Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 43
Quando você fala


Notas iniciais do capítulo

Estou alguns minutos atrasada, eu sei, mas eu estava pesquisando fotos para possíveis histórias. Alguém tem dicas de sites como o deviantart?

Os reviews diminuíram em quase 50% (de 60 para 31) o que ainda é muita coisa. Mesmo assim, quero saber por onde andam os fantasminhas. E para os que comentaram, eu amo vocês!



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CAPÍTULO 43

WHEN YOU SPEAK

“Tem certeza que estou preparada?” perguntou Fleur pela décima vez só aquele dia. “Dizem que o ensino de ‘Ogwarts é muito superior, e Krum sabe magia negra...” se deu conta de algo. “E você, Heaven, está preparado?” lembrou-se da conversa que tiveram algumas semanas atrás e falou, com cara de quem estava brincando: “Você não pode morrer antes do fim do torneio, afinal, tem que me ver segurando a taça.”

Revan notou o que já começara a notar nos dias anteriores: Desde que começara a andar com Fleur e deixar os Slytherins de lado por um tempo, o olhar que as pessoas davam a ele era mais amigável e respeitoso. O moleque que domou a veela.

“Não sei do que está falando. Acho que aspirou fumaça de poções demais.” Indicou com o olhar todas as pessoas ao redor dele, afinal era ‘Arry quem competiria no torneio, não Revan. Revan era apenas um expectador que parecia disposto um pouco demais a ajudar os franceses – agradeceu a Merlin por ter apenas quatorze, quase quinze anos, portanto não era visto como um competidor que tentava sabotar Hogwarts. Provavelmente, mais um menino apaixonado (o que sempre fazia Daphne lançar adagas pelo olhar para Fleur).

Fleur assentiu, mostrando que entendia, e falou nas palavras mais simples que conseguiu, em francês: Descobriu mais?

“Nada” murmurou. “Desde que acharam Krum andando na Floresta Proibida, as coisas ficaram muito mais complicadas.”

Uma vantagem” fez a loira, imitando a voz de Revan, que se perguntou se era assim que soava para outras pessoas. “Considere isso um presente de aniversário.

Ele deu de ombros, apressando o passo. “Oy, Krum foi pego e agora a maior nota que conseguirá é sete. Já é alguma coisa.”

Sentindo que a conversa chegara ao fim, Fleur escolheu outro assunto para falarem: “Queria poder sair do castelo um pouco.”

“Você pode” retrucou Revan alegremente. “Pode ir para a Floresta Proibida e o corujal.” A veela virou-se, batendo nele de leve com os papéis que carregava sobre dragões e xingando-o de todos os nomes que conseguia traduzir para o inglês. “As visitas a Hogsmeade foram canceladas por causa do Lorde das Trevas. O mais emocionante que vamos conseguir será semana que vem.”

“Nem me fale” murmurou Fleur, estremecendo. Não queria pensar nisso. Ainda tinha alguns dias de liberdade antes de uma possível morte prematura. “É aqui seu dormitório? Boa noite, então.” Deu um beijo em cada bochecha de Revan e virou as costas, indo na direção da carruagem magicamente ampliada onde estavam alojadas as meninas de Beauxbatons.

Assim que estava do outro lado da parede (onde Merlin piscou para ele), Astoria já o encarava com a impressão de quem pedia por um duelo amigável, seus olhos azuis implorando por atenção como os de um cachorrinho.

“Seria melhor gastar esses olhinhos pidões tentando melhorar suas notas de Poções” ele avisou, lançando chamas contra Tory e esperando que ela fizesse o mesmo de modo que ele pudesse praticar algum desvio. Fez uma nota mental de não criar nenhum escudo hoje, apenas desviar. Poucos escudos paravam fogo de dragão, e Harry Potter não tinha como sabê-los.

“Mas minhas notas já são máximas!” protestou Astoria, reagindo como previsto e rebatendo as chamas. Revan desviou-se delas pulando para a esquerda e rolando no chão. “Sou mais esperta do que Daphne era quando tinha minha idade” resmungou. “E a loira que você está namorando agora.”

O choque do herdeiro Black foi tão grande que um dos feitiços da morena quase o atingiu. “Não estamos namorando” explicou ele. “Vou me casar com Daph assim que fizermos dezessete anos. Só estou fazendo amigos. Então não gosta de Fleur?”

Em resposta, Tory criou várias aranhas que correram para o oponente, tentando incapacitá-lo. “Ela não é uma flor, está mais para erva daninha.”

“Fleur me prejudica ou me deixa mais feio?”

“Ela deixa você longe de nós!” explodiu a menina, lançando rápidos feitiços em sucessão, usando toda sua raiva para aumentar o nível de sua magia. Um dia ela ganharia dele, pensou para si mesma. Um dia seria tão boa quanto aquele menino em duelos. “Por que está passando todo o seu tempo livre com uma francesinha que vai embora ano que vem?”

Revan ergueu o braço, protegendo-se. “Daphne pediu que você conversasse comigo?” Conjurou agulhas sem ponta, mandando-as na direção de Astoria. A pressão incomodaria muito, mas não machucaria. Era apenas um gostinho do lado das trevas. “Ela está com ciúmes?”

“Cale a boca” cuspiu ela, esfregando a mão contra as áreas atingidas pelas agulhas. “Onde você aprendeu esse feitiço?”

Ah. “Sozinho. Leio muito, você sabe. Posso te ensinar.”

“Com as pontas?”

O herdeiro Black riu. “Com tudo que você quiser.”

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O pequeno Harry Potter caminhava incansavelmente de um lado para o outro da tenda dos campeões. Um dragão que tinha ovos... Por que os ovos eram importantes? Precisaria roubar um deles?

“Já pensou no que vai fazer?” perguntou Fleur em baixo tom. “Existem alguns feitiços contra chamas...”

“Preciso de algo simples” lembrou-a Harry, encarando sua nova varinha de madeira branca. Quando vestia essa personalidade, a varinha parecia perfeita, mas ela nunca respondia a Revan. Perguntou-se o que mais mudava dentro dele quando Revan trocava de nomes. “Tecnicamente, nunca estudei nada complexo.”

Fleur inclinou-se para sussurrar algo em seu ouvido: “Os olhos são o ponto mais fraco.” Afastou-se subitamente ao ver os outros campeões entrarem, juntamente com Ludo Bagman que carregava com ele um saco com algo que se movimentava.

“Bom dia!” disseram. Cedric acenou para eles, e apesar de um pouco verde, foi ao lado de Harry para mencionar como era bom tê-lo de volta no mundo mágico. Krum olhou-os com desdém, e tirando esse fato, preferiu ficar em silêncio.

Bagman parecia surpreso ao ver a tranquilidade dos campeões, principalmente do jovem Harry. Cedric e Krum eram os que podiam ser considerados um pouco nervosos, mas não a quantidade esperava para uma tarefa que poderia acabar com suas vidas.

“Uma miniatura da primeira tarefa está aqui dentro” instruiu Bagman, um tanto animado em ser parte de um torneio que não acontecia havia muitos séculos. “A tarefa é pegar o ovo de ouro.”

Cedric agora estava definitivamente verde, e a carranca de Krum se aprofundou. A parte Gryffindor de Harry se perguntou se não deveria ter deixado Cedric saber da tarefa, afinal, ele era o campeão de sua escola, mas sua parte Slytherin, que, pensava Harry, sempre existira, disse que não. Aquilo era um torneio.

“Primeiro as damas” Bagman gesticulou para Fleur, que engoliu em seco e colocou a mão esquerda dentro do saco, retirando uma miniatura de um dragão verde, que se debateu e lançou uma mini rajada de fogo. O Verde Galês. A loira suspirou, aliviada que não pegaria o pior. O Meteoro Chinês foi para Krum, e Cedric acabou com o dragãozinho Cauda-Curta Sueco.

Harry rangeu os dentes. É claro que o pior ficaria para ele. E, obviamente, na sua vez, o último dragãozinho era o Rabo Córneo Húngaro, que olhou para o menino e cuspiu chamas na direção de seus olhos. Harry piscou e afastou o rosto, sabendo do que aconteceria se o fogo chegasse perto demais de suas recém compradas lentes de contato.

“É isso” finalizou Bagman. “Os números nas costas dos dragões são a ordem em que entrarão na arena. Sem mais, desejo-os uma boa sorte.”

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“Lembre-se que dragões odeiam água.” Cedric tinha acabado de conseguir sua pontuação e se dirigia para a tenda de modo a chegar quaisquer feridas.

“Eu também” murmurou Fleur. “Deseje-me boa sorte” disse ela, respirando fundo e repetindo os feitiços que usaria mentalmente. Quando Harry foi repetir as palavras, ela já havia entrado na arena.

Sendo parcialmente imune ao fogo, como haviam confirmado, Fleur utilizou seus próprios poderes para atacar seu Verde Galês. Pequenas bolas de fogo, não maiores do que um punho humano, desapareciam ao encontrarem as imensas chamas do dragão. Serviam para distrair, mas não para lutar.

“Aquamenti!” ordenou ela, apontando a varinha para o dragão. O contato da água fria com o fogo fez com que a água rebatesse, fervendo, para todas as direções, atingindo tanto Fleur quanto o Verde Galês. Ambos gritaram, a pele de Fleur avermelhando-se; furiosa, encarou o dragão.

Olhos azuis nos amarelos, ela liberou todo o seu allure, nunca piscando, nunca tirando os olhos do dragão. Apenas acalmar a mamãe para chegar mais perto... Quando cantou uma suave canção, sua voz era a coisa mais linda que a multidão já tinha ouvido. Aquilo era uma veela, se perguntavam, ou uma sereia?

Deu um passo, e outro, e mais outro. Quando a mamãe dragão fechou os olhos, ela correu, pegando o ovo dourado, e correu bem a tempo de se desviar da respiração flamejante do verde galês. Sua pele ficou intacta – suas vestes não.

Quando retornou, carregando o ovo de ouro, pareceu querer ir diretamente para os braços de Harry, mas Madame Pomfrey a impediu, querendo curar o mais rápido possível as marcas em seu rosto. Ela queria chorar – o menino imaginou que sua pontuação não tivesse sido tão boa, ou talvez apenas a vergonha de ter sido queimada pelo próprio feitiço, e não pelo dragão.

Do lado de fora da tenta, a multidão berrou enlouquecida ao ver Krum entrar na arena, curvado e carrancudo. De longe, não parecia preocupado, apesar que a multidão se aquietava conforme o Meteoro Chinês rugia e cuspia fogo em Krum, queimando partes dele e só não incinerando-o vivo por causa de sua extrema agilidade como apanhador.

“Ele não sabe o que fazer” sussurrou Fleur, espiando a arena. Krum apenas se desviava do fogo, sem modo de se aproximar. “Acha que fizemos uma coisa ruim em impedi-lo?”

Harry fez que não, espiando por si mesmo. O primeiro feitiço que o búlgaro lançou foi direcionado para os olhos do dragão. A mira não foi boa, ou o dragão se movia demais, porém o fato é que o feitiço mais atrapalhou do que ajudou. “É o que ele teria feito conosco. Além disso, Karkaroff não vai deixar que seu aluno estrela morra em um torneio. Ele vai ficar bem.”

Krum berrou o feitiço novamente, sua voz tremendo. Um grande rugido foi ouvido, seguido de um crack. Os estudantes prenderam a respiração, esperando que a fumaça baixasse para ver quem era o esmagado. Suspiraram em uníssono ao ver que era apenas um dos ovos do dragão, não Krum, nem o ovo dourado.

O búlgaro, em um ato de extrema coragem, correu na direção do Meteoro Chinês, lançando feitiços para todos os lados, subindo a fumaça e desviando-se do fogo, arfando com a falta de ar, mas efetivamente conseguiu pegar o ovo, levantando-o sobre sua cabeça e voltando a correr, agora na direção oposta, enquanto a multidão berrava a seu favor, aplaudindo, Karkaroff o mais alto de todos.

O apito soou, e Harry, dando um sorriso confiante para Fleur, entrou na arena de cabeça erguida. O Rabo Córneo Húngaro esperava por ele, acorrentado em um canto, já cuspindo fogo e circulando seus ovos como a mãe protetora que era.

Merlin, que isso funcione.

Olá” sibilou o menino, dando um passo para frente. “Pode me entender?

A multidão parou. Harry pensou que podia ouvir a respiração entrecortada do irmão, surpreso que ele não era o único Potter ofidioglota. Mas era com Nicholas que Harry estava preocupado. Ele olhou com expectativa para o dragão, que depois de ouvir suas palavras, parou de cuspir fogo, parecendo curioso.

Qual é o seu nome?

A mamãe sibilou algo em um tom que Harry não entendeu. Então era uma comunicação de uma via... Melhor do que nada, repetiu, murmurando palavras tranquilizadoras para o dragão. Deu mais um passo a diante, e recuou dois ao receber a primeira rajada de fogo direcionada a ele. Queria conjurar um escudo de gelo, mas o pequeno Harry não podia saber como fazer um feitiço daquele nível. Assim, desviou-se.

Não vou te machucar” insistiu ele, indicando sua varinha substitutiva e colocando-a no chão. A multidão parou de respirar – a varinha era parte essencial da tarefa! “Viu? Eu preciso do ovo que não é seu.

Recuando, o Rabo Córneo Húngaro cheirou seus ovos, parecendo perceber pela primeira vez que havia um intruso em seu ninho.

Eu quero o ovo dourado” repetiu Harry, arriscando um passo e mostrando as mãos. “Prometo que não vou machucar você ou seus filhotes. Posso me aproximar?

O dragão, em resposta, saiu da frente do ninho, nunca, porém deixando de vigiar seus ovos. Harry caminhou o mais apressadamente possível sem despertar a ira da mamãe, pegou o ovo correto e, indicando tal fato para o Rabo Córneo Húngaro, deu cuidadosos passos para trás, até estar a salvo do fogo.

Obrigado” murmurou, levantando o ovo dourado no ar. Aplausos choveram de todas as direções depois que o choque se passou. Antes de sair, Harry pegou sua varinha e fez uma reverência para o dragão, ignorando a tenda dos queimados e indo diretamente para onde os jurados decidiam sua nota.

“Harry Potter, o mais jovem campeão, tem o menor tempo! Em quatro minutos, recupera o ovo sem danos para nenhum dos lados!”

Os resultados não tardaram a vir. 10, de Dumbledore. 8, de Madame Maxime. 8, de Karkaroff. 10, de Ludo Bagman. E um grande 0 de Nicholas. A multidão se levantou, revoltada. O menino tinha feito uma exibição perfeita sem agredir o dragão!

“O que disse” gritou Nicholas para que todos ouvissem. Harry notou que ele estava lívido. “É uma característica comum de bruxos das trevas, e esse torneio foi criado para a união de escolas da luz!”

Alguém se levantou. “Você é um ofidioglota!”

“Sou o Menino-Que-Sobreviveu!” replicou Nicholas, levantando-se como se não sentisse dor alguma. “Ao defender Você-Sabe-Quem, absorvi parte de seus poderes!”

Outra pessoa, vestida de verde, se levantou. Surpreso, Harry percebeu que se tratava de Zabini. “Isso quer dizer que é parte bruxo das trevas, Potter?”

Madame Maxime pigarreou, incomodada. “Se é assim, e para acabar com esse assunto” falou, sua voz atingindo a todos. “Gostaria de mudar minha nota para 10.” Olhou para Karkaroff esperando o mesmo, mas o diretor não mudou sua nota. Suspirou. Dois pontos a mais para o pobre menininho era melhor do que nada.

A multidão aplaudiu, concordando com a decisão de Madame Maxime.

Harry, sentindo que logo teria que tomar outra dose da Poção Pollyjuice, depositou sua varinha no chão e desapareceu.

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Ainda como Harry, depois de tomar a poção, pegou um pergaminho comum, tinta comum e uma coruja selvagem e escreveu, direcionando a carta para Rita Skeeter:

Cara Rita,

Se ainda quer saber sobre minha infância, encontre-me em Hogsmeade, amanhã, à meia noite. Não traga ninguém.

–Harry.

A resposta chegou quase imediatamente, dizendo:

Harry,

Eu adoraria. Por que tão tarde? Não está quebrando as regras, está?

Amor, Rita.

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Harry esperava impacientemente Rita Skeeter chegar. Esperava que ela já estivesse na porta do Três Vassouras quando chegasse, mas não. Ele teve que esperar vinte minutos, ao ponto que já bocejava (afinal, teria que acordar antes das seis na manhã seguinte e criar uma desculpa plausível para sua ausência noturna) e aproveitou os galeões que sempre carregava para misturar sua cerveja amanteigada com energéticos.

“Rita” cumprimentou, sorrindo alegremente. “Trouxe sua pena? Temos muito a conversar.”

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A Infância do Outro Potter!

Por: Rita Skeeter.

O Profeta Diário conseguiu o que nenhum outro jornal conseguiu: Falar com Harry Potter, irmão do famoso Nicholas Potter, Menino-Que-Sobreviveu e salvador do mundo mágico, sobre sua misteriosa infância. Eu, Rita Skeeter, consegui uma entrevista exclusiva com a miniatura de James Potter, e aqui está um breve resumo (pois garanto a vocês, caros leitores, foi uma história longa e emocionante!) do que foi falado.

PD: Conte-nos sobre Austrália e sua infância.

HP: Para falar a verdade, nunca visitei a Austrália. Posso contar nos dedos as vezes que saí da Europa. Minha infância foi intrigante, para dizer o mínimo.

PD: O quê? Onde esteve durante todo esse tempo?

HP: Em um orfanato trouxa, sem minhas memórias, recebendo tapas diários de trouxas que me consideravam louco.

Ou seja, caros leitores, tudo que sabemos sobre o Outro Potter é MENTIRA! Ele nunca esteve na Austrália. Nunca nem mesmo teve uma boa relação com sua família, citando suas próprias palavras “Meus pais sempre me odiaram”, e relatou para nós terríveis momentos de sua infância antes do orfanato. Como ele se lembrou, perguntei-lhe. Harry Potter respondeu que com sua magia.

O quão poderoso será o Outro Potter? Se a magia de uma criança é suficiente para quebrar um feitiço de memória, imagine ao completar a maioridade! Será que temos um concorrente para o Menino-Que-Sobreviveu?

“Aprendi desde cedo não contradizer meus pais” disse ele, com lágrimas nos olhos. Pouco depois, começou a chorar abertamente e, sinto dizer, não pude consolá-lo. Em soluços, me explicou que era punido sempre que executava magia e que nunca, em hipótese nenhuma, podia ser melhor do que o irmão salvador do mundo mágico. “Sei que eles preferem Nick, mas poderiam ter dado um pouco de atenção para mim.”

Em seguida, Harry Potter mostrou as cicatrizes que carrega das vezes que se machucou, ou melhor, foi machucado, por algum membro de sua família. Uma mordida descuidada de Sirius Black, quando em sua forma animal, ou uma pisada ocasional de um dos pais. A marca do cinto de James. Suas costelas, cuja carne ao redor nunca foi preenchida por falta de alimento.

Pobre menino! Como se não fosse suficiente, disse o que aconteceu depois de ser deixado no orfanato, no frio, no escuro: Foi considerado uma aberração, nunca adotado, e teve que aprender como se virar sozinho ao escapar do segundo orfanato onde esteve (pois o primeiro não o queria mais), sem qualquer influência do mundo mágico até chegar, por acaso, em Londres, onde sinais bruxos são fortes demais.

“Pensei que finalmente encontraria o lugar que pertenço” confessou Harry, tomando mais um gole de sua cerveja amanteigada. “Mas ninguém nem sabia da minha existência.”

Conseguiu dinheiro para comprar uma varinha fazendo bicos aqui e ali. Ao conseguir a varinha perfeita do bom e velho Ollivander, partiu do nosso mundo, indo estudar sozinho em qualquer comunidade mágica que encontrava, sem nunca ter alguém que se importasse com ele. Considera-se tão esperto quanto um estudante de quatorze anos que tenha estudado em Hogwarts, afirmou com orgulho (a única vez que o vi sorrir), e ainda tem a vantagem de poder praticar magia fora da escola, pois não há um rastreador mágico em sua varinha.

Percebi que estava ficando cansado, e me perguntei a quanto tempo ele não tinha uma noite de sono. Pobrezinho, acabara de enfrentar um dragão! Então terminei nossa entrevista perguntando onde ficaria durante as tarefas. Hogwarts, talvez?

“Não” disse Harry. “Não me considero corajoso o suficiente para ver meus pais e irmão todos os dias. Ficarei ao redor, prestando atenção quanto ao contrato mágico que me leva para Hogwarts uma vez ou outra. Aparecerei quando for necessário, e só. E a propósito: Não sou responsável e não sei quem seja o responsável por colocar meu nome no Cálice de Fogo."

Nos despedimos e Harry pediu que eu desse a seguinte mensagem aos competidores: Que ele está torcendo para cada um de vocês, os verdadeiros campeões.

Não perca a edição de amanhã com a possível retaliação dos Potter e as ações que o Ministério irá tomar!

_

Revan fechou o jornal com um sorriso. Tudo estava perfeito. Ao seu redor, pessoas murmuravam sobre a vida de Harry Potter e sobre como os Potter haviam mentido todos esses anos. Atenção, sua mente gritava. Atenção, finalmente.

Mas não era suficiente. Perfeição? Era impossível atingir a perfeição, o herdeiro Black sabia disso, mas não custava nada tentar. Tentaria até conseguir uma vida próxima da perfeição que esperava alcançar. Pediu licença, indo para os dormitórios, que depois das oito da manhã, já estavam vazios. Viper estava aninhado em sua cama, tentando pegar o calor restante.

“Tomou conta do diário?” sibilou Revan, depois de se certificar que ninguém olhava. Levantou seu colchão, procurando pelo objeto mágico. Lá estava ele. O menino cortou o dedo e esperou até que uma gota de sangue se formasse, colocando-a delicadamente na abertura do diário, onde foi prontamente absorvida.

Tom.

Ali não precisavam de discrições. Chamavam-se simplesmente por nomes.

Olá, Harry. Como está?

Tudo bem aqui. Posso falar com Regulus?

Houve uma pausa antes da resposta. Ele está treinando os comensais. Sobre o que gostaria de falar com ele? Farei questão que receba a mensagem.

É sobre algo que conversamos no primeiro ano, um golpe financeiro para conseguirmos dinheiro à nossa causa. Os Black tem mais do que podem gastar, tenho certeza que pegar parte dessa quantia não faria mal.

As próximas palavras eram escritas lentamente, como se Voldemort pensasse cuidadosamente em casa uma delas. Está disposto a fazer os sacrifícios necessários? Regulus concorda?

Revan revirou os olhos, sabendo que ninguém podia ver. Claro que sim.

Para qual pergunta?

O herdeiro Black percebeu que sua escrita estava mais forte contra o papel. Ele concorda, e estou disposto. Quero sua permissão.

Sabe que minha permissão é algo desnecessário, pequeno Harry. Vá em frente, conte comigo com recursos, mas não venha chorando se a tentativa não funcionar.

Obrigado, Tom.

Revan fechou o diário e voltou a escondê-lo debaixo do colchão – em seguida pegou sua mochila e desceu as escadas correndo, não querendo perder a primeira aula do dia, afinal, precisaria da permissão de Snape para executar o plano.

Uma poção perfeita depois, o menino gesticulou para que o Mestre de Poções se aproximasse, fazendo sinal de silêncio. “Professor” cumprimentou em tom respeitoso. “Podemos conversar sobre algo importante depois da aula?”

Snape aprofundou sua carranca. “Está em apuros, Black?” esperou até que o menino fizesse que não, e se pôs a colocar alas de proteção ao redor deles para que ninguém os ouvisse. Tinha aulas o dia todo e não poderia atender o que julgava ser uma das mentes mais brilhantes que tinha em sua casa. “O que foi?”

“Preciso de sua permissão para ir a Londres.”

“Londres?” Snape arregalou os olhos. “Para que precisa ir a Londres? É melhor falar com o diretor sobre isso.”

Revan balançou a cabeça. “Se trata de questões financeiras da família, Dumbledore não tem nada a ver com isso. Só preciso encontrar duendes para executar uma ação contra Sirius Black. Ele está fazendo muito mau uso de um dinheiro que nem deveria ser dele.”

Suspirando, o mestre de poções percebeu que não podia persuadir o menino a fazer o contrário, apesar de saber que processos com duendes costumavam ser demorados e caros demais. Assentiu, retirando um pergaminho do bolso e escrevendo sua permissão nele.

“Vá essa tarde,” ele instruiu. “Não avise ninguém, e se alguma pessoa perguntar, não fiz nada.”

O herdeiro Black apertou a mão de Snape demonstrando sua gratidão. “Obrigado, muitíssimo obrigado. Prometo que não farei nada que envolva o senhor.”

_

Às quatro da tarde daquele dia, os papéis já tinham sido preenchidos no banco Gringottes. Assunto? Requisição para mudança imediata de herdeiros da família. Motivo? Incompetência e apropriação indevida. Advogado? Abraxas Malfoy.

Se Revan pudesse julgar as expressões dos duendes, diria que pareciam satisfeitos com a mudança. Tinham o estranho sorriso que às vezes carregavam quando escreveram a carta para Sirius, requisitando sua presença no próximo mês, com um advogado e argumento formado para defender sua permanência como herdeiro, enquanto o menino faria o mesmo da sua parte.

Quando neve já caía em um mês de Dezembro terrivelmente frio, Sirius Black entrou no banco com Dumbledore como advogado, confiante de que venceria. Lançou um olhar de puro ódio para Revan. Como se não bastasse o menino Harry, agora Revan também lhe causava problemas.

O lugar de decisão era pequeno, mal cabendo a dúzia de pessoas que estavam lá, a maioria apoiando Sirius. As testemunhas do menino eram as evidências, não relatos de pessoas que eram obviamente melhores amigas do acusado. Viu que Lily continuava a olhar para ele com desdém, apesar de que um pouco menos do que antes. James mal olhava para ele, e Dumbledore, com seus olhos brilhantes, conversava na língua dos duendes com os próprios.

“Revan Altair Black, 14 anos completos, requisita a audiência para revogação do direito de herança de Sirius Orion Black, 34 anos completos. O advogado do senhor Revan Black terá a palavra.”

Abraxas Malfoy, melhor advogado do lado negro político do Ministério, deu um passo à frente e falou com uma tranquilidade que não tinha: “Meu cliente defende seu direito de ser o herdeiro imediato da casa dos Black. Como pode ser visto na tapeçaria da família, Sirius Black foi queimado, ou seja, expulso da família aos dezesseis anos, já então perdendo seu direito como herdeiro. Tal direito passa para seu irmão, Regulus Arcturo Black.”

“Irmão que não teve filhos” frisou Dumbledore, ignorando Revan, que pigarreou.

“Sou filho legal de Regulus Arcturo Black” anunciou ele. “O processo de adoção foi realizado com sucesso.”

Dumbledore voltou-se para os duendes: “Processo que é ilegal, por ser considerado um ato de magia negra, envolvendo magia de sangue. É desacreditado pelo Ministério, não sendo reconhecido na maioria dos casos.”

O duende juiz deu um sorriso que mostrava seus dentes afiados. “Não somos o Ministério, Dumbledore.”

“O dinheiro da família está sendo obviamente desviado para cofres da organização Ordem da Fênix, que também não é reconhecida pelo Ministério e portanto, podendo ser considerada ilegal” Abraxas fez questão de usar as mesmas palavras que Dumbledore. “Sirius Black passou a adolescência entre detenções e outros problemas na escola, enquanto meu cliente não teve sequer um único empecilho na escola, com notas excelentes e comportamento honroso.”

Sirius se levantou, revoltado. “Não pode nem provar que ele é filho do meu irmão! Meu irmão morreu antes do nascimento de Revan Black!”

“Errado” corrigiu Revan. “Já te contei essa história antes. Minha mãe Ada estava grávida de mim quando Regulus foi dado como morto. Antes disso, porém, tornou-me herdeiro de suas propriedades que são, claro, todas as propriedades da família.”

Os olhos de Dumbledore brilhavam mais do que nunca. “A tapeçaria usada em sua tese mostra que Regulus Black está morto.”

“Tapeçarias mentem.”

Ele retirou algo do bolso dentro de um frasco minúsculo. Eram algumas gotas de sangue, muitíssimo preservadas. “O sangue de meu pai, retirado essa manhã antes do julgamento. Regulus Black está vivo.

“E não quer ser revelado” completou Abraxas, antecipando a pergunta da defesa. “Pede para ser mantido em anonimato.”

Um dos duendes examinou o sangue: “Está fresco!” anunciou. “E não há tecido algum. A retirada foi voluntária.”

Sentimento de vitória preencheu os sentidos de Revan. “E então, juiz?”

“Caso encerrado.” Ele bateu o pequeno martelo contra a madeira. “A partir de hoje, considera-se Revan Altair Black proprietário de todas as propriedades da família Black, e seus descendentes, seus herdeiros.”

Mas nada era melhor do que aumentar a perfeição. “Não preciso de todas as propriedades.”

Todos olharam para ele, chocados. Revan, agora de certo herdeiro Black, deu um sorriso arrogante: “Não posso deixar meu tio desprovido. Deixe que mantenha a casa principal. O resto, porém, é meu.”


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Notas finais do capítulo

Sim. Múltiplos tapas na cara dos Potters. Suficiente para vocês, leitores ávidos?
Sobre a 1° tarefa: A concepção não é minha, e sim de algum autor desconhecido. É uma tática amplamente usada em fics estrangeiras (dragões são répteis, afinal) e pensei que se adequaria ali.
E de quebra, Regulus foi revelado como vivo!

Espero ter conseguido surpreender vocês, caros leitores. Foram muitas revelações em um capítulo só, concordam?

E agora, às apostas: Qual será o próximo cliffhanger da fic?

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