Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 59
Embers


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Obrigada pelos reviews e compreensão. Espero que gostem do capítulo!



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CAPÍTULO 59

EMBERS

O acampamento dos escassos lutadores do lado Cinza se localizava no meio da área habitada por centauros, que haviam se unido a Harry depois de concordarem na inclusão de centauros e outras criaturas no mundo mágico. Juntamente com as acromântulas e lobisomens, compunham mais da metade da força tarefa, e Harry esperava que a surpresa e receio de ferir uma criatura mágica por parte da luz pudesse lhes dar uma vantagem.

“As entradas do castelo estão bloqueadas, portanto precisamos atrair os aurores para fora. Firenze, se você puder atrair Dumbledore, dizendo que há um aluno na Floresta, seria ótimo.” O centauro assentiu, apesar de parecer indeciso. Harry, percebendo o franzir de sua testa, estreitou os olhos: “O que há com você hoje?”

“Os planetas não estão a seu favor.”

“Os planetas mentem” rebateu o rapaz, com mais força do que pretendia. “E falam em enigmas. Prefiro fazer eu mesmo o meu próprio destino.”

Firenze suspirou, sua pata direita batendo insistentemente contra o chão. “Você perderá muitas pessoas queridas nessa batalha.”

“É uma guerra. Pessoas morrem, não há nada que eu possa fazer para impedir.” Harry pausou, focando nos sons da floresta. Ao longe, podia ouvir uma respiração pesada e passos cuidadosos que mal afundavam o chão fofo da Floresta Proibida. Sacou a varinha, preferindo não arriscar se ver em uma situação de risco tão cedo. “Quem é?”

Fenrir foi o primeiro a sair da escuridão, seguido de uma horda de lobisomens em sua forma humana, tão descuidados e ariscos que facilmente eram reconhecidos como perigosos. Fenrir por si só tinha uma mordida no ombro que sangrava entre o sangue já seco, indicando o fato de que o sangramento não era recente, e ainda assim, não exibia sinais de dor.

“Pequeno lorde” zombou, vendo a quantidade de pessoas reunidas na área dos centauros. “De fato, agora você reina sobre poucos. Quem são, parentes?”

“Tenho os que importam” Harry disse em defesa, sabendo que seus lutadores estavam em número reduzido. “E da última vez que chequei, onze pessoas te seguindo também não é um número muito alto.”

Atrás dele, Lupin rosnou levemente ao ver aquele que o condenara à vida de solitárias luas cheias.

Fenrir não se deixou abalar, rindo quando viu que os olhares de todos estavam sobre eles. “Tanto faz, pequeno lorde. Você sabe o porquê de eu estar aqui. Nosso acordo ainda está de pé?”

Os lábios de Harry se estreitaram quando o rapaz se lembrou do pedido do lobisomem alfa. Antes, não teria dúvidas em concordar com quaisquer termos que significassem mais doze lutadores para o seu lado, mas o fato desses termos envolverem crianças o fazia pensar em Regulus e Arcturus, e na filhinha que ele começava a visualizar em sua mente. Tão frágeis!

“Não é lua cheia, portanto você não pode transformar ninguém. Morda os lutadores e apenas os lutadores. Mate-os se for preciso, mas deixe as crianças em paz. Se elas não mexerem com você, você não mexe com elas.”

O lobisomem bufou, revirando os olhos. “Criancinhas têm a carne mais macia.”

“Você não vai comê-las. Morder por morder, eu te dou um chinelo, garanto que também é bem macio.” Harry deu as costas para ele, ignorando-o. “O foco de todos vocês deve ser os professores e Dumbledore. Sem eles, o castelo irá cair.” Esperou que todos assentissem antes de continuar. “Quero que todos duelem em grupos de dois ou três. Se virem alguém sozinho, junte-se a essa pessoa. Não desperdice chances: Se visualizarem uma oportunidade, mate o adversário.”

O rapaz olhou para todos que se reuniam na clareira. De bruxos e bruxas, tinha cerca de trinta. Com a dúzia de lobisomens, as poucas dezenas de centauros e centenas de aranhas, tinha um exército um tanto diferente. Murmurou Tempus silenciosamente, assumindo uma expressão preocupada. Elas estavam atrasadas.

Suave como uma brisa, algo o atingiu, maravilhando-o de dentro para fora e fazendo com que seu sangue corresse para a virilha. O que restava da sanidade de Harry fez com que ele ficasse aliviado quando uma por uma, veelas se aproximaram. Com cabelos prateados e pele alva, eram altas e magras, com curvas modestas que lhe davam delicadeza.

Todas aparentavam estar em seus vinte anos, e vestiam robes brancos que não lhe cobriam totalmente o corpo, de modo que parte dos seios era visível juntamente com as coxas. Ao caminharem, pareciam flutuar, e em seu fascínio Harry não ficaria surpreso se asas surgissem de suas costas.

Dentre elas, uma se destacava por ter o cabelo em um loiro claro, mas natural em padrões humanos, e feições não tão perfeitas. “Sinto muito pelo atraso” Fleur disse ao jogar o cabelo para trás do ombro, prendendo-o em um rabo de cavalo apertado. “As mais jovens queriam vir também.”

Ela caminhou até Harry, abraçando-o. “Eu sinto muito, ‘Arry. Não queria acreditar quando recebi a sua carta. Nunca tive a chance de conhecer Daphne como eu deveria, e agora... Merlin, é tão horrível! Gabby, Daphne, a bebezinha...”

As palavras anteriores de Harry o atormentavam por dentro: Aquilo era uma guerra, pessoas morriam e não havia nada que ele pudesse fazer para impedir. Mesmo assim, sentia como se houvesse falhado com si mesmo.

“A dor não para, mas você aprende a viver com ela. Consegui isso com Gabby, ainda que eu chore por sua perda todas as noites. Pode demorar, mas um dia você vai encontrar alguém que vai te fazer feliz.” Finalmente, ela desfez o abraço, ajeitando as vestes curtas. “O que acha dos robes de guerra?”

“Acho que foram feitos para caírem” Harry comentou com sua total honestidade.

Fleur riu, sua voz ecoando pelo espaço como notas musicais. “De fato, ‘Arry. Se caírem, precisamos torcer que seja alguém que goste de meninas, ou nossa tentativa será em vão. E então? Vamos?”

O rapaz voltou a olhar para aqueles reunidos ali, dispostos a lutar por ele e possivelmente morrer por ele. Contou cada um, murmurando para si mesmo os nomes que conhecia, até chegar ao número final daqueles que lutariam ativamente: Setenta e sete.

“Vamos.”

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Os centauros foram primeiro, distraindo os aurores enquanto Fenrir liderava os lobisomens pelo outro lado. Quando os gritos eclodiram, era tarde demais para o alerta de ataque ser disparado, e o apito inacabável era quase impossível de ser ouvido dentre tantos sons de batalha.

As leis de proteção aos centauros lhes criou tempo de atacar os aurores sem represália significativa; quando estes caíam, os lobisomens apareciam, mordendo-os na jugular e deixando os corpos para trás, já procurando por novas vítimas. Logo, todos os centauros retornaram para seus postos originais, na margem da Floresta Proibida a lançar flechas com fogo no castelo. De pedra, ele não queimava, mas as tapeçarias que ficavam contra a pedra, sim.

Em seguida, os bruxos, por todas as direções. Composto da gangue original de Harry, aurores revoltados e antigos comensais da morte que se recusavam a seguir as ordens de Dumbledore, não tiveram piedade com aurores e professores. Os aurores não foram grande problema, por estarem limitados a feitiços da luz, mas os professores tinham aqueles cargos por uma razão, e dentre os corpos que Harry pulou para chegar ao Hall Principal, estava o de seus lutadores.

Bateu as asas, voando por cima da cabeça dos estudantes que se apressavam para os dormitórios. Ninguém prestou atenção no corvo que voou para o banheiro das meninas, de modo que não havia ninguém para gritar ao ver que havia um menino no banheiro feminino.

“Abra” Harry sibilou, esperando a pia se revelar na passagem antes de sussurrar: “Escadas.”

Pulando dois degraus de cada vez, foi habilidoso em desviar dos ratos mortos que haviam sido comida de Sarahzar antes de fazer a saudação habitual para a grande estátua de Salazar Slytherin, revelando a Câmara Secreta.

“SARAHZAR!” gritou, a língua de cobra ainda lhe soando estranha. Com os olhos bem fechados, tateou até sentir as escamas secas do basilisco. “Preciso que vá com tudo neles. Siga as ordens que um dia seu criador lhe deu, e acabe com a sujeira em Hogwarts. Deixo a interpretação com você, querida. Vá!”

“Mestre” ela sibilou antes de mover seu corpo para os canos. “Foi um prazer lhe servir. Espero que os nossos caminhos se encontrem novamente.”

Sarahzar não poupou esforços quando surgiu no primeiro andar. Destruindo o banheiro de onde saiu, deslizou pelos corredores fazendo vítimas de olhar fatal a cada pessoa que lhe ameaçava. Feitiços de diversas cores acertavam suas escamas, diminuindo seu passo, mas nunca parando; um basilisco não era conhecido como rei das cobras sem razão.

Ao chegar no Hall Principal, onde tudo acontecia, sua velocidade já estava reduzida, e Sarahzar passou a usar o rabo como arma juntamente com as presas e olhar. Ninguém era páreo para a cobra; os únicos sobreviventes eram os sábios suficientes para fugir, portanto a destruição continuou, seu corpo esguio passando por cima dos estudantes que não foram rápidos o suficiente.

A luta já começava a cessar quando uma dor aguda a prendeu no local. Ela podia ser imune a feitiços, mas Salazar Slytherin não havia a designado para sobreviver a armas trouxas. O arpão lançado por um nascido trouxa marinheiro foi a deixa para que Sarahzar começasse a se debater, perdendo a razão. Em uma situação de vida ou morte, ordens não importavam.

Sua cabeça se chocou à parede com força. Com vários metros de altura, a superfície não resistiu ao impacto, desmoronando. Presa pelas gigantes pedras, Sarahzar não teve nada a fazer senão observar o efeito dominó das paredes, caindo, e esperar que uma das pedras lhe desse um golpe certeiro para acabar com o seu sofrimento.

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Quando a poeira baixou, ambos os lados colocaram suas diferenças de lado para checar os mortos e remover feridos das áreas mais críticas. Com mesas quebradas e lustres no chão, o Hall Principal só era reconhecível pelo céu estrelado, mesmo que já estivesse amanhecendo. Como era a veela que mais se parecia com um ser humano, Fleur trocou as vestes de batalha por camisa e calça brancas e foi ajudar na procura de feridos.

Procurando por aquilo que alguns se referem como áurea, a loira se viu ao lado de Bill, e juntos levitaram as pedras para remover um estudante ferido. De estatura pequena, devia estar no primeiro ano.

“Bom te ver novamente” comentou o ruivo, franzindo a testa. A situação do garoto estava feia, com hematomas cobrindo boa parte do corpo.

“Idem, apesar da situação ser longe de favorável.” Fleur lhe respondeu suavemente, sentindo o pulso da criança. “Não acho que ele vá sobreviver.”

“Poucos o fazem.”

Enquanto discutiam a situação do garoto, Remus atravessou o Hall. Mancava por causa de um dos duelos, mas fazia parecer pior do que era realmente. Desespero estava explícito em sua face, aumentando conforme ele procurava entre os feridos e não encontrava um em especial. Finalmente, viu quem procurava, e uma onda de alívio correu pelo seu corpo. Tudo iria dar certo, não havia motivo para temer. Faltava pouco para que fosse livre.

“James!” chamou, mancando até ele. A barba escondia parte da sua face, mas o fato de vestir as mesmas roupas da noite em que desapareceu ajudava o reconhecimento. “James!”

Sentado em uma mesa improvisada, o patriarca Potter olhou para Lupin como quem via um fantasma. Esfregou os olhos, piscou, olhou para os lados para garantir que outros viam o velho amigo também. “Quem é você?” perguntou, recuando. A varinha estava pronta, mas James não conseguia pensar em um único feitiço.

“Prongs, não faça isso comigo. Você sabe quem eu sou.” Lupin chacoalhava quando estendeu a mão para James em um cumprimento. “Por favor, aperte a mão do seu velho amigo Moony.” O nervosismo fez com que suas palavras não saíssem tão claras, e seu desespero criou lágrimas. “Foi Harry, James. Ele me prendeu na Câmara Secreta por todos esses anos.”

“Você está morto...” repetiu James para si mesmo. “Eu e Padfoot fizemos uma lápide para você, trouxemos flores, choramos a sua perda. Vasculhamos cada centímetro do castelo... Você não estava aqui, Remus.”

“Nick não soube voltar para a Câmara Secreta, por isso não me achou. Tive que me alimentar de ratos por anos, comendo o que o basilisco me permitia. Tantas noites no escuro, Prongs, eu não sabia se estava vivo ou se aquilo era a morte.” A cada palavra pronunciada, o relato de Remus ficava mais real, a emoção transbordando de si. Devagar, James parecia aceitar a possibilidade de que ele estava vivo. “Era sempre lua cheia quando Harry me visitava, e ele ficava por pouco tempo. Como quis cravar meus dentes nele!”

Seu tremor fez com que caísse quando Lupin se levantou, indo pegar água e comida para os dois. As pessoas encaravam quando ele passava, mas seus olhares não afetavam Remus: Ele passara tempo demais refletindo e se preparando para fraquejar no pior momento.

Retornou à mesa improvisada logo, estendendo a porção de James para o mesmo. “Como estão as coisas, Prongs? Onde está Padfoot?”

“Padfoot faleceu em 1995” confessou James, fechando as mãos em um punho. Tomou seu suco de abóbora em um gole, como se fosse whisky, e mordeu o pão com raiva. “Foi Harry. Harry! Ele sempre acaba com as nossas vidas de um jeito ou de outro. Nick... Merlin, Nick, meu menininho...”

Remus franziu a testa, inclinando-se para frente. “Nick? O que aconteceu com Nick?”

“Lily o encontrou ontem. Nick foi beijado por um dementador.” O patriarca Potter cobriu a face, sentindo as lágrimas deslizarem silenciosamente pelo seu rosto. “Perdi um filho doze anos atrás, Moony, e agora perdi o outro. Lily está arrasada, em observação médica. É claro que terá que lutar em determinado ponto, mas não sei como.”

Uma das mordidas no sanduíche não desceu como devia, fazendo com que James tossisse.

“Vamos dar um jeito nisso. Aqui, tome o meu suco. Que tal visitarmos Lily depois?”

“Seria ótimo” concordou o homem, esfregando a face vermelha. “Ela vai ficar tão feliz em te ver, descobrir que afinal, não sou o último maroto! Finalmente uma razão para sorrir nessa merda de mundo.”

Tomou o que sobrava do suco, respirando fundo. Seu coração batia forte no peito enquanto ele chorava a perda do filho e as lembranças de Sirius.

“Qual é o problema?” Remus se arrepiou ao ouvir a pobre escolha de palavras. “Você não parece bem.”

James abriu a boca para responder que estava tudo bem, mas as palavras não saíram. Ele puxou o ar, apenas para descobrir que este não chegava aos seus pulmões, e arregalou os olhos, encarando Remus com uma face de pura incredulidade.

O lobo deu de ombros, estendendo uma mão para impedir que Potter falasse. Seus murmúrios abafados diminuíam conforme os segundos passavam, e as tentativas de morder a mão que o segurava no lugar foram falhas devido à força que se esvaía de seu corpo. “Por quê?”

Lentamente, as feições de Lupin mudaram. Os olhos verdes foram a primeira característica a ser revelada, e naquele momento James soube que estava perdido. “Pollyjuice, velho. Remus manda lembranças.”

Harry intensificou seu aperto, pronto para deter as convulsões que chacoalhavam o corpo do progenitor. Fez um esforço para não piscar, pois não queria perder os últimos momentos daquele que tanto odiava. As lágrimas que saíam de seus olhos adicionavam ao efeito, e quando James finalmente parou de se mover, o rapaz enxugou-as com a manga da camiseta, levantando-se. Com a voz alta, anunciou: “Temos mais um morto.”

_

Fleur evitou as veelas quando voltou para a Floresta Proibida: Ao invés de se juntar a elas na caça por andarilhos, ela preferiu se sentar na beira do lago observando as ruínas do castelo. Mesmo em tamanha tragédia, Hogwarts tinha seu charme, de pé depois das inúmeras explosões.

Ela suspirou, olhando as feridas nos braços e pernas, a maioria delas puramente por golpes físicos. Os arranhões ardiam e se destacavam contra a pele branca, apesar de não sangrarem mais. Todo o sangue que tinha nas mãos era do serviço de salvamento que fizera por horas, encontrando vítimas e tirando-as da zona de contato, ora para a enfermaria, ora para a sala designada para os mortos.

Seu reflexo estava turvo pela chuva fina que caía. Parte de sua beleza não estava lá, oculta por uma camada de sujeira e dor. Os cabelos prateados, sempre impecáveis, estavam cobertos de cinzas assim como a pele. Quem não conhecesse Fleur não a consideraria parte veela, apenas uma garota bonita.

Garota bonita... Foi assim que Bill havia se referido a ela para os irmãos que também estavam lá para ajudar. Designados como uma dupla para auxílio nos resgates, tiveram tempo de sobra para conversar, Bill mais do que disposto a falar sobre a morte do irmão, Ron, e o tempo em que o mesmo fora amigo de Harry.

“Mas ele deve ter tido seus motivos” Fleur havia argumentado em uma pausa para água.

“Motivo algum justifica assassinato” replicara Bill, irritado com o aparente apoio de Fleur a Harry. “Muito menos arrancar a cabeça de um menino de doze anos e o mostrar para toda a escola, incluindo os irmãos.”

A conversa ficara tenta depois disso, razão pela qual a loira se desculpou para voltar à base assim que possível. Antes de conseguir sair do castelo, Bill havia lhe prendido pelo braço, falando: “Olha, você não é como os outros. É uma garota bonita, inteligente, não combina com aqueles mercenários. Não precisa lutar se não quiser.”

E esse era o problema. Fleur queria lutar. Fleur ansiava pelos movimentos fatais da varinha que lhe seriam uma retribuição pela morte de Gabby, ver as pessoas caindo ao seu redor, aniquiladas. Queria ver Harry tentar instaurar uma nova ordem mundial. Sabia que era algo complicado e que todas as demais tentativas, Grindelwald, Voldemort haviam falhado, mas sonhar não custava nada.

Foi por essa razão que a loira se levantou abruptamente, olhando para trás. Tinha ouvido Harry se aproximar fazia algum tempo, apenas observando-a, mas não fizera nada. Queria ver as ações do rapaz. Seus olhos se encontraram; os dele carregavam pena e, acima de tudo, aceitação. Fleur sorriu levemente como um agradecimento.

A caminhada para o castelo foi lenta e dolorosa, fazendo Fleur se perguntar se tudo aquilo valia mesmo a pena. As crianças já haviam sido evacuadas do castelo, portanto todos que acampavam neste eram lutadores do outro lado. Então, que mal faria? Era um jeito mais rápido de acabar as coisas.

Seus passos não foram tão silenciosos quanto ela esperava que fossem; quando entrou, os aurores estavam prontos para atacá-la.

“Perdoem-me.”

Fleur abriu os braços, jogando a cabeça para trás. A mudança começou rapidamente: Primeiro as asas que brotaram de suas costas, depois as unhas afiadas nas mãos, e a leve penugem que cobria o seu corpo. Fogo trepidou ao seu redor, envolvendo-a em chamas. Tais chamas se espalharam, atingindo os colchões dos aurores que a observavam estupefatos.

Nunca haviam visto uma veela em sua plena forma.

E Fleur gritou. Sua resistência ao fogo não se aplicava ao fogo criado por ela mesma. Sentiu sua pele arder e gritou como nunca havia gritado antes, ondas de calor se propagando pelo Hall e queimando aqueles que estavam mais próximos. O cabelo platinado estava em chamas; um bico passou a cobrir a boca.

Seu grito não tinha beleza alguma: Era simplesmente o lamento final de uma criatura em sofrimento.

_

O fogo veela fora suficiente para destruir a fundação do castelo, fazendo uma de suas torres desmoronar. Agora, os lutadores do lado da luz estavam completamente concentrados na segunda torre, prestando atenção extra em qualquer pessoa com cabelos claros ou aparência bem cuidada demais. Checavam todos que entravam, vistoriando bolsos e sapatos.

As artimanhas de Harry haviam acabado. Era hora do verdadeiro ataque começar.

“Vocês sabem o que precisam saber.”

Foi o suficiente para que os lutadores se mobilizassem, formando os trios incomuns compostos de uma veela, lobisomem e bruxo. Cada qual com sua qualidade, esqueceram as diferenças que tinham por um momento para lutarem por uma causa em comum.

Harry não sabia se iria funcionar, mas era o melhor que podia fazer.

Lupin já estava pronto, dizia, para outra dose de adrenalina. Agora Tonks se unira a ele, falando que se conseguira matar sua tia filhadaputa, conseguiria lidar com velhos companheiros aurores, que de acordo com ela, não eram tão fodas quanto a metamorfomaga.

Decidiram por uma abordagem diferente daquela vez: Iriam esperar a poeira baixar, literalmente, e o dia amanhecer para atacarem. Perdiam a vantagem da floresta proibida, mas ganhavam a da surpresa. Por isso, quando o céu mudou de cor e assumiu o azul claro de dias de verão, os lutadores explodiram dentro da torre restante, cada trio tomando conta de um grupo maior, as veelas enfraquecendo os oponentes para os lobisomens cuidarem da parte física enquanto o bruxo do trio os defendia, providenciando ataques a longa distância sempre que necessário.

Depois do ataque de Fleur, a população fora chamada para “lutar pelo que acreditavam”. Agora, homens entre 17 e 50 anos se uniram aos aurores e professores, aumentando ainda mais a diferença de lutadores entre o lado da luz e o cinza.

O encontro entre tais lados foi bruto, não dependendo de magia. A linha da frente se chocou com força, e os lutadores rolavam no chão como trouxas a procura do golpe certeiro. Quando finalmente duelos propriamente ditos começaram, a margem de vantagem havia diminuído.

“Parem!”

E com a palavra dita por aquela voz poderosa, todos se voltaram em um movimento fluido para Dumbledore. Ele apontou a varinha para Harry, chamando-o, e a multidão abriu espaço para o rapaz tranquilamente. Lily, de olhos inchados, estava atrás de Dumbledore, e não parecia ser capaz de segurar uma varinha, muito menos lutar.

“Dumbledore.”

“Harry.”

O rapaz caminhou até Dumbledore, entrando na postura de um duelo bruxo.

“Tem certeza que quer fazer isso?”

Harry deu um sorriso torto, escondendo o medo que sentia naquele momento. “Mande a ver.”


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Alguém quer compartilhar o que acha que acontecerá no capítulo de sexta?

Reviews, pessoal, são amor. Mostrem que vocês amam a fic ao menos com algumas palavras. Eu respondo e não mordo!

Até sexta feira, para o nosso capítulo final!



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