Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 6
O Nascimento de Revan


Notas iniciais do capítulo

Prometi e aqui estou!

Gente, como vocês são maravilhosos! 31 reviews em uma semana, vocês fizeram minha vida muito mais feliz.

Não vou enrolar vocês. Só quero deixar todos avisados que o capítulo 14 não saiu ainda mas eu VOU terminar essa noite.

IMPORTANTE: Inicialmente eu escrevi o nome de Harry como Harry mas depois eu os mudei para Revan para que vocês se acostumem com o nome. Como foi automático, podem haver coisas como "Revan Potter". Apenas me mostrem onde o erro está que será corrigido!

Sem mais,

Ao capítulo!



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CAPÍTULO 6

THE BIRTH OF REVAN

Harry pulou da plataforma para se desviar de um feitiço paralisante no mesmo tom de verde esmeralda que seus olhos e da maldição da morte, rolando no chão para amortecer o impacto. Ele estava decepcionado a saber que a maioria das coisas teóricas que ele havia aprendido durante os anos no orfanato mal serviam em batalha.

A ideia de Voldemort testá-lo antes da chegada de Regulus Black, o suposto irmão morto do padrinho de Harry, foi aceita prontamente por Harry, que estava disposto a mostrar que ele não era inútil, mas conforme os segundos passavam, o suor se acumulava nas roupas de Harry, sua visão estava embaçada e ele estava prestes a jogar a toalha.

O porão da mansão Riddle estava longe de ser um bom centro de treinamento, mas era o melhor que tinham no momento. Os móveis usados serviam de proteção, e as colunas de madeira podres eram ótimas para serem derrubadas e levantar poeira. Lutar contra um alvo que não tinha corpo era impossível, Harry decidiu, ao perceber que o máximo que ele podia fazer era distrair Voldemort, enquanto ele, depois de se “alimentar” de Harry, roubando parte de sua magia, poderia matar o menino facilmente.

Harry se concentrou no sofá atrás de Voldemort até que ele explodiu em chamas, e a distração funcionou: Enquanto o fantasma olhava o sofá, Harry desapareceu. Ele esperou pacientemente debaixo de uma mesa para tentar escapar mais uma vez (já que ele não ganharia a luta, ele tentaria fugir) quando sentiu algo pontudo contra sua nuca. Harry congelou, reconhecendo o objeto não visto há muito tempo.

“Quem é você e o que está fazendo aqui?” sussurrou uma voz rouca, deslizando a varinha pelo pescoço de Harry até ficar face a face com o menino. Mais nenhum feitiço foi lançado por Voldemort, o fantasma apenas observou a interação dos dois com um sorrisinho no rosto.

“Aparentemente” retrucou Harry, examinando o homem na sua frente. Seus cabelos pretos alcançavam os ombros e, apesar da desordem, brilhavam. Seus olhos cinzentos continham tanta emoção que pareciam prestes a explodir. Ele era pequeno para alguém que aparentava estar com seus trinta anos, não mais do que 1,70, e não tinha músculos. O homem era muito parecido com Sirius Black, e apenas por observá-lo Harry sabia quem era. “Eu sou seu aprendiz.”

Regulus Black olhou para Voldemort como confirmação, e o fantasma assentiu uma vez, se aproximando dos dois. Regulus parecia estar se corroendo de curiosidade, mas sabia melhor do que contrariar seu mestre. Se tivesse permissão para fazer uma pergunta, ele não saberia qual fazer. Talvez por que uma miniatura de James Potter estava em sua frente, e por que ele estava duelando com Voldemort um instante antes.

“Harry precisa de uma casa. Nós precisamos de um espião em Hogwarts” explicou Voldemort ao notar a curiosidade do leal seguidor que havia falsificado a própria morte para permanecer com ele. Ele não se incomodaria a responder a pergunta de qualquer outra pessoa, mas Regulus era o único que podia ser confiado. “E você precisa de um herdeiro.”

Realização brilhou nos olhos cinzentos de Regulus, e ele se tornou mais amistoso ao levar Harry para um quarto no quarto andar onde havia uma bacia de madeira com runas esculpidas. Dentro da bacia havia uma adaga afiada com a marca negra. Regulus desenhou um círculo no chão, e Harry foi posicionado no centro do círculo.

Regulus andou ao redor do quarto, reunindo ingredientes de poções e os juntando até que havia uma mistura líquida roxa em sua mão. Ele cuidadosamente depositou o líquido na bacia, que brilhou por um momento. Regulus então pegou a adaga e picou seu dedo, deixando uma única gota de sangue cair. Depois foi a vez de Harry, e quando o sangue se misturou à poção, ela ficou prateada.

“Beba” ordenou Regulus estendendo a bacia para Harry. “Beba até acabar. Isso fará você um Black, apesar de não aparecer na árvore da família.”

Harry levou a bacia aos lábios e sem respirar, começou a beber. A poção não tinha gosto, mas conforme as golfadas se alojavam no estômago de Harry, ele se sentia cada vez mais diferente por fora. Em um determinado ponto, o menino perdeu o equilíbrio, e quando caiu no chão viu que a mão que havia usado para se apoiar era maior e mais grossa do que a que ele estava acostumado.

O círculo ao redor dele enegreceu, impedindo Harry de ver além do círculo. Sua visão, sempre defeituosa, se corrigiu, e ele passou pela dor do crescimento forçado. Seu cabelo desceu até cobrir as orelhas, ele se sentiu ficar mais largo e alto.

Uma mão em seu ombro o fez voltar à realidade, e ele se levantou com a ajuda de Regulus. Harry testou seu equilíbrio, e deu um passo em direção a Voldemort, que parecia satisfeito com a mudança.

“Agora sou um Black?” ele perguntou, e parou ao notar sua voz. Era mais profunda, bonita, do que antes, e Harry percebeu que poderia ouvir sua própria voz por horas.

“Revan” concordou Voldemort, observando a reação do menino em relação ao novo nome. Harry sorriu, gostando de como o nome soava. Era um nome simples mas ainda assim diferente.

“Revan Altair Black” completou Regulus, levantando o queixo de Harry para dar uma boa olhada nele. Era como encarar uma cópia de si mesmo, mas com olhos verdes. Aqueles olhos não haviam mudado nem um pouco com a poção.

Harry ficou pensativo por um momento e então abriu os olhos de repente, exclamando: “Nós temos as mesmas iniciais!”

O homem sorriu ao ver a animação de Harry. Seria bom ter uma fonte de energia na casa, depois de quase dez anos fingindo estar morto com a companhia de um fantasma autoritário.

“Vamos para casa?” ele convidou, estendendo a mão para Harry. Um sorriso foi sua resposta, e quando as mãos se trancaram juntas, eles desaparataram com um pop depois de uma reverência para Voldemort.

_

Se a mansão dos Riddle, mesmo abandonada, surpreendeu Harry... Não, Revan, imensamente, nada se comparava a reação dele quando ele olhou para sua nova casa pela primeira vez.

Para chegar nela, os dois caminharam de mãos dadas pelo que pareceram horas por um corredor nublado, e quando Revan finalmente criou coragem de perguntar por que continuavam caminhando, Regulus respondeu divertido que aquela era a impressão que se tinha quando estava prestes a entrar na casa pela primeira vez. As alas tinham tempo de verificar as intenções do visitante, e caso alguém não soubesse que havia uma casa ali, eles desistiriam no caminho.

“Um auror, por exemplo” disse Regulus, explicando que aquela casa era um dos esconderijos dos Black durante guerras. Ao contrário das outras, essa havia sido construída depois de Sirius fugir da Casa dos Black, então ninguém, exceto o Lorde das Trevas e Regulus sabiam daquele lugar. E Revan, claro.

A neblina se dispersou e Revan admirou o lugar: Era menor do que ele esperava por ser uma mansão dos Black, porém maior do que o esperado para ser um refúgio de guerras. Tinha três andares e os jardins não eram meticulosamente cuidados, apenas bonitos. Quem observasse nunca poderia dizer que uma família tão rica quanto os Black morassem lá...

...Até você entrar pela porta da frente.

As portas se abriram magicamente ao reconhecerem a assinatura mágica de Regulus, revelando uma grande sala de estar com chão de mármore e móveis luxuosos que pareciam ter sido retirados do século passado. Revan retirou os sapatos (que depois do surto de crescimento, tinham ficado muito pequenos) e notou que o chão era quente. Seus pensamentos se voltaram para Nagini, como ela iria amar esse lugar! Quadros bruxos cobriam as paredes, a maioria deles dormindo ou permanecendo em silêncio. Um deles, porém, exclamou assim que chegaram:

“Meu filho querido!” a voz pertencia a uma mulher de meia idade, e Revan não pode decidir se ela parecia irritada por causa da presença deles ou de sua ausência. “Você tem ideia de como é ser coberta por um pano vagabundo na Mui Antiga e Nobre Casa dos Black?”

“Não, mamãe, eu não consigo imaginar” respondeu Regulus cuidadosamente, pensando em suas palavras antes de dizê-las. Ele amava a mãe com o seu coração, mas só havia dois quadros dela, e um deles era em um lugar escondido da população. A última coisa que Regulus queria era ser descoberto porque sua própria mãe havia ficado irritada e falado demais com o elfo doméstico dos Black.

Revan decidiu ignorar a mulher (Senhora Black?) por ora, e subiu as escadas enquanto seus olhos varriam o lugar. Depois de um ano vivendo no orfanato Wool’s, ele não conseguia se lembrar de tamanha beleza antes. Um elfo doméstico limpava o chão rapidamente, aparatando de um lugar para o outro para agilizar o serviço. Os quadros, vendo o movimento, começavam a sussurrar entre si.

“Eu não sabia que Lorde Black tinha um filho”

“Deve ser ilegítimo”

“Quieta, Belvina.”

“Não é como se você soubesse mais do que eu, Lycoris.”

“Mas se parece tanto com Lorde Black!”

Revan tentou se focar em outra coisa que não as centenas de olhos fixados nele. Ele achava que depois de tanto tempo vivendo despercebido, ele apreciaria um pouco dos holofotes nele, mas se ele tivesse opção agora ele apenas tentaria desaparecer como fazia sempre que não queria ser notado.

Regulus indicou com as mãos onde cada pessoa deveria ficar no caso de uma emergência, falando sobre as alas do local. Ele claramente era fascinado pelo lugar, e vendo como a casa havia escondido alguém por nove anos, Revan não poderia concordar mais, então, mesmo estando um pouco irritado com a detalhada descrição dos quartos (por que ele deveria saber que toda a madeira usada vinha de árvores mágicas?), o menino deixou Regulus falar.

“Esse vai ser seu quarto” disse ao abrir a porta. Revan entrou, primeiramente vendo que a vista da janela dava para a única entrada da casa. A posição do quarto permitia que os raios de sol invadissem o lugar deixando-o receptivo e claro, apesar de tudo no quarto estar em tons de cinza ou preto. Harry testou a cama, lembrando-se do dia em que havia conhecido Sra. Morgan, e satisfeito percebeu que a cama não era apenas linda e imensa, era também muito confortável.

Ao lado da cama, havia uma prateleira cheia de livros grossos e empoeirados. Revan leu os títulos brevemente, pausando para ver a descrição dos mais interessantes (“Magia Negra: A Origem” e “Tudo o que você precisa saber sobre Política”) e já removendo alguns deles para serem lidos aquela noite.

“Revan” chamou Regulus. Revan estava colocando a caixa de Tom Riddle na escrivaninha e não percebeu. Ele se admirou no espelho, percebendo que havia crescido pelo menos cinco centímetros. Suas roupas estavam apertadas, então Harry abriu o armário e observou os robes casuais: Eram coloridos, ao contrário das vestes formais que só possuíam tons neutros e sérios. “Revan!”

Seu cabelo não era mais desarrumado, Revan percebeu. Ele caía suavemente em ondas negras que destacavam seus olhos incrivelmente verdes. O menino se perguntou por que seus olhos não haviam mudado. Ele havia assumido que, sem sangue feminino na mistura, ele herdaria 100% de traços de Regulus, que tinha olhos cinzentos.

“Harry!”

Revan pulou, se virando para olhar Regulus com a boca aberta e pronta para reclamar do susto. Seu... mentor agarrou seus ombros, se ajoelhando para ficarem frente a frente, e Regulus falou: “Revan, você precisa entender que Harry Potter morreu. Você é Revan Black, meu filho e terceiro na linha de herança dos Black.”

O menino assentiu, percebendo seu erro. Quão grande seria o caos se, ao ser indagado sobre seu nome, ele respondesse simplesmente que era Harry Potter? Imenso, definitivamente. Revan se perguntou o que seria feito com sua antiga identidade. Como Harry Potter morreu?

Regulus pediu que se vestisse para que se encontrassem lá embaixo para o café da manhã. Apenas então Revan percebeu que tinha estado acordado a noite toda e não tinha comido desde a janta. Seu estômago estava roncando, e ele apenas não tinha se dado conta da fome antes porque Revan havia aprendido a ignorá-la.

Dez minutos depois Revan seguiu o delicioso cheiro do café da manhã até a mesa onde Regulus estava sentado. O mentor foi sábio o suficiente para deixá-lo comer antes de iniciar uma conversa; ele sabia como algumas pessoas ficavam rabugentas quando estavam com fome, ele sendo uma delas.

Depois que o prato de Revan desapareceu, os dois combinaram uma versão dos eventos para contarem a todos quando Harry, não, Revan fosse ao público anos mais tarde.

Isso gerou uma pequena discussão sobre onde Revan passou todos aqueles anos escondido e porque não ficar com o tio, já que ele deixava seus sentimentos entrarem no caminho com a razão. Regulus apontou que a desculpa de Revan não poderia ser ‘Porque eu odeio meu tio’ e ambos optaram por uma desculpa mais convencível.

“Vamos ver se você entendeu.”

Revan calmamente repetiu tudo que haviam decidido na última hora, se focando apenas nas sobrancelhas de Regulus. Os dois já haviam discutido os princípios da Oclumência, e depois de uma rápida vistoria, Regulus constatou que Revan não tinha defesas nenhumas. Levaria algum tempo para ele sentir alguém invadir sua mente, e até lá, Regulus decidiu que evitar um contato direto era o melhor a se fazer. Revan olhou para Regulus apreensivo, esperando o resultado. Qualquer coisa seria melhor do que o silêncio em que estavam, com Regulus perdido em pensamentos. Ele levou o dedo até a boca e mordiscou os cantos da unha, até receber uma ferroada do mentor. Revan pulou onde estava, e resistiu a tentação de olhar a mão que pulsava de dor.

Regulus reprimiu um sorriso ao ver o nervosismo do garoto. O homem dado como morto só estava esperando para ver como Revan reagia, observando seus hábitos e olhares. Ele fez uma nota mental de colocar uma ferroada permanente nos dedos de Revan para que ele não mordesse as unhas sempre que estivesse nervoso. Um simples ato como aquele poderia entregar a mentira para alguém hábil como Dumbledore.

“Bom” ele finalmente disse como se aquilo não fosse nada. A face de Revan relaxou visivelmente, e Regulus se lembrou do irmão quando completou: “Agora, Revan, repita mais dez vezes.”


1989


“Você precisa fazer isso, Revan” falou Regulus, colocando a mão nas costas de Revan. Conforme os anos passavam, ele ficava cada vez mais apegado ao menino, ao ponto de não saber o que fazer quando Revan fosse para Hogwarts. O garoto havia sido sua única companhia por três anos, e qualquer gesto, ato, como quando eles praticavam Oclumência juntos, era uma alegria para ambos. Os dois tinham perdido a família, e ter alguém para partilhar os segredos era uma boa mudança.

Revan olhou para o rato em sua frente. O animal gania, tentando escapar da bola de força onde estava preso. O destino do rato já estava decidido, pensou Revan, e não havia nada que ele pudesse fazer. Era um sacrifício, decidiu, ao levantar a varinha de Regulus lentamente para conseguir uma boa mira, para o bem maior.

“Avada Kedavra”

Os ganidos do rato abruptamente pararam, assim como seus movimentos. Revan não estava esperando o surto de poder que correu por suas veias, mas o recepcionou com prazer. Talvez fosse por isso, pensou fechando os olhos, que tantas pessoas enlouqueciam praticando feitiços das trevas. De repente, a adrenalina parou, e ele encarou o rato morto.

Regulus se aproximou do rato morto e examinou o corpo. Não havia nada que denunciasse a morte do rato, como parecia acontecer quando o feitiço não era executado corretamente. Ele olhou para o aprendiz, satisfeito com o resultado. Aos dez anos, sendo capaz de executar uma maldição letal...

Ele sorriu, imaginando o poder de Revan em alguns anos, quando atingisse seu potencial completo.

_

Revan fechou os olhos, respirando silenciosamente e se focando em uma imagem mental. Voldemort havia lhe dito em uma de suas visitas semanais que o importante era se focar em algo, construir paredes mentais para protegê-lo de ataques ‘de velhos desprezíveis como Dumbledore’ e manter a calma nos momentos mais difíceis. Revan tinha um temperamento explosivo quando a raiva vinha à tona, então a aula servia para dois propósitos.

“Foco!” gritou Regulus, fazendo o menino pular no lugar. Revan era ágil tanto mental quanto fisicamente, e respondia bem a feitiços, aulas de política e poções. Dominando feitiços, transfiguração lhe vinha facilmente, e depois de um empurrão inicial, onde Revan aprendeu que a vontade de transformar algo tinha mais efeito do que falar o feitiço cada vez mais alto, os trabalhos dele recebiam ao menos E’s. “Revan, você não está se concentrando!”

O pequeno espião cerrou os dentes, mas criou em sua mente barreiras que levavam até uma biblioteca repleta de livros cujos títulos eram nomes das memórias. A sinopse era a descrição básica, e assim que a palavra chave fosse acionada (“Revan” na língua das cobras), a pessoa seria “sugada” para dentro da memória onde assistiria e depois, voltaria para a biblioteca. Para chegar lá, o intruso precisaria passar por cobras baseadas em Nagini, com escamas verdes. A função delas era sufocar o intruso até que a falta de ar o tirasse da mente de Revan, ou apenas morder para assustar. Ele não se importava com os métodos, desde que o intruso saísse de sua cabeça.

De repente, Revan cambaleou ao mesmo tempo em que todas as cobras sibilaram em uníssono. Suas cabeças encararam a pessoa esfumaçada que se aproximava lentamente com a varinha apontada para as cobras. Uma delas tomou a iniciativa, pulando em Regulus para retirá-lo da mente do mestre, porém assim que ela se chocou com o outro corpo, desapareceu no ar.

Regulus olhou para onde Revan estava, na porta da biblioteca, movendo as mãos ao desenhar novas proteções mentais. Raios caíam em um intervalo de segundos em um rio que agora cercava a biblioteca. Dois dragões, um dourado e um branco, batiam suas pesadas asas e soltavam colunas de fogo em Regulus, que se protegeu reunindo a água do local e formando uma barreira. Revan teve que admitir que o escudo era lindo, mas sua frustração ao ver que o fogo era inútil apenas o fez colocar uma Lamia recepcionando os visitantes.

Aquela armadilha funcionou. A mulher meio serpente deslizou sensualmente até Regulus, seus seios fartos cobertos pelos longos cabelos negros que caíam em ondas suaves até a cintura. Ela tinha um sorriso malicioso no rosto que aumentava conforme ela se aproximava do humano, sua nova vítima. Seus olhos violetas brilhavam com a empolgação de servir alguém, alguém que podia conversar com ela, não menos. Regulus abriu e fechou a boca várias vezes como um peixe fora d’água, sem maior reação por causa da enorme beleza da mulher. A primeira mulher em que ele entrava em contato em nove anos. Os finos braços pálidos da criatura envolveram Regulus, e os lábios vermelhos se aproximaram do ouvido do homem para sussurrar algo. Naquele ponto, Regulus já estava longe da realidade.

Revan não esperou um momento para a confirmação do truque. “Oppugnare!” sussurrou, e os dragões lideraram o ataque. O dragão dourado foi na frente, descendo rapidamente e já pronto para atacar quando, ao encostar os dentes em Regulus, deixou um ganido agoniado escapar da boca e caiu, morto, aos pés de Regulus.

O mentor chacoalhou a cabeça para se livrar da imagem que a Lâmia havia descrito, e gritou: “Revan! Fim da lição!”

Imediatamente o cenário se desfez na frente de Revan, e ele se viu na cadeira onde havia se sentado antes da aula começar. Ele colocou uma mão no peito em uma tentativa inútil de acalmar seu coração. Suor ocupava cada centímetro de sua pele, e Revan estava ofegando. O elfo, sentindo a necessidade do mestre, buscou um copo de água gelada nas cozinhas. Revan tomou o líquido em longos e rápidos goles.

“Revan, você está progredindo” falou Regulus, pegando o outro copo de água destinado para ele. Para acabar com a satisfação de Revan, porém, ele não deixou de completar “Logo será capaz de impedir um bebê de olhar fixamente em seus olhos.”

Risadas encheram a sala, tanto animadas com a brincadeira quanto como quem está prestes a machucar o outro ser da sala. Revan foi o primeiro a parar, respirando fundo para recuperar o ar. Tudo o que ele queria naquele momento era cair em sua imensa cama e dormir pelo resto do dia, mas ele fitou Regulus, fazendo questão de olhar no olho do mentor, e ordenou com a voz rouca: “Outra vez.”

_

O Lorde das Trevas estava entediado. Os dias passavam, a criança crescia, mas sua situação continuava a mesma. Fazia dez anos, dez malditos anos, que ele havia sido confinado àquela forma medíocre de vida. Não, aquilo não poderia ser considerado uma vida. Como poderia, quando ele mesmo havia se proibido de sair de casa para sua segurança e dependia da vida das criaturas que Nagini lhe trazia para viver? Ser inferior a um aborto, a um trouxa, era vergonhoso. Sem o garoto, ele não podia nem abrir portas com o pensamento sem quase desaparecer do mundo. Qualquer tentativa de magia poderosa, qualquer magia, o deixava exausto.

Ele se perguntou o que havia feito de errado. Todas as suas ações, até as chacinas trouxas, eram feitas para o bem da sociedade bruxa, que se envolvia cada vez mais com trouxas, diminuindo a chance da criança ter sangue mágico, já tão raro em um mundo tão grande repleto de trouxas nojentos que serviam para destruir o mundo. E tudo estava indo bem, até Nicholas Potter ser encontrado. Os lábios fantasmas do Lorde das Trevas se contorceram em uma careta ao pensar no garoto. Ele não tinha ideia do poder do menino naquele instante, assim como Regulus e o garoto. O tão odiado Nicholas Potter, um menino de quinze meses que mal conseguia andar, o havia derrotado.

O Lorde das Trevas queria gritar de raiva, mas sabia que qualquer som poderia despertar a curiosidade do jardineiro. Exceto quando o garoto o visitava, Voldemort permanecia na escuridão e no silêncio. Nagini passava a maior parte do dia caçando para seu mestre, e quando finalmente voltava com as presas vivas, dormia imediatamente.

A mesa explodiu em chamas apenas com a raiva do Lorde das Trevas. Por um momento, sua figura oscilou, se estabilizando logo depois. Ele se acalmou o suficiente para apagar o fogo, e se sentou no sofá por puro hábito. Em seu estado, ele poderia ficar em pé por horas, ou até mesmo dias, se quisesse.

Logo, ele prometeu para si mesmo ao tocar a própria face, imaginando que lá havia pele. Logo o menino faria onze anos, e iria para Hogwarts. O Lorde das Trevas receberia notícias do mundo bruxo, e a vida não seria mais tão estranha. Com um espião em Hogwarts, mais um passo estava dado para a ressurreição do Lorde das Trevas.


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Notas finais do capítulo

Quase 5000 palavras... Valeu a espera de oito dias?

Definição de Revan:
1. Alguém que retorna depois de muito tempo.
2. Voraz, vingativo.


Dessa vez, como vamos negociar o próximo capítulo *roda a varinha entre os dedos*? Que tal... Capítulo 7 sai em ALGUM momento da semana que vem caso eu consiga 200 reviews, ou ele sai até QUARTA que vem se eu atingir 210 reviews. Difícil, mas dá para conseguir.

Eu escrevo, tu escreves. A única coisa que muda é o conteúdo. Faça a sua parte clicando abaixo *-*

Ana Black.