Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 32
Hora da colheita


Notas iniciais do capítulo

Depois da manutenção do Nyah!, estou de volta! Muitíssimo obrigada pelos reviews, esse capítulo contém ação (e uma pequena dose de tortura). Aproveitem!



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CAPÍTULO 32

HARVEST TIME

“Eu vou” anunciou Draco, esparramado em uma poltrona da Sala Comunal. “Meu pai me deu uma grana preta para gastar em doces.”

Revan revirou os olhos. “Hmmm. Hermione diria que você vai ter várias cáries no futuro.”

“Como a sangue ruim entrou na conversa?”

“Para te irritar” explicou Pansy, sentando-se no braço da poltrona de Draco e posicionando sua mão morena no ombro do loiro. “Revan só parece ser capaz de fazer isso.”

Humph. O dedo de Pettigrew ainda estava escondido no seu quarto, congelado no quinto compartimento do malão de Revan. Ele usaria o dedo quando fosse a hora certa. Que ela chegue logo, completou ele, antes que a ameaça que fiz para Pettigrew se desgaste e ele tente contatar Nicholas Potter outra vez. Merlin nos ajude se Pettigrew contar onde os prisioneiros estão, e quem comandou o ataque.

“Você vai, Revan?” O menino lançou um olhar mortal para Pansy com sua cara de pug. Menina irritante. “Você sabe a resposta para isso.”

Era verdade. Todos ali sabiam que com o enigma vindo da origem de Revan, ele não teria permissão para visitar Hogsmeade. Seus pais estavam mortos. Ele não tinha guardiões, ou pelo menos era isso que o mundo bruxo pensava. No nome da lei, ele não era emancipado para não sofrer processos como um bruxo crescido sofreria. Ele tinha assistentes sociais prontos para atendê-lo se necessário.

Não visitar Hogsmeade não estava nos planos dele. Sair daquele castelo sufocante, com todos os Potters, jornalistas, aurores e dementadores e centenas de estudantes, seria um sonho. Revan não queria esperar até o Natal para ver Regulus e ficar sabendo mais sobre os comensais hospedados na mansão. Ele não queria ter que tolerar Nicholas mais do que o necessário.

Pansy, é claro, gostava de lembrá-lo disso todos os dias, porque ela, oh, Pansy da família Parkinson, podia sair, e Revan, da nobre família Black, estava confinado a Hogwarts. Ele era o único do grupo que ficaria lá. Todos estavam animados com a perspectiva de visitar um vilarejo bruxo, checar as atrações locais e trazer algumas cervejas amanteigadas para o castelo.

Os laços que uniam o grupo estavam se soltando. Voldemort não agia fazia meses, e medo e lealdade, a cola dos pequenos comensais, se desprendia. Por que apoiar alguém que não tinha ação, que se escondia nas trevas, nem mesmo mexendo pauzinhos por trás do ministério? Revan de repente entendia por que tantos comensais abandonaram seu mentor. Esperar era entediante.

É claro, ele não contou isso para Voldemort quando recebeu sua mensagem por meio de uma coruja selvagem, naquela noite. Ele lamentava sua sorte, fazendo o dever de casa usando o máximo de sua capacidade para impressionar os professores. Quando olhou pela janela, a coruja o esperava.

Precisamos nos encontrar.

Obediente, Revan entrou nos dormitórios, fechou as grades ao redor de sua cama, colocou um feitiço que imitava seu suave respirar, retirou a capa negra do malão e segurou o pendente ao redor do pescoço. No instante em que a palavra “Harry” foi sussurrada na língua das cobras, o mundo ao redor dele se desfez.

Gritos encheram seus ouvidos. Revan abriu os olhos, tentando se localizar. Ele estava do lado de fora da mansão Black, onde os seguidores de Voldemort pareciam estar tendo uma discussão histórica. Ele se aproximou devagar. Rabastan estava com a varinha e tinha posse do mapa da sala de estar. Rodolphus, porém, tinha as peças. Bellatrix gritava algo para os outros dois. No canto, Barty assistia a discussão em silêncio.

Outros comensais se reuniram. Eram tantos que Revan não podia nomear, mas todos, ao verem o garoto, se curvaram e, com um sorriso em seus lábios, sussurraram: “Pequeno lorde.”

Hora de fazer com que todos reconheçam sua presença, decidiu ele. “O que está acontecendo aqui?”

Silêncio reinou na sala. Alguns comensais ainda se perguntavam o que a tatuagem no rosto dele significava, portando ou o respeitavam demais, ou simplesmente não o respeitavam. Nesse caso, graças a Merlin, eles decidiram que era melhor manter a boca fechada. Eles olharam para o lado, esperando algum deles dar um passo para a frente e explicar.

Revan não queria esperar. “Barty.”

“O Lorde das Trevas, pequeno lorde. Foi para Hogsmeade, disse que pretendia um ataque.”

“Sozinho?”

“Não” respondeu Bellatrix. “Se meu pequeno lorde consegue perceber, estamos todos reunidos ao redor da mesa de guerra por uma razão.”

Aquilo enfureceu Revan, mas ele respirou fundo e se aproximou. Todos os pinos negros estavam por cima de Hogsmeade, cerca de trinta por cento deles nos portões de Hogwarts.

“Quem tomou essa decisão?”

“Eu” todos se viraram para o Lorde das Trevas que voltara. Regulus, porém, não estava com ele. “Bom te ver aqui, garoto.” Prevendo a próxima questão do menino, Voldemort adiantou: “Regulus ficará em Hogsmeade até o final da semana, fazendo reconhecimento do terreno.”

“Para um ataque do qual eu não fui informado.” O herdeiro Black queria que aquela frase não soasse tão arrogante ou infantil. Regulus não estava lá. Em uma das poucas oportunidades que tinha, ele não veria aquele que fazia o papel de pai.

Os olhos vermelhos de Voldemort indicavam que ele não estava satisfeito com a resposta. “Estou te informando agora. Eu quero todos fora daqui.”

Um a um, eles se retiraram. Sem se deixar abalar com a resposta do mestre, Revan voltou a examinar os pinos. “Vinte ou trinta comensais lutarão contra os melhores professores da Grã Bretanha. Podemos estimar que cinco deles vão morrer. Dez ficarão feridos. Outros cinco serão pegos para serem questionados. O que você pretende, meu lorde, se livrar de todos eles?”

Silêncio.

“Meu lorde... Eles são a única coisa que temos. Não podemos sacrificá-los.”

“Meus lutadores. Eu decido como morrem.”

“E então o que?” Furioso, Revan derrubou os pinos. Não havia nada sobre a mesa agora, apenas pinos brancos. “É assim que você quer terminar a guerra?”

Em um flash Voldemort estava ao lado do herdeiro Black, o pressionando contra a mesa. “Minha guerra” ele sibilou. “Minhas decisões.”

“Uma decisão estúpida que levará a uma guerra ainda mais estúpida de um mundo contra um bruxo” Revan sibilou de volta, tentando respirar. “Mas se é do seu desejo, vamos sacrificá-los.”

“Os loucos nada fazem senão nos atrapalhar” suspirou Voldemort. Ele liberou Revan. “Espero que eles atrapalhem os professores de Hogwarts.”

“E os outros?”

“Os melhores ficam aqui” explicou ele, apontando para a residência. “Os habilidosos se esconderão na vila. Medianos aparecerão por aqui, localizarão nascidos trouxas e vão matá-los silenciosamente. Enquanto isso, os loucos impedirão a ação dos professores e o fluxo de alunos na direção do castelo.”

Revan sorriu. “E quando eles morrerem, já estaremos de volta.”

Voldemort colocou a mão em seu ombro. “Deixando uma pilha de corpos, uma vila queimada e um aviso para todos.”

Aquilo parecia perfeito, exceto por uma coisa...

“Mas eu não tenho permissão para sair de Hogwarts.”

A expressão do bruxo das trevas não se alterou. Ele caminhou ao redor da sala, acendeu o fogo e olhou o mapa novamente. Com um simples movimento de olhos, alguns pinos pretos saíram do mapa. “Não podemos perder um líder. Dê um jeito de estar lá.”

Outro ponto... “Hogsmeade é cheia de dementadores. Eu não consigo ficar perto deles.”

Os lábios de Voldemort se curvaram em um sorriso amargo. “Melhor conseguir.”

_

“Foco, senhor Black” instruiu Lupin. “E relaxe.”

“É impossível fazer as duas coisas ao mesmo tempo” reclamou ele. Nicholas fez que sim com a cabeça. Ele concordava com a ideia cem por cento.

“Se concentre.”

“Estou tentando.”

“Se concentre mais.”

Revan abriu os olhos, exasperado. “Não. Tente outra coisa, Lupin, outro método de ensino.”

Ao seu lado, Nicholas também desistiu. Ele limpou o suor da testa e encarou o professor. “Moony, dê um jeito nisso. O que as pessoas vão pensar?”

“Que você sofreu demais. Isso só vai gerar mais publicidade para você. Achei que quisesse isso.”

“Não!” ele se levantou com os punhos fechados. “Toda essa ideia de patrono foi para me privilegiar, mostrar que eu sou o melhor da classe. Acabe com isso.”

Lupin balançou a cabeça e massageou as têmporas. A lua cheia se aproximava, ele já tinha uma dor de cabeça e agora tinha que aguentar Nick gritando no seu ouvido. “Está no currículo. Pessoas estão fazendo progresso.”

“Mas eu não. Dê mais dissertações ou teoria mágica ou qualquer bosta que eu saiba fazer.” Nenhum deles parecia se lembrar que Revan ainda estava na sala, ouvindo a tudo. Ele estava satisfeito com o seu lugar, memorizando cada palavra para espalhar para os Slytherins depois.

“Treine mais” instruiu Lupin, um rosnado escapando do fundo de sua garganta. “Mostre para todos que você é realmente o melhor da classe.”

A resposta pairou no ar: Mas eu não sou.

Verdade, pensou Revan. Eu, os Slytherins e até mesmo as fezes das corujas de Hogwarts são melhores que você. Pena que ele não podia expressar isso em voz alta. Ele se ajeitou no lugar.

Com o movimento, os reflexos aperfeiçoados de Lupin fizeram com que o lobisomem olhasse para ele. Uma ligeira vermelhidão cobriu sua face pálida. “Senhor Black, o senhor está dispensado. Não venha na próxima aula, a menos que queira brincar de luta com um lobo.”

Concordando, Revan saiu.

Como esperado, no dia seguinte, a última aula de Lupin antes da lua cheia, eles não fizeram nada sobre dementadores, e sim uma dissertação sobre lobisomens e seus direitos. Revan fez questão de frisar os três lados da perspectiva bruxa: Inferiores, Superiores da luz e superiores das trevas.

Ninguém estava muito interessado em escrever, para falar a verdade. Era quinta. No sábado, eles sairiam do castelo. Para complementar os estudos, alunos poderiam visitar a Cabana dos Gritos, que continha evidências de como um lobisomem se comportava sem a poção Wolfsbane. Isso é, se ousassem entrar na Cabana.

O pingente de Revan queimava em seu peito, uma constante lembrança do que ele precisaria fazer. Aquela era a sua primeira oportunidade de se provar para o lorde das trevas depois dos problemas de Azkaban. Novamente, haveriam dementadores, e para complementar, aurores vigiando os estudantes.

Draco sugeriu que ele falasse com Snape. Educadamente, Revan recusou, dizendo que não queria criar problemas para o professor. O que ele queria, na verdade, era um álibi de que estava no castelo durante o ataque, no caso de alguém perguntar.

Os dias voaram. Na manhã de sábado, grande parte dos estudantes quase flutuava de felicidade. O herdeiro Black fez sua melhor cara decepcionada na frente dos Potters, arranjou um duelo com Blaise e, tendo se deixado machucar, mancou para a Ala Hospitalar.

“Madame Pomfrey?” ele chamou. A bruxa levantou o olhar para ele. Seus olhos se fixaram na mancha de sangue da perna do menino. “Eu estava me perguntando se você poderia arrumar isso?”

Poppy suspirou e levantou as vestes de Revan para examinar o corte. Ela franziu a testa, pegou dois frascos de poções (Lily havia acabado de entregá-los, e agora tentava determinar o que tinha acontecido) e fez com que o herdeiro Black engolisse ambos na frente dela.

Revan sentiu sua cabeça ficar pesada, mas lutou contra o sono. “Olá, senhora Potter.”

Lily sorriu. “Olá, Revan. Você deveria tomar mais cuidado com duelos amadores.” A ruiva enrolou gaze ao redor do ferimento. “Parece até Nick, todos os dias ele consegue um machucado diferente.”

Do jeito que ele era desajeitado, Revan não duvidava daquilo.

“Prontinho” anunciou Madame Pomfrey. “Melhor não andar muito hoje, para garantir.”

Sra. Potter fez uma cara de decepção. “Nada de Hogsmeade para ele?”

“Não tem problema” respondeu o menino. “Não consegui permissão, de qualquer jeito. Se alguém perguntar” ele se levantou e se espreguiçou. “Vou estar nos dormitórios.”

Ele encenou um mancar suave até se afastar das duas bruxas, então correu para as sombras e arrancou a gaze da perna. Algumas gotas de sangue escaparam do ferimento. Suspirando, Revan mordeu a língua e apontou a varinha para o corte. Seu mundo explodiu em fogo. O gosto metálico de sangue foi sentido em sua boca, onde ele havia mordido a língua para não gritar.

Um instante depois, o fogo parou. Seu corte estava totalmente cicatrizado.

Sem mancar, ele foi até o dormitório para pegar sua capa.

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Nemesis esperou. Ele era paciente, já havia esperado por vários anos e poderia esperar mais alguns instantes para mostrar uma contínua lealdade ao Lorde das Trevas. Antes que os outros saíssem, ele avisou a Theo que voltasse, junto com os outros, antes da hora do almoço. Seu amigo estreitou os olhos, mas assentiu sem que ninguém visse.

Ele olhou o relógio. Dez e vinte da manhã. Nemesis conseguia sentir o coração batendo no peito. Talvez ele não fosse tão paciente quanto pensava. Seu pendente queimou em seu peito, junto com a tatuagem que cobria sua face. Seus olhos verdes brilhavam como olhos de gato na escuridão do dormitório.

“Harry” ele finalmente sussurrou, pensando na localização desejada. Algo pareceu fisgar seu umbigo.

A sala ao redor dele estava cheia. Nemesis não sabia quantas pessoas estavam lá, nem quem eram, todos estando mascarados e caminhando, olhando um mapa improvisado de Hogsmeade e suas respectivas localizações. Explicando como agir, estava alguém que Nemesis conhecia muito bem.

“Regulus!”

“Hey, garoto!” Eles se abraçaram. “Senti sua falta” Regulus sussurrou para ele. Levantando sua voz para que todos ouvissem, ele falou: “Nemesis vai liderar o ataque principal, com estrondos, explosões e essas coisas que vocês malucos gostam.”

Os comensais riram, concordando.

Nemesis assumiu: “Black levará vocês para as casas, fazendo ameaças e lembrando a todos qual lado é o mais poderoso da guerra. Gibbon tomará conta da defesa na frente do castelo.”

Uma voz se levantou na multidão. “Por que Gibbon?”

O pequeno comensal deu um sorriso assustador. “Vocês vão ver.”

“Esquadrão A!” chamou Nemesis. “Comigo. Destruição total. Não levaremos prisioneiros, assim como eles não vão pegar nenhum de nós. Lutem até a morte.”

Urros de empolgação podiam ser ouvidos de todos os cantos da sala.

Um a um, os lutadores selecionados desapareceram.

Nemesis não precisou de um segundo para se localizar. Com passos rápidos e suaves, ele correu, sussurrando ordens para os comensais que o seguiam em fila indiana, varinhas na mão, prontos para atacar. Uma mulher apareceu no beco. Sem tempo para lançar a maldição, o pequeno comensal tirou um canivete do bolso e cortou sua garganta para que ela não pudesse gritar.

Os outros pularam o corpo e continuaram a correr. Nemesis subiu as escadas e escutou. Do outro lado, pessoas conversavam no café. Ele fez um movimento com a mão, se afastou e explodiu a porta.

“Vão, vão!” Bellatrix deu um berro e tomou a iniciativa, torturando cada pessoa viva que encontrou naquele café. Rabastan trancou a porta para que ninguém conseguisse escapar. Sangue atingiu as paredes. Gritos das vítimas morriam em suas gargantas, porque comensal nenhum deixaria que eles atraíssem atenção para si mesmos. Satisfeito, Nemesis puxou uma cadeira e se sentou, assistindo.

Dolohov derrubou duas vítimas. Yaxley mais uma. Quando tudo o que sobrava eram corpos no chão, Nemesis se levantou, quebrou o vidro das janelas e, utilizando-se do método de voo conhecido apenas pelos comensais da morte, voou para fora, lançando bolas de fogo naqueles que vestiam roupas trouxas, destruindo propriedades e deixando uma trilha de vítimas pelo caminho.

De um instante para o outro, gritos começaram a surgir ao ponto que era difícil ouvir o som da própria voz. O pequeno comensal elevou a varinha em um ângulo de noventa graus, ordenou: Morsmordre! E a marca negra apareceu no sol do meio dia, tão brilhante quanto os olhos de Nemesis que naquele momento brilhavam com satisfação do trabalho feito.

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Regulus não gostava de liderar nada.

Ele sempre havia sido a segunda opção de todos. Primeiro, em casa, foi Sirius o mimado desde o nascimento até os onze anos, quem havia aprendido política e aulas de guerra melhor do que ninguém. Então, em Hogwarts, seus amigos preferiam Snape, ou alunos mais velhos. Suas habilidades de batalha não importavam (talvez porque não fossem excelentes), ele só conquistara parte da fama aos dezesseis anos, quando, oficialmente, se juntou às fileiras do Lorde das Trevas.

Quando a oportunidade de falsificar sua morte chegou, Regulus pensou que aquela seria a oportunidade de ouro para se mostrar útil ao seu lorde. Em um dia qualquer, ele desapareceu sem deixar vestígios para o abrigo de guerra dos Black, e lá esperou até ser chamado. O problema foi, anos passaram e ele não foi chamado.

Regulus esperava que Voldemort fosse visitá-lo. De fato, ele visitou, mas apenas quando estava em uma fraqueza extrema, prestes a desaparecer. Regulus não achava que aquilo fosse justo. Ele serviu Voldemort por anos. Já estava conformado com seu destino de morrer na mansão, algumas décadas mais tarde, quando o garoto apareceu.

À primeira vista, Regulus odiou Harry Potter com todas as suas forças. Ele deveria ter sido o escolhido. Ele merecia a honra. Quem era aquele moleque vestindo trapos, guiado por uma cobra, que clamava ser melhor do que ele na tarefa de espionar para o Lorde das Trevas? Pior. Voldemort gostou dele. O treinou como se fosse um general de batalha. Deu dicas para que aprendesse a duelar. Fez dele o perfeito comensal.

E novamente, Regulus foi colocado em segundo plano. É claro, ele agora gostava do menino. Ele era seu menino. O filho que nunca teve, a companhia para os dias solitários. Mas que doía passar meses sem falar com ninguém porque Voldemort não parecia achar que ele era capaz, doía sim.

Quando ele se viu na linha principal da guerra, a primeira coisa que Regulus pensou foi que ele só estava lá para ser eliminado assim como os comensais que naquele momento lutavam contra os professores e aurores.

Seus olhos se arregalaram. Aurores!

“Aurores!” ele anunciou para seu grupo de trinta. “Tomem cuidado. Desconsideramos os aurores.”

“Não, não desconsideramos” Nemesis replicou. Todos se viraram para o menino. Ninguém havia visto ele chegar. A marca negra em seu rosto estava mais escura do que nunca. Ele riu ao ver que a atenção estava sobre ele. “Os aurores fazem parte da tarefa do esquadrão C.”

Ou seja, aqueles que morreriam lutando. Regulus se virou para ele, tendo que se curvar para que sua cabeça não atingisse o topo do túnel onde estava. “Explique.”

Nemesis deu de ombros. “Mais vítimas.”

Para o nosso lado ou o deles? Virando as costas, Regulus continuou a andar. As escadas levaram ele para uma casa no vilarejo de Hogsmeade. A moradora deu um gritinho e arregalou os olhos. Não era a quantidade de comensais que ela temia, era Nemesis, com sua tatuagem e olhar maligno. Ela tentou correr para a porta, mas cordas amarraram seus pés e amordaçaram sua boca. Um soluço escapou de sua boca, seguido de outro e mais outro. Não me mate, ela parecia querer dizer.

“Chorar não ajuda, Rosa.” Nemesis se aproximou da mulher caída e alisou a pele de porcelana dela com os dedos enluvados. Ele enxugou uma lágrima da ruiva. “Preciso que você mande uma mensagem para mim. Ora, por que choras tanto, não vou te matar. Posso deixar sua boca livre?”

Rosa fez que sim. Nemesis tirou a corda que a impedia de falar.

“Por favor” ela suplicou. Por mais que lutasse contra elas, as lágrimas corriam pelo rosto da moça. “Eu não sou ninguém. Não me mate. Vou fazer o que você quiser.”

“Preciso que você mande uma mensagem para mim” repetiu Nemesis. “Se não vou te usar, quem você sugere? Precisa ser alguém da família Bones.” Os olhos dele pararam na parede do quarto, onde um desenho de criança estava colocado no lugar de honra, acima da cabeceira. “Sua filha, talvez?”

“Não, por favor!”

Nemesis aproximou seu rosto do dela. “Então quem?”

De repente, ele a jogou para o lado. “Amarrem-na na cama, desse jeito” ele fez um desenho no ar. “Deixem a face livre. Rosa terá a chance de gritar.”

Dois comensais deram um passo para a frente. A ruiva não disse nada, mas lutou quando foi arrastada para a cama e amarrada com correntes de aço. Rosa parecia ter aceitado seu destino quando descansou o rosto contra o colchão. Ela evitou o olhar dos comensais.

“Decore o que vou te dizer” ordenou Nemesis. “Amelia. A justiça será feita. Decorou? Bom.” Ele apontou a varinha para a bruxa. “Incendio.”

_

Nenhum estudante queria se sentar quanto todos foram reunidos no salão depois do caos. McGonagall deveria estar acalmando os Gryffindors, mas estava sendo tratada por causa de um feitiço de ferrão que recebera de alguém. Ela não corria risco de morte, mas a dor era inimaginável. Professora Sprout fazia o possível para acalmar os estudantes.

Graças a Merlin, não houve estudantes vítimas do ataque. Era como se os comensais tivessem evitado as crianças. Os únicos machucados foram aqueles que se lesionaram fugindo, nem mesmo aqueles que duelaram foram gravemente feridos, apenas estuporados e deixados de lado. A mesa de Slytherin estava intacta, apesar de Draco estar mais pálido do que nunca e gritando que seu pai iria ouvir sobre aquilo múltiplas vezes.

Na mesa de Gryffindor, Nicholas ajudava os professores a garantir que todos estavam bem. Ele não queria admitir, mas estava com medo também. Seus pais haviam ido para duelar e até agora, não haviam voltado. James poderia estar no escritório preenchendo papelada sobre os mortos (quarenta e sete) mas Lily, Lily que agora só enxergava com um olho, Lily frágil, Lily de porcelana...

“Sua mãe é uma ótima duelista” disse Hermione para ele, parando de escrever a carta para os pais. “Já vimos ela lutar.”

“Mas foi o primeiro duelo verdadeiro dela com a visão prejudicada” insistiu Nicholas. “Ela deveria ter voltando.”

Ron entrou na conversa: “Snape está procurando por ela. Slytherin doentio, vou te dizer, obcecado com a sua mãe, cobra nojenta. Falando de cobras nojentas, lá está Black.”

Nicholas olhou.

Revan fazia o possível para dar a impressão de estar com medo, mas a falta de esforço na mesa ao seu redor fez com que ele cedesse e começasse uma conversa com Theodore Nott, que estava mais empolgado do que deveria por causa da tragédia.

“Cara” ele ganiu. “Ouvi falar sobre Rosa Bones. Você fez aquilo?”

“Eu não” o herdeiro Black sorriu. “Mas N fez.”

Theo se aproximou dele. “Não te dá medo, ser pego fazendo essas barbaridades? Você não vai sair de Azkaban nunca mais, cara.”

Revan deu de ombros. Sim, ele tinha medo daquilo, mas durante a batalha medo controlava uma mínima porcentagem do seu cérebro. A grande maioria se preocupava mais nos feitiços e movimentos. “Para isso eles precisam me pegar.”

Os dois compartilharam uma gargalhada.

“Não entendi por que você fez isso com Rosa. Não era mais útil ir atrás de Amelia?”

“Amelia fica o tempo todo no Ministério, seguida por aurores” explicou Revan. “Rosa mora em Hogsmeade, sem proteção, e ela mal consegue usar uma varinha. O bônus é que são irmãs, então o que acontece com uma, atinge a outra.”

Theo estreitou os olhos. “E a posição na qual ela foi encontrada?”

“Você quer dizer o raio?” um sorriso de orgulho encheu a face do herdeiro Black com luz. “Brilhante, não é? No formato de um raio, queimando e uma mensagem nos lábios. Amelia deve saber com quem está lidando.”

As palavras do moreno não passavam de um sussurro agora.

“Existe um jeito mais fácil. Lá, na mesa de Hufflepuff.”

Susan Bones? Revan já havia pensado naquilo. Se aproxime de Susan, se aproxime de Amelia, a espione, talvez aproveite o corpo da ruiva, mate-a com um feitiço único, atinja Amelia, atinja o Ministério. Havia vários poréns no plano: Casas diferentes, personalidades diferentes, e mais importante, lados diferentes da guerra. Mas aquilo valeria uma tentativa.

“Vamos ver, né?” Os estudantes de Slytherin se levantaram e caminharam em fila indiana para os dormitórios. A luz esverdeada que vinha do Lago Negro fez Revan perceber como ele estava cansado. Não era todo dia que você liderava um ataque daqueles.

Guerreiros não deveriam precisar dormir, ele pensou consigo mesmo quando colocava o pijama. Isso só atrapalha o plano deles.

Seus olhos estavam pesados; um bocejo saiu de sua boca. Ele pensou em pegar um copo d’água antes de dormir, ou ler um livro, mas a cama nunca havia lhe parecido tão tentadora antes. Respeitando o desejo do seu corpo, Revan se deitou e caiu no sono imediatamente.

Uma cena familiar apareceu na frente dele. Apenas por garantia, ao invés de tratar seu lorde com o devido respeito, ele disse alegremente: “Tom!”

Voldemort não sorriu, mas seus lábios se moveram alguns centímetros. “Garoto Harry.”

Oh.

“Meu Lorde, ao que devo o prazer?”

O Lorde das Trevas caminhou lentamente até onde Revan agora se ajoelhava. “Apenas te parabenizar, garoto, pelo ataque. Foram treze aurores mortos, que eu pude contar, e mais vinte feridos.”

O herdeiro Black franziu a testa. “E nossas perdas?”

“Vinte e nove loucos mortos, oito feridos.”

“Oito...” ele coçou o queixo, pensando. Ficaram em silêncio por um longo tempo, Voldemort observando o menino e Revan pensando. Finalmente, o jovem falou: “Quais oito?”

Os nomes foram citados. O menino deu um suspiro aliviado. Ninguém muito importante. Um bom lutador fora derrotado lutando, Rabastan Lestrange, mas isso trazia mais benefícios do que problemas para o lado deles. Rabastan lutava e apoiava as trevas, mas agora Rodolphus era o Lorde Lestrange, com Bellatrix ao seu lado. E Bellatrix...

“Ela pode ser considerada como louca.”

“Apenas uma fidelidade extrema” corrigiu Voldemort. “E uma grande necessidade por atenção. Podemos controlá-la. Ela menciona o “pequeno lorde” todos os dias, o respeito dela por você é imenso.”

Era o mínimo que a bruxa poderia fazer, depois que Revan salvou sua vida.

“Essa é a hora, não é? De começar a trazer pessoas para a nossa causa?” O Lorde das Trevas fez que sim. “Bons lutadores, de personalidade forte e que já te vejam como um líder.”

“Slytherins?”

“Não. Nossa casa já possui fama demais de só educar bruxos das trevas. Poderíamos fazer o oposto, pegar os estudantes de casas neutras e deixar que vejam por que agimos dessa maneira. Depois, dê um golpe nos Gryffindors. Um golpe limpo. Escolha alguém próximo dos Potter, traga-o para o nosso lado, mostre que ninguém está próximo o suficiente do Menino que Sobreviveu para ser considerado da luz.”

“E então?”

Voldemort sorriu.

Com aquela conversa, a campanha política de Revan Black começou. Favores aqui e ali, um sorriso charmoso jogado para meninas de casas poderosas, ajuda nos deveres de casa, conversas sobre as aulas mais difíceis. Seu passado obscuro foi ainda mais tingido de tons de cinza, conforme Revan contava a história de ser um órfão sustentado apenas pelo direito da herança e do medo diário de ter essa herança tirada dele. As pessoas, antes rígidas com a sua presença, foram relaxando e compartilharam suas próprias histórias.

De fato, ninguém era imune aos seus encantos. Conversa olho no olho, uma pitada de persuasão, os estudantes esqueciam que Nicholas Potter era contra as atividades de Revan. Os olhos cerrados dos Potter nada adiantavam naquela situação. Eles não podiam dizer nada, fazer nada sem provas, e o herdeiro Black era esperto o suficiente para não deixar nenhuma para trás.

McGonagall lhe dava mais pontos. Snape parou de respirar em seu pescoço. Flitwick comemorava o sucesso nos feitiços pedidos. Bocas se abriam ao ver o moreno duelar, derrotando seu oponente sem deixar nenhum dano grave.

Isso, é claro, nada se comparava ao que estava para acontecer: A temporada de Quadribol logo começaria e, dessa vez, Revan estaria jogando.


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Notas finais do capítulo

Gente, WTF? Tive que refazer todos os parágrafos.

Bom... Reviews, por favor. Sobre o capítulo yaoi, será postado separadamente depois que o capítulo 33 (o próximo!) for postado. Levei horas e horas, mas acho que consegui fazer todo o trabalho.

Essa semana e a outra são o semanão de provas, e estou com um bloqueio criativo. Não se preocupem, até Dezembro ele não estará mais aqui e eu voltarei a escrever a toda. Bom que eu tenho os capítulos extras, concordam? Devo ter uns 10 :)

Novamente, reviews. Vocês sabem que sou movida por eles.

Até a próxima!