como se você não fosse bom o suficiente. Então eu vim pra essa cidade e soube que ele estava aqui... Decidi que era hora de conquista-lo.

Abri os olhos e virei para olhar Jacob e ao que parece ele entendeu direitinho o significado das minhas palavras, sua expressão foi tão sábia que está me parecendo muito diferente desses garotos musculosos e populares que só querem saber de status.

Suspirei pesadamente.

– Quando você me disse que ele estava namorando, eu sai de mim – balancei a cabeça envergonhada – Ali eu realmente percebi que não havia mais jeito, ele não poderia ser mais meu... Porém uma coisa chamada esperança que habita dentro de todos nós continuou martelando em mim. E eu achei que poderia inverter isso tudo, que poderia trazê-lo pra mim novamente.

– E então? – ele me estimulou a continuar quando percebeu a pausa grande demais que fiz.

– E então que minha esperança acabou – dei de ombros e forcei um sorriso – Olha só para os dois, românticos um com o outro, não apenas nos toques e nas palavras, mas também nos sorrisos e nos olhares – fechei os olhos e engoli em seco – Essa semana tem sido uma coisa extremamente difícil pra mim. Perceber que ninguém, que ele, nunca olharam assim pra mim.

Ficamos muitos minutos em silêncio. Ele deve estar pensando horrores de mim, obvio. Eu também pensaria uma garota louca que se apaixona e surta por causa de um garoto que nem ao menos corresponde aos seus sentimentos. Que patético. Fechei meus olhos encostando minha cabeça novamente na parede.

– Você realmente gosta daquele garoto? – Jacob perguntou em um fio de voz, quase não escuto.

– Sim – respondi simplesmente, abri os olhos e dei de cara com as orbes castanhas de Jacob me fitando intensamente.

– E você quer ver ele infeliz? – ele perguntou simplesmente.

– Mas é claro que não – me senti ofendida com essa pergunta.

– Então o deixe viver a vida dele, independente se é com você ou com outra garota – ele disse me encarando com um olhar penetrante.

– Isso não é tão fácil – desviei os olhos e encarei o chão.

É impressão minha ou ele parece entender do assunto? Parece entender o que é não se sentir bom o suficiente e o pior aquele olhar me tocou de alguma forma. Levantei os olhos e encarei Jasper todo feliz e sorridente com a prima, que agora é namorada, não entendo isso faz um nó em minha cabeça.

– Eu acho que quando você gosta de alguém, deve deixa-lo ser feliz – Jacob disse atraindo minha atenção pra ele, novamente.

– Você gosta de alguém? – perguntei sem conter a curiosidade.

– Eu? – ele arregalou os olhos e pigarreou – Não. Claro que não – desviou os olhos para outro lugar.

– Eu acho que você está gostando de alguém – soltei uma risadinha – Vamos lá Jacob, pode me contar.

– Me chamou de Jacob – ele me encarou novamente.

– Sim, não é esse seu nome? – dei de ombros rindo.

– Estou impressionado por não ter me chamado de mané, nem nada do tipo – ele soltou um risinho sem graça.

Ficamos em silêncio, acho melhor não insistir demais nessa história de saber quem é a garota pela qual Jacob está apaixonado. Essa é nova pra mim, não sabia que ele poderia entender esse tipo de sentimento... Como nos enganamos em relação as pessoas.

(...)

– Não quero nem saber, não subo nisso nem morta – reclamei de braços cruzados.

Porque aceitei a carona de Jacob? Agora estamos em um impasse, ele veio de moto e eu não sou nenhum pouco chegada nesse veículo! Jacob está me olhando com um misto de diversão e impaciência.

Maldita hora que vim de carona com Alec, aquele mal agradecido não quis me esperar e agora estou com duas opções ou eu me arrisco nessa maquina mortífera e vou agarrada ao Jacob até minha casa ou vou a pé. Suspirei me dando por vencida, a primeira opção é a melhor com toda a certeza.

– Ok, me passa logo esse capacete – estendi a mão pra ele.

O sorriso de Jacob aumentou consideravelmente, revirei os olhos, mas não pude deixar de sorrir também. Subi na moto e apertei bem meus braços em volta dele e encostei meu rosto em suas costas. Não é que eu tenha medo de motos, porém, não é meu meio de transporte preferido.

– Segure firme marrenta – ele falou e soltou uma gargalhada.

– JACOB, NÃO SE ATREVA A CORRER DEMAIS – apertei ainda mais meus braços e isso o fez rir ainda mais alto.

Ele acelerou fazendo a moto roncar e começar a correr, apesar do meu coração estar quase saindo pela boca e minha respiração estar descompassada a sensação é boa... E estou estranhamente confortável com os braços ao redor desse moreno que me irritou desde a primeira vez que o vi.

– Vai correr hoje à noite? – perguntei antes de controlar minha própria boca.

– Vou sim – ele balançou a cabeça, a voz dele pareceu meio abafada aos meus ouvidos por conta dos capacetes e da velocidade – Por quê?

– Bom... Poderíamos correr juntos – sugeri fechando os olhos.

Mas o que está acontecendo comigo?

– Claro! – ele falou empolgado.

(...)

– Olha só, não é porque você é garota que eu vou te dar moleza – Jacob disse gargalhando ofegante.

– Cala a boca, idiota – murmurei sem conseguir respirar direito.

– Qual é marrenta – ele disse me dando um empurrãozinho – Já cansou?

Rosnei irritada, voltei a correr na frente dele. Jacob está sem camiseta o que piora ainda mais a minha situação e ele logo me alcançou, mesmo correndo todos os dias eu ainda sou uma garota e minha força física é muito menor que a do moreno ao meu lado.

Minha perna resolveu me trair e travar em um momento fazendo-me perder o equilíbrio, Jacob me segurou pelo cotovelo me puxando pra cima antes que eu voasse ao chão. Ele me puxou forte e rápido me fazendo nossos corpos se chorarem, nossos rostos ficaram a centímetros a respiração do moreno batendo em meu rosto me causando leves arrepios.

Perto demais...

Pensei que ele iria mostrar um de seus sorrisinhos cínicos e falar alguma coisa pra me deixar sem graça, porém ele não fez isso. Continuou me encarando nos olhos, segurando-me perto do seu corpo e antes mesmo de conseguir raciocinar para afastar meu corpo dele, senti um impulso me fazendo chegar mais perto. Nossos lábios ficaram a milímetros um do outro e finalmente se encostaram.

Fechei meus olhos e envolvi o pescoço dele com os braços. Um roçar leve de lábios, ficamos assim por um pequeno tempo até que senti a língua de Jacob roçar levemente meu lábio inferior pedindo-me passagem e eu concedi sem pensar duas vezes. A sensação da língua dele na minha foi extremamente prazerosa, Jacob me puxou pela cintura fazendo meu corpo colar com o dele e isso me fez arrepiar.

O beijo começou lento com nós dois apreciando o momento e a cada segundo as coisas começaram a ficarem mais intensas e rápidas. Começamos a nos beijar com uma urgência estranha e possessiva, puxei seus cabelos com uma mão e com a outra arranhei seu pescoço e como resposta ele deslizou uma das mãos pela extensão das minhas costas. Arrepiei-me completamente.

Separamo-nos em busca de ar e nossos olhares se encontraram, nenhum de nós pareceu ficar constrangido ou arrependido do acontecido.

– Muito rápido – falamos ao mesmo tempo.

Sorri timidamente para Jacob e ele me devolveu o sorriso, corresponder ao beijo dele foi bom e satisfatório. Porém eu ainda sinto algo por Jasper e não sei o que é exatamente. Mas depois desse beijo que mexeu com os meus sentidos tenho quase certeza de que Jacob pode me ajudar.



BELLA POV:


– Vamos lá Bella – Emmett me chamou calmamente balançando-me um pouco pelos ombros.

– Saia – murmurei virando para o outro lado.

– Qual é Bella, vem me ajudar – meu irmão me cutucou varias vezes – Se nossos pais virem aquilo eles vão me matar!

– Eu não estou nem ai pra isso – murmurei e peguei meu travesseiro acertando no rosto dele – Agora saia.

Emmett saiu do meu quarto resmungando alguma coisa e eu suspirei aliviada, posso finalmente dormir em paz. Hoje é sábado e por algum milagre eu não preciso arrumar a casa e então posso tirar esse tempo pra dormir e relaxar, até ter que ir a um jantar... Com o nerd.

Quando o sono finalmente voltou e eu senti minha consciência se dispersar, um barulho ensurdecedor tomou conta do meu quarto e eu rolei na cama caindo de cara no chão. Suspirei resignada. MEU NARIZ!

– Mas que ideia é essa? – levantei rápido demais pra uma pessoa que acaba de acordar.

– Eu disse que preciso da sua ajuda – Emmett me olhou desesperado.

– E PORQUE DIABOS VOCÊ PRECISA DA MINHA AJUDA? – gritei já perdendo as estribeiras.

– Bem... – ele começou meio tímido e eu semicerrei os olhos – Eu meio que quebrei o espelho do banheiro.

– Você meio que quebrou o espelho do banheiro? – perguntei tentando assimilar o que acabei de ouvir, ele assentiu. Isso só pode ser brincadeira, explodi em uma gargalhada.

– Para de rir Bella! É SÉRIO – ele gritou desesperado – Renée vai me matar!

– Emmett eu sabia que havia herdado a beleza da família, mas não sabia que você era tão feio a ponto de quebrar o espelho – não perdi a oportunidade de tirar uma com a cara dele.

Ele me encarou sombriamente por um tempo e depois suspirou. Emmett sabe muito bem quando pode e não pode discutir comigo e nesse exato momento é a hora em que ele simplesmente não pode discutir, porque sabe que depende de mim.

Adoro isso!

– Para com isso Bella – ele revirou os olhos – Você precisa me ajudar.

O tom de suplica dele me deixou assustada. Ok. Vamos lá. Ele saiu do meu quarto indo até o banheiro do corredor e eu o segui tão rápido que quase pisei em seu calcanhar várias vezes. Cocei meus olhos sem dar muita importância pra situação toda, afinal deve ter sido só alguma coisinha e Renée vai brigar muito com ele, porém só vai acontecer isso.

Fui acordada pra nada.

– Mas o que... – comecei e parei encarando o espelho.

– Eu te avisei – ele murmurou.

Arregalei os olhos e escancarei a boca. O que eu fiz pra merecer um irmão desses? Ele disse que meio que quebrou o espelho e na verdade, ele conseguiu foi triturar o espelho inteiro! Como ele conseguiu isso?

– Você triturou o espelho – falei ainda em choque – Como você fez isso?

– Eu meio que escorreguei e meio que dei uma cabeçada no espelho – ele coçou a nuca mostrando o quão envergonhado está.

– Você meio que nada, você levou um escorregão e enfiou o cabeção no espelho e triturou tudo – olhei pra ele indignada.

– Ok. Mas o que vamos fazer? – ele me olhou de um jeito pidão.

– Vamos trocar o espelho – dei de ombros.

Fácil, apenas tirar o espelho triturado com todo o cuidado e depois colocar o novo espelho, se desse pra tirar o armário da parede iria ajudar muito.

(...)

Ficamos praticamente meia hora tentando tirar o maldito espelho do armário, porém não conseguimos e a única solução foi trocar o armário inteiro. Fomos até um material de construção e com a merreca que tínhamos só deu pra comprar um negócio ridículo e totalmente diferente do que havia em nossa casa.

Suspirei.

– Isso não está encaixando Emmett, para de ser burro – murmurei encostada na parede.

– Mas isso tem que encaixar! – ele começou a ficar desesperado.

Emmett continuou tentando encaixar o novo espelho com armário na parede, porém depois de uns quinze minutos fazendo uma coisa inútil ele finalmente percebeu que aquilo não estava dando certo. Agora estamos os dois sentados no chão do banheiro, meu irmão suado e com um semblante preocupado e com toda a certeza ele está pensando em quantas formas Renée pode mata-lo.

Já eu, estou sentada no chão com o sono voltando a tomar conta do meu corpo e apenas ouvindo o ronco do meu estômago que está a mais de meia hora protestando por comida.

– BELLA! – ele gritou praticamente no meu ouvido.

– O que é seu imbecil? Eu estou do seu lado... Não precisa gritar – tentei sem sucesso reprimir um bocejo.

– Eu tive uma ideia incrível! – Emmett começou a se animar e eu suspirei.

– Isso não vai dar em boa coisa – murmurei.

(...)

E aqui estamos nós, encarando a parede com intensidade. Não sei por que, mas estou com um pressentimento de que isso não vai dar em boa coisa. Suspirei resignada.

– Tem certeza que sabe usar isso Emmett? – perguntei olhando pra furadeira na mão do meu irmão.

– Claro Bella – ele revirou os olhos – É a coisa mais fácil do mundo.

– Tudo bem Emmett, faça logo isso – revirei os olhos.

Ele suspirou como se criasse coragem e então encostou a furadeira na parede, assim que ela começou a furar uma pequena gota de água caiu na pia. Estranho. Quando percebi já não era uma gota e sim várias gotas que se uniram e começaram a cair como se fosse uma pequena cachoeira. Estranho, novamente. Será que isso era pra acontecer?

– Emmett... – murmurei. Porém ele não ouviu por causa do som chato e irritante da furadeira – EMMETT! – gritei.

Assim que ele desligou e tirou a porcaria da parede senti um jato de água vir diretamente em nossa direção, em poucos segundos nós dois já estamos encharcados e respirei fundo antes de surtar. Porque achei que o tapado do meu irmão teria capacidade suficiente para fazer algo simples assim?

Agora além de um espelho quebrado, temos um cano estourado. Renée vai estourar os nossos miolos isso sim! Ótimo.

– Emmett... – comecei calmamente – EU. VOU. TE. MATAR.

– CALMA BELLA!

E assim eu voei pra cima dele e envolvi seu pescoço com as mãos, mesmo com o banheiro inundado provavelmente já encharcando o corredor eu não estou ligando pra mais nada, quero apenas estrangular esse inútil.

Emmett segurou meus pulsos e me afastou dele com um olhar assustado, só agora ele percebeu que eu não estava de brincadeira quando disse que iria mata-lo.

– Vamos ter que ligar pra... – ele engoliu em seco – Renée.

– Ótimo. Assim ela me ajuda a matar você! – falei deixando-o sozinho no banheiro.

Ou então ela mata seus dois filhos que só sabem lhe dar dor de cabeça.

(...)

– EU VOU MATAR VOCÊS! – Renée gritou assim que o encanador saiu pela porta.

E eu posso afirmar com certeza que ele não estava longe suficiente e conseguiu ouvir o berro da louca, na verdade tenho a sensação que até mesmo os vizinhos tenham conseguido escutar. Renée não está com sua melhor expressão, com os olhos cerrados de uma forma assassina, com o rosto vermelho e as mãos fechadas em punhos.

Presumo que não é um bom momento pra tentar fazer alguma piada sobre a situação, muito menos tentar explicar que a culpa é toda do Emmett. Ela não me dará ouvidos e ainda por cima sobrará tudo pra mim. Suspirei.

– O QUE DIABOS ESTAVAM TENTANDO FAZER? INUNDAR A CASA? – ela continuou berrando, parecia que sua corda vocal iria voar pra fora de seu corpo. – EU DEVERIA MANDÁ-LOS PARA UM INTERNATO DO OUTRO LADO DO MUNDO! Ou seria mais fácil mata-los logo de uma vez? – a ultima parte foi mais pra ela mesma.

Eu e Emmett nos encaramos assustados e meu olhar acusador fez com que meu irmão se encolhesse, ele sabe muito bem que a culpa disso tudo é dele e somente dele. Pela primeira vez na vida – milagrosamente, devo ressaltar – eu não tenho culpa nenhuma. Apenas estava no lugar errado, na hora errada.

O que me faz pensar que nasci na hora errada, na família errada e provavelmente no planeta errado. ÔH garota pra ter azar.

Quando voltei para a terra, minha mãe já estava um pouco mais calma a ponto de ouvir e entender as coisas ao seu redor. Porém não me atrevi a abrir a boca e dessa vez espero que meu querido e imbecil irmão vire homem e assuma seus erros.

– Mãe... – ele começou timidamente, recebendo um olhar mortal de Renée que o fez tremer nas calças.

Eu teria caído na gargalhada se a situação não fosse critica e se não tivesse na mira da fúria que habita o corpo da mulher em minha frente.

– A culpa toda foi minha – ele disse de uma vez só, me deixando de boca aberta e Renée com os olhos levemente arregalados – Eu quebrei o espelho e depois tive a ideia de usar a furadeira pra colocar o outro armário no lugar, fui eu mesmo quem usou a furadeira.

– Não precisa se sacrificar por sua irmã – ela disse em um tom rude – Com certeza tem o dedo dela nisso tudo.

– O QUE? – gritei sem conseguir me conter.

– Não grite comigo mocinha! – ela disse olhando friamente pra mim – Claro que isso é coisa sua, você sempre está arrumando confusão e fazendo as coisas erradas.

– Você veio com o papo de que ia tentar melhorar e a primeira oportunidade desconfia de mim – murmurei ressentida – Emmett já disse que foi ele. Posso ser tudo quanto é coisa, encrenqueira, barraqueira e um imã para desastres... Mas nunca deixei alguém se ferrar por algo que eu fiz – encarei bem os olhos de Renée – E dessa vez, tudo o que tentei fazer, foi ajudar meu irmão.

Sem deixar brecha pra alguma nova discussão dei as costas para os dois e fui para meu quarto. Nesse momento nem mesmo fome eu tenho mais, depois de toda aquela conversa animada que tivemos outro dia e tudo o que ela disse pra mim já percebi que não valeram de nada. Típico da Renée. 

Tranquei minha porta e deitei novamente, estou me sentindo em um filme dramático onde tudo o que a garota faz é brigar com a família e se trancar no quarto para depois encontrar um menino lindo que faz com que ela se sinta especial e blábláblá.

Mas aqui as coisas são diferentes, eu não quero um cara lindo que me faça sentir especial só quero me entender com Renée e ter um pouco de paz. Suspirei fechando os olhos e deixando meu sono me levar.

(...)

Ouvi sutis batidas na porta, abri os olhos com dificuldade percebendo que meu quarto já não está com a luminosidade costumeira. Por Deus, que horas são? Esfreguei os olhos com as costas das mãos e lentamente me sentei meus músculos reclamando por ficar tanto tempo na mesma posição. Tentei achar meu celular no emaranhado de cobertores e quando consegui tal façanha me assustei em contatar já passarem das cinco horas da tarde!

Mais batidas na porta e dessa vez mais fortes e audíveis. Que droga! Levantei com dificuldade e andei calmamente até minha porta, destranquei dando de cara com Renée.

– Oi – ela disse tímida, porém com a voz firme.

– Oi – murmurei me afastando da porta.

– Quero conversar com você – ela disse entrando e quando percebeu que eu não a expulsaria sentou-se em minha cama.

– Sobre o que? – a encarei fixamente.

– Na verdade vim me desculpar, novamente. É difícil pra mim. Eu sei que torno sua vida um inferno às vezes – ela falou e realmente parecia arrependida – Eu nunca fui muito de confiar nas pessoas, você é minha filha, confio em você. Porém, sempre foi você quem se meteu em confusões e aprontou coisas.

– Ok – resmunguei dando as coisas pra ela e indo pegar minhas roupas pra tomar um banho.

– Bella... Escute-me. Eu não fiz por mal, sei que pra você é mais doloroso sempre conviver com a desconfiança de sua mãe e eu estou disposta a fazer alguma coisa com esses meus ataques – ao ouvir isso me virei pra ela, por essa eu não esperava!

– Como é? – perguntei atônita.

– Bom, acho que está na hora de procurar algum tratamento, não é mesmo? – ela riu sem graça – Mesmo que seja yoga.

– Por quê?

– Quero ter minha filha de volta – ela suspirou e sorriu. 

Se eu dissesse que nunca a perdoaria, estaria mentindo. Não sei se essas palavras são verdadeiras, porém eu prefiro me agarrar e acreditar cegamente em minha mãe do que guardar mágoas dela. Afinal, as coisas em família são assim mesmo, não é?

Sorri e corri para abraça-la. Mesmo tendo nossas diferenças e discussões, ainda assim somos mãe e filha dispostas a brigar e nos reconciliar quantas vezes forem necessárias até acertarmos uma com a outra. Também não posso ser leviana e achar que a culpa por tudo isso é somente de Renée, sei que ela é assim comigo porque eu dei motivos – muitas vezes, por sinal.

– Você dormiu bastante – Renée disse assustada.

– Acho que estava com muito sono acumulado – ri e dei de ombros.

– Não é hoje que você tem um jantar romântico? – ela perguntou com a sobrancelha arqueada.

– Não é um jantar romântico, mãe! – murmurei irritada – Falando nisso tenho que me arrumar.

– Se não é romântico... – a voz dela está com um tom de divertimento – Então porque você tem que se arrumar?

Arremessei um travesseiro nela, isso só serviu pra que uma gargalhada escapasse dela.

– É um disfarce!

– Como? – ela parou de rir e me encarou confusa.

Suspirei. Estou surpresa com a minha cota de paciência hoje, colocaram algum tipo de calmante em minha comida ontem. Comecei a contar para Renée meu plano.

(...)

A campainha tocou duas vezes, bufei estressada. Minha peruca não está totalmente arrumada e parece que nenhuma outra pessoa dessa casa tem a capacidade de atender a porta, desci as escadas correndo e parei no ultimo degrau. MAS VÊ SE PODE! Minha mãe jogada em um sofá assistindo TV e meu pai sentado na poltrona lendo um livro.

– Vocês não poderiam ter atendido a porta? – perguntei irritada chamando a atenção dos dois.

– Não é pra mim mesmo – eles falaram juntos e deram de ombros ao mesmo tempo, os dois caíram na gargalhada.

Revirei os olhos, eu cavouquei muito pra ter a família que tenho!

– Ei Bella – meu pai chamou minha atenção – Bella peruca a sua – ele caiu na gargalhada.

Controlei o impulso de mostrar-lhe o dedo do meio e caminhei resmungando até a porta. Tocaram a campainha mais uma vez e pude sentir a veia da minha testa quase estourando. Abri a porta e senti minha boca ficar escancarada.

– Você só pode estar de brincadeira comigo! – falei alto – Eu disse dis-far-ce, nerd.

– Eu estou disfarçado! – ele disse ofendido.

– E desde quando um boné é disfarce? – perguntei com as mãos na cintura.

Acho que gastei toda a minha cota de paciência por hoje, porque sinto que estou a ponto de ter um ataque e bater em qualquer um. Vi ele dando de ombros e entrar sem ser convidado.

– Edward querido – minha mãe disse docemente.

Revirei os olhos. Mais essa agora, meus pais conversando animadamente com o nerd e eu aqui, igual uma idiota segurando a porta aberta. Respirei fundo e sentei-me entre o nerd e Renée todos pararam pra me encarar.

– O que? – perguntei estressada.

– Sua peruca está torta – o Cullen murmurou como se fosse pra não me constranger, mas todos ouviram e caíram na gargalhada.

– Palhaçada – sai resmungando até o banheiro e ajeitando a peruca novamente – Vamos logo, falei pro Emmett que chegaríamos lá antes dele.

– Tudo bem loira – ele riu alto – Até mais Sr. e Sra. Swan.

Andei pisando duro até o carro do Cullen enquanto ouvia suas risadinhas atrás de mim, sem me controlar o segurei pela gola da camisa e grudei seu corpo no carro com brutalidade. Ele arregalou os olhos quando sentiu meu corpo grudar ao dele e empurra-lo cada vez mais contra o automóvel. Nossos rostos ficaram a centímetros de distancia e nossos olhos não perderam o contato nenhuma vez se quer e as respirações descompassadas.

– Acho bom você parar com isso Cullen, estou perdendo minha paciência! – praticamente rosnei pra ele – Sei que você não tem obrigação de estar aqui, porém essa situação não me agrada tanto quanto a você, então colabore e talvez possamos sair vivos desse restaurante.

– Ok – ele disse meio sem fôlego.

Sendo assim soltei sua camisa e afastei meu corpo do dele, surpreendendo a mim mesma meu corpo estava relutante em afastar-se. Estranho, mas não posso negar que gostei da proximidade de nossos corpos e da respiração ofegante do nerd batendo em meu rosto. Sorri de canto. Estou definitivamente ficando louca.

Meia hora depois chegamos ao restaurante e escolhemos uma mesa estrategicamente perto de Emmett e a loira boazuda, que já estavam lá afinal de contas. Meu irmão ao nos ver não me reconheceu e eu revirei os olhos lhe mostrando o dedo do meio, assim ele começou a rir chamando a atenção de Rosalie. Cocei a testa, ela deve estar pensando que ele é retardado mental.

Puxei o Cullen pela nuca para que a loira não pudesse vê-lo direito, afinal ele só está com um ridículo boné como disfarce e ela é prima dele! Com certeza não demoraria em reconhecê-lo e as coisas não iam ficar legais se isso acontecesse. Esta ai a explicação pra ridícula peruca loira que estou usando, fala sério, não combino com o loiro.

(...)

Faz mais de uma hora que estamos nesse maldito restaurante e eu nem ao menos consigo ouvir o que diabos meu irmão tanto conversa com Rosalie, ela realmente parece estar se divertindo, porém eu sei muito bem que uma mulher consegue disfarçar o tédio quando quer e se tratando do meu irmão o sorriso que habita os lábios da loira pode ser do tipo “socorro, quero ir embora daqui logo”.

E ao que parece de tanto que minha atenção estava concentrada na mesa deles aquilo começou a incomodá-la, pois logo Emmett virou a cabeça pra mim fez uma careta e olhou pra ela novamente, com um gesto por baixo da mesa ele fez um dedo do meio. Revirei os olhos, isso significa que é pra parar de olhar e disfarçar.

Assim que meus olhos se desviaram da mesa do casalzinho, me deparei com as esmeraldas do nerd me fitando fixamente. Arqueei uma sobrancelha, esse tipo de encarada não me deixa muito a vontade só que não vou deixar o nerd saber disso. Continuamos com o contato visual por sabe-se lá quanto tempo até que um sorriso magnifico surgiu nos lábios do Cullen.

– Quer comer algo? – ele perguntou com naturalidade. E ao ouvir essa pergunta me lembrei de que não comi nada o dia todo.

– Deveríamos apenas ficar de olho nos dois – murmurei – Porém, como não comi nada o dia todo vou aceitar... Mas não tenho dinheiro algum – disse na maior cara de pau e sorri falsamente.

– Eu vou pagar Bella – ele revirou os olhos.

Depois de pedir e praticamente devorar minha comida em menos de cinco minutos me deparei com o olhar espantado do nerd sob mim, sorri timidamente o que fez com que ele soltasse uma bela gargalhada. E me peguei admirada por esse som.

– Ei, eu conheço essa risada! – ouvi uma voz feminina falar alto.

Olhei pra mesa onde meu irmão e a loira boazuda estão e percebi que a mesma está percorrendo todo o restaurante com os olhos, provavelmente tentando encontrar o primo. DROGA, SEREMOS DESCOBERTOS!

E antes que os olhos dela pudessem chegar até a nossa mesa, em um ato de desespero agarrei a nuca do nerd o puxando pra mim, assim nossos lábios se colaram. E U-A-U. Seus lábios macios contra os meus é uma sensação muito boa e esse meu ato impensado não era pra se tornar nada além de um longo selinho, porém as coisas não continuaram assim.

O nerd passou a língua no meu lábio inferior pedindo calmamente passagem e eu concedi me surpreendi novamente por estar ansiando o contado de nossas línguas – o que não demorou pra acontecer – e assim foi, um beijo leve e calmo. Senti uma das mãos do Cullen acariciar meu rosto levemente e como retribuição acariciei seus cabelos com a mão que ainda se encontra em sua nuca.

E estranhamente mais nada estava habitando minha mente, apenas eu e ele ali. Nosso beijo. Isso é tudo o que importa no momento, nos separamos apenas por um momento pra recuperar o ar e nossos olhares se cruzaram, não há arrependimento nenhum nos olhos dele e com toda a certeza, nenhum nos meus. E essa foi à deixa para que nossos lábios se unissem novamente.

E assim, o nerd mais abusado que eu já conheci em toda a minha vida me deu o melhor beijo de todos os tempos.

Não que eu vá admitir isso pra ele, é claro.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, estou novamente perdoada? Não sei se era o que a maioria esperava tanto Jake e Nessie quanto Bella e Ed, mas não posso fazer a ruiva mudar seus sentimentos do nada e muito menos fazer um beijo romântico da Bella com o nerd, AINDA NÃO, porém, esse beijo romântico, virá.

Acho que esse capítulo ficou, definitivamente, bem grande. Porém, eu quis animar e agradar vocês por sempre me apoiarem e para quem estava perguntando quando o nerd ia mudar o visual, acho que daqui dois capítulos, mas ainda não tenho certeza. Porém, juro que não vai demorar!

Então... é isso, espero que tenham gostado e espero que eu mereça reviews. kkkk logo responderei todos os reviews do capítulo anterior! beijos e até o próximo.