Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 56
Marionetes


Notas iniciais do capítulo

Aqui estamos, pessoal. Último capítulo do quinto ano. Após ele, serão quatro capítulos sobre a guerra. Por conta do natal/ano novo/mudança estou considerando postar duas vezes por semana (terças e sextas). O que acham?

Aproveitem o capítulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/294242/chapter/56

CAPÍTULO 56

PUPPETS

Fazia tempo que os jornais não conseguiam uma foto épica de Nicholas para publicarem, uma em que ele não estivesse lesionado ou de qualquer forma comprometido. Quando matou Voldemort, porém, a foto dele segurando as cinzas do lorde das trevas ficou viral n’O Profeta Diário, ele levantando a cabeça, chocado, ao fitar Harry e perceber que, depois de todo aquele tempo, ele havia vencido ao menos uma vez.

Mas voltando à batalha:

“Bom, parece que era o meu destino, afinal.”

Harry olhou para ele como se fosse um fantasma, e pôde sentir o sangue fugir de seu rosto dando-lhe um aspecto doentio. Não. Ele sabia que havia a chance de Voldemort cair em batalha, mas simplesmente não esperava que fosse nessa batalha... Nas mãos dele.

Não podia ser.

O destino não podia ter tamanha ironia reservada para ele.

“Você conseguiu” Harry sorriu, notando o quanto tremia. Ele estendeu o braço, sentindo as cinzas ainda quentes daquele que um dia fora o seu mestre. Tudo estava acabado, suas maiores preocupações não existiam mais.

Como era o ditado trouxa? O inimigo do meu inimigo é meu amigo.

Simples assim.

“Levante-se” bradou Nicholas, puxando-o para cima. Ao seu redor, a luta diminuía. O ruivo pegou a varinha de Voldemort como prova. “Mãe, pai!”

Harry coçou o pulso distraidamente, saindo do cômodo onde havia duelado com Voldemort. Os seguranças do seu irmão guardavam a porta, impedindo qualquer um de entrar. Ao sinal do ruivo, deram passagem, limpando o seu caminho com uma velocidade impressionante. Tudo para Nicholas, tudo para o seu rei.

Lily havia acabado de incapacitar um comensal quando Nicholas surgiu na sala. Ao ver o filho vivo e bem, correu até ele, envolvendo-o em um abraço apertado que pareceu durar para sempre. “Nick...” ela murmurou contra a cabeça do menino. “Você está bem... O que aconteceu?”

“Ele está morto.” A alegria nos olhos verdes da ruiva foram o suficiente para que Nicholas elevasse a voz, de modo que todos ouvissem: “VOLDEMORT ESTÁ MORTO!”

As expressões de choque foram tudo o que ele precisava. Poucos comensais derrubaram suas varinhas, rendendo-se. A maioria, em um pânico desenfreado, correu mansão a fora, à procura de um lugar onde aparatar fosse possível. O fato de que suas faces estavam descobertas não importava; no momento tudo o que precisavam fazer era se esconderem até uma nova oportunidade, empurrando, pisoteando os mais lentos, um bando de animais sem o seu líder.

Nicholas levantou a varinha semelhante a um osso acima da cabeça, do mesmo modo que Voldemort havia feito no terceiro ano com a cabeça de Ron. O que antes havia sido uma declaração de guerra agora era uma aclamação de paz.

E os flashes começaram, um após o outro, de jornalistas que se aproximavam, no instante em que as alas de proteção caíram ao redor da casa, expondo-a para o mundo e para os que esperavam ansiosamente o chamado de Dumbledore, que garantira: Depois daquela noite, um lado da guerra não existiria mais.

Ele estava certo.

De fato, o lado das trevas se dissipou como fumaça, e alguns comensais nunca mais foram vistos. Rumores dizem que estão refugiados em pequenas comunidades bruxas espalhadas pelo mundo, alguns até mesmo se rebaixando ao ponto de viverem como trouxas pelo resto dos seus dias.

Não pense que esse é o final da história. Ah, não, a melhor parte ainda está por vir.

Enquanto o lado da luz comemorava na mansão, abrindo os estoques de bebidas envelhecidas, Voldemort apareceu como uma sombra na velha cabana dos Gaunt onde estava uma de suas horcruxes, o anel de Cadmus Peverell. Caminhou, enfraquecido, pelos cômodos, até passar pela parede. Se não estivesse em um estado enfraquecido, sabia que estaria corando de vergonha.

Todo o trabalho, apenas para voltar à sua situação constrangedora onde não podia realizar nenhum feitiço complexo...

Portanto, tudo o que Voldemort fez foi caminhar. Caminhou por milhas, nunca se cansando (podia algo como ele se cansar?) até chegar ao esconderijo dos Black. Quando finalmente atravessou os portões, agora sem nenhuma ala, tudo estava no mais completo silêncio. Nem mesmo o vento ousava quebrar a serenidade do local, mantendo as árvores completamente imóveis, todas as folhas grudadas aos galhos.

Os animais haviam sumido.

O brilho do túmulo de Regulus o atraiu, o diamante magicamente ampliado refletindo as cores do fogo resultante dos duelos. Em tons vermelhos e alaranjados, o fogo refletido iluminava a terra onde Harry deveria ter plantado as flores quando o seu mentor morreu. Tudo o que restava era gravetos secos, e grama para cortar, rodeando o lugar de descanso final do seu fiel ajudante.

Voldemort olhou para o fogo, sua concentração nas chamas aumentando. Ele precisava fazer isso. Precisava, ao menos, daquela pequena satisfação.

Uma onda de cansaço tomou o seu corpo, e o fogo se estendeu para os arredores. Pouco a pouco, as chamas ganharam vida, se espalhando até chegarem na casa. Feita de pedra, ela não podia queimar, mas os móveis do seu interior, de madeira, definitivamente podiam, juntamente com as cortinas.

As labaredas pareciam lindas quando lambiam o tecido, escurecendo-o, dando mais força para as próprias chamas, que agora tomavam conta do hall de entrada. As portas de madeira ajudaram, e o próximo cômodo, a grande sala, foi a próxima vítima do fogo, que tomou como ponto de partida as roupas de um corpo que jazia próximo da porta.

Voldemort subiu as escadas, sem se preocupar com o barulho que fazia. A fumaça já bloqueava as vistas de qualquer um, e não é como se ele pesasse qualquer coisa significativa. Atravessou o corredor até os seus aposentos: Estavam saqueados, mas ele não tinha dúvidas de sua esperteza. Retirou do meio do forro do colchão uma chave, que deu a impressão de flutuar no ar enquanto Voldemort descia as escadas novamente até o porão.

O lobo tossia com a fumaça, se debatendo contra as correntes. Imenso, o pânico aumentava a sua força, e a parede começava a sentir os efeitos dos puxões.

O lorde das trevas ignorou-o, indo para a parede. Removeu uma das pedras, encontrando no espaço oco... Outra pedra.

A Pedra Filosofal.

Apenas segurá-la já lhe deu forças, e Voldemort foi para fora da mansão determinado. Seu berro quebrou o silêncio, as palavras poderosas que saíam de sua boca enfraquecendo-o ainda mais.

Não importava.

Voldemort precisava de um exército.

O primeiro corpo se levantou como uma marionete, caminhando até ele. Carbonizado, só lhe restavam os ossos e cartilagens, mas seria o suficiente. O exército não seria usado para os motivos usuais, e sim para causar maior destruição. Todos logo encaravam-no, à espera de uma ordem. Voldemort esperou até que o fogo apagasse para usar os dois braços de modo a mostrar os arredores.

“Destruam tudo.”

Suas marionetes começaram a trabalhar.

Como última ação daquele dia, Voldemort foi novamente até o túmulo de Regulus. Ele podia imaginar o Black, ao invés de sua face brincalhona, algo mais sério, desapontado com ele. Se Regulus estivesse vivo, definitivamente estaria gritando com o lorde das trevas sobre o estrago que havia feito no mundo.

O lado das trevas estava perdido.

O primeiro golpe de Voldemort passou pelo diamante, assim como os outros. Mesmo quando os seus Inferi deram o melhor de si para destruir a lápide, seus esforços foram em vão. Harry havia trabalhado muito bem para tornar o local de descanso do mentor algo eterno.

Ele suspirou em frustração, lendo o que dizia a lápide e esmurrando-a com força. Harry não iria ganhar a guerra. Ele tinha uma vantagem, agora que Voldemort estava sem corpo, mas não era o fim. Ele sabia que, enquanto um dos dois vivesse, a guerra nunca teria um fim.

_

A festa dos Potter foi a maior que a Grã Bretanha registrou no ano. Convites foram enviados para todos que podiam ser considerados importantes, não só da Europa, mas de todo o mundo bruxo. Marcada para a próxima semana, os seus preparativos já estavam sendo feitos quando Harry acordou na manhã seguinte, depois de uma longa noite sem pesadelos.

“Bom dia” grunhiu para Lily enquanto se sentava para tomar o café da manhã. “Escolheu o buffet?”

Sua mãe hesitou, tomando alguns segundos antes de responder: “Escolheremos mais tarde, Harry.” Ela virou a página do jornal, tornando possível para Harry ver a foto já mencionada anteriormente na manchete. Nem isso era o bastante: Além dos dizeres ‘O salvador do mundo bruxo’, Rita Skeeter fazia questão de mencionar a grandiosidade de Nicholas a cada parágrafo. No fim da caixa de texto, Harry pôde ler a dedicatória em letras pequenas, na frase: ‘Isso foi obtido com a ajuda de um informante’.

Não era o seu nome, mas talvez fosse melhor assim.

Quando terminou o café, ele subiu as escadas novamente, determinado a se trancar em seu quarto pelo resto do dia até que fosse arrastado para o jantar. A mente de Harry estava tão sobrecarregada com as informações recentes que ele podia sentir uma dor de cabeça se formando, uma não relacionada com a horcrux e sim com o stress; um livro, decidiu, era a melhor coisa a se fazer.

Os livros que tinha no quarto não eram nem de longe tão perigosos quanto os que costumava ter na mansão dos Black, mas as histórias adequadas para a sua idade tinham o seu charme. Contavam a história de Merlin pela juventude e como desenvolveu os seus poderes até se tornar o bruxo mais poderoso de todos os tempos, tudo em formato de prosa e fácil de ler.

A cada minuto, o som de uma página sendo virada era ouvido, até, finalmente, o baque da capa. Não era um livro grande, e as partes mais chatas Harry pulou. O sol já estava alto no céu quando os seus livros não lhe pareciam mais interessantes – ele havia pulado o almoço, seu estômago de revirando de modo que não lhe confiasse comida.

“Queria que estivesse aqui para falarmos sobre garotas” Harry suspirou, pensando em Regulus.

Levantou-se subitamente, ajeitando o cabelo enquanto saía pelos corredores para gritar para Lily: “Posso sair?!”

“Leve um casaco!”

Harry sabia que não podia mais aparatar, tanto por ser Harry quanto pela proteção excessiva de aurores que circulavam todas as áreas de importância para o mundo bruxo. Sem outra alternativa, tirou a varinha do bolso e estendeu-a para frente até formar um ângulo de 90 graus com o tronco. Conforme esperado, o Nôitibus Andante apareceu, pronto para fornecer uma carona.

Desceu no meio do nada, exatamente onde queria...

Só não esperava a faixa de CENA DE CRIME – NÃO ULTRAPASSE.

Correu até a mansão, vendo os destroços. Nada estava pegando fogo quando saiu de lá na noite anterior, e ainda assim tudo o que restava eram ruínas. Desolado, ultrapassou a fita amarela, correndo pelo que restava da madeira antes que esta cedesse – o segundo andar já não podia ser acessado, porque não havia mais escadas, nem o segundo andar. O lugar onde seu quarto deveria estar era um buraco, sua cama quebrada em cima de um sofá e os livros espalhados pelo tapete queimado da sala.

“Garoto, deixe-nos fazer o nosso trabalho.”

“É a minha casa” ele rosnou, tocando os livros, ainda quentes, e tentando ler os títulos por baixo da poeira. Alguns eram fáceis de reconhecer, com títulos em alto relevo, e outros até mesmo tinham o seu anterior preservado, como era o caso de um velho exemplar de couro que ficava no centro da prateleira, mas da maioria só restava cinzas.

Cinzas.

Por que tudo em sua vida se resumia a cinzas?

Caminhou roboticamente até o local onde Regulus estava enterrado, sem saber que refazia os passos do velho mestre. O diamante se provou tão resistente quanto o esperado, e com o seu arredor destruído, não combinava com o aspecto morto do local.

“Ele esteve aqui, não esteve?” Harry procurou por flores, e não encontrando nenhuma, acabou por conjura-las. Eram a única coisa que simbolizava vida por lá. “Voldemort não vai me deixar descansar tão facilmente. Me pergunto quantas horcruxes ainda estão por aí, esperando para serem destruídas... Pois bem.”

Foi quando percebeu que provavelmente não iria voltar lá, pelo menos sozinho. Se o terreno não fosse destruído, com certeza se tornaria um marco histórico da segunda guerra bruxa.

“Não pense nem por um momento que eu não pensei em você” o menino disse com a voz rouca. “Penso em você todos os dias, paizão, e me pergunto o que eu fiz de errado. Daria tudo para voltar no tempo e refazer tudo, mesmo que fossem as mesmas coisas, porque eu teria mais alguns anos para passar com você. Prometo que farei as coisas darem certo. Ainda não sei como, mas eu vou conseguir. Nós alcançaremos o mundo bruxo com o qual sempre sonhamos.”

Mas Harry não podia deixar que seus últimos dizeres sobre o mentor fossem palavras de guerra. “Eu te amo. Espero que saiba disso.”

Foi quando notou um flash bege no mato que cercava a propriedade.

Não podia ser... Alerta, correu até lá.

Havia um corpo não incinerado deitado próximo a um riacho, nu. Os cabelos do homem desciam até o meio das costas, repletos de fios brancos. Quando abriu os olhos âmbar, recuou. “Harry!”

“Lupin.”

O menino estava tão surpreso quanto o lobisomem, até entender: O fogo... O fogo devia ter acabado com o seu feitiço.

“Harry.”

Ele conjurou robes, estendendo-os para o homem. “Não vou te machucar. Dessa vez eu prometo estar falando sério.” Harry deu passos lentos até o lobisomem. “Por favor não fuja. Eu fiz aquilo tentando pagar na própria moeda, me arrependi... Só tentei te dar um tempo de prisão o equivalente à prisão em minha própria mente enquanto estive sem memórias.”

Finalmente os dedos dele tocaram nos de Lupin.

“Me arrependerei eternamente pelo que fiz, mas agora preciso de ajuda. Eu preciso de um novo mentor para a guerra que está por vir.”

“Guerra...”

“Você se foi faz um tempo... A segunda guerra acabou, e a terceira está para começar. Nenhum dos lados é o que costumava ser. Não, Lupin, por favor, me ouça. Pode deixar tudo para trás? Mais importante: Você está disposto a ser o meu braço direito?”

_

Havia uma comitiva na mansão quando ele voltou, tamanha que Harry considerou a festa ter sido adiada. Ao entrar, porém, viu que só se tratava da Ordem da Fênix, espalhada entre os cômodos da casa. Na sala, só os seus pais. Nicholas, ele concluiu, devia estar em alguma rádio bruxa dando entrevistas.

“O quê?”

Lily nunca lhe pareceu tão séria.

“Lily, James, o que está acontecendo? Fiz alguma coisa errada?”

“Sente-se, Harry.” Lily lhe indicou a cadeira ao seu lado. “Precisamos conversar.”

Ele se sentou rígido na cadeira, pronto para escapar a qualquer instante, e tomou um gole da bebida que lhe foi oferecida: Suco de abóbora.

“Nós estávamos investigando as alas de proteção do esconderijo de Voldemort. Acontece que os feitiços usados não costumam ter o segredo distribuído por todos os seguidores. Na verdade, os capturados disseram não fazer ideia de onde aquele esconderijo fica, aparentemente foram todos por chave de portal.”

“Sim, é assim que eu e Regulus costumávamos chegar lá.”

James sorriu, assumindo a conversa ao sentir que chegara em algum lugar. “Então, Harry, como você sabia o endereço? Qual é a explicação de um simples seguidor saber de um esconderijo que nem mesmo membros do círculo negro conhecem?”

A mentira voou da boca de Harry enquanto ele coçou o braço com inocência: “Regulus me deu o endereço. Não sei como ele o conseguiu.”

“Filho de seguidor das trevas, comensal é.” Agora ambos os seus progenitores tinham as varinhas apontadas para ele. “Conte-nos tudo o que sabe, garoto.”

Dois contra um... Se fossem duas pessoas normais contra o velho Revan, tudo bem, mas aqueles eram os seus pais biológicos, um auror e uma auxiliar que, mesmo parcialmente cega, lutava como ninguém, ainda por cima contra um Harry enfraquecido... Sem chances. “Eu não sei de nada. Não sou ninguém.”

“Me mostre os seus braços, Harry.”

Confiante, o menino lhe estendeu os dois. Não havia marca alguma a não ser a de suas unhas e um leve inchar. Ainda assim, James sorriu. “Sabe como Nicholas foi capaz de queimar Voldemort?” Ele retirou uma solução do bolso. “Lágrimas de fênix. Fawkes é uma criatura do bem, portanto suas lágrimas tentam curar a maldade de uma pessoa. Nós cobrimos Nicholas com elas ontem, e como Voldemort era o mal em pessoa, você pode imaginar o resultado.”

Harry arregalou os olhos, prevendo para onde a conversa estava indo.

“Nicholas te ajudou a se levantar ontem, e desde então você está coçando o braço. É algo quase impossível de notar, porque foram poucas gotas, mas caso apliquemos mais...” Cinco gotas caíram na pele exposta do seu braço, imediatamente avermelhando a pele e queimando-a levemente.

Ele repetiu o que Dumbledore costumava dizer: “Todos temos trevas dentro de nós.”

Lily assumiu a conversa, arrancando o frasco de James e virando o resto da solução na própria pele; Harry observou com horror o fato de não haver nenhum dano.

“Três identidades?” Era James quem falava. “Há mais alguma sobre a qual você queira nos contar?” Lily o segurava, fitando Harry com seu olho morto. “Você mutilou o meu filho, cegou a minha esposa!”

Harry permaneceu imóvel. “Preciso fazer uma lista de todas as coisas que fez para mim enquanto vivi com você?”

Passos indicara que Nicholas voltava da entrevista. Ao se ver em uma situação tensa, tentou refazer seus passos, mas parou ao receber o olhar de todos. “O que está acontecendo?”

“Harry... Harry é Nemesis.”

James se desgarrou do aperto de Lily, partindo para cima dele. O tapa que recebeu na bochecha esquerda doeu de vergonha, atiçando uma fúria dentro do menino que ele pensava não existir.

“Incompetente!”

“Incompetente?” Ele repetiu a palavra com ódio. “Depois de quinze anos de abuso, é tudo o que tem a dizer? Depois de tudo que eu fiz?”

Nicholas olhava de um lado para o outro sem entender. “Você?! Você é Nemesis, o maldito que fez tudo isso comigo?”

Ele foi ignorado. “Você viu até onde a falta de atenção faz uma pessoa chegar? A negligência, o feitiço de memória... Porra, como eu odiei vocês. Eu os odiei com cada centímetro do meu ser, sonhei com a minha vingança... Até que a vingança não importava mais. Eu precisava do mundo. Precisava mostrar do que eu sou capaz.”

Harry se levantou, aumentando a voz: “VOCÊ VIU? Viu o monstro que criaram?”

“Harry...” chorava Lily.

Não. Ele não toleraria mais nada disso. Sussurrou um feitiço, levantando a mão e observando a mão de James se levantar contra a sua vontade. Com um movimento brusco, fez com que James desse um soco em si mesmo. “Isso, papai. Multiplique isso por anos de sofrimento.” Ele se chocou contra a parede. “Tudo isso! Veja como eu servi de marionete!”

Bateu a cabeça de James repetidamente contra a parede, só parando quando esta começou a sangrar. Um escudo ao redor de si mesmo impedia Lily de fazer algo.

“Harry, por favor!”

Agora o punho de James se chocou no nariz de Lily.

“Ele não foi o único!”

Foi lançado para trás quando Nicholas fez a sua presença feita, unindo-se a Lily para trabalhar contra o escudo. James se recuperava, e a ruiva, mesmo com o nariz quebrado, já havia sacado sua varinha. Três contra um.

Sem chances.

“Nicholas, oh, pequeno Nicholas...” Enquanto eles estavam imersos em sua conversa, Harry aproveitou de sua proximidade com a janela. “O menino perfeito. Mas lembra da nossa aposta? Diga que se lembra!”

“Eu-eu me lembro.”

“Ótimo. Saibam que isso não é o fim: É apenas o começo.”

Harry torceu para o que aquilo funcionasse. Reunindo todas as suas forças, correu, quebrando o vidro da janela com as costas enquanto rodopiava no ar em queda livre. Qual era o feitiço mesmo? Ele estava caindo. Só tinha alguns segundos. O feitiço, Harry, lembre-se do feitiço!

Animalia.

Ele estendeu os braços, abrindo-os no exato instante em que eles encolheram, asas aparecendo em seu lugar. Penas cobriram o seu corpo, transformando-o de fora para dentro. Harry estava voando. Bateu as asas, experimentando o equilíbrio: Era perfeito. Arrulhou para o ar, subindo de modo a poder ser visto.

Do lado de dentro da casa, tudo o que os Potters viram foi um grande corvo negro sumindo na escuridão da noite.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aqui concluímos o quinto ano, pessoal. A ideia de lágrimas de fênix queimarem foi vista pela primeira vez na história Shadowed Malice, que pode ser encontrada no ff.n.

Sinto que o capítulo foi corrido, mas ao mesmo tempo não sei como melhorá-lo. Então fica assim mesmo, na esperança que vocês gostem.

Reviews são amor, pessoal, e esse amor parece ter diminuído bastante desde o começo do quinto ano. Caso você esteja lendo a fic e não esteja gostando o suficiente para comentar, por favor dedique um minuto do seu tempo para me dizer do que você não está gostando para que eu possa melhorar.

Cordialmente,
Lady Slytherin.