Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 34
Um Patrono Negro


Notas iniciais do capítulo

Okk... Não sei como, mas recebi 41 reviews no último capítulo, portanto eis o post na segunda. Esperançosamente, postarei outro na quinta (depende de vocês).

IMPORTANTE: O capítulo yaoi se fixa entre os capítulos 33 ou 34. Como ele é o especial de natal, só será postado perto da data. Existem pequenas menções de yaoi nesse capítulo, que podem ser ignoradas ou interpretadas como quiserem. Considerem amor platônico, ou obsessão :P



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CHAPTER 34

A BLACK PATRONUS

Revan praticou.

Quando ele se cansou, fez um pausa de cinco minutos e voltou a praticar.

As semanas passaram. Já estavam no meio de Janeiro, um mês desde que ele começara a desenvolver o feitiço com Tracey e Susan, que se provaram exímias companheiras, fazendo contas complexas, examinando livros de latim e os traduzindo, tentando reverter o processo do patrono para trazê-lo de volta com algumas mudanças.

“Você disse que não iria ser perigoso” acusou Susan baixinho quando estudavam na biblioteca. “Mas essa quantidade de energia, se acertar alguém...”

Ele revirou os olhos e explicou: “Vamos mirar em dementadores. Se conseguirmos acertar um, qualquer tipo de dano será positivo para nós.”

“Ótimo” ela juntou os livros e estendeu um longo pergaminho para ele. “Mas você vai testar primeiro.”

Debaixo de todas as equações, estavam as palavras “Iubeo Patrono.” Revan as repetiu, testando-as, antes de pegar outro pergaminho e verificar possíveis consequências da variação. De fato, a energia deveria ser lançada diretamente em um dementador. Se o jato de luz atingisse algo antes de repelir o dementador, os resultados seriam desastrosos.

Um sorriso apareceu em sua face: “Você é demais, Susan.”

Revan não testou o feitiço durante a próxima aula com Lupin. Seus dedos coçavam com a vontade, as palavras estavam sempre em seus lábios, mas de alguma forma, o herdeiro Black sentia que aquele não era o momento certo. Longe do momento certo. Sozinho no dormitório, ele repetiu as palavras, Iubeo Petrono, fez o movimento da varinha, deixou um pouco de sua magia correr. Como esperado, um fino fio de luz branca saiu da varinha, iluminando o dormitório escuro antes de desaparecer.

Assim, não era uma surpresa que no dia seguinte à tudo isso, nem mesmo Nicholas Potter conseguia baixar o humor de Revan. Ele se esgueirou no meio de Gryffindors, plantou bombas de bosta com os gêmeos, trocou noções de Poções com Hermione, flertou com Katie Bell, que encarava o menino como se ele fosse uma praga, a praga responsável por fazer Gryffindor perder de Ravenclaw no último jogo.

“Hey, divida um pouco de sua alegria conosco” gemeu Theo, afundando sua cabeça em livros. “Ou divida seu conhecimento para eu terminar a dissertação.”

Revan riu. O olhar de Blaise, sentado ao lado de Theo, mostrava que ele não achava aquilo tão engraçado. “Se não vai ajudar, pelo menos não atrapalhe” murmurou ele, molhando a pena na tinta e escrevendo mais um parágrafo.

“Eu não estou atrapalhando!”

“Sua alegria emite tanta luz que nos cega” comentou Pansy secamente. “Vá se exibir para o sol.”

O herdeiro Black fez uma reverência exageradamente longa e saiu da sala comunal cantarolando “Pansy poeta!”, batendo na parede mais próxima. “Viu, Pansy? Até as pedras merecem um abraço!”

Ele podia ouvir as gargalhadas por vários metros antes delas desaparecerem.

Seus olhos estavam quase fechados. Agora Revan cantarolava uma melodia que realmente existia, surpreendendo todos pelos quais passava. Ele deu um grande sorriso para Lupin, que ia para o caminho oposto para pegar a Wolfsbane no escritório do Mestre de Poções, e até acenou para Lily, que o fitou com seu olho bom suspeitosamente.

Picos de bom humor não eram raros na vida do herdeiro Black; na verdade, ele os tinha bem frequentemente, tendo, porém, que escondê-los por um motivo ou outro. Uma criança pronta para aparecer a qualquer instante, dizia Regulus quando passavam tempo juntos na mansão, cada vez mais madura por fora mas eternamente infantil por dentro. O moreno sempre terminava aquela frase bagunçando o cabelo do aprendiz, dizendo que Revan era exatamente como o pai.

E como pai, Revan sabia que Regulus queria dizer ele.

Pulando dois degraus de cada vez, ele subiu as escadas do corujal, fazendo questão de cumprimentar cada estudante cujo nome lhe vinha à mente, e se dirigiu imediatamente para o último piso, piso que Eyphah havia clamado para si e apenas para si. O corvo o observou conforme ele se aproximava. Ao reconhecer o mestre, Eyphah estendeu as garras afiadas onde estava amarrada uma carta.

Caro Revan,

Espero que o frio na Escócia não esteja te castigando demais. Lembra-se dos feitiços de aquecimento dos seus livros? Melhor lembrar. Ele, ele, Revan, ele está rindo, deve estar achando que não sou intimidante, ridículo... Ótimo, agora os outros estão rindo também. Estamos nos aquecendo aqui, todos ao redor da lareira gigante. Bom, de qualquer maneira, ele está dizendo que não consegue mais te contatar, algo relacionado à meditação, bom, não medite, então, você sabe como ele fica quando está bravo. Parece uma garota, melhor não escrever isso...

Está usando o presente de Natal que eu te dei? Foi difícil de conseguir, acho que consegue imaginar. Saudades de você e seus comentários sarcásticos. A casa fica desanimada mesmo com a risada louca da minha priminha. A propósito, ela te manda um olá. Todos estão acenando, como se você pudesse vê-los. Não sei se estão me zoando ou se realmente acreditam que exista algum tipo de comunicação visual entre nós.

Recado dado, Revan: Sem meditação. Dizem por aí que meditar te impede de sonhar.

Sinceramente,

RAB

O menino limpou uma área com os pés e deixou que a carta caísse. Verificando se ninguém estava próximo, o herdeiro Black fitou a carta por longos segundos antes que a primeira chama saísse, seguida de outras. Ele se recusou a piscar até que nada sobrasse da carta. Quando estava terminado, ele se agachou, pegou as cinzas e prontamente as transfigurou em borboletas, devoradas na hora por Eyphah.

“Ótimo trabalho, garota” murmurou ele, acariciando as penas negras do corvo. “Isso mesmo. Destrua a evidência.”

_

A voz de seu mestre era firme quando disse seu nome. Revan estremeceu, encarando o chão. Evitar conversar com Voldemort, com o Lorde das Trevas, não era só uma coisinha.

“Você está tremendo como um galho verde” criticou Voldemort, se aproximando em passos suaves e silenciosos até onde o herdeiro Black esperava por sua punição. Ao ouvir o comentário, porém, o menino elevou os olhos antes que pudesse se impedir. O sorriso de Voldemort era sádico; poderia ele estar aproveitando o fato de Revan estar com medo? “Você andou me evitando, Harry?”

Ele se encheu de coragem: “Não mais do que você está me evitando, Tom.”

Seus lábios tinham gosto de sangue no instante seguinte. Uma risada histérica saiu do seu peito enquanto ele se esforçava para se levantar. Ser torturado ainda doía, a mesma dor de muitos anos atrás, nem um pouco mais fraca. Tinha valido a pena, Revan repetiu para si mesmo. E ele ainda estava vivo.

“Responda minha pergunta, Harry.”

O Lorde das Trevas cerrou seus olhos vermelhos. Além disso, ele parecia um típico bruxo aristocrático na faixa dos trinta, cabelos penteados, nariz reto e empinado, queixo fino, maçãs do rosto altas... Aquilo era um biquinho?

Você realmente parece uma menina quando fica irritado, era a resposta na ponta dos lábios do herdeiro Black, que se conteve na hora certa. Aquilo lhe daria uma passagem garantida para o trem Morte. “Estive estudando, meu lorde.”

“Então faça o favor de me lembrar em que parte do estudo do patrono você precisa meditar.”

Revan engoliu em seco. Seu coração palpitava, pronto para sair pela boca. Ele imaginou um copo de água; quando este apareceu, o menino acabou com a água em poucos goles, mas a sensação não passou. “Planejando, meu lorde” respondeu com cuidado.

Voldemort levantou uma sobrancelha. “O quê?”

“Coisas. Aulas, um possível ataque, contratos de casamento, formas de tortura, arrumar uma cobra de estimação, você sabe, coisas usuais.”

O último item provocou risada no lorde das trevas. “Ainda quer uma cobra?”

“Quero sim, meu lorde.”

“Podemos arranjar isso” suspirou ele, como se aquilo fosse um grande sacrifício. “Se você fizer exatamente o que eu pedir.”

Por meia hora, Revan ouviu. Voldemort estava dando os retoques finais no seu plano quando o herdeiro Black sentiu alguma coisa pairar sobre sua face.

“Tom” em seu nervosismo, ele se esquecera de se referir ao seu lorde pelo devido título. “Há mais alguém aqui?”

O outro bruxo pareceu surpreso. “Não, claro que não. Estamos apenas nós dois. Por que...” Seus olhos se arregalaram. “Acorde. ACORDE, garoto, agora!”

Em um sobressalto, Revan acordou.

_

Ele tirou sua varinha da manga e a apontou para Wormtail, antes em sua cabeceira e agora se encolhendo no chão. Um dedo da mão direita lhe faltava. O herdeiro Black sabia que tal dedo estava muito bem conservado em um recipiente no fundo do seu malão. Lançando um feitiço silenciador no animago, Revan se levantou e o arrastou pela gola da camisa até o malão, que foi aberto com um sibilo por parte do menino.

Harry, soou aos seus ouvidos, e sem hesitar ele deu um passo para dentro do malão, puxando Pettigrew com ele.

Os dois pousaram no centro de uma pequena sala cujas paredes de metal estavam cobertas de armas, tanto medievais quanto atuais. Foi a vez de Revan dar um sorriso sádico.

“Bem vindo ao meu humilde esconderijo. Dita a palavra chave, te levará para uma sala de pânico. Você quer saber a palavra chave para sair daqui, Pettigrew? Quer sair daqui e voltar para os encanamentos? Aqui está a palavra chave” ele sibilou algo. “Fale, Pettigrew, fale a palavra chave.”

Tentado, Wormtail repetiu o melhor que pôde as palavras, apenas para receber um conjunto de agulhas em seu pescoço, que mal cortaram, mas produziram a dor.

“Isso mesmo” gargalhou Revan. “Eu esqueci de te dizer. Só eu posso dizer a palavra chave. Se outra pessoa disser, será torturada. Prometo que posso fazer muito pior.”

Ele fez menção de se dirigir para a parte de adagas.

“Não!” berrou Pettigrew, correndo para uma das paredes e batendo fracamente contra ela. “Ajuda! AJUDA!” Seus gritos de desespero se tornaram gritos de dor ao sentir uma fina lâmina fazendo uma linha reta em suas costas, cortando as vestes em duas. “NÃO!”

Seus joelhos cederam. Gemendo e murmurando palavras incompreensíveis, Wormtail se enrolou em posição fetal para se defender. Sua varinha, objeto essencial para um duelo, estava nas mãos do inimigo. Ele chorava, mas nenhuma lágrima saiu. Fraco demais para isso, viver como um rato não era fácil... Sem lágrimas. Isso fez com que ele soluçasse.

“Eu gosto de promessas, Pettigrew. Prometo que não vou te matar, eu prometo.” A expressão do herdeiro Black era tão doce e infantil que dava quase para acreditar nele. “Só preciso que você responda algumas coisas antes.”

Em um flash, Revan estava em cima dele. “O que está fazendo aqui?” seus dedos se apertaram ao redor da garganta do homem rato. “Responda, ou vou usar aquele brinquedinho ali.”

“Matar, pequeno lorde” guinchou Pettigrew.

“Matar mais alguém, ou me matar?”

“Os dois. Te matar, e matar o menino Potter. Me solte...” lentamente ele ficava azul. Revan estreitou o aperto. “Obrigado, pequeno lorde, muito obrigado, eu não mereço sua misericórdia...”

O herdeiro Black bufou. “Estamos só começando, Pettigrew. Wingardium Leviosa.”

O homem rato foi levitado até um grande X de madeira, onde foi prontamente amarrado por ligas de couro. Revan sibilou algo, e pregos se pressionaram contra as mãos e pés dele até causarem dor real.

“Por que quer matar Nicholas Potter?”

Como prova do seu poder, ele pressionou os pregos até que sangue saísse das feridas. Pettigrew gritou, se debatendo até perceber que se mover apenas piorava a dor. “Monstro” cuspiu ele. Os pregos atingiram os ossos. Depois de mais uma rodada de gritos, lágrimas finalmente desceram dos seus olhos. “Ele estragou tudo, o menino, a profecia, eu tive que agradar meu lorde, trair os Potter, mas o menino... Oh, Merlin, me solte, me tire daqui, por favor, estou te implorando... ARGH!”

Seus soluços eram o som mais bonito que Revan havia ouvido naquele dia.

“Você quer vingança, então? Confesse!”

“Comandei os dementadores no jogo de quadribol, eu confesso! Fiz com que eles atacassem Potter, mas te atacaram também, pequeno lorde, pequeno lorde, faça isso parar, já te disse tudo que sei.”

O herdeiro Black se aproximou a uma distância que um podia sentir a respiração do outro. “Você traiu seu pequeno lorde, Pettigrew. E sabe o que mais? Sou eu quem vai matar Nicholas Potter! EU!”

Naquele momento, ele parecia ter a infantilidade eterna mencionada por Regulus. Furioso, ele se dirigiu para um compartimento, de onde retirou uma serra.

“Pequeno lorde? Pequeno lorde, não, por favor...”

Pressionando a serra contra os dedos do homem rato, Revan tentou bloquear os gritos para se concentrar em sua tarefa. Cortes limpos, sem muito sangue... Mas o sangue corria por entre seus dedos, os gritos eram impossíveis de serem bloqueados, e ele nunca sentira tamanho prazer em torturar alguém senão os Potters. Ele aplicou mais força.

“Isso é por trair seu lorde” rosnou Revan quando um a um, os dedos da mão direita de Pettigrew caíram no chão. Ele então posicionou a serra no punho de Wormtail. “E isso, é por me chamar de monstro.”

Sem dó, o herdeiro Black começou a serrar.

_

Lupin estava particularmente exausto naquele dia.

Não uma surpresa, com a lua cheia a apenas dois dias de distância, mas ainda assim desagradável. Pálido, até amarelado, com olheiras e ombros cabisbaixos, o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas respirou fundo, sentindo todos os aromas ao seu redor. Muito mais fortes do que ele podia sentir durante a lua nova, e ele imaginava o gosto metálico do sangue saindo de carne fresca em sua boca, suas garras abrindo a pele da vítima e a mordendo, mordendo em todos os lugares.

Sem perceber, Lupin rosnou, assustando a classe de Gryffindors e Ravenclaws do terceiro ano.

“Se quiser marcar território, faça isso na floresta, por favor!” falou Nicholas com uma voz um pouco mais alta do que o normal, para ter certeza que todos o ouvissem. Para seu desgosto, poucos riram. A maioria gostava demais do professor Lupin para rir de uma piada dirigida a ele.

Tal professor reprimiu um arrepio, sentindo todos os pelos do seu corpo se eriçarem. Ele tentou manter os olhos abertos. Nas vésperas da lua cheia tudo que ele queria fazer era dormir. E caçar, parte do seu corpo completava enquanto suas mãos se enrijeciam no formato de garras. Lupin lambeu os dentes, tentando senti-los. Normais. Sem presas.

Gemendo, ele falou as palavras que todos os estudantes queriam ouvir: “Estão liberados.”

“Mas professor!” protestou Hermione Granger, cruzando os braços como o chefe de uma grande empresa. “Não tivemos nem metade da aula!”

“Olhe para mim, senhorita Granger” pediu Lupin. “E me diga se eu pareço estar em condições de dar uma aula.”

Com um suspiro resignado, a menina de cabelos armados arrumou suas coisas e saiu da sala, deixando apenas Nicholas.

“E você, Nick? Como posso te ajudar?”

O menino que sobreviveu comprimiu os lábios. “Você vai me ensinar hoje, não vai? Eu preciso daquelas aulas, e você só vira um lobisomem amanhã. Eu e Black vamos cobrar.”

“Temo que...”

“Eu disse” repetiu Nicholas. “Que preciso daquelas aulas, e que quero-as. Meu pai pode te demitir com um estalar de dedos.”

James nunca faria isso, pensou Lupin, se lembrando dos votos que costumavam fazer quando pequenos. Nunca colocar outro maroto em problemas a menos que necessário, era uma delas, apesar de que o lobisomem não podia dizer se qualquer regra criada antes do famoso menino que sobreviveu ainda valesse. Em leis James podia mexer sem problemas, com a ajuda de Amelia Bones.

“Não pense que pode mandar em mim” ameaçou Lupin. “Seus pais podem te mimar, mas aqui eu sou seu professor, e na sala de aula o professor manda. Então, senhora Granger, eu apreciaria se você saísse de onde está nos ouvindo e pudesse avisar ao senhor Black que hoje darei uma rápida aula de dicas para ele, e apenas para ele.”

Corando, Hermione saiu do outro lado da porta e correu para achar o Slytherin.

Ela o encontrou estudando na biblioteca, a sussurros com a gangue dos neutros. A mão do menino descansava suavemente sobre a de uma loira que Hermione reconheceu como Greengrass. A loira não parecia se importar, notou a morena franzindo a testa. Ela limpou a garganta.

O assunto morreu, e todos olharam para ela. Zabini não parecia muito feliz, nem Greengrass, mas Davis até lhe lançou um sorriso,

“Revan, professor Lupin pediu para te avisar que as aulas continuarão, mas a de hoje será curta e apenas para você.”

“É mesmo?” o menino levantou uma sobrancelha. “O que Potter fez dessa vez?”

“Não fale de Nick desse jeito!” Hermione reclamou. “Ele é nosso amigo. Nós costumávamos ser tão próximos no primeiro ano, e agora vocês se odeiam...”

O herdeiro Black se levantou graciosamente da cadeira onde sentava e foi até ela, segurando a mão da Gryffindor entre suas duas. “Podemos nos odiar, mas prometo que ainda sou seu amigo e sempre vou ser.” Liberando a mão da menina, ele enrolou um fio de cabelo cacheado entre seus dedos antes de dar um passo para trás e voltar para seus amigos.

“Revan!” chamou Hermione novamente. “Preciso te contar outra coisa. A sós.”

Atrás deles, os Slytherins assoviaram.

“Claro, claro.”

Os dois caminharam até uma área vazia da biblioteca e se sentaram de um modo que pudessem observar quem entrasse na seção de artefatos trouxas.

Hermione foi direto ao ponto: “Você conhece o Mapa do Maroto, Revan?”

“Não, mas tenho uma ideia do que se trata. Uma coisa brilhante para alguém da família Potter. Não há muito mal a se fazer com ele.”

“Eu sei” a morena chacoalhou a cabeça. “É você, no Mapa.”

O herdeiro Black congelou. “O que sobre mim?”

“Nicholas anda procurando por você para te confrontar para um duelo, mas ele não consegue te achar. Você não está no mapa, Revan!”

Se desculpando, o menino se levantou, caminhando de um jeito desajeitado até a loira. Naquele momento, notou Hermione, Revan parecia quase tão pálido quanto Lupin.

_

O professor já esperava por ele na sala vazia.

“Boa noite Revan. Como você está?”

“Animado” confessou ele. “Acho que descobri como fazer um patrono, professor. Com algumas modificações, mas eu fiz alguns testes e eles parecem funcionar contra uma parede. Acho que vai funcionar contra um dementador também.”

Lupin sorriu verdadeiramente pela primeira vez naquele dia. “E como conseguiu isso?”

O herdeiro Black empurrou uma pilha de equações matemáticas em sua mão. Convenientemente, a parte dos riscos fora deixada de fora. Ali só mostrava as modificações feitas.

“Iubeo?” leu Lupin. “Palavra perigosa para se usar.”

“Mas se pedir não funciona, ordenar talvez force minha magia o suficiente. Por favor, professor, se quiser você pode testar primeiro.”

E assim, se o feitiço falhar, você será o morto e eu continuarei minha vida normalmente.

O professor assentiu. “Claro. Agora? Te recomendo dar alguns passos para trás. Pronto? Iubeo Patrono!”

Um flash de luz branca saiu da varinha de Lupin, tomando a forma de um lobo e correndo ao redor da sala por alguns instantes antes de notar que não havia perigo e se desfazer no ar. O lobisomem procurou um lugar para se sentar, cansado. Mais cansado que o habitual.

“Funcionou” constatou Revan. “Algum efeito colateral?”

“Cansaço, mas é por conta da licantropia. Nada que você não possa suportar. Vá, sua vez.”

O herdeiro Black respirou fundo e tentou pensar em uma memória feliz. Regulus? Voldemort? Um único nome estava em sua mente. Tom. Seu Tom Riddle, dono do diário encontrado muitos anos atrás. Meu Tom, repetiu ele para si mesmo. Ele é meu. “Iubeo Patrono!”

Outro flash de luz saiu da varinha, dessa vez cinzento e deformado. Por alguns instantes, não pareceu tomar forma, apesar de parecer que voava. Conforme circulava a sala, sua cor aumentava até ser um preto translúcido.

“Lindo” suspirou o menino, observando sua criação. Um nada, como ele, mas um nada que voava e era livre.

“Estranho” comentou Lupin.

Então a realidade voltou para ele. “Lupin? Meu patrono. Por que meu patrono é preto? Eu fiz alguma coisa errada?”

O professor balançou a cabeça. “Não, provavelmente um efeito colateral. Aposto que não é nada.”

Nada... Quando a curta aula acabou, o herdeiro Black ainda se perguntava se um patrono poderia mostrar as verdadeiras intenções de alguém.

_

Revan se levantou horas antes do amanhecer naquele dia, determinado a obedecer seu mestre.

Deveria ser feito naquele dia, dissera Voldemort para ele por meio do diário de sangue, para que o progresso dos próximos dias não fosse afetado. Era essencial. Os comensais queriam outro ataque, e logo.

Janeiro era frio demais, Revan pensou para si mesmo puxando seu agasalho com mais firmeza contra seu corpo. Não deveriam existir meses frios. Neve deixava pegadas e mostrava sangue. Pelo menos os dias eram mais curtos, o que serviria seu propósito. Ele precisava chegar nos dormitórios de Lupin antes do amanhecer.

A porta estava trancada com feitiços mais complexos do que um Alohomora. Sem se deixar abater, Revan puxou um fio do casaco e o transfigurou silenciosamente até um clipe de papel. Velho truque usado no orfanato, se por alguma razão sua magia não pudesse ser usada. Nem mesmo a magia sem varinha funcionou. O clipe deu certo.

O herdeiro Black entrou silenciosamente, fechou a porta e lançou feitiços abafadores, plantando também feitiços espiões em silêncio para que Lupin não o ouvisse. Talvez não Lupin, mas Moony.

O lobisomem o observava do seu posto na cama, sem fazer um som. Quando notou que o menino estava verificando suas coisas, o lobo mostrou seus dentes afiados. Seus pelos se eriçaram, seus olhos amarelos ganharam um tom ameaçador, porém ele não se moveu. Esperou para ver o que o menino iria fazer, só se levantando quando o garoto Black chegou em uma gaveta em particular.

“Olá Moony” sorriu Revan, se aproximando com a mão estendida. Na outra, algo estava oculto. Não para Moony. Aquele cheiro o lobo conhecia bem demais. Papel. “Como você está?”

O olhar do lobo foi para o objeto em suas mãos e voltou a rosnar.

“Você não vai me machucar. Sei que não vai.”

Mesmo assim, Moony recuou o máximo possível, se encostando contra a parede. Se ele mordesse um estudante, seu emprego estaria perdido. Pensando nisso, ele ganiu. Ele gostava do emprego, gostava de ensinar e gostava de estar perto dos alunos, em especial Nick. Ele se parecia tanto com o pai, mesmo com seu jeito arrogante.

Revan insistiu. “Eu tenho certeza. É isso que você quer?” o menino mostrou a metade do cartão de Agrippa e o lançou para perto do lobo. “Está incompleto. O que aconteceu com a outra metade, Moony? Onde está o resto do cartão?”

O lobisomem ganiu repetidamente, se enroscando em volta do cartão. Ao ver o herdeiro Black dando um passo para frente, ele estreitou os olhos de um jeito muito humano.

“Maravilhosa poção, não é? Dizem que é um feito da década. Eu confio em você, mas confiaria mesmo se você não estivesse sob influência da Wolfsbane. Sei que não é preciso ser um lobisomem para machucar alguém. Bruxos fazem o trabalho extremamente bem.”

Não houve resposta, então Revan tomou aquilo como um sim. “Mas e esse cartão, Lupin? Olhe, essas duas metades. Elas não se completam. Essa metade é falsa” pegando a metade de baixo, ele a jogou para trás e tirou algo do bolso das vestes.

“Essa é a verdadeira.”

Cheiros familiares invadiram suas narinas. Livros, livros e pinhos que combinavam perfeitamente com a pequena figura de Harry Potter. Lupin podia se imaginar em um ambiente aconchegante sempre que chegava perto dele. Harry está morto, ele repetiu para si mesmo. Morto. Porém outra parte de si dizia: Como Revan Black tinha a metade certa do cartão?

Com passos cuidadosos, o lobisomem se aproximou e cheirou a mão estendida de Revan. Debaixo de uma camada de colônia, estavam pinhos, e suas vestes cheiravam a livros velhos. Seus olhos... Lupin ganiu. Seus olhos eram verdes brilhantes, assim como os de Lily. E seus cabelos, se fossem alisados e bagunçados para todos os lados, se pareceriam com os de James.

Revan sorriu. “Sou eu, Moony. Harry. Seu filhote. Eu até te trouxe um sapo de chocolate.” Seu sorriso era tão infantil, o modo como suas maças do rosto ficavam destacadas e seu rosto oval se arredondava, aquilo era o suficiente. Fingindo alegria, Revan acabou com a distância entre ele e o lobisomem, passando seus braços pelo pescoço da criatura e afundando sua face nos pelos cinzentos. Ele inspirou profundamente: Era simplesmente o cheiro de Moony.

As lágrimas vieram naturalmente, mas ele as usou a seu favor: “Ah Moony, eu senti sua falta. Por que você não veio me buscar, Moony? Eu te esperei desde quando o feitiço acabou. Faz tanto tempo... Eu estava esperando meu sapo de chocolate, mas você nunca veio” Revan falsificou um soluço e permitiu que as lágrimas continuassem a fluir, fazendo questão de molhar o pelo do lobisomem para que ele sentisse sua dor.

“O orfanato foi horrível. Tinha um menino, um menino que me usava de alvo. Doía, Moony, cada vez que ele me espancava e me deixava em uma poça de sangue no chão.”

Um rosnado profundo ressoou no peito de Moony. “Não, ele, descobriram o que ele fazia, está no reformatório agora, mas eu estava com medo. Todos gostavam do menino aberração como saco de pancadas. Doía tanto...” seus dedos apertaram o lobo como se ele fosse um bichinho de pelúcia.

De repente ele se afastou. “Prometa não contar para ninguém, Moony. Me prometa, ninguém, ninguém mesmo. Só você pode saber.”

O lobisomem assentiu e Revan voltou a se aproximar. Sentindo-se como o menininho de cinco anos que era quando os dois ficavam daquela maneira, o herdeiro Black se aninhou na curva do pescoço do lobo e fechou os olhos, descansando. “Eu estou em casa” completou, fingindo um bocejo. “Eu estou finalmente em casa.”

Era quase sete horas quando o sol nasceu. Revan se afastou e procurou por um cobertor para Lupin, que naquele momento voltava à sua forma humana.

“Bom dia, Moony.”

Ele se virou, e quando se deu conta, estava envolto em um abraço. “Harry” Lupin inspirou fundo. “Meu Harry. Eu nunca deixei de acreditar.”

“É bom estar de volta” murmurou ele, retornando o abraço. “Senti sua falta. O cartão...” ele checou a hora. “Tenho que ir! Estou de fazer o dever com Daphne.”

“Harry, espere, ainda é cedo, vamos conversar...” Mas ele já não estava lá. Sozinho, o lobisomem completou: “Eu tenho tanto para te falar.”


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Notas finais do capítulo

Ok, eu, como autora humilde, achei esse capítulo FANTÁSTICO. E vocês? Digam-me o que acharam.

Faltam mais dois capítulos para o fim do terceiro ano. Estou pensando em seguir a maratona e postá-los, se tudo der certo, nesta quinta e na terça que vem. O especial viria na próxima quinta como presente e então, minhas tão sonhadas férias até dia 21 de janeiro.

Reviews fazem o meu dia, vocês sabem disso. A propósito, vou responder cada um dos 41 que recebi agora mesmo.

Cordialmente,
~Lady Slytherin