Escuro, era a única coisa que eu podia dizer sobre o baú, escuro e frio.

A cada minuto que passava eu perdia minhas esperanças de quem alguém poderia me ajudar. Eu gritava, chutava, berrava por socorro e nada, então eu me encolhi e escorreguei minhas costas na parede gélida do baú sem fim.

Eu não queria chorar, mas eu não parava de pensar no que poderia acontecer, segurei as lágrimas o máximo que podia e me encolhi mais apertando meus joelhos. Pensei no que Sirius e Lupin iriam fazer, será que eles iriam sentir minha falta? Eu nem consegui dizer a Sirius tudo o que eu tinha para dizer ou todas as perguntas que eu iria fazer sobre Marlene, minha mãe.

Enquanto eu devaneava sobre tudo, uma luz acima de minha cabeça estava me fazendo olhar para cima e num pulo grito de felicidade:

– Harry!.

– Susie? Meu Deus, você está bem? Vou te tirar daí.

Em uma fração de segundos estou ao lado de Harry e de Dumbledore, não sei como fui parar tão rápido lá em cima, mas agradeci mentalmente por estar ao lado de Harry, ele segura minha mão tremula e fala:

– Está tudo bem.

– Harry, eu...

– Você vai ficar bem, vamos embora, temos que te levar até a enfermaria.

– Potter, acho melhor eu acompanha-la.

Harry não diz nada e se vira para Dumbledore, me deixando ser guiada por Severo Snape até a ala hospitalar, chegando lá vejo Rosemary deitada numa maca e Silene sentada ao seu lado, Madame Pomfrey me guia até a uma cama do lado da de Rosemary, Silene percebe que eu estou ali e assim que Madame Pomfrey sai ela fala:

– Susie, o que ouve? Você sumiu.

Conto a ela o que aconteceu, sobre Moody não ser Moody e sim o filho de Barto Crouch, contei tudo a ela.

– Nossa, depois que você saiu as coisas ficaram malucas, mas o pior foi o resultado do torneio.

– Quem ganhou?.

– Harry ganhou.- Rosemary diz sem animo.

– Mas Harry ganhou Si, estávamos torcendo por ele, por que está assim?.

– Susie, o Cedrico, ele morreu.

Eu gelo, me sento na cama e encaro Silene.

– Por favor, me diz que está brincando.- falo quase chorando, mas deixo escapar uma lágrima.

– Susie, Rosemary teve um surto, começou a chorar e a tremer, Cho a menina da Corvinal, não conseguia parar de chorar, o pai de Cedrico, bem, você pode imaginar como ele estava.- eu estava chorando.

– C-Como ele morreu?.

– Realmente não sabemos, o único que sabe é Harry, ele disse que a Taça do torneio era a chave de um portal, que levou ele e Cedrico até Você-Sabe-Quem, e Cedrico morreu, morto por ele.

Me deito na maca e choro novamente Silene segura minha mão.

– Eu sinto muito Susie, sei que ele era seu amigo.

– Eu nunca tive muita intimidade com ele mas, sim ele era meu amigo.- choro ainda mais.

Choro por pensar que eu não tive chance de deseja-lo boa sorte.

E se fosse com Harry? E se Harry estivesse morto?.

Não consigo parar de pensar que darei adeus a um amigo.

(....)

– O fim - disse Dumbledore olhando para todos - de mais um ano.

Ele fez uma pausa e seu olhar pousou na mesa da Lufa-Lufa. A mais silenciosa de todas antes do diretor se levantar, e continuava a ser a mais triste e de rostos mais pálidos do salão.

– Há muita coisa que eu gostaria de dizer a todos vocês esta noite mas, primeiro, quero lembrar a perda de uma excelente pessoa, que deveria estar sentado aqui - ele fez um gesto em direção à mesa da Lufa-Lufa - festejando conosco. Eu gostaria que todos os presentes, por favor, se levantassem e fizessem um brinde a Cedrico Diggory.

Todos obedeceram, os bancos se arrastaram e os alunos no salão se levantaram e ergueram seus cálices e ouviu-se um eco uníssono, alto, grave e ressonante:

– Cedrico Diggory.- olhei para Rosemary que não conseguiu conter as lágrimas, levei meus olhos em direção a Harry, ele observava Cho Chang, havia lágrimas nos olhos da garota, silenciosas, mas visíveis.

Ele baixou os olhos para a própria mesa quando todos tornaram a se sentar.

Eu estava triste, queria poder chorar, mas eu não conseguia, não com todos a minha volta, de uns tempos para cá descobri que sofrer sozinha era uma das medidas boas a ser tomada, mesmo eu tendo chorado com Silene na enfermaria.

– Cedrico era o aluno que exemplificava muitas das qualidades que distinguem a Casa da Lufa-Lufa - continuou Dumbledore. - Era um amigo bom e leal, uma pessoa aplicada, valorizava o jogo limpo. Sua morte nos afetou a todos, quer vocês o conhecessem bem ou não. Portanto, creio que vocês têm o direito de saber exatamente como aconteceu.

Harry ergueu a cabeça e encarou Dumbledore.

– Cedrico Diggory foi morto por Lord Voldemort.

Um murmúrio de pânico varreu o Salão Principal. As pessoas olharam para Dumbledore incrédulas, horrorizadas. Ele parecia perfeitamente calmo ao observar os presentes até pararem de murmurar.

– O Ministro da Magia - continuou Dumbledore - não quer que eu lhes diga isto. É possível que alguns pais se horrorizem com o que acabo de fazer, ou porque não acreditam que Lord Voldemort tenha ressurgido ou porque acham que eu não deva lhes informar isto por serem demasiado jovens. Creio, no entanto, que a verdade é, em geral, preferível às mentiras, e qualquer tentativa de fingir que Cedrico Diggory morreu em consequência de um acidente ou de algum erro que cometeu é um insulto à sua memória. Há mais alguém que deve ser mencionado com relação à morte de Cedrico - continuou Dumbledore. - Estou me referindo, naturalmente, a Harry Potter.

Um murmúrio atravessou o salão e algumas cabeças se viraram em direção ao garoto antes de tornarem a fitar Dumbledore, eu continuei o olhando, e eu estava sentindo pena de Harry, por tudo o que ele estava passando.

E por tudo o que ele vai passar.

– Harry Potter conseguiu escapar de Lord Voldemort. E arriscou a própria vida para trazer o corpo de Cedrico de volta a Hogwarts. Ele demonstrou, sob todos os aspectos, uma bravura que poucos bruxos jamais demonstraram diante de Lord Voldemort e, por isso, eu o homenageio.

Dumbledore virou-se solenemente para Harry e ergueu sua taça mais uma vez. Quase todos os presentes no Salão Principal seguiram seu exemplo. E murmuraram seu nome, conforme tinham murmurado o de Cedrico, e beberam em sua homenagem.

Quando todos se sentaram mais uma vez, o diretor continuou:

– O objetivo do Torneio Tribruxo era aprofundar e promover o entendimento no mundo mágico. À luz do que aconteceu, o ressurgimento de Lord Voldemort, esses laços se tornam mais importantes do que nunca.

O olhar do diretor foi de Madame Maxime e Hagrid a Fleur Delacour e seus colegas de Beauxbatons, daí para Krum e os alunos de Durmstrang à mesa da Sonserina. Krum, Harry observou, parecia preocupado, quase temeroso, como se esperasse Dumbledore dizer alguma coisa desagradável.

– Cada convidado neste salão - disse o diretor e seu olhar se demorou nos alunos de Durmstrang - será bem-vindo se algum dia quiser voltar para cá. Repito a todos, à Luz do ressurgimento de Lord Voldemort, seremos tão fortes quanto formos unidos e tão fracos quanto formos desunidos. O talento de Lord Voldemort para disseminar a desarmonia e a inimizade é muito grande. Só podemos combatê-lo mostrando uma ligação igualmente forte de amizade e confiança. As diferenças de costumes e língua não significam nada se os nossos objetivos forem os mesmos e os nossos corações forem receptivos. Creio - e nunca tive tanta esperança de estar enganado - que estamos diante de tempos negros e difíceis. Alguns de vocês, neste salão, já sofreram diretamente nas mãos de Lord Voldemort. As famílias de muitos já foram despedaçadas. Há apenas uma semana, um aluno foi levado do nosso meio.

''Lembrem-se de Cedrico Diggory. Lembrem-se, se chegar a hora de terem de escolher entre o que é certo e o que é fácil. Lembrem-se do que aconteceu com um rapaz que era bom, generoso e corajoso, porque ele cruzou o caminho de Lord Voldemort.

Lembrem-se de Cedrico Diggory."

(....)

Depois da cerimonia todos se reuniram em volta do pátio e fomos nos despedir dos alunos da Durmstrang e as alunas de Beauxbatons e estranhei as boas maneiras de Leonard perante a mim, ele passou quase o ano inteiro sem me ver e foi muito gentil em me dar um presente, Silene não estava com um ar muito bom, mas depois que um aluno da Durmstrang chamado Justin começou a conversar com ela sua tristeza foi embora:

– Não poderia ter sido mais dificil.

– Harry.- Harry esta com a cabeça baixa olhando para seus pés, pego sua mão e as acaricio, num gesto de carinho.

– Eu sei que as coisas não vão ser fáceis, tudo vai mudar, uma hora ou outra isso ia acontecer.

– Eu sei, mas não tinha que ter levado uma pessoa inocente.- abaixo a cabeça, pensei em Cho e como ela estaria, penso em Sirius e como eu iria lhe explicar da cicatriz que estava atrás da minha orelha, penso nas coisas que vão mudar.

– Nada é justo, mas temos um ao outro, temos Rony e Hermione, temos nossos amigos.

Harry sorri e me puxa para perto de Rony e Hermione, que estava falando com Krum, e a cara de desanimação de Rony me fez gargalhar.

– Que bicho te mordeu Rony?.

– Cala a boca baixinha.- Rony diz brincando, coloco minhas mãos na cintura e finjo estar ofendida.

– Baixinha?.- subo em cima do banco e me jogo em suas costas.- Quem é baixinha agora?.- Harry começa a rir e Hermione sem perceber deixar Krum falando sozinho.

Era incrível como eu gostava de fazer as pessoas rirem mesmo em situações dificeis.

Desço de cima de Rony e vou andando até Rosemary, que estava falando com Chester, os dois se viram juntos quando percebem minha proximidade, abraços os dois envolvendo meu braço nos ombros de Chester e Rosemary:

– Susie, você está bem?.

– Ótima, por que não estaria?.- digo sorrindo.- O que vão fazer nas férias?.

– Bom, ficar em casa estava no topo da lista.- brinca Chester.

– Os dois, estão convidados para me visitar, é só me mandar uma carta.

– Eu adoraria Susie!.- diz Rosemary animada.

Observo Draco me olhar do outro lado do pátio, ele está rindo, rio junto e lhe dou um aceno com a mão, ele retribui discretamente e eu sorrio, Chester pega Rosemary pela cintura e a rodopia no ar, nós três riamos da situação como crianças, como nós eramos antes.

As coisas não podiam estar melhores.

Quando os alunos da Durmstrang e as alunas de Beauxbatons vão embora, sinto que as coisas vão mudar, tudo vai mudar, todos nós vamos mudar, de certa forma o que Dumbledore disse era verdade.

Não importa de onde viemos, nossas línguas ou nossas crenças, nossos corações batem como um só.

Ando até Harry, Rony e Hermione, os dois estão olhando para a paisagem do lago onde o barco da Durmstrang some aos poucos, pego a mão de Harry e a seguro ele olha para mim e sorri, um sorriso de compreensão ele entende que tudo será diferente.

Fim do Ano Quatro.