Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 31
Os Marotos


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Em minha defesa, semana passada teve ENEM e na outra, tive que visitar minha família... Sem internet! Que tipo de pessoa vive sem internet, nos dias de hoje?

Prometo voltar a responder os reviews. Vou respondê-los a partir de hoje, sempre que eu tiver tempo e reviews sem resposta.

O capítulo de hoje é um filler, sinto muito, mas... Ah, leiam, depois compartilho.



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CAPÍTULO 31

THE MARAUDERS

Revan quis bater a cabeça repetidamente contra uma parede.

Aquilo não podia estar acontecendo. O que ele era, um brinquedinho que Destino usava quando estava entediado? Durante toda a sua vida ele tinha sido azarado. Era de se esperar que sua sorte mudasse depois de treze anos. Não. Destino parecia gostar de vê-lo sofrendo para escapar das artimanhas da vida.

Nicholas Potter. Ele precisava dizer mais? Não bastava ter que ficar com o lobo responsável por tê-lo obliviado, apagando os primeiros cinco anos de sua vida, três vezes por semana durante todo o ano letivo, não, ele precisava compartilhar as aulas particulares com ninguém menos do que Nicholas Potter, seu irmão gêmeo famoso.

Ex-irmão, Revan se corrigiu, se perguntando vagamente se esse termo existia. Eles não eram mais irmãos. Não tinham sido irmãos já fazia algum tempo, mas quando Nicholas olhou para ele e sorriu, satisfeito em ver seu amigo de volta, as memórias do herdeiro Black voltaram para antes da queda do Lorde das Trevas, quando eles eram tratados igualmente pela família e sociedade.

“Achei que eu fosse o único que precisasse de aulas particulares.”

“Eu também” concordou Nicholas, cruzando os braços. Ele queria ser o primeiro a criar um patrono. “Imagine minha surpresa quando você entrou na sala.”

Revan cerrou os olhos. “Lupin me convidou.”

O lobisomem, percebendo o clima tenso da classe, guiou os dois para o baú que continha o bicho papão. “Antes de abrirmos, eu quero que vocês pensem em algo feliz, como fizeram ontem de manhã.”

Ótimo. Sem planos alternativos. Ele mordeu o lábio inferior e vasculhou suas memórias. Nagini. A cobra o resgatando daqueles que realmente mereciam ser chamados de bruxos deveria ser suficiente para produzir fumaça da varinha. Ao seu lado, Nicholas estalou os dedos.

“Você é o menino que sobreviveu” reclamou Revan, vendo a concentração do ruivo. “Qual é a dificuldade de escolher uma das muitas memórias felizes que você tem?”

Nicholas corou, mas o herdeiro Black não pôde dizer se de raiva ou vergonha. “Você não pode voltar a ser como era no primeiro ano, ignorante em ralação ao meu status?”

Nunca fui ignorante ao seu status, pequeno Nick.

“Sem discussão, meninos.”

“Não estamos discutindo” ambos falaram simultaneamente. Eles se fuzilaram com os olhos. O ânimo de Nicholas diminuía cada vez mais. Seu amigo parecia ter mudado para o pior naquele ano que ficaram separados.

Lupin suspirou e aproximou o baú dos dois, torcendo que aquilo desse certo. Aulas particulares para Revan Black junto com Nicholas Potter para restaurar a amizade dos dois tinha sido ideia de Dumbledore de modo que o menino que sobreviveu voltasse a espionar o que o líder da luz considerava ser um potencial seguidor das trevas. Até agora, eles pareciam prestes a entrar em uma briga.

“Nick, você primeiro, sem o dementador.”

O ruivo arregaçou as mangas e começou a gritar o feitiço, encarando esperançosamente a ponta de sua varinha. Nada. Ele se esforçou mais, fechou os punhos, berrou mais forte. Nem mesmo fumaça. Ele deu um passo para trás, fumegando.

Foi a vez de Revan. Sua voz era calma e controlada, as palavras do seu mestre rodando em sua cabeça: A altura da voz não intensifica o feitiço. Para a sua infelicidade, a concentração extrema não foi o suficiente. Quando o menino recuou, sua face estava ligeiramente vermelha de vergonha. Essas lições o lembravam das aulas de Oclumência.

Ótimo. Outra coisa que ele não compreendia.

“Não, prestem atenção” interrompeu Lupin, sacando sua própria varinha riscada e com marcas de digitais. “Esse movimento, com essa pronúncia: Ex-PEC-to pa-troNUM”.

“Já estamos fazendo assim” sibilou Nicholas. “Eu aprendi latim junto com o inglês. Sei como pronunciar.”

Lupin deu de ombros. “Por alguma razão, não está dando certo. Se não é a pronúncia ou movimento de varinha...”

“Não ouse dizer que o problema é com a minha magia” ameaçou o ruivo, fechando os punhos “Ou você vai ter problemas maiores do que minha magia, lobo.”

O lobisomem deu um passo para trás, ofendido. Não apenas sua face demonstrava isso como o seu corpo inteiro, os ombros caídos e o passo lento e cuidadoso para não ofender. Ele levou um momento para se recompor. “Vocês estão dispensados. Nicholas, repense as suas maneiras até a próxima aula.”

Revan, vendo que não haviam mais avisos para ele, virou as costas e caminhou tranquilamente da classe, sentindo o coração bater forte no peito e ouvindo o sangue correr pelos ouvidos.

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O grupo riu quando ele confessou que sim, ele estava tendo aulas privadas com um professor lobisomem, amigo de Nicholas Potter, e com Nicholas Potter em pessoa. Revan grunhiu ao ver todos eles, sem exceção, se divertindo com a ideia de ver um companheiro torturado com a presença de um Gryffindor.

“Como se não fosse o suficiente ter aguentado Potter durante todo o primeiro ano!” completou Theo, seu corpo sacudindo com gargalhadas. “Revan, quando a sua sorte vai mudar?”

Ele voltou a grunhir. Draco parecia satisfeito em ver seu antigo inimigo tendo que aturar seu atual inimigo. O herdeiro Black imaginou que o loiro iria ficar mais feliz de Pansy parasse de tentar trançar seu cabelo. Blaise voltou sua atenção para Daphne, que fazia a redação de Defesa Contra as Artes das Trevas, onde eles tinham que afirmar de alguma maneira que a luz era um lado muito melhor para se apoiar.

Revan olhou o que ela estava escrevendo, que palavras estava usando, e fez que não com a cabeça. Daphne o encarou, uma pergunta em seus olhos. “Qualquer um pode ver que você copiou isso de um livro.”

“É isso que acontece quando você não pode expressar suas opiniões” ela reclamou. “Copie tudo da biografia de Potter sênior e tire nota máxima.”

“Ou fale o que pensa e se sinta realizada” retrucou Revan. Theo levantou um polegar para ele, concordando.

A loira mordeu o lábio e lançou seu olhar mais frio na direção do menino. “E o que te faz pensar que você sabe o que eu acho certo?”

Ouch. O herdeiro Black não se deixou abalar. A política deveria seguir em frente. “Suas palavras. Faça disso uma dissertação e tente convencer o professor de suas ideias.”

“Isso é” Draco interrompeu. “Se você tiver alguma ideia. Você vai se pronunciar por uma causa antes de morrer, Greengrass?” Ele tombou para trás, imobilizado.

Daphne se levantou, sua máscara tendo caído, em sua face o ódio em sua mais perfeita descrição. Ela rangeu os dentes e colocou a sapatilha na virilha de Draco. “Só porque não compartilho minhas ideias, não significa que elas não estão lá.”

Goyle murmurou algo. Ela não fez questão de ouvir. Theo levantou uma sobrancelha: “O que te impede? Somos todos amigos aqui.”

“Amigos ou não” ela rosnou, pegando suas coisas e subindo para o dormitório feminino. “Eu quero ter certeza que estou apoiando a causa certa.”

_

A afirmação dela só aumentou depois daquela noite, quando a Madame Gorda começou a gritar. Os prefeitos de Slytherin bloquearam todas as entradas, e não importava quanto os estudantes lutassem para ver o que estava acontecendo, nenhum deles conseguiu sair. Impacientes, eles esperaram as notícias, que não chegaram até muito depois dos gritos pararem, quando todos já tinham voltado a dormir.

“Garoto, isso é importante.”

Revan olhou para Voldemort, começando a irritar com seus sonhos manipulados. É claro, isso o impedia de ter pesadelos, mas também o impedia de sonhar com garotas e vingança.

“Pettigrew escapou. Ele deve estar indo para Hogwarts agora.”

A boca do menino se abriu em um O. É claro! Aquilo explicava tudo. “Se não me engano, meu lorde, ele já está aqui. Tentou entrar na torre de Gryffindor, atacou um quadro e fugiu.”

“Como sabe disso?”

“Não sei” ele deu de ombros. “Ouvi gritos, não podemos sair dos dormitórios e você me contou de Pettigrew.”A imagem começou a se borrar. “Meu lorde?”

Tarde demais. Ele já estava acordado.

“Pettigrew?”

“Peter Pettigrew!”

“Achei que ele estivesse louco!”

“Deve estar!”

“Não seja burro” disse Draco se espreguiçando. “Nenhum louco consegue entrar em Hogwarts. Meu pai me disse isso.”

Blaise tinha um outro ponto. “Mas você precisa ser louco para ousar entrar aqui.” Ele colocou o uniforme. Juntos, os seis meninos do terceiro ano desceram as escadas e foram até o Salão Principal para tomar café da manhã.

“Dizem que ele entrou para matar Potter” continuou Theo, que havia sido o primeiro a saber das notícias. “Nós todos sabemos que Potter consegue deixar até o homem mais são do mundo louco por causa dele.”

Aurores patrulhavam os corredores, e o nome de cada estudante era anotado cada vez que eles passavam por uma porta. Os aurores não dirigiram uma palavra a eles, mas não era necessário. Naqueles que não usavam o uniforme oficial dos policiais bruxos estava bordado uma fênix vermelha brilhante. Eles não estavam ali pelos estudantes, estavam ali simplesmente por causa de Nicholas Potter.

Um deles encarou Revan durante todo o caminho da ponte que unia as duas torres do castelo. Quando seus olhares se encontraram, o auror fez o típico sinal de ‘estou de olho em você’. O menino, em resposta, fez o típico sinal de ‘vá se ferrar’. Ele procurou Sirius Black na multidão de aurores. Ao seu lado, Crabble os contava. Quarenta, pelo menos, só naquela parte do castelo.

“Nada de conversarmos sobre lados da guerra” disse Revan em uma respiração. “E por Merlin, Draco, não fale do seu pai como se ele fosse o próximo Lorde das Trevas. A última coisa que queremos é que você seja levado para um interrogatório.”

“Nossos pais sabem como funcionam os interrogatórios depois que Fudge assumiu o cargo” concordou Theo. Eles entraram no Salão Principal, cobrindo o rosto por causa dos flashes de máquinas fotográficas.

Blaise gemeu. “O que Potter fez dessa vez?”

Definitivamente, sempre que havia aquela quantidade de flashes, a razão era Nicholas Potter. Toda maldita vez. No primeiro ano, uma vez, Revan saiu no canto de uma foto e teve que aguentar Voldemort gritando em sua orelha sobre como ele havia sido irresponsável, seu nome estava no Profeta Diário, todos saberiam sobre ele, o elemento surpresa, blá blá blá...

E como esperado, a razão era Potter. Só que... Não Nicholas Potter, e sim os Potters como um todo. A família feliz, mamãe e filhinho ruivos e filhinho com a cara do papai, juntos posando para fotos. James sorria, apesar de usar o uniforme oficial dos aurores, que indicava que ele estava ali a serviço. Havia algo de diferente em Lily que os meninos não conseguiram identificar inicialmente. Foi Revan quem exclamou: “Seus olhos! Estão azuis!”

Os dois olhos estavam azuis, não apenas o que havia sido vítima do bico afiado de Eyphah no final do ano anterior. Os pontos se uniram na cabeça do moreno assim que ela o encarou. O olho saudável agora estava azul para disfarçar o azul morto do olho cego, que vagava pelo salão sem ver nada. Lily estava rodeada de jornalistas, e afirmava animadamente que sim, estaria ficando até o final daquele ano em Hogwarts.

“Ah não” exclamou Revan, abrindo caminho entre a multidão. Ele empurrou duas meninas, chutou um vulto preto e xingou o caminho todo. “Não não não! Eles não vão estragar meu ano outra vez!” Algo o impediu de continuar. Ele olhou para trás e viu que Tracey segurava sua mão. Ela era incrivelmente forte para uma menina daquele tamanho.

“Esqueceu do que acabou de dizer? Vamos para a mesa. Não podemos falar mal das maiores celebridades do mundo bruxo.”

Os onze estudantes se sentaram lado a lado e se serviram. O tempo para comer não foi muito: As comidas desapareceram mais cedo, quando Dumbledore se levantou para anunciar as grandes novidades. Os estudantes fizeram cara feia, mas não reclamaram.

“Espero que todos vocês estejam tendo um bom dia” começou Dumbledore, sorrindo. “E se não estiverem, agora vão ter. Todos já sabem ao ataque do quadro da Madame Gorda na entrada da torre de Gryffindor. Madame Gorda nos informou que foi Pettigrew quem rasgou seu quadro em pedaços, e que ele estava atrás do senhor Potter. Para isso, um esquadrão de aurores irá patrulhar os corredores, e os Potter complementarão a segurança.”

Draco revirou os olhos. Segurança para quem? Não para eles.

“Senhor James Potter auxiliará os alunos de Defesa Contra as Artes das Trevas e também ministrará aulas de duelos. Senhora Lily Potter também terá um trabalho duplo: Ela estará presente nas aulas de Poções e ajudará Madame Pomfrey na Ala Hospitalar.”

Os alunos de Gryffindor aplaudiram, seguidos dos alunos de Hufflepuff e Ravenclaw. Não houve um movimento na mesa das cobras.

“Assim, vamos aos nossos afazeres” terminou Dumbledore, correndo os olhos por todos os estudantes como um bom avô faria. “Mais confiantes porque sabemos que agora, mais do que nunca, estamos seguros das ameaças das trevas.”

Vendo que já eram quase oito da manhã, os estudantes se dispersaram, cada um indo para a sua atividade. Revan se virou para ir embora quando, assim como antes, uma mão o parou. Era morna e cheirava a rosas.

Lily lhe deu um sorriso amável e o fitou com o olho esquerdo. O direito encarava estranhamente o canto da sala, às vezes passando pelo herdeiro Black, mas não o enxergando. Ela nunca o enxergava. Anos atrás ele teria dado tudo naquele mundo para receber um sorriso amável daquele jeito; não importava o fato de ser falso ou que a ruiva só estava lá para espioná-lo. Ela estava sorrindo para ele.

“Bom dia Revan.”

“Bom dia, senhora Potter. Me desculpe, eu não posso conversar. Aula de Poções, você sabe.”

Aquela foi a coisa errada a se dizer. Lily sorriu ainda mais e caminhou junto com ele para fora, dizendo: “Que bela coincidência, é para lá que estou indo.”

Não é uma coincidência, ele queria dizer. Foi apenas uma probabilidade de 7% que se concretizou, para o meu azar. De quatorze turmas que poderiam ter aula com você primeiro, surpresa! É a minha.

“Nick sentiu falta das suas cartas nesse verão” anunciou Lily, andando mais devagar para que a conversa rendesse. “Não recebemos nenhuma.”

Educadamente ele retrucou: “Também não recebi nenhuma de vocês.”

“Ora...”

“Eu passei minhas férias com Draco Malfoy” explicou ele, voltando a apressar o passo. “E com Theodore Nott, e na minha própria casa. Se vocês me mandaram uma carta, é provável que ela tenha sido extraviada.”

A ruiva corou profundamente, porque sabia que não tinha enviado nenhuma carta. Eles nunca enviavam cartas de volta para fãs e Revan Black não era mais um amigo próximo de Nicholas, o que pesava para eles. Sirius estava ficando paranoico, checando a conta da família toda vez que uma quantia era retirada. Nicholas mesmo perdeu credibilidade ao cortar relações com os Slytherins.

“Mas está tudo bem com você?” insistiu Lily.

“É claro. Os dias estão sendo úteis para mim. E você, senhora Potter, já se acostumou com sua nova visão?”

Ouch. Ela parou de andar. Ninguém, nem mesmo seus amigos próximos, haviam sido tão diretos em relação ao seu problema de visão. Acidente? Claro que não. Aquele corvo estúpido tinha mirado exatamente em seus olhos, para cegar e matar. Se ela não tivesse se debatido...

“Você vem?”

Lily chacoalhou a cabeça e correu para acompanhar o menino. “Estou me adaptando, Revan. Eu perdi a noção de dimensões, acertar o alvo está mais difícil agora.”

Ótimo. Distraído, Revan tropeçou nos seus pés, e só não caiu por causa da mão da mãe ao redor dos ombros. Seu toque queimava contra sua pele.

Snape fez uma careta quando os viu juntos, mas eles puderam entrar. Revan se sentou ao lado de Draco e olhou a lista de ingredientes. A voz suave de Lily encantava a classe.

_

No dia seguinte, era James quem não conseguia parar de encarar Revan. Toda vez que o menino parecia distraído durante a aula, James perguntaria uma questão particularmente difícil para ele, voltaria a dar sua aula e, dez minutos depois, perguntaria outra coisa. Ele demonstrou para a classe seu patrono falante, desenvolvido pela Ordem da Fênix, um veado que correu ao redor da classe, espiou Revan, e de sua boca, uma gargalhada com a voz de James saiu, antes que o patrono se dissolvesse no ar ao não encontrar perigo algum.

Agora a classe não queria apenas produzir um patrono. Eles queriam produzir um patrono falante, para que pudessem trocar mensagens entre si quando estivessem em duas extremidades de Hogwarts. James os desapontou, dizendo que aquele era um feitiço usado apenas por membros da Ordem, que na verdade, completou Revan em sua cabeça, era quem realmente controlava o Ministério. Talvez um dia, completou James, se eles quisessem se unir à Ordem da Fênix, eles aprenderiam como fazer um patrono idêntico àquele e fazê-lo falar para garantir sigilo de mensagens. Muito melhor do que corujas, ele frisou.

Realmente, concordou Revan, Eyphah por mais resistente que fosse poderia ser abatida. Um patrono era indestrutível quando lançado e só revelava a mensagem para a pessoa certa. Um instante depois, a mensagem desaparecia. Ah, ele suspirou, se os comensais pudessem fazer o mesmo, sem que fossem reconhecidos pelo formato dos seus patronos... Era uma ideia a considerar.

O veado de James era muito mais belo que o lobo de Lupin, também. Não que o lobo não fosse bonito. Ele exibia um tom quase transparente, mas o veado de James brilhava com emoção de pensamentos felizes compostos pelo pequeno Nick, o dia que o ruivinho disse “papai eu te amo” pela primeira vez, quando começou a andar, e quando descobriu que Lily estava grávida de Nick. Só depois eles ficaram sabendo que eram gêmeos, e a partir daí as lembranças se tornavam obscuras.

Não houve diferença naquela aula, apesar de Revan jurar que viu uma minúscula faísca saindo de sua varinha ao pensar em Nagini e ao ver seu reflexo pela primeira vez, depois que Harry Potter se transformou em Revan Black. Outros alunos estavam na frente dele. Tracey conseguiu um flash de cerca de cinco centímetros de diâmetro, ganhando dez pontos para Slytherin, e Susan Bones criou um orbe de luz que deveria ter pelo menos do tamanho de uma goles, o que rendeu quinze pontos para Hufflepuff.

Pelo menos, pensou Revan, existiam outros alunos com dificuldade. Blaise, Theo, Draco, Crabbe, Goyle, Pansy e Millicent não conseguiam criar nada. Apenas o grupinho secreto de Daphne e Tracey conseguiu algum resultado.

A redação de Defesa Contra as Artes das Trevas foi entregue sem demora. A de todos aqueles que apoiavam o lado das trevas continha informações sobre as “maravilhas” que Dumbledore havia feito para o lado da luz, os esforços de Nicholas Potter e o arrependimento dos comensais que cederam para a luz, dizendo que Dumbledore era o verdadeiro líder do mundo bruxo. Em uma nota a parte, Revan completou: Dementadores têm mais efeito em bruxos das trevas porque aqueles que se unem à luz possuem poucas memórias que torturam a mente.

“Há algo que eu não entendo” ele comentou para os colegas quando saíram da aula. “A maioria dos comensais que conseguiram escapar de Azkaban são psicopatas. Todos sabemos que psicopatas não têm em emoções, assim que efeito os dementadores vão exercer sobre eles? As memórias tristes poderão ser ignoradas.”

O que não me faz um psicopata.

“Isso explica porque Bellatrix não enlouqueceu até a morte.”

O grupo se separou. Aqueles que teriam aulas de Aritimância subiram as escadas, cruzando os dedos para chegar na classe antes de Professora Vector. Eles estavam ansiosos para aprender como criar os próprios feitiços; todos concordavam que ter uma carta na manga vinha a calhar quando se tratava de um duelo até a morte.

“O feitiço” explicou a professora. “Deve conter palavras mágicas, combinadas com elementos mágicos. Quais são as línguas mais usadas para a utilização da magia?”

“Grego e latim.”

“Isso! Não adianta escolher uma palavra qualquer com um movimento de varinha qualquer para obter um resultado qualquer. A última pessoa que fez isso acabou se explodindo em mil pedacinhos. Foi assim que surgiu o feitiço Bombarda. Lembrem-se disso, e decidam que tipo de feitiço querem desenvolver. Feitiços do nível I são recomendados. O nível do feitiço não poderá ser superior a 2.”

A classe gemeu. Sem maldições?

Vector distribuiu uma lista de expressões mais usadas para que os alunos criassem a parte teórica de um feitiço novo, em grupos de três. Revan ficou com Susan Bones e Tracey. Eles aproximaram suas cabeças.

“Qual será o assunto?”

“Eu sou boa em transfiguração” disse Tracey. “Poderíamos transfigurar alguma coisa.”

Susan fez que não. “Coisas vivas são complexas, e coisas mortas já possuem feitiços. Vamos nos focar no básico.”

“Fogo sob comando?”

“Existe o fogomaldito, e de qualquer maneira, fogo é pelo menos nível II.”

Uma ideia apareceu na cabeça de Revan. “E água? Feitiços envolvendo água são do nível I.”

“Colocar água, ou retirá-la?”

Os dois. Revan sorriu e começou a fazer as equações.

Uma hora depois, eles caminhavam para fora da classe. Susan tinha se despedido deles alguns instantes atrás, tendo que ir para uma aula diferente, mas Tracey quase pulava de animação do lado do herdeiro Black. “Eu não sei o que você está tramando, Revan, mas sei que vai ser bom.”

“Já te decepcionei antes?”

Secar algo, ou alguém, tinha suas vantagens. Desde que a segunda parte do projeto fosse deixada de fora, a professora não se importaria, e as trevas teriam um novo feitiço para usar. Secar água, deixando uma pessoa murcha, incapaz de se movimentar ou gritar por ajuda. Algo irreversível, ele completou em sua cabeça. Ou com consequências terríveis.

Algo deslizou pelo pé de Revan, e ele encarou o chão. Não havia nada lá. Estreitando os olhos, ele pediu que Tracey fosse na frente. Silenciosamente, Revan caminhou para uma sala de aula vazia, atento a qualquer som que pudesse estar vindo de trás dele. Unhas, pequenas unhas. Um cão? Ele abandonou o pensamento. Um cão faria mais barulho. Algo menor, menos de um quilo...

Revan parou, fez menção de voltar a caminhar, trancou a porta e colocou um feitiço para abafar o som. Mais rápido que um piscar de olhos, ele se virou, a varinha pronta, mirando para algo escondido na escuridão. “Petrificus Totalus!”

Ele sussurrou um feitiço, e o pontinho oculto se ampliou, tomando a forma de uma pessoa. Em alguns instantes, o rato virou um homem.

“Olá Pettigrew. Está perdido?”

O bruxo guinchou.

“O que? Você certamente se lembra de mim, não? Prometo que não arrancarei sua língua se falar.”

Pettigrew tremia quando se arrastou até os pés de Revan. “Pequeno lorde, eu não, eu não sabia... AH!” Ele se debateu. Suas vestes estavam em chamas, e o rato se apressou em removê-las.

“Posso ser jovem, mas não sou estúpido” rosnou o herdeiro Black. “O que está fazendo aqui?” Revan localizou uma corrente ao redor do pescoço do fugitivo e se concentrou. O ferro esquentou até que ficasse vermelho com o calor. No chão, Pettigrew berrou e se contorceu sob o comando do menino.

“Potter!” o rato cuspiu, depois que o pequeno lorde enfiou sua varinha garganta abaixo do rato e usou o feitiço Aquamenti, enchendo os pulmões dele de água. Ele virou para o lado e tossiu, desesperado para se livrar daquela água que queimava seu corpo. A cada bocado de água que ele colocava para fora, mais enchia seus pulmões. “Por favor!”

Milagrosamente, a tortura parou. “Um comensal não implora. O que isso faz de você, Pettigrew? Um covarde? Um rato?”

“Pequeno lorde, pequeno lorde, Potter, Nicholas Potter...” Pettigrew arrancou as correntes de ferro e se afastou o máximo possível do menino.

Apelando para a luta trouxa, Revan envolveu sua mão direita contra a garganta do comensal e contou até cem, quando o bruxo mais velho já estava roxo. Não que ele se importasse. “Isso basta para perceber que eu não estou para brincadeiras? Você poderia ter sido pego ontem por Lily Potter. Do jeito que você é, daria informações no primeiro instante.”

Wormtail tentou morder a mão do menino e para seu horror, um choque percorreu seu corpo. Ele mordeu a língua; o gosto metálico de sangue encheu sua boca.

“Posso fazer pior. Agora me diga, o que está fazendo aqui?”

“Potter! Eu quero achar Potter!”

Revan sorriu. “Não vai acontecer. Diffindo!”

Os gritos agonizados de Pettigrew encheram o ar conforme seu dedo anelar da mão direita foi arrancado lentamente pelo osso. Lágrimas escaparam de seus olhos e ele tentou fugir, arranhando, mordendo e se debatendo, mas quanto mais ele se esforçava, mais parecia doer. Quando o processo terminou, o dedo jazia na mão de Revan e Wormtail murmurava para si mesmo no chão, aninhando sua mão com agora quatro dedos.

“Espero não te ver aqui novamente” sibilou o herdeiro Black, colocando o dedo no bolso das vestes. “Ou as consequências serão desastrosas.”

Ele saiu da sala e se apressou para tentar pegar o resto do almoço que naquele momento era servido no Salão Principal. Toda aquela demonstração de magia havia deixado ele com fome. Uma gota de suor escorreu em sua testa. Revan a limpou, irritado. Pettigrew... Quem diria. Apenas uma pedra em seu caminho. Outra, ele completou para si mesmo.

O Salão Principal já se esvaziava quando ele entrou. Seus olhos treinados procuraram por Sirius Black ao lado dos professores. Para sua decepção, Revan não encontrou nada. Aparentemente o auror não estava na escola. Estranho. Quase toda a frota de aurores estava lá para proteger o menino que sobreviveu.

Quando terminou o almoço, ele notou com a ponta do olho algo deitado tranquilamente na saída do Salão. Ele se esforçou para enxergar. Aquilo era um cão, decidiu quando se aproximou. Um grande cão preto. Seu pelo caía em ondas, o tamanho impressionava. Aquilo poderia se passar por um monstro, em outras ocasiões.

Seus olhos se encontraram. O cão tinha olhos azuis familiares; ao ver que tinha a atenção do menino, mostrou os dentes. Um rosnado profundo saiu de sua garganta, o pelo das costas se eriçou. O cão se preparou para atacar.

O coração de Revan bateu mais forte. “Cães são permitidos em Hogwarts?”

Como se o cão pudesse ouvi-lo, ele virou as costas e trotou para longe, e o herdeiro continuou sua caminhada. Ele queria que as aulas daquele dia terminassem logo para que ele pudesse dormir e se encontrar com Voldemort. Ele tinha novidades para seu mestre.

Atrás dele, Revan podia ouvir o suave arranhar de unhas de um cão o seguindo.


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Notas finais do capítulo

Entããão... O Halloween está chegando. E para essa história, o Halloween foi muito importante, certo? Além disso, nesse capítulo as chances de passarmos dos 1000 comentários são imensas.

Eu realmente quero postar um capítulo no Halloween. Sério. Vocês querem? Quantos de vocês? Deixem um o/ nos comentários, ou simplesmente comentem :P

Preview do próximo capítulo: Vinte ou trinta comensais lutarão contra os melhores professores da Grã Bretanha. Podemos estimar que cinco deles vão morrer. Dez ficarão feridos. Outros cinco serão pegos para serem questionados. O que você pretende, meu lorde, se livrar de todos eles?

Sim. Ação, at last.

~Lady Slytherin