Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 37
Por papéis e penas


Notas iniciais do capítulo

Depois das minhas merecidas férias (que envolveram um laptop quebrado, mas tudo bem) estou de volta com o primeiríssimo capítulo do quarto ano de Cinzas.

Antes, só me deixe comentar: Quantos reviews! Não contei exatamente, mas da última vez acho que foram 56. Número maluco! Prometo um final épico para o quarto ano também.



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CAPÍTULO 37

PAPERS AND QUILLS

“Eu vejo” observou senhor Greengrass, Lorde da pequena, mas temida casa de Slytherin que carregava consigo a honra de ter um lugar no ministério havia cinco séculos. Ele fitou o homem que carregava o pedido de casamento. “Recebi muitos pedidos de contratos desde o nascimento da herdeira. O que me faria pensar que seu pretendente é o ideal para minha filha?”

Regulus Black sorriu de debaixo da capa que ocultava seu rosto. Rumores que ele não estava morto já circulavam pelos ouvidos de pessoas importantes e ele pretendia se manter “morto” pelo maior tempo possível. “Você terá o apoio da Casa mais rica e influente da Grã Bretanha, senhor Greengrass, e assim que o Lorde atual estiver morto, sua filha se tornará uma Lady.”

Atrás dele, Revan sorriu galantemente, exibindo dentes perfeitamente brancos. “Esse não é o sonho até mesmo da melhor garota do mundo? Ser tratada como princesa e viver como rainha?”

“Daphne mais provavelmente irá criar um escândalo...”

“Não” interrompeu o herdeiro Black. “Eu conheço sua filha, senhor Greengrass. Ela é uma perfeita dama e fará o que é necessário.”

Greengrass o encarou. “Não vou permitir que minha filha seja usada como uma égua reprodutora!”

Sabendo que a situação estava séria, Regulus segurou a risada e estendeu o pergaminho para o loiro de meia idade. Nele estavam escritos todos os acordos necessários para formar uma união formal entre duas casas nobres, incluindo termos e restrições que agradavam ambas as partes. Os olhos azuis de Frederick Greengrass se arregalaram ao ver o dote que sua filha receberia.

“Senhor Black. Você parece ter desenvolvido um interesse bastante... curioso em minha filha. Por que ela? O que te impede de escolher alguém que forme laços com sua casa?”

Regulus olhou para Revan e fez um sinal com a cabeça. Imediatamente, já tendo o discurso pronto em sua cabeça, o herdeiro começou a falar: “Senhor Greengrass, sua casa tem sido considerada neutra por três séculos. Durante o reinado do Lorde das Trevas, vocês se esconderam e saíram sem nenhum prejuízo. Outras casas faliram. Sinto cheiro de guerra no ar, senhor. Quero o melhor para sua filha. Senhorita Greengrass é dotada de grande beleza e inteligente, sem dúvida uma das jovens mais marcantes da nossa geração.”

Frederick gesticulou para que o menino continuasse.

“Se posso ser ousado, o senhor e sua esposa foram incapazes de produzir um herdeiro homem. Perdoe-me, mas com a morte de Daphne e Astoria, a casa Greengrass deixará de existir” ele pausou, fez questão de verificar se tinha a atenção do Lorde Greengrass e apontou para a árvore genealógica que estampava a sala de reuniões. Era uma pirâmide invertida. “Não há nada depois do topo. Eu posso reverter essa pirâmide, fazê-la crescer.”

Regulus se aproximou e baixou o capuz, mostrando seu rosto ainda jovem, mesmo depois de tudo que passou. “Se checar, Lorde Frederick, verá que tenho vários bastardos. Revan foi reconhecido como meu filho porque sei que ele é o mais capaz. Olhou suas notas?”

O olhar de Frederick olhou para o boletim do adolescente, repleto de notas máximas, e uma recomendação de Lucius Malfoy, que dizia sobre as grandes chances de Revan um dia ter um cargo de peso no Ministério. Sua ficha limpa obviamente ajudava, não tendo sido pego fazendo nada ilegal.

E o dote...

“Você viu o que aconteceu em Hogwarts mês passado, Lorde Frederick” insistiu Regulus, pegando a manchete d’O Profeta Diário que havia no escritório. “Treze estudantes mortos, trinta e dois feridos. Viu o número de aurores que foram derrotados em batalha? Oitenta e sete. Os comensais da morte são organizados e leais.”

“Qual é a sua posição na guerra?”

Revan pigarreou. “Os Black não se envolvem diretamente em guerras, Lorde Frederick, e estamos em um impasse. Sirius Black claramente apoia a luz. Meu pai apoia o lado das trevas. Como eu disse, não nos envolvemos, para manter nossa Casa de pé.”

“Sirius Black está desviando dinheiro para financiar o lado da luz” informou Regulus. “O dinheiro é dele, mas eu ainda existo, e ele foi queimado da árvore. Iremos equilibrar a balança.”

“Sua ajuda será muito apreciada” completou o herdeiro Black, tamborilando seus dedos contra o pergaminho. “Assim como será nossa ajuda quando o tempo chegar e vocês serem forçados a escolher um lado da guerra.”

Frederick suspirou, massageando as têmporas e fechando os olhos brevemente para conseguir pensar direito. As ofertas eram tentadoras; ele trabalhava no Ministério e sabia que cada palavra do que os dois outros haviam dito era verdadeira, e quatorze anos era uma boa idade para casar. Meninas se casavam com menos.

Vendo que o loiro estava considerando sua proposta, Revan sorriu. “Ela não será uma égua reprodutora, Lorde Frederick. Preciso de dois herdeiros, por garantia. Sua casa precisa de um, mais se houverem, e Daphne não terá que fazer nada até os dezessete anos.”

“Daphne estará segura?”

“Tão segura” frisou o herdeiro Black, “que sugiro um voto perpétuo entre nós.”

Ele estendeu sua mão direita.

Frederick arregalou os olhos com a proposta. “Sob quais votos?”

“Que Daphne Greengrass estará segura até o dia de minha morte.”

_

Lily Potter alisou os cabelos ruivos do filho com amor, notando como estavam secos e sem vida, assim como a pele de Nicholas... E praticamente o resto do seu corpo. Seu olho bom o examinava, enchia de lágrimas, derramava-as e repetia o processo mais e mais vezes, ensopando as vestes da ruiva, feitas pela melhor estilista da Itália. Lily não dava a mínima para isso. Ela queimaria todas as suas vestes para ver seu filho acordado.

“Acorde, querido” sussurrou ela, sentindo o pulso do filho. Quase não estava lá. Os monitores indicavam trinta batimentos por minuto, mantidos por magia. Se aumentassem, seu estômago seria danificado mais ainda. A ruiva se sentia nauseada ao ver o buraco que havia onde antes costumava haver pele. “Por mim. Prometo que nunca mais te chamo de bebê, só, por favor... Acorde.”

“Flor, Nick não vai acordar tão cedo” informou James, se posicionando atrás dela. “Temos os melhores medibruxos do mundo vigiando-o vinte e quatro horas por dia. Eles estimam que, para reparar o dano, ele precisa de alguns meses e muitos medicamentos.”

“Se sobreviver” soluçou, jogando-se nos braços do marido. “Nemesis poderia ter tido a qualquer um de nós. Ron, pobre Ron, Moony, eu, Merlin, ele foi escolher justo Nicholas...”

James abraçou-a, apoiando seu queixo na cabeça de Lily. “Confirmamos o DNA. Foi Pettigrew.”

Lily se enfureceu. “Por que ele não pode simplesmente morrer? Cair morto, um Avada Kedavra ou qualquer feitiço, mas parar de nos atrapalhar? Ele só arruinou nossa vida... Prometa-me que vai matá-lo, Jamie, não deixe aquele rato sair impune, prometa-me...”

“Não vou deixá-lo escapar” prometeu James, cuidadosamente evitando a palavra ‘matar’. Em sua mente, o auror tinha destinos muito mais cruéis para o rato. “Precisamos ir, Lily Flower. Dumbledore quer nos encontrar.”

Se possível, a face da ruiva ficou ainda mais vermelha. “Que nos encontre no inferno! Velho desgraçado, ele é o culpado por tudo que está acontecendo!” seus olhos se iluminaram com um pensamento sombrio. Se Dumbledore fosse morto, a guerra acabaria e seu pequeno Nick estaria a salvo... “Qual é o motivo da reunião? Decidir quem será a próxima vítima?”

“Lily! Se quiser ficar aqui, fique, mas por Merlin, não fale uma coisa dessas. É graças a Dumbledore que todos nós estamos aqui, vivendo nossas vidas sem a presença de Voldemort.”

Ela deu uma risada amarga. “Não funcionou muito bem. Ele...” seus olhos voltaram a se encher de lágrimas e ela cobriu a face, respirando profundamente. Sua voz estava rouca e falha quando pediu que James fosse sozinho.

Suspirando e fazendo uma nota mental para encontrar algum tipo de anti-depressivo para a esposa, o auror chefe beijou a testa do filho e desaparatou. Dumbledore o esperava do outro lado, junto com cerca de vinte bruxos, muitos os quais compunham a Ordem da Fênix. James notou quantas pessoas faltavam, especialmente Remus, cujo corpo ainda não havia sido encontrado.

“Professores, Sirius... Madame Maxime? Karkaroff?” o queixo de James caiu. “O que estão fazendo aqui?”

Madame Maxime se levantou, caminhando até o auror. James corou ao perceber que sua cabeça mal passava do peito de Madame Maxime. As desvantagens de ser baixinho, pensou com tristeza. “É bom te ver outra vez, senhor Potter” disse ela com o sotaque carregado. “Estávamos te esperando.”

Em seu assento, Sirius segurou a risada ao ver que o biquinho de Madame Maxime quando ela pronunciava a letra U era de fato maior do que o de qualquer um da sala. “Dumbledore aqui teve uma ideia interessante para unir os bruxos da Europa contra uma causa comum.”

“É claro que devemos nos unir” resmungou Madame Maxime, voltando para seu assento magicamente ampliado. “Você-Sabe-Quem já começou a mobilizar as pessoas da França. Estudantes estão indo para o Canadá.”

O perigo definitivamente mobilizava as pessoas, pensou Sirius, tendo notado que as ações de artigos mágicos de proteção haviam subido horrores nos últimos quatro meses.

Karkaroff não concordou, apenas permaneceu calado. Discretamente, coçou seu braço esquerdo, onde a Marca Negra queimava, indicando o desejo do Lorde das Trevas de fazer uma reunião com os comensais. Às vezes, ele pensava seriamente em cortar seu braço do cotovelo para baixo para acabar com o constrangedor problema de ter sua ficha checada todas vezes que saía em público com o braço exposto.

Os pontos se juntaram na cabeça de James. “Professor? Você não pode estar falando sério. É muito perigoso.”

“A vida está perigosa, James” suspirou Dumbledore. “E Igor e eu já havíamos discutido a possibilidade antes da revelação de Voldemort, fazer com que estudantes antes destinados a serem comensais venham para a luz.”

“O oposto pode acontecer da mesma forma” apontou Sirius, se balançando na cadeira. Ele mirava Karkaroff com desconfiança. “Futuros membros da Ordem podem vir a servir Voldemort.”

Karkaroff levantou-se como se tivesse sido atingido. “Está me chamando de comensal, Black? Você, que vem de uma família conhecida por apoiar as trevas?”

Sirius levantou-se também. “Olhe a marca em seu braço! Quer ver o meu? Veja! Limpo!”

“Sirius, sente-se. Peço que fique em silêncio a menos que tenha um comentário útil” não havia gentileza alguma na voz e Dumbledore, apenas seriedade mais do que suficiente para mostrar por que ele era o único bruxo temido pelo Lorde das Trevas. “Sabemos que está devastado por Remus...”

“Não fale do meu amigo como se estivesse morto!”

James se aproximou do amigo e o tomou pelo braço com um aperto firme. Sem soltar Sirius, o auror o acompanhou até a lareira. “Melhor ir para casa. Visite Lily, ela está precisando conversar com alguém.”

“Agora está me expulsando como se eu fosse um empecilho” resmungou o grimm. “Estou apenas dizendo a verdade. Vou achar Moony, Prongs, preciso achá-lo.”

Desistindo, James apenas lhe pediu que voltasse para casa antes de escurecer e que não se demorasse em Hogwarts. Em seguida, voltou para a mesa de reunião, onde os outros esperavam impacientemente. Tick tock, parecia dizer Fudge, que acabara de chegar, agora sentado na cabeceira da mesa com os braços cruzados em tédio.

James olhou para ele, e de volta para os diretores. “Há quanto tempo, professor? Quando começaram a planejar o torneio?”

Madame Maxime parecia indignada. “E por que te devemos explicações? O torneio acontece entre escolas, não entre pais de menininhos famosos.”

“Olympe está certa, James, mas vou te responder: Estamos trocando corujas por alguns anos, mas nada além de especulações” Albus lhe deu um sorriso bondoso, apesar de parecer um pouco irritado com a indagação. “Esse é o segundo encontro que temos. O primeiro foi apenas entre diretores.”

Fudge também sorriu, um sorriso forçado que não pareceu enganar a ninguém. “Estou tão perdido quanto você, Potter, e com as mãos atadas.”

Ele podia ser o Ministro, mas Dumbledore era o rei do povo.

“Se fizermos o torneio, manteremos os estudantes no lugar mais seguro do mundo.”

“Tão seguro que houve um ataque quatro meses atrás, além de ter sido invadida pelo moleque Nemesis outras duas vezes!”

“Estamos trazendo os estudantes parra o centro da guerra!”

Dumbledore já balançava a cabeça. “Vocês não entendem. Foram oitenta e sete aurores mortos e treze estudantes que lutaram por que quiseram. Não houve nem mesmo uma única vítima que não lutaram sabendo que corriam riscos. Os comensais querem pânico, não mortes. A ordem deles mudou. Seus planos mudaram, e aposto que objetivos também. Estudantes que não lutarem não oferecerão perigo. Além disso, as alas estão mais poderosas do que nunca.”

Karkaroff não estava convencido. Ele esfregou seu pulso contra as vestes tentando conseguir qualquer tipo de fricção que aliviasse o queimar. O Lorde das Trevas estava impaciente. “Se quer o torneio, faça-o em minha escola, ou em Beauxbatons.”

“Precisamos de lutadores em Hogwarts” repetiu Dumbledore. “No caso de algo acontecer.”

“Mas você acabou de dizer que não havia perigo!”

James revirou os olhos. Sempre haveria perigo. Tendo nascido em uma época de tensão e ido para Hogwarts um ano depois da eclosão da primeira guerra bruxa, ele fora criado sabendo que podia esperar um ataque a qualquer momento. A paz era uma situação irreal falsamente assegurada por outra situação irreal, a própria segurança.

Ele decidiu manter seus pensamentos para si mesmo e gesticulou para que Dumbledore continuasse. Depois de passar tanto tempo com o velho mago, aprendera algumas coisas. A perspectiva de ter tamanho dinheiro dirigido para a Grã Bretanha em tempos tão essenciais, junto com lutadores igualmente necessários... Uma palavra falou mais alto em sua mente.

A dúvida era cruel. “Por que me chamou aqui, professor? Certamente não por causa da segurança, você é quem toma conta disso ultimamente.”

Dumbledore respondeu-lhe com outra pergunta: “Como está o jovem Nick, James?”

Oh.

“Por Merlin!” momentaneamente envolvido pela raiva e sentimento de proteção que cercavam seu único filho, James bateu o punho contra a mesa e encarou Dumbledore, incrédulo. “Ele está inconsciente! Não abriu os olhos nem mesmo uma vez desde Janeiro!”

O velho mago não parecia preocupado. Seus olhos brilhavam do modo que faziam quando ele tinha uma grande ideia. “Ele acordará em tempo suficiente. Os curativos já estão fazendo efeito. Mais alguns meses e ele estará pronto...”

“Para acordar talvez, mas não para lutar” disse Karkaroff se intrometendo. “E você sabe como funciona. O Cálice escolhe os campeões.”

“Mas nós escolhemos quem vai para ‘Ogwarts parra tentar ser o escolhido. Já tenho uma lista de estudantes que podem trazer orgulho a Beauxbatons.”

O húngaro dirigiu seu olhar para Madame Maxime. Do jeito que ela falava, dava a impressão de que havia concordado com Dumbledore em menos uma hora de planejamentos. Algo que podia colocar seus estudantes em risco, não menos. Facilmente chegou à realização de que nada adiantava protestar: A decisão já estava tomada.

Seu olhar de desagrado serviu de resposta para Dumbledore, que começou a tagarelar sobre suas táticas para unir os países por meio de um torneio, aumentar o prêmio para atrair mais atenção, permitir que familiares assistissem às três tarefas e que não apenas competidores pudessem ficar no castelo, e sim todos os estudantes de todas as escolas.

Para encher os dormitórios que temos, riu Dumbledore quando questionado o por quê de tamanho interesse em jovens. Fazer uma rápida Seleção dos novos estudantes para que fossem designados às casas que se assemelhavam mais com cada um deles, mas deixar apenas que os mais velhos participassem do Torneio por segurança.

“Segurança” resmungou James. “A Morte não tem preferências quanto à idade.”

“Tenho certeza que o Ministro francês ficarria muito feliz de ver sua menininha de oito anos no torneio” zombou Madame Maxime.

Fudge finalmente se pronunciou: “Não tenho escolha, tenho? Pois bem, Dumbledore. Só não venha chorar em minhas vestes quando pais furiosos invadirem o castelo quando alguém morrer.”

“Ninguém vai morrer” disse o velho mago, tentando tranquilizar a todos.

Os outros trocaram um olhar e riram.

James levantou a mão em um pedido para falar. Quando teve certeza que a atenção de todos estava sobre ele, pigarreou: “Você tem um ponto, Fudge. Por que não deixar apenas maiores de idade participar?”

Dumbledore sorriu, satisfeito que aparentemente haviam chegado a um acordo. “Ótimo. Será qualquer estudante maior de dezessete anos. Não nos responsabilizamos por tragédias.”

Ao que eles sorriram se volta, aliviados, a mente de James se perguntava o que Dumbledore queria dizer com tragédias em especial.

_

Os dias pareceram se arrastar para Revan, mesmo com todo o entretenimento que tinha depois da revelação do Lorde das Trevas. O Ministro pedia calma, dizendo que a situação estava sob controle. As adaptações do sistema de aurores já funcionava – menos teoria, mais prática, e sua formação depois de apenas seis meses, ao invés dos três anos anteriores, mas a cada auror visto nas ruas, via-se dois mascarados.

Comensais se reproduziam como Weasleys, pensou ele ao ver as fileiras aumentarem dia após dia. Isso, porém, implicava ter que usar o capuz o tempo todo. Obviamente, parte dos novos comensais eram espiões. Paranoia de sua parte? Talvez, mas melhor prevenir do que remediar. Naquele exato momento, gritos foram ouvidos saindo do porão. Moony acabara de ganhar o café da manhã.

Revan correu pela mansão, duelando com quatro novatos no caminho (e sucessivamente derrubando todos) antes de verificar como andava a tortura dos mais fracos e a consequente disposição de seus corpos, caso se provassem inúteis.

“Teríamos um maior aproveitamento se colocássemos um anúncio n’O Profeta Diário” comentou Regulus, recostado contra uma parede. Havia um ferimento fresco em seu braço esquerdo, notou o herdeiro Black, apesar de não estar sangrando. Queimadura? “Procura-se Comensal da Morte. Experiência necessária. Paga-se bem.”

Ele sorriu. “Favor contatar o Lorde das Trevas no abrigo de guerra da família Black.”

Regulus bagunçou seus cabelos e o puxou para a sala de reuniões. Milagrosamente, ela estava vazia. Nem mesmo um comensal ocupando os sofás do século XVIII, ou brincando com a mesa no formato da Grã Bretanha.

“O Lorde das Trevas quer que você faça um trabalho para ele” informou o homem de olhos cinzentos, sentando-se pesadamente.

Seu aprendiz deu de ombros. “Como se isso fosse uma novidade. O que meu lorde quer dessa vez?”

Ele deu o melhor de si para parecer desinteressado, apesar de seu coração estar palpitando no peito com a perspectiva de fazer outro trabalho para seu salvador. Qualquer coisa que me tire dessa casa.

“Vá falar com Lucius Malfoy...”

Os ombros de Revan caíram em decepção. “Odeio trabalho burocrático” murmurou, retirando sua afirmação anterior. “E Draco vai estar lá. Tenho que conseguir uma ordem de restrição contra ele. É só Nemesis para cá e para lá.”

“É isso que dá ser famoso, garoto” riu Regulus, satisfeito em estar fora das vistas da grande maioria da população. O silêncio era uma maravilha comparado ao pânico de Londres. “Vá se vestir. Vai encontrar instruções nos bolsos da capa.”

Obediente, o herdeiro Black subiu as escadas com menos entusiasmo do que antes, sem se dar uma pausa para respirar. Voldemort gostava das coisas feitas sem demora. Ao chegar ao seu quarto, abriu a porta depois de se certificar que não havia nenhuma maldição colocada na maçaneta (alguns comensais achavam divertido vê-lo morder os lábios para não gritar) e pegou suas vestes características de Nemesis.

Já vestido como o arqui-inimigo do menino que sobreviveu, o pequeno comensal sibilou “Morsmordre” para que suas tatuagens aparecessem, e mexeu no bolso da capa, procurando por uma nota que explicasse o que deveria ser feito.

Nada muito difícil, graças a Merlin. Mais diversão do que trabalho.

Ele aparatou, tendo em mente um beco qualquer de Londres antes de imaginar seu real destino: A mansão Malfoy, com todo seu esplendor, cujos jardins eram ornamentados com pavões albinos raríssimos que davam um ar de realeza ao lugar. Os portões reconheceram sua gigante marca negra e desapareceram, permitindo sua entrada.

Sem tempo. Era hora de correr.

Em instantes, ele desbloqueou a porta da frente, sentindo as alas lutarem contra sua magia e tentarem transferi-lo para o subsolo onde prisioneiros apodreciam até a morte. Elfos que o viram foram rapidamente eliminados, e Narcissa colocada em um sono profundo. Nemesis não conseguiu ver Draco em lugar nenhum; cruzou os dedos e desejou que de fato o loiro não estivesse lá.

Ele ainda se lembrava das direções para o escritório de Lucius, cheio de livros sobre política e biografias sobre pessoas de importância. O cheiro de papel era intoxicante. Ainda cheirava do mesmo modo, depois de dois anos.

“Lucius.”

Antes de dar uma oportunidade para o loiro reagir, Nemesis avançou, retirando a varinha de Lucius de suas mãos e prendendo-o contra a mesa, pressionando sua garganta com força de modo que ele pudesse conseguir apenas o essencial de oxigênio para sobreviver.

“Faz tempo que não nos vemos, então pensei em te visitar” sua voz estava alterada magicamente para não ser reconhecido. Ele sabia que sua identidade não importava; Lucius sabia, todos os comensais antigos sabiam. Espiões, porém... “Você mudou, amigo.”

Os olhos do loiro voaram para um Profeta Diário. “Isso mesmo. Não é hora de dar apoio para o ministro, Malfoy. Você é nosso. Seu dinheiro é nosso e você sabe isso. Estava ciente disso no dia em que ganhou essa marquinha bonita no seu pulso. Por que decidiu fazer isso? Quer mais dinheiro?”

Sua raiva por sentir seu lorde prestes a ser traído não deixou Nemesis parar de falar. Ele aplicou mais força ao aperto, sua voz nunca demonstrando a ira. “Perca seu emprego no Ministério. Perca dinheiro. Você pode perder tudo, Malfoy, mas deixe-me te contar uma coisa, se você perder sua lealdade, eu vou me assegurar de te fazer perder a cabeça.”

Ao seu lado, o Profeta Diário que expunha a manchete ‘Braços direitos do Ministro e suas opiniões sobre a guerra’, onde Lucius expunha seu apoio ao Ministro e as esperanças de que Você-Sabe-Quem fosse derrotado assim que possível.

“Vim aqui para te ensinar uma lição.”

Nemesis retirou uma corda do bolso magicamente ampliado das vestes e a amarrou cuidadosamente ao redor do pescoço do loiro. Quase roxo com a falta de ar, ele só pôde assistir. “Não se preocupe. A corda é curta demais para quebrar seu pescoço, definitivamente curta demais para arrancar sua cabeça fora. Você vai sufocar.”

Ele amarrou a outra ponta da corda em um suporte do teto e puxou de uma vez.

Lucius pairava no ar, debatendo-se e pedindo silenciosamente por ajuda.

Fazendo uma reverência desnecessária, Nemesis saiu de lá e vasculhou a casa para onde, de acordo com seus cálculos, Narcissa Malfoy começava a acordar. Ele estava certo. Puxando o elfo mais próximo de si para finalizar o plano com chave de ouro, preparou sua voz mais desesperada.

“Você precisa me ajudar, é urgente! Lucius Malfoy acabou de se enforcar!”


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Notas finais do capítulo

Para quem queria uma cena de ação entre Lucius e Revan, tá aí!

Informações: Eu tenho 17 capítulos adiantados e estou atualmente em um bloqueio criativo.
O quarto ano é o mais longo, com doze ou treze capítulos.
O quinto ano será o mais curto, com nove capítulos. O quarto é o que está em andamento.
Os reviews serão respondidos com o tempo. Se você ainda não recebeu sua resposta, não se preocupe, ela vai chegar até o próximo capítulo ser postado.

~Lady Slytherin