- Lily Evans! – uma voz logo atrás de mim exclamou.

O Salão dos Potter estava magnífico. Pinheiros enfeitados pelos cantos, fadas voando em volta da pista de dança e velas flutuando por cima das mesas, suas luzes bruxuleantes refletindo sobre as janelas. O baile em si também estava maravilhoso. Pessoas dançavam, riam e se divertiam.

- Professor Dumbledore! – exclamei ao ver o bruxo mais velho (põe mais velho nisso) sorrindo radiante.

- Como vai Lily? Fiquei sabendo que você e James finalmente estão juntos...

- Ah, sim estamos, é... – pigarreei tentando me livras do nó que se formara em minha garganta – Estamos namorando sim.

- Esplêndido! Fico realmente feliz pelos dois, talvez você ponha um pouco de juízo na cabeça daquele maroto... Oh, com sua licença senhorita Evans, mas estou avistando aqui o que me parece creme de canário, e eu particularmente amo creme de canário.

- Sem problemas... – ri e me virei para a pista de dança. Imediatamente o riso se transformou em raiva quando vi Carlotta pendurada ao pescoço de James, ele com cara de quem comeu e não gostou. Eu não comi nada, mas definitivamente não gostei do que vi. Pois ele que aproveite os braço de Mazonni, ninguém mandou ser tão idiota. Bufei e fui pisando forte até os jardins, e avistei Marlene com uma taça de vinho na mão, parecendo um tanto quanto infeliz.

- Você e Sirius brigaram? – perguntei, me sentando no banco ao lado dela. Ela se sentou também e me olhou emburrada.

- Depende. Se você chama ficar com raiva do seu namorado por causa de uma crise aleatória de ciúmes e chama atenção dele por isso, brigar então... Sim.

- Ele não é o único com ciúmes aqui. – resmunguei.

- O que?

- Nada... Mas ele estava com ciúmes de quem?

- Sabe o Adam Prewett? Irmão da Alice? – ela suspirou e continuou – Eu estava conversando com ele e ele me disse que tinha conseguido conquistar a garota dele por causa de meus conselhos e então... Ele me abraçou agradecido, Six viu, ficou com ciúmes e não fala mais comigo desde então.

- Nossa... Você deveria dar uns tapas nesse se namorado, sabe?

Ela riu e tomou um pouco mais do vinho.

- Sim, eu sei. Mas e você, Lils? Onde está o seu "namorado-de-mentira-que-na-verdade-queria-que-fosse-de-verdade"?

- Abraçado á vadia da Mazonni. Mas deixem os dois. São solteiros, desimpedidos e...

- Apaixonados.

- O que? – A olhei espantada, a voz saindo trêmula.

- Ora vamos Lily, todos sabem que Carlotta é "apaixonada" por James desde não sei quanto tempo e ele... Bem, ele é apaixonado por você desde o terceiro ano.

- Não sei se acredito nisso.

- Não acredita no que? – uma voz conhecida falou, dando lugar a um lindo e maravilhoso e... Idiota James Potter.

- Nada... O que está fazendo aqui? Não deveria estar se agarrando com sua amiguinha?

Ele riu e balançou a cabeça.

- Lily, quantas vezes eu terei que dizer que eu só tenho olhos para uma garota,e que essa garota é você?

- Você é impossível, Potter...

- Vai me dizer que ficou com ciúmes, Evans?

- Eu não fiquei com ciúmes, Potter.

Marlene pigarreou e se levantou.

- Já vi que estou sobrando... E Lils?

- Sim.

- Você é expert em não acreditar nas coisas bem diante dos seus olhos. – e saiu.

James me olhou confuso enquanto eu tentava não pensar no assunto.

- Sobre o que ela estava falando?- ele perguntou.

- Nada...

Ele me olhou nos olhos e todo mundo não parecia existir mais. Esses malditos olhos castanhos esverdeados que nunca saem de minha mente. Esses olhos que parecem transbordar mistério, mas quando os fito com intensidade o suficiente parecem deixar transparecer toda a alma. A parte que eu mais gosto de sua anatomia (tirando o tanquinho, claro) são os olhos.

- Sabe Lils... – ele se sentou ao meu lado, colocando os braços em volta de meus ombros – Poderia ser essa noite.

- O que poderia ser essa noite? – o olhei confusa.

- Que você poderia me perdoar. – ele me olhou, sua respiração sobre a minha, nossos narizes quase a se tocar.

- Por favor, James. – sussurrei, segurando as lágrimas – Não me peça isso, você sabe bem por que...

- Mas Lily, eu te amo!

Eu levantei me soltando de seus braços, quase chorando.

- Mas que droga, eu também te amo! É isso que queria ouvir? – ele me olhou espantado, enquanto eu tentava limpar as lágrimas desesperadamente. – Mas e quando voltarmos á Hogwarts? Como me garante que não vai me largar e correr atrás do primeiro rabo de saia? Você já me provou isso ontem.

- Duas pessoas que se amam deveriam ficar juntas. – ele me olha suplicante. Reprimo o impulso de abraça-lo e dizer que está tudo bem, mas não está. Nada está bem.

- Pense ao menos uma vez na vida, James. Você disse que me ama, mas não tem como me provar sendo que tudo o que faz é imaturo, agindo em impulso! Eu não posso fazer isso eu...

- Quem não pode fazer isso sou eu. – ele também se levantou a raiva estampada em seus olhos. Nunca tinha visto James com raiva de qualquer coisa, e confesso que isso doeu, e muito. – Desde o terceiro ano que eu sou apaixonado por você e tudo o que fez foi me esnobar. Tudo bem, eu era um idiota imaturo, não pensava nas consequências, brincava na hora errada. Mas eu mudei Lily. Eu cresci.Só você não quer enxergar isso e continua me tratando como criança. Eu errei, e feio. Deveria ter lhe dado espaço, deveria ter tido paciência, mas quando eu te vi ali, do meu lado, sorrindo pra mim sem nenhum tipo de objeção eu não pude me segurar e... Essa é a ultima vez que vou pedir pra que me perdoe, mas dessa vez não vou esperar sua resposta. Dói, sabia? Dói ter que sorrir todas as vezes que você me chama de amigo, e dói saber que você me ama, mas não me quer por conta de orgulho.

E então saiu me deixando sozinha. Tudo o que eu queria era voltar no tempo e não aceitar aquele maldito convite, voltar a odiar Potter. Mas está feito. Arruinei minha vida me apaixonando pelo ultimo cara na galáxia do qual eu certamente não podia me apaixonar, minha irmã me odeia e meus pais estão mortos.

Minha vida é uma merda. Agora cá estou eu debulhando-me em lágrimas, chafurdando na própria desgraça enquanto todos aproveitam o maldito baile. Qual o meu problema? Tudo o que penso sempre é direcionado a algo relacionado ao nome "Potter". O céu é azul? A calça do pijama de James também. Borboletas voam? James Potter também voa. Esse maldito nome não sai de minha cabeça.

Bem que tudo poderia voltar a ser como era antes. Na época em que ele me chamava para sair com cantadas baratas e eu respondia com gritos de raiva. Na época em que eu não reparava no jeito em que nunca parava de sorrir, ou na maneira despercebida, até três dias atrás, extremamente irritante, que bagunçava os cabelos. Na época em que o nome "Lily" não soava perfeito sendo pronunciado por seus lábios. Na época em que eu não estava completamente apaixonada. É, Lily Evans... você está no fundo do poço. Quem diria que a Monitora-Certinha-Evans se renderia ás graças do maroto James Potter.

Não me dei conta de quanto tempo fiquei ali sentada, tentando controlar meus soluços, só sei que somente me liguei á realidade quando Remus me achou caindo aos pedaços.

- Lily,o que houve? – ele me abraçou deixando que eu chorasse á vontade.

- Ja-James me odeia. – sussurrei entre soluços. – Ele desistiu, Rem... Ele desistiu de tudo.

- Shhhh Lils, calma. Pode me contar o que houve?

- Eu me odeio, sou uma pessoa horrível, eu o magoei e acabei me magoando também...

Ele me olhou compreensivo.

- Você o ama, não é?

- Sim.

- Então porque não ficam juntos?

- Porque eu sou uma idiota, não consigo acreditar em nada que ele diz.

- Bem, se é por isso, por que não pensa ao contrario?

- Como assim? – funguei, secando o rosto com as costas das mãos.

- Por que você não consegue acreditar nele? Por ele, ou por seu orgulho?

...

Depois da minha conversa com Remus, subi para meu quarto e pensei sobre o assunto, e acabei dormindo sobre minhas lágrimas. Eu sei, depois do tanto que chorei na noite anterior eu ainda tinha forças para me martirizar.

Acordei com alguém batendo na porta, com o rosto provavelmente vermelho e inchado de tanto chorar.

- Lils. – era Sirius – Posso entrar?

- Pode. – murmurei e deitei novamente, me enrolando nas cobertas como um casulo.

- Hey, está tudo bem?

- Parece estar tudo bem, Six?

Só então percebi que ele estava com um presente na mão.

- Feliz Natal. – ele sorriu e me entregou o embrulho.

- Ah, Six... Não era preciso. – o abracei e levantei procurando a mala que tinha trago de presentes. – Comprei de ultima hora então... Feliz Natal.

- Obrigada.

Era uma caixa média, coberta de pinheiros de natal, com uma neve enfeitiçada caindo sobre eles. Abri com cuidado, com medo de estragar. Era um suéter bordado escrito "Srta Evans". E então tudo veio á tona, junto com a saudade que eu sentia de meus pais.

- Ei, Lils... O que houve? – Ele me olhou preocupado.

- É que... Eu sinto tanta falta deles.

- De quem? Seus pais?

- Sim.

- Ei, vai passar. Com um tempo a dor passa.

O olhei com surpresa.

- Ah, James lhe contou.

Ele sacudiu a cabeça negativamente.

- Eu ouvi a conversa de você no Salão Comunal, me desculpe.

Ri e sacudi a cabeça, agradecida por tê-lo por perto.

- Obrigada pelo presente... Como sabe que eu amo delícias gasosas? – ele perguntou, pegando uma da caixa que lhe dei.

- Marlene.

- Ah.

- Six.

- Sim. – ele me olhou com falsa inocência.

- Você é um idiota. Não precisa ficar com ciúmes da Lene!

- Eu sei. E Lily?

- Sim?

- Você é uma idiota.

Suspirei e deitei a cabeça em seu colo.

- Eu sei.

- Vou te contar um segredo, mas isso não sai daqui, certo? – confirmei com a cabeça – Carlotta beijou James. – imediatamente meus olhos encheram-se de lágrimas. – Shh, calma. Quando ela o beijou, foi de surpresa, e na mesma hora Pontas a empurrou. "Vamos, James... Só um beijinho. Você nunca foi de uma mulher só." Mas ele simplesmente sorriu triste e falou: "Desculpe, mas meu coração pertence somente a uma pessoa." Vai acreditar agora?

Foi então que eu soube. Eu realmente estava sendo orgulhosa, e não aceitava o fato dele ter amadurecido. Na verdade não foi orgulho, mas sim insegurança. O que um cara como James iria querer como uma garota como eu? Talvez segurança, conforto. Talvez ele não tenha escolhido se apaixonar por mim assim como eu também não escolhi me apaixonar por ele. Mas essa é a questão. Tudo foi inesperado e de repente eu estava amando estar em sua companhia, sofrendo quando ele não estava ao meu lado, tentando entender o que estava acontecendo. E o que estava acontecendo era que ele realmente me amava e eu o fiz desistir de tudo. A frase de Lene ecoou em minha mente.

"Você é expert em não acreditar nas coisas bem diante dos seus olhos". E ela estava se referindo á James. E ao quanto eu fui burra em nunca ter percebido algo tão na cara.

- Ele não vai querer nem olhar na minha cara.

- Tem certeza? –perguntou um Sirius incrédulo – Ele fez muitas besteiras e não é por que você cometeu um pequeno erro que ele vai desistir. Ele te deu o tempo que pediu. Você realmente acha que depois do que ele disse á Mazonni quer dizer que ele desistiu de você?

E isso me deu uma pontada de esperança. Ao menos eu vou tentar falar com ele. Beijei Sirius no rosto e gritei um "Você é o melhor!" pelo ombro enquanto corria para o banheiro tomar um banho e me arrumar.

Desci as escadas correndo e quando cheguei à cozinha congelei. Todos estavam ali.

- Bom dia Lily! O que aconteceu com você ontem? Não te vi no baile. – Sara perguntou.

- Eu... Passei mal, deve ter sido algo que comi. – falei com ela, mas meu olhar estava apenas direcionado á James, que continuava comendo seu café com a cabeça baixa. – Feliz Natal a todos e... Sr e Sra Potter, obrigada por tudo.

- Ora, você sabe que pode contar com os Potter sempre, Lily. – Charles disse.

- Obrigada. E... James? – ele levantou a cabeça e me deu um sorriso triste – Posso falar com você por um minuto?

Ele pareceu surpreso, mas não fez objeções quando o arrastei para os jardins. Ignorei totalmente meu estomago embrulhado e meu coração prestes a sair pela boca.

- Sirius me contou sobre Carlotta.

Ele arregalou os olhos parecendo desesperado.

- Lily, não é isso que você está pensando, eu não quis beija-la, eu...

- Shhh. – coloquei o dedo indicador em sua boca, fazendo-o se calar. – Sei o que você disse.

- Sabe? - o maroto parecia encabulado.

- Sei. – sorri – E me deu algo para acreditar. Desculpe-me James, por ter sido tão hipócrita e orgulhosa. Na verdade eu só estava insegura. Eu entendo se não quiser ficar comigo, mas...

Ele riu.

- Insegurança? Você não precisa se sentir insegura a respeito disso, Lily. Você é a única que eu quero. – e quando eu fiz questão de rebater ele acrescentou: - Me desculpe você por fazer-lhe sentir insegura. E por tudo que eu te fiz ao longo dos anos, por ontem e na festa. Eu irei entender se não me quiser.

E ele me fitou com intensidade, despejando ali todas as desculpas não feitas, todas as palavras não ditas. E eu sabia o que ele queria me dizer, por que eu também queria dizer.

- Mas é claro que eu te quero. – consegui sussurrar, pois ele estava se aproximando, colocando a mão em minha cintura, eu colocando as mãos em volta do seu pescoço, ele me puxando para perto. E por fim, nossas bocas se tocando.

Não foi um beijo urgente, foi calmo, apaixonado e paciente. Como se quiséssemos desfrutar cada momento dele. E é claro que queríamos.

Quando nos separamos, ele encostou a testa na minha, e sussurrou:

- Eu te amo.

Arrepios percorreram por meu corpo. Sorri e lhe dei um beijo rápido.

- Eu também te amo.

Ele riu e me aconchegou em seus braços. Eu sorri e queria ficar ali para sempre.

- E James?

- Hmm?

- Feliz Natal.

Ele beijou meu cabelo de disse:

- Feliz Natal, meu anjo.