Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 48
Mãos atadas


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Me desculpem pela demora de 1 hora, eu estava lendo :P
Aqui sou eu mesma, já com internet. Os reviews do capítulo anterior começarão a ser respondidos hoje e terminarão de ser respondidos amanhã - eu queria tê-los respondido ontem, mas o sono me impediu...

Esse é um capítulo cheio de conteúdo e dividido em duas partes. Finalmente, a terceira tarefa com um twist!

Boa leitura!



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CAPÍTULO 48

TIED HANDS

Revan acordou no dia do torneio com uma careta no rosto.

Ao contrário de Madame Maxime, que ordenara a Fleur a ir muito bem na tarefa, seu lorde queria que ele não mostrasse nenhuma habilidade especial, do modo como havia feito com o dragão na primeira tarefa. Deveria usar feitiços simples, se desviar mais do que atacar e trazer Nicholas Potter, de alguma maneira, para o cemitério onde ficavam os ossos de Tom Riddle Sr.

Como podia fazer isso, ele se perguntou ao tomar café da manhã. Nicholas estava no torneio como juiz e não seria atraído para o meio do labirinto que antes era o campo de quadribol sem uma razão muito importante.

“Por que está tão nervoso?” perguntou Daphne para ele quando foram para a primeira aula. “É Fleur?”

Revan balançou a cabeça para dispersar seus pensamentos. “Não, não. Tive pesadelos, só isso. O Lorde das Trevas deve estar tramando alguma coisa, porque o Profeta Diário não fala dele faz umas duas semanas.”

A loira ali viu uma oportunidade onde o herdeiro estava vulnerável e se aproveitou dela. Apertando sua bochecha, ela murmurou com voz doce: “Revanzinho está preocupado.”

O herdeiro Black encarou-a sem dizer nada.

“Ok. Só tentei colocar alguma coisa, nem que fosse uma carranca, no seu rosto. Me desculpe. Vamos, é aula de poções. Você sabe como eu adoro professor Snape e o medo que ele coloca nos Gryffindors.”

“Se ele parasse de respirar no meu pescoço” reclamou ele, pensando no Mestre de Poções. “É como se Snape tivesse esquecido que meu pai é Regulus e não Sirius. Ele me trata como se eu fosse Mordred reencarnado.”

“Não diga essas coisas, vai me fazer rir.”

Revan riu. Daphne estava efetivamente distraindo-o do torneio, como o pretendido. “Tudo bem, qual foi a última coisa que eu fiz que me mereceu o título de Mordred da escola?”

“Aquela ideia dos gêmeos Weasley de explodir o banheiro em homenagem ao irmão morto. Você realmente, realmente não deveria ter participado.”

“Como ficou sabendo que eu fui?” perguntou, realmente curioso.

Foi o franzir de nariz da loira que lhe deu a resposta. “Revan, quando você mexe com esgoto, as coisas fedem. Literalmente. Você precisou de tipo, três banhos para tirar aquele cheiro terrível de você. Aquelas pessoas apontando, elas achavam que você tinha sofrido um... acidente, nas calças.”

“Você podia ter me avisado!” exclamou ele, horrorizado. “Eu achei que a colônia...”

Daphne revirou os olhos, claramente se divertindo com a conversa. “Colônia nenhuma esconderia aquele cheiro. Graças a Merlin só os Slytherins te viram. Só para terminar esse assunto, a merda realmente...”

O herdeiro Black deu um sorriso brilhante: “Atingiu o teto. Sim. E deixe-me te dizer uma coisa, Daph, o momento foi épico. Épico. Hey, hey! Tínhamos combinado da política sem tapas, certo. Ok, ok, eu te chamo da próxima vez. Pode parar de agir como se fosse uma moça descontrolada? Seus tapas doem, sabia?”

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“Respire, Fleur” ele murmurou, já como Harry, depois de receber doses e mais doses de Pollyjuice do misterioso mestre de poções. “Você consegue. Treinamos bastante todos esses meses.”

A veela parecia prestes a desmaiar. “Nós só começamos a praticar juntos em março, ‘Arry. Três meses, só três, e você ganhou a maioria das vezes.”

“Foi você quem pediu para ir com tudo” riu o menino, indo até sua posição no começo do labirinto. Ele ainda não podia acreditar que haviam levantado o labirinto bem no meio do campo. O campus de Hogwarts era tão grande, e precisaram ter levantando o local da terceira tarefa ali. Em uma conversa rápida com os gêmeos Weasley, descobriu que eles também estavam indignados com a decisão dos juízes.

As arquibancadas levantadas ao redor do labirinto estavam repletas de estudantes. Além dos de Hogwarts, Harry podia ver meia centena de estudantes de Beauxbatons, que carregavam pompons azuis para Fleur, e os carrancudos, como se referiam aos alunos de Durmstrang, que batiam os bastões contra o chão em apoio a Viktor.

Quase ninguém segurava pompons ou bastões para Harry, e por mais que tenha doído no primeiro instante, as poucas pessoas, como Luna, que tinham cartazes de “Vai, Harry!” fizeram seu dia.

“Harry, meu menino” sorriu Dumbledore, tentando obter uma visão clara dos olhos de Harry para vasculhar sua mente. “Fizemos a soma das pontuações e adivinhe? Você será o primeiro a entrar no labirinto!”

“Ótimo!” replicou Harry com a mesma empolgação. “Serei o primeiro a ser comido!”

Atrás dele, Fleur fez menção de entrar na discussão antes que a mesma se tornasse uma briga, mas lembrou-se que não podia ficar perto de Harry. Não muito perto, de qualquer maneira. “Não diga uma coisa dessas, ‘Arry” resmungou ela, limitando-se a isso. “Você vai sobreviver.”

Porque varinhas de madeira branca eram excelentes para lançar maldições... Pelo menos, pensou Harry se consolando, ele estava não com uma ou duas, mas três varinhas, as três que ele utilizava para as suas três identidades: Harry, Revan e Nemesis. A varinha atual do último, que trocava-a anualmente para evitar ser rastreado, fora feita com uma escama de Sarahzar, o basilisco, e era a melhor que ele já tivera.

Dumbledore explicou a eles que, se necessário, deveriam lançar faíscas vermelhas e imediatamente receberiam ajuda, porém seriam eliminados da competição. Fleur mordeu o lábio, olhando para o labirinto e se perguntando que tipo de criaturas esperariam por ela até que fosse capaz de chegar na taça.

“As ordens serão Potter, Delacour, e juntos, Diggory e Krum” ele os informou, quando estavam reunidos. “Ao meu sinal, Harry, corra para o labirinto.”

“Sim, senhor” ele virou-se para Fleur e segurou-a pelos ombros. “Quando você entrar no labirinto, não me espere. Corra, e não pare de correr até pegar a taça. Lembre-se que lá dentro, tudo e todos são o inimigo. Lembre-se disso.”

A veela parecia prestes a chorar. “Você não é” sussurrou, puxando Harry para um abraço. Dane-se a distância. Aquela podia ser a última vez que se veriam vivos. A plateia assoviou, alguns ousando bater palmas mesmo não se passando de um abraço. Fleur colocou a boca em seu ouvido: “Espero que não peçam por um beijo.”

O que fez Harry rir, se afastando. Mesmo com aquela face, ele era leal a Daphne, ou tão leal quanto podia ser quando se treinava com uma veela cujos poderes eram puramente sexuais. Daphne não sabia do beijo ainda, pelo menos. Harry sabia que ela ficaria uma fera quando descobrisse.

“Em suas posições” comandou Dumbledore, levantando a varinha. “Harry, prepare-se.”

Ele respirou fundo.

O som de um tiro saiu da varinha de Dumbledore, e ele correu para dentro do labirinto, instantaneamente deparando-se com uma névoa grossa que o impedia de ver mais de alguns metros a sua frente. Harry pegou a varinha, pronto para lançar um feitiço que limparia toda aquela névoa, todavia lembrou-se das palavras de seu lorde e tateou sua saída até estar livre daquele lugar.

O menino estimou cerca de dois minutos antes que uma criancinha corresse até ele, desesperada e chorando pelo tio.

“Harry?” perguntou Harry. Pequeno Harry olhou para cima. “O que... Eles querem que eu me sinta culpado ou alguma coisa?”

“Você tem que me levar para casa” informou Pequeno Harry, batendo o pé. “Leve-me para casa, Harry.”

Harry respirou fundo e abraçou o menininho, murmurando em seu ouvido que tudo ficaria bem porque aquilo não se passava de um sonho. “Durma” ordenou ele, usando sua voz persuasiva. “Vá dormir, pequeno Harry, vá para a terra dos sonhos. Você vai sonhar com vassouras e pomos de ouro.”

E Pequeno Harry bocejou, instantaneamente desaparecendo.

Merda, pensou o Outro Potter, tinha perdido pelo menos cinco minutos ali, e naquele momento o som de dois tiros foi ouvido, indicando que Krum e Diggory estavam dentro do labirinto. Sem parar de xingar, Harry correu o mais rápido que pode, usando sua varinha para indicar qual era o lado norte (porque qualquer aluno do quarto ano sabia o feitiço “Point me!”) e virando para direções opostas sempre de podia, de modo a tentar chegar ao centro.

Correu por seis ou sete minutos até que seu mundo virou de cabeça para baixo. Sem hesitar, Harry continuou correndo até que estava de volta ao normal. Então havia Aragogue, esperando por ele com suas crianças.

“Eu te alimentei ano passado” lembrou Harry. “Eu te dei um ruivo. Pedi que me dessem a cabeça. Deixe-me passar.”

Aragogue riu. “Por que eu faria isso?”

Harry suspirou, então lançou um serpensortia seguido por engorgio. Uma gigante cobra estava a sua frente, esperando por comandos. Aragogue deu um passo para trás.

“ATAQUE!” berrou o Outro Potter, indo até uma das paredes do labirinto e esquivando-se dos animais gigantes que no momento encontravam-se no meio de uma briga que acabaria com a morte de um dos dois.

Faíscas vermelhas voaram para o ar, explodindo como fogos de artifício, e Harry viu ali sua oportunidade. Foi na direção das faíscas, já retirando uma certa capa do bolso e se vestindo sem parar de correr, trocando de Harry para Nemesis em alguns instantes. Quando faíscas vermelhas apareciam, os juízes averiguavam o problema. Todos eles. Incluindo Nicholas.

Harry, não, Nemesis estimou que levaria cerca de vinte minutos até encontrar as passagens certas para as faíscas vermelhas. Sem se importar em ser visto (afinal, tudo que veriam era uma face encapuzada), Nemesis utilizou o método de transporte dos comensais da morte, aparecendo instantaneamente onde Cedric estava em um emaranhado de plantas.

Sua presença foi notada, e Cedric estendeu a mão para ele, implorando por ajuda até perceber de quem se tratava. As tatuagens no rosto eram conhecidas ao redor do Reino Unido.

“Nemesis.”

“Não se preocupe” falou Nemesis, retirando as plantas que cobriam Cedric. “Estou aqui para te ajudar. Corra antes que os juízes cheguem.”

Cedric balançou a cabeça. “Não. O que vai fazer com Nicholas dessa vez?”

O não foi duro na cabeça de Nemesis. Não? Como alguém ousava falar não para ele? O não fez com que ele mudasse sua estratégia. Amarrando Cedric em cordas de aço, murmurou “Point me Fleur!” e seguiu as instruções até ela, pegando-a de surpresa e facilmente arrastando seu corpo leve até onde Cedric estava.

“Point me Krum!” e fez o mesmo com Viktor, uma tarefa um pouco mais difícil porque aparentemente alguém (provavelmente seu fornecedor de Pollyjuice) havia o colocado sob efeito da maldição Imperius. “Estupefaça!”

E arrastou seu corpo inconsciente até Fleur e os outros, amarrados e esperando pela salvação dos juízes. Nemesis fez menção de sair a procura de “Harry” quando, ao perceber do que se tratava, Fleur começou a gritar: “’Arry! Corra!”

“Cale a boca” cuspiu Nemesis, dando-lhe um tapa na cara. “Harry Potter está morto.”

O tapa fez com que Fleur, em uma reação instintiva, lhe mordesse a mão. O pequeno lorde removeu-a, perdendo qualquer paciência que tinha. Estuporar Fleur foi mais difícil - qualquer tentativa de proximidade acabava com a veela utilizando seus poderes, e Nemesis ficando paralisado.

Finalmente, ele conseguiu puxá-la pelos cabelos. A queda levou tempo suficiente para que Nemesis a estuporasse, continuando seu plano.

Os juízes, que tinham aparecido momentos antes para tentar resgatar os reféns, trabalhavam nas cordas. Ele se surpreendeu pelo fato de apenas Nicholas estar entre o grupo de aurores, mas deixou para celebrar sua sorte depois - de costas, a colisão da cabeça de Nicholas com o chão foi o desacordou.

Nemesis fez questão de apertar as cordas ao redor dele mais do que necessário, fazendo sangue começar a sair de suas feridas. Segurando todos pela mão, aparatou novamente, desta vez para onde seu misterioso mestre de poções havia deixado escrito em um bilhete. Sabia que as chances de alguém perder alguma parte do corpo era grande, mas Nemesis tinha pressa.

“Todos segurem a taça ao mesmo tempo” ordenou ele quando todos estavam acordados. “Ou morrem aqui.”

O que surtiu o efeito desejado, e todos sentiram ao mesmo tempo o puxão no umbigo que significava uma chave do portal.

_

O cemitério onde os ossos do pai de Tom estavam enterrados era, sem outras palavras, sinistro. Abandonado, com mato crescendo entre os túmulos e estátuas horripilantes dos mortos e anjos que deveriam vigiá-los. Na única parte limpa do cemitério estava um círculo de pessoas encapuzadas que Nemesis conhecia muito bem.

“Eles estão aqui” informou, arrastando Nicholas primeiro, e permitindo que os outros reféns voltassem para a escola, com exceção, é claro, de Nicholas. “Os aurores chegarão em alguns minutos.”

Sirius Black, pensou Nemesis com um sorriso. Ele não escaparia dessa vez. Já tinha até em mente o que faria com ele.

“Nicki... Nicki...” chamou o segundo em comando do lorde das trevas em uma voz infantil, balançando-o suavemente. “Acorde. Tenho um presente para você.”

Nicholas grunhiu um “mais cinco minutos, mãe” antes de sentir a terra contra sua face e os dedos fantasmagóricos que alisavam sua cara. Seus olhos se arregalaram e ele tentou se levantar, sem sucesso. Ele abriu a boca múltiplas vezes, como um peixe fora d’água, antes de já assumir a expressão da dor que viria.

“Relaxe, Potter” disse Nemesis, fazendo um sinal para que os comensais se aproximassem. “Eu quero que conheça meus súditos. Pena que não posso revelar os nomes, você sabe como é. Fidelidade comensal.”

Bellatrix riu, denunciando sua presença (como se os cabelos não o fizessem) e retirou a máscara do rosto, saltitando ao redor de Nicholas e lançando maldições para o ar, de modo a avisar os aurores de onde estavam, mas ao mesmo tempo confundindo-os por fogos de artifício.

“Como foi seu ano? O meu foi bem ocupado. Cuidar de todas essas crianças aqui é mais difícil do que parece. Bella deu mais trabalho do que metade deles juntos. Ela morde, sabe? E Lucius, pobre Lucius, enforcado. Que tipo de gente rica se enforca, de qualquer jeito? Sorte que os elfos domésticos chegaram a tempo.”

“Você estava por trás disso!” acusou Nicholas, tendo apontado o dedo se pudesse.

“Claro. Desde quando não estou? O Lorde das Trevas aqui, ele me ensinou bem. Meu lorde! Venha aqui, Nicki está ansioso para te conhecer!”

Voldemort caminhou até eles com elegância, olhando para frente e com a varinha pronta em sua mão direita. Baixou os olhos para Nicholas e examinou-o como se fosse lixo, ou um animal morto. “Isso me derrotou?”

“Eu tenho o poder que o lorde das trevas não tem!”

“Cale a boca, moleque estúpido” Voldemort fez um movimento de varinha e a boca de Nicholas se fechou com mais força do que necessário. “Não quero ouvir suas palavras tolas. Então é você... O ruivinho que me fez desaparecer por, quanto tempo foi, Nemesis?”

O pequeno comensal fingiu pensar, quando já tinha a resposta pronta: “Onze anos, meu lorde.”

“Meu Merlin” desdenhou o Lorde das Trevas, revirando Nicholas de cima a baixo e vendo todas as cicatrizes que seu aprendiz já havia infligido no próprio irmão. “Você fez um bom trabalho aqui, garoto. Deixe-me vê-lo inteiro.”

Nemesis deu um passo à frente e rasgou as vestes do menino que sobreviveu, deixando-o em boxers pretas. Podia ser junho, mas a aparência horripilante do cemitério fez com que Nicholas tremesse, os pelos dos braços se arrepiando. Ele se encolheu, tentando ocultar a ferida do estômago e ao mesmo tempo, mostrando seu N de raio nas costas.

“Que bela arte.” Voldemort passou as unhas afiadas pela cicatriz até desenhar uma fina linha de sangue, engrossando-a cada vez que sentia o trabalho do aprendiz, repetidas vezes, até deixar o local em carne viva. Nicholas cerrou os dentes para não gritar. “Nemesis? Veja só toda essa gordura... Quem quer massa gorda em seus porcos?”

O mão direita do lorde das trevas sorriu, entendendo o que aquilo significava, e retirou uma adaga do bolso. Os olhos de Nicholas se arregalaram. Em cortes limpos e rápidos, Nemesis removeu a carne do braço direito de Nicholas, pensando em como seria prazeroso retirar o braço todo, todavia pensava na dor que podia causar antes disso e se limitava à carne.

Primeiro se divertiu do seu jeito: Enfiou a ponta da adaga em seu peito, próximo ao coração, e quando a lâmina já estava completamente dentro do corpo do gêmeo, girou-a, fazendo um perfeito círculo sangrento.

“Quantos?” perguntou para si mesmo, repetindo o processo ao redor de todas as artérias principais. “Um para cada ano de sofrimento, um para cada mês, um para cada dia?”

Sem ser capaz de se impedir, escreveu com a adaga, tão de leve que mal sangrou: Nemesis esteve aqui. Então, inspirado pela arte do corpo, continuou, entre aspas: Morte: Você não a merece, você pode consegui-la, e ficarei feliz por você.

Satisfeito com o que havia feito, voltou ao trabalho de limpar a carne.

Os gritos de Nicholas, que quebravam a barreira do feitiço lançado por Voldemort, eram, como sempre, música para seus ouvidos. Nemesis observou o sangue correndo por seus dedos, o cheiro metálico e doentio tão comum em salas de cirurgia, e como a vida se drenava da face já doentia do irmão, e sentiu que se morresse ali e agora, poderia considerar ter tido uma vida prazerosa.

Fez questão de bloquear o fluxo do sangue para que o menino não morresse rápido demais. Nicholas não merecia o presente da morte. Nemesis terminou de limpar a carne, deixando o osso limpo, e observou o irmão fantasmagórico, uma poça razoável de sangue ao redor dele, só não maior por causa dos feitiços usados.

Ele não iria morrer. Apenas sofrer.

Enervate!

“Bem vindo de volta, por favor tente evitar o desmaio” falou Nemesis como uma aeromoça fala no avião. “Eu diria que sinto muito pela dor, mas não. Veja meu trabalho, Nicki, veja!”

Nicholas viu o que restava do seu braço e imediatamente perdeu os conteúdos da última refeição.

“Tragam-me uma espada!” ordenou Nemesis, olhando na direção dos comensais. “A mais afiada que conseguir encontrar!”

Bellatrix correu até ele com uma espada fina de lâmina recém polida. Mais grossa do que uma espada de esgrima, mas menos do que as convencionais, não era a melhor para o momento. Nemesis teve que se lembrar que deveria se considerar sortudo por alguém ter trazido uma espada. Não estava nos planos, mas seria delicioso, oh, tão delicioso...

“Você não sabe duelar, não escreve sua tarefa de casa, qual é a necessidade disso?” comentou o pequeno comensal, apontando para o que restava do braço direito de Nicholas. “Ficar... fappando? Não…”

Levantou a espada acima da cabeça e desceu-a no ombro direito do menino que sobreviveu. Um crack foi ouvido quando o osso se quebrou, seguido de outros, muitos outros, até que a lâmina pudesse penetrar de fora a fora na pele, separando o braço do resto do corpo.

Nicholas, infelizmente, já havia desmaiado novamente.

“Garoto!”

Nemesis se virou na direção da voz, levantando a varinha e pronto para atacar quem quer que tivesse lhe chamado de garoto. Era Alastor... com a voz de Regulus.

“Diga-me uma coisa que só você possa saber!” berrou Nemesis, a adrenalina correndo em suas veias impedindo-o de estar mais calmo. Ele não queria nada mais do que transfigurar a varinha em uma arma e, como em todos os filmes de James Bond que costumava assistir no orfanato, dar um tiro certeiro na cabeça do impostor.

Moody levantou os braços em sinal de submissão, sua expressão mudando conforme continuava a dar passo após passo na direção de Nemesis e o corpo inconsciente de Nicholas. “Eu te mandei a poção Pollyjuice!”

É claro... Regulus seria o único a conter fios de cabelo de Harry Potter suficientes para lhe mandar tantas poções.

Regulus (era Regulus, certo?) foi para mais perto do pequeno comensal, o olho falso caindo do rosto e sendo substituído por dois olhos cinzentos muito reais. O cabelo perdia os fios brancos e escurecia, tornando-se negro e encaracolado. Seus músculos de treinamento intensivo e fugas, suas cicatrizes, tudo voltou a ser o que Regulus era.

“Abaffiato” murmurou o menino para Nicholas, seguido de um feitiço para cegar. Então, tendo se certificado que não seria visto por ninguém que já soubesse, Nemesis correu para Regulus, abraçando-o como qualquer criança abraça o pai. “Reg! Não consigo acreditar que seja mesmo você!”

Ainda abraçados, Regulus tirou o cabelo molhado da face do aprendiz (havia começado uma intensa chuva que já molhara suas vestes) e bagunçou seu cabelo, partindo depois para depositar um suave beijo no topo da cabeça do aprendiz.

“Senti tanto sua falta, garoto.”

“Eu também, Reg, eu também. Onde... Onde você estava com a cabeça quando decidiu virar Alastor Moody? Como Dumbledore não descobriu?”

“Dumbledore descobriu que alguém no castelo estava usando poção pollyjuice” explicou Regulus, fazendo o movimento de se ajoelhar para ficar da altura do menino e percebendo que eles já estavam do mesmo tamanho. Como ele havia crescido! “Mas ele achou que fosse Harry Potter.”

Nemesis riu. “Pelo menos o velho tolo acertou em alguma coisa. Não completamente, mas de qualquer jeito...”

“Por que acha que não te convidei para passar o Natal conosco, Nem?”

“Achei que por causa dos comensais, mas sua explicação faz bem mais sentido. Nós acabamos passando o Natal juntos, mesmo não percebendo. Merlin, pai! Você ensinou maldições para alunos de quarto ano!”

Foi a vez de Regulus rir. “E agora todos os alunos do quarto ano sabem como encaixar um corpo em uma mala PP. Ou garantir que uma pessoa seja carbonizada. Coisas básicas.”

Eles foram até o círculo de comensais, que esperavam ansiosamente a chegada dos aurores para poderes mostrar suas habilidades de combate. A chuva piorara, se possível, fazendo Nemesis se perguntar se era possível um lugar ser magicamente encantando para receber chuva todos os dias, naquela intensidade.

A terra em cima das lápides virou lama, e um anjo caiu de sua posição acima de um túmulo. A tempestade só diminuiu quando a felicidade de Nemesis deu lugar ao clima sombrio que havia antes em sua mente, e ele cumprimentou cada comensal pelo primeiro nome, chacoalhando suas mãos como iguais e discutindo, adivinhe, o clima.

“Ok, pessoal, agora o assunto é sério” anunciou Nemesis com sua voz de líder. Sentiu então uma mão em seu ombro e, com um sorriso com o qual pedia desculpas, completou: “O Lorde das Trevas assumirá a partir de agora.”

Os comensais gargalharam.

“Servos. Utilizaremos a técnica do avestruz.”

Gritos surgiram na multidão. Queriam lutar, não seguir a maldita técnica do avestruz, a pior que o Lorde das Trevas já havia inventado, na opinião deles.

“Silêncio!” e todos se calaram. “Utilizaremos a técnica do avestruz porque não podemos perder nenhum lutador. Esse ataque é meramente para causar danos nos aurores, e não em nós. Não é difícil, e se bem utilizada, pode matar dezenas. E eu quero dezenas de aurores mortos, entenderam?”

“Sim, meu lorde!”

“Quem aqui se lembra da técnica do avestruz?”

A grande maioria levantou a mão.

“Ótimo. Para os que não sabem, saibam que serão punidos por isso. A técnica do avestruz é simples: Os aurores aparatam, vocês lançam feitiços na direção deles antes que possam se localizar e desaparatam, sem deixar rastros. Entendido?”

“Sim, meu lorde!”

A atenção do grupo foi desviada pelo estrondo de múltiplos aurores aparatando ao mesmo tempo.

“Eles estão aqui!” berrou o lorde das trevas, olhando para o céu que carregava uma grande marca negra. As nuvens se aproximavam rapidamente, causando outra chuva. O pequeno comensal tentou controlar suas emoções; chuva não seria bom para nenhum dos lados.

“TÉCNICA DO AVESTRUZ!” berraram os comensais de volta, lançando maldições, imperdoáveis e ‘perdoáveis’, todas ilegais e extremamente dolorosas, na direção dos aurores, e então aparatando para uma ilha remota de onde não poderiam ser rastreados.

Nemesis percebeu algo e olhou para Regulus com surpresa. “Por que não utilizou a técnica do avestruz?”

Regulus olhou para baixo, examinando as botas de guerra como se fossem a coisa mais importante do mundo, e evitando a resposta.

“Regulus. Pai. Responda.”

“Tenho coisas mais importantes para fazer do que enfiar a cabeça num buraco de terra” replicou o Black sênior, seu pé martelando o chão em ansiedade.

Franzindo a testa e cerrando os olhos, o pequeno comensal o acusou: “Está mentindo.”

“Só deixe essa mentira passar, ok? É uma mentira branca.”

Mais um esquadrão de aurores aparatou, este contendo Sirius Black. Voldemort, Nemesis e Regulus deram um passo para trás instintivamente. Era uma dúzia de aurores contra três...

Pelo menos por enquanto.

A risada de Bellatrix ecoou pelo cemitério, seguida de outras, outras e mais outras, saindo de trás das maiores lápides e mirando a varinha muito flexível para o primeiro auror que encontrou: “Técnica da cobra! Crucio!”

E os outros seguiram seu exemplo, lançando todas as maldições que podiam imaginar e derrotando grande parte dos aurores. Era uma festa de artifícios de cores, feitiços da luz e maldições, as luzes dançando como se não fossem inimigas entre os lutadores e atingindo, de vez em quando, um perdedor que não soube a arte da dança e caiu, morto.

Um estrondo saiu da varinha de Sirius Black. Os outros pararam de duelar, surpresos. Queriam saber o que aconteceria.

Sirius estava no meio de três ou quatro corpos, tanto aliados quanto inimigos, e estava furioso. Era possível ver isso descansando seus olhos sobre ele por apenas um segundo, vendo a raiva explícita no modo como seus dentes se projetavam e uma veia pulsava na testa.

“Irmãozinho.”

“Irmãozão.”

Regulus se separou de Nemesis o mais rápido possível para evitar que houvesse qualquer indício de ligação entre os dois.

"Não pense em fazer um discurso heroico para me trazer para o lado da luz" ele ameaçou ao dar um passo para a frente. "Já disse isso quando tinha dezesseis anos e digo novamente que a minha opinião está formada."

“Então vamos terminar isso aqui, e agora.”

Sirius retirou uma das luvas de couro que usava e a jogou na direção de Regulus.

Uma oferenda.

Uma ameaça.

Uma morte.

E pela segunda vez na noite, as palavras foram ouvidas: “Tragam-me uma espada!”


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Notas finais do capítulo

E eu termino esse capítulo com um belo cliffhanger :D

Sério, pessoal. Espero que tenham gostado. A tortura não foi das mais criativas, mas o duelo do próximo capítulo será. Por favor deixem reviews, seja com pedidos, palpites ou um comentário geral sobre a fic/quarto ano.

EDIT: Lord Slytherin apontou o fato das minas terrestres não serem compatíveis com o enredo, portanto foram removidas. A cena da captura foi aumentada.

Cordialmente, Lady Slytherin, que no domingo à noite se pergunta onde estão todos os leitores que costumavam comentar.