Eu acordei com os olhos inchados e vermelhos, talvez eu tivesse chorado, tentei esquecer o que aconteceu noite passada mas eu não conseguia, ver meu tio daquele jeito me deixava triste.

Andei pelo corredor para ir ao banheiro lavar o rosto, e lá estava Rosemary lavando as mãos:

– Susie, Feliz Natal!

– Feliz Natal Rosemary!.- eu disse tentando disfarçar minha tristeza.

Eu acho que ela percebeu porque eu olhei para baixo e sequei os olhos, quando eu ia sair do banheiro e deixar ela sozinha mas, ela veio atrás de mim

– Susie, está tudo bem?

– Sim.- eu disse, mas sem que ela não acreditou na minha desculpa.

Fomos para o quarto e nos trocamos,quando descemos a escada na mesa da sala estava escrito em um papel branco ''Meninas tive que sair, volto de noite. Dominique''. Quando li pensei que ficaria em casa com Rosemary, mas ela abriu um sorriso um pouco suspeito, ela pulou de alegria disse:

– O melhor Natal de todos, vem Susie.- ela disse pegando minha mão.

– Vamos aonde? Nós podemos sair de casa?.

– Não vamos sair, vamos ficar no quintal.

Fomos até a cozinha, aonde tinha um porta dos fundos, lá tinha um quintal cheio de neve, era enorme e muito bonito, tinha dois balanços e um escorrega, Rosemary tacou uma bola de neve em mim, e riu, eu não entendi muito bem e fiquei olhando pra ela desconfiada.

– O que é isso Rosemary?.

– Susie, é uma brincadeira, parece que nunca brincou na vida.- pior que eu só brincava mesmo com minhas bonecas que eu ganhava de meu tio e as vezes via as crianças brincarem na rua, nunca fui boa de fazer amigos, mas quando entrei em Hogwarts tudo mudou.

Peguei uma bola de neve e taquei em Rosemary, então começamos uma ''guerra de neve'', foi divertido, depois brincamos de fazer anjos de neve, eu nunca brinquei tanto na minha vida, de tarde entramos e comemos algumas coisa, mesmo sozinha em casa sabíamos cozinhar,o legal foi quando Rosemary fez chocolate quente com marshmallow, ficou uma delícia, quando saímos da cozinha fomos para o quintal de novo, foi quando vi um menino sair correndo quando viu nós duas.

– Eí, espere!.- eu gritei.

Saí correndo atrás dele, para minha surpresa ele havia sumido, Rosemary estava atrás de mim e disse:

– Vamos voltar, talvez não fosse ninguém.

Quando nos viramos tomamos o maior susto de nossas vidas,o menino pulou de trás do escorrega e gritou com o sentido de nos dar um susto, Rosemary gritou:

– CHESTER, SEU MALUCO, PODIA TER NOS MATADO!.

– Devia ter visto a sua cara.- o garoto de cabelo cacheados não parava de rir.

Rosemary apenas dava tapas em seu ombro e ele apenas ria, depois de toda essa confusão, Rosemary me apresentou:

– Chester, essa é Susie, Susie esse é Chester.- ela disse me apresentando ao menino de luvas azuis.

– Acho que não foi legal de minha parte dar um susto em você.- ele disse sem graça.

– Não foi mesmo.- disse e ele riu.

Ele tinha cabelos cacheados, seus olhos eram verdes, ele era um pouco magro e ele tinha covinhas, eu não sei porque eu ficava meio sem graça perto de Chester, ele era engraçado e sempre brigava com Rosemary, não era uma coisa de inimigos era um coisa de amigos,como Rosemary fala ''zoação''. Nos sentamos na neve e conversávamos:

– Então Susie, Rosemary disse que você estuda em Hogwarts.

Olhei para Rosemary com um olhar de reprovação, não era pra ela falar para nenhum trouxa.

– Não se preocupe, ele também é de uma família de bruxos, só não recebeu sua carta.

– Por que vocês ainda não receberam?.

– Nós não sabemos, faz dois anos, isso é chato.- disse Chester.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, Chester olhava para mim com um olhar de curiosidade, era meio chato, eu me sentia meio envergonhada, e um pouco feliz, Rosemary se levantou e disse:

– Vamos brincar.

– De que?.- perguntei.

– De pique esconde, é assim, uma pessoa conta e as outras se escondem, a pessoa que está contando tem que achar as outras se achar ele ganha.

– Tá com o Chester?.- eu disse apontando pra ele.

– Eu, por que eu?.

– Porque você é um chato e leso.- disse Rosemary.

Eu começo a rir e ele ficou sem graça, eu, Rosemary e Chester fomos pra dentro de casa, Chester começou a contar de olhos fechados, então eu e Rosemary saímos correndo. Ela se escondeu perto da cozinha aonde tinha o armário de comida, eu subi até o segunda andar, aonde tinha um quarto, acho que era de Dominique, lá estava cheio de retratos e coisas do colégio.

Me escondi dentro de seu closet, aonde Chester não podia me ver, mas eu acabei encontrando uma caixa. Eu não era curiosa, mas aquela caixa estava me deixando meio que nervosa, então eu a abri. Lá estava um jornal, era o Profeta Diário, era uma data antiga que tinha a seguinte matéria:

''Profeta Diário 02/11/1981.

Na noite do dia 01/11/1981,Sirius Black foi pego em flagrante pelo assassinato de 12 trouxas e de Peter Pettigrew, seu amigo de escola, em depoimento o acusado disse que foi o próprio que fez isso e se transformou em um rato,mas os peritos encontraram uma parte do corpo de Peter, o seu dedo mindinho. Sirius Black foi condenado a prisão perpetua em Askaban''.

Eu não tive reação, era mentira, só podia ser mentira, eu joguei o jornal de volta na caixa, e comecei a chorar, como isso é possível? Não pode ser. Eu me deitei no chão do closet e acabei adormecendo.

4 horas depois, aparece Chester e Rosemary,eu abri a porta do closet, Rosemary me abraçou, coisa que eu fiquei um pouco assustada:

– O que aconteceu? Ficamos um tempão te procurando.

– Está chorando?.- perguntou Chester.

Ele deve ter percebido meus olhos vermelhos e inchados.

– Susie o que está acontecendo?.- perguntou Rosemary irritada.

Meu olhos se encheram novamente de lágrimas e eu abracei Chester e Rosemary, só de pensar que eu tinha amigos eu já ficava feliz.

Eu fiquei no quintal, pensando sobre as coisas que aconteceram, disse a Rosemary que queria ficar sozinha, fiquei sentada sobre a neve gelada e macia, a neve que caia do céu, deixava leves rastros em meu rosto e em meu cabelo, meus lábios estavam gelados, mas assim mesmo não queria voltar para dentro.

– Você está bem?- perguntou uma voz leve e calma, que eu conhecia.

– Estou, só quero ficar um pouco sozinha.

– Sei que acabamos de nos conhecer mas, eu acho que você deveria se abrir com alguém.- eu mesmo não achando muito que Chester queria ser meu amigo, eu contei a ele:

– Se você descobrisse,alguma coisa sobre seu passado, mas que é horrível e pode mudar tudo, o que você faria?.- ele parou por um minuto, ficou olhando pra mim, pegou uma mecha de meu cabelo que estava sobre minha pele gelada e colocou atrás de minha orelha, ficamos nos olhando por um tempo, depois ele abaixou a cabeça e disse:

– Seu passado não pode ser pior que o meu, minha mãe me odeia, meu pai e uma pessoa má, fez coisas horríveis, mas acho que você não deveria ficar assim. Você tem amigos é como se fosse sua segunda família.

Eu sorri, a pensar que ele estivesse certo, a pensar que Chester fosse mesmo meu amigo. A pensar que a partir daquele abraço que ele me dera antes de ir embora, mudaria completamente meus sentimentos.