Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 2
A Criança Esquecida


Notas iniciais do capítulo

*se esconde atrás da cama*
Eu sei, eu sei. Mas eu juro que não foi minha culpa. Se querem gritar com alguém, gritem com a beta *usa magia para criar uma seta imensa que vai até a Califórnia* Ela teve boas desculpas, vamos esperar que ela edite os capítulos mais rapidamente.
Da minha parte, estou bem orgulhosa. Hoje eu termino o capítulo sete :) Eu juro que vou postar o capítulo três assim que eu o receber de volta. Se eu o receber amanhã, tudo bem, vocês ganharão um capítulo novo amanhã.
Vale lembrar para os que já haviam lido o capítulo dois que muitas coisas foram modificadas. Para não dar spoilers, explicarei tudo nas notas finais.
Espero que todas vocês tenham tido um ótimo Natal e Ano Novo.



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CAPÍTULO 2

THE FORGOTTEN CHILD

1984
“Lumos” pronunciou Professor Flitwick devagar, para que Nicholas entendesse. O ruivo cruzou os braços, se recusando a cooperar. Seus lábios estavam selados e ele não pretendia abri-los até conseguir o pomo preso no teto. Percebendo que outra tática teria que ser usada, Professor Flitwick falou: “Se você quer o pomo tanto assim, tente pegá-lo. Diga Accio!”

Nicholas, apesar de ter pronunciado corretamente o feitiço, não conseguiu mover o pomo. Suspirando, Professor Flitwick trouxe o pomo até as mãos do menino.

Com aquilo, a aula acabou, e Nicholas foi deixado sozinho para brincar. Sem que ele soubesse, pequenos olhos verdes ciumentos observaram a aula; Harry queria aprender também. Ele apertou os pequenos punhos até que os nós dos dedos ficaram brancos, e quando Nicholas foi brincar no campo de quadribol do lado de fora da casa, Harry saiu do armário onde estava escondido.

Ele correu até o quarto menor da casa, na última porta à esquerda da escada, ansioso para praticar o feitiço. Talvez, se ele conseguisse fazer uma bolinha de luz ou trazer um objeto para ele, seus pais fossem gostar mais de Harry.

“Lumos” sussurrou Harry, observando a ponta de seus dedos na esperança que eles começassem a brilhar. “Lumos. Lumos!”

Nada aconteceu. Não houve mudança pelos próximos dias, também, e Harry estava começando a temer que ele tivesse se tornado um aborto como aqueles que apareciam nas piadas de Padfoot. É claro, ele já havia feito magia antes, para fazer o braço parar de doer depois de um beliscão de James e para destruir uma janela (o que causou o beliscão de James). Enquanto isso, bastava Nick demonstrar qualquer sinal de aprendizado para ganhar um presente.

Ele poderia apostar sua alma que, em alguns minutos, Nick ganharia um pomo de ouro, um pomo de ouro de verdade, por aprender a pronunciar “Accio”.

Harry foi tirado dos pensamentos pelo som da porta sendo aberta. E pelos assobios, ele sabia quem era: Seu “tio”, Moony.

Ele disparou escadas abaixo, sabendo que Moony sempre trazia um sapo de chocolate no bolso das vestes. Quem chegasse primeiro, ganharia o sapo. Como Nick já tinha grande parte da coleção, Harry fazia de sua missão diária conseguir um novo cartão. Pelo menos isso ele conseguiria.

“Moony!” ele gritou, tomando cuidado para não abraçar Remus com força demais. Ele estava mancando outra vez, e Harry suspeitava que uma das frequentes brigas de James e Sirius contra Remus fosse a causa dos machucados.

“Hey, Harry” murmurou Remus, o peso da idade e do fardo que carregava pesando em sua voz. “Trouxe o seu sapo.”

Logo Harry saiu do abraço para ver o novo cartão. Os sapos de chocolate eram o de menos, apesar de fornecerem a ele parte da nutrição diária (Lily frequentemente esquecia de alimentá-lo), Harry se importava mesmo era com os cartões. Se ele completasse a coleção antes de Nick, talvez seus pais o parabenizassem, uma vez na vida.

“Agrippa!” sussurrou Harry em admiração. Ele não conseguia acreditar na sua sorte. Aquele era um dos quatorze cartões que faltava na coleção no irmão! Com o coração quase saindo pela boca de felicidade, ele voltou a abraçar Moony, desejando que seus sentimentos pudessem ser transmitidos naquele abraço.
_

“Nick aprendeu dois nomes hoje” anunciou James, em seu lugar de sempre na mesa. Todas as noites, os Potter, Sirius e Remus se sentavam juntos e comentavam sobre seu dia. Tudo girava em torno de Nick, então Harry nunca se preocupou muito com o que era dito.

Naquela noite, porém, as palavras escapuliram de sua boca antes que ele soubesse que elas estavam sendo ditas: “E eu tirei o Agrippa”.

Todos os olhos se voltaram para ele. Lily rapidamente conjurou o cartão, que escapou do bolso de Harry sem que o menino pudesse fazer algo para impedir. A face de Nick se iluminou com um dos cartões que faltava em sua coleção a poucos metros dele.

Harry sabia o que ia acontecer, mas isso não impediu de ficar chateado. Ele iria perder Agrippa, como perdia tudo para o irmão.

“Não” ele rosnou, se inclinando na mesa até que seu braço atingiu o cartão. Lily rapidamente o puxou para longe, tão facilmente quanto água escapa de nossas mãos, e entregou o cartão para um reluzente Nick. “Não!” repetiu Harry.

Uma das velas que iluminava a mesa se apagou. As taças de suco tremeram, e com a palavra “Accio”, parte do cartão de Agrippa voou para a mão de Harry. Assim que o cartão tocou a pele do menino, tudo parou. Até, é claro, que Nick decidiu tentar pegar o cartão. As facas levitaram da mesa em todas as direções. Uma delas foi bem na direção de Nick, encontrando dois escudos: Um bem fraco, que a faca travessou como quando atravessa a manteiga, e outro sólido, que fez com que a faca caísse para o lado, imóvel.

Ninguém falou nada por um momento. De repente, um som de tapa foi ouvido e Harry foi arremessado para o lado com a intensidade do golpe de Lily. Lágrimas encheram seus olhos com vergonha; pior do que ser negligenciado era apanhar quando a atenção finalmente era voltada para ele.

“Nick usou magia!” sorriu Remus, tentando mudar o foco do assunto. De certo, a situação não era tão ruim assim. Agora que o primeiro surto mágico começara, Nick poderia começar a treinar.

“Porque sua vida estava em risco” rosnou Sirius, dando uma olhada rápida para a faca e voltando o olhar venenoso para Harry. “Seu próprio irmão...”

“Isso não pode ficar assim!” falou James, afastando a cadeira e se levantando. Ele caminhou até a lareira e mergulhou nas chamas verdes que o levaram para Hogwarts.

Harry olhou a metade do cartão de Agrippa em sua mão. Rasgado, ele não valia nada. Assim como ele não valia nada para seus pais. A visível forma de uma mão podia ser vista em seu rosto, onde a pele avermelhada ardia. “Eu sinto muito” ele murmurou, não ousando olhar seu irmão.

Não houve resposta. Lily e Sirius começaram a conversar em sussurros apressados, e Remus logo entrou na conversa, expressando sua opinião com rosnados e chutes na mesa. Ele claramente não concordava com o que estava sendo dito. As palavras “acidente” eram repetidas mais e mais, enquanto Sirius acusava do ato ser proposital.

A lareira voltou a exibir chamas verdes, e James retornou com um Dumbledore muito estressado.

“Meninos, quarto” ordenou Lily, empurrando os dois para a sala que levaria à escada. Depois de se certificar que ambos estavam em seus quartos (eles adoravam espiar) ela se voltou para Dumbledore, a face não exibindo preocupação, como era de se esperar, mas raiva. “O que devemos fazer, Dumbledore?”

Eles voltaram a se sentar. Depois de alguns instantes em silêncio, o velho feiticeiro começou, com a voz lenta, como a de quem pensa muito antes de dizer as palavras: “O jovem Harry não se satisfez em viver nas sombras do irmão famoso. Ele quer a glória para si, e foi isso que causou a demonstração de hoje”.
Sirius se moveu desconfortavelmente na cadeira. Demonstração era um eufemismo para dizer que seu afilhado havia tentado matar o irmão. Talvez não matar, ele se corrigiu, mas definitivamente machucar.

“Foi um acidente!” protestou Remus.

“Certamente há algo que possamos fazer...” começou Lily, incerta. A verdade é que nem ela sabia o que fazer com um filho cego de ódio pela fama do outro. Tudo bem, ter a mansão cercada de jornalistas o tempo todo e ter um irmão tão importante poderia causar ressentimento, mas não o suficiente para provocar todo aquele drama.

Dumbledore massageou as têmporas. O que ele estava prestes a dizer não seria aceito tão facilmente pelos Potters: “Sugiro fortemente mandarmos Harry para um orfanato onde crescerá sem inveja de ter um irmão famoso. Ele terá uma infância normal como um trouxa e, quando a hora chegar, ele será reintegrado ao mundo bruxo”.

Os olhos de Remus se arregalaram em horror. Seu lado lobo estava falando mais alto naquele momento e o pensamento de perder alguém da alcateia, um filhote, não menos, era assustador.

Dumbledore não podia simplesmente despejar Harry em um orfanato trouxa, poderia? Uma criança com ressentimentos poderia causar uma revelação proposital do mundo bruxo para os trouxas, e com o pós guerra custando tanto para a Ministra, eles poderiam definitivamente economizar os salários de vários obliviadores. Remus expressou sua opinião para Dumbledore.

“É por isso que não pretendo deixá-lo saber de seus primeiros anos de vida” informou Dumbledore. “Remus, você sempre foi muito bom com feitiços de memória. Tenho certeza que poderá colocar bloqueios sobre a mente do jovem Harry”.

Seu lobo rosnou. Fazer uma lavagem cerebral em Harry, fazê-lo esquecer de toda a sua vida? Ao mesmo tempo, James e Lily concordaram com a ideia, e Remus percebeu que aquela seria uma batalha perdida. É claro que os dois não iriam querer criar um pequeno delinquente em casa, quando havia a possibilidade de se livrar dele.

O tempo pareceu ir mais devagar. Remus vagamente ouviu Dumbledore dizendo que, quanto mais cedo isso fosse feito, melhor, e ele subiu as escadas mecanicamente. Quando se deparou com a porta do quarto menor, ele quis se virar e correr, correr para longe de Harry, para não machucá-lo, mas ele deveria acatar ordens.

“Harry, sou eu” ele falou, batendo duas vezes antes de entrar. Harry estava jogado em sua cama, fitando o cartão rasgado em suas mãos. Ao ver Remus, o menino assustado fitou o tio e pareceu mais tranquilo. “Venha aqui”.

Remus se sentou em uma cadeira ao lado da janela e bateu na perna, onde Harry se sentou rígido, pronto para fugir. “Olhe para mim” ele ordenou com a voz serena, levantando o queixo de Harry.

Assim que os olhos dos dois fizeram contado, Remus mergulhou na mente de Harry sem um segundo pensamento, e começou a bloquear as memórias. Memórias terríveis, de tristeza e vontade de ser reconhecido. Harry se ajeitou melhor no colo do tio, se sentindo cada vez mais cansado.

Contrariando as ordens de Dumbledore, Remus deixou memórias suficientes para ele saber que seu nome era Harry.

“Eu te amo” disse Remus, acariciando a testa do menino antes de terminar o processo com “Obliviate”. Assim que ele terminou, Harry se ajeitou no colo de Moony e dormiu.

Remus pegou um cobertor marrom e o deixou dobrado debaixo do braço. Ele sabia que ninguém acharia Harry até a manhã seguinte, e aquela noite em particular estava bastante fria. Ele nunca iria se perdoar se ele morresse por causa do descuido deles.

Remus desceu as escadas com o menino no colo, ainda dormindo. Quando ele chegou na sala de estar, todos se levantaram. Sirius ficaria tomando conta de Nick, decidiu James, e os outros aparataram para o orfanato Woodsmith, encontrado em uma lista telefônica trouxa que Lily possuía.

Ela colocou Harry na frente dos portões de ferro, coberto apenas pelas roupas finas que usava. Quando amanhecesse, pensou, alguém acharia Harry e ele seria aceito no orfanato.

Sem um segundo olhar, ela foi a primeira a desaparatar de volta para a mansão. James a seguiu, então Dumbledore, e finalmente Remus, depois de cobrir Harry, deixando o menino sozinho com a escuridão.
_

Sra. Morgan foi para a porta para pegar a pilha de jornais que eram deixado para as crianças, reclamando para si mesma sobre sua perna até chegar lá. Ela ainda era jovem, na casa dos 30, mas sempre encontrava um problema nela mesma. Ainda assim, as crianças a amavam. Sra. Morgan, quando não reclamava sobre problemas não existentes, era uma excelente supervisora.

Do lado da pilha de jornais, contra as barras, havia um pequeno corpo coberto. O coração de Sra. Morgan disparou, pensando que a criança era fruto de uma desova criminal (o que já havia acontecido antes, por mais repulsivo que isso fosse), mas se acalmou quando viu que o cobertor se levantava a cada poucos segundos. A criança estava viva.

Sra. Morgan tirou uma chave do bolso e correu para abrir o portão. Não que ela quisesse outra criança, muito pelo contrário, ela tinha que tomar conta de mais de trinta crianças que provavelmente ficariam lá pelo resto de suas vidas, mas seu coração era mole e ela não poderia deixar uma criança morrer do lado de fora do orfanato.

Ela caminhou até a criança e tocou a face do menino levemente. Frio, mas não o frio de morte que ela havia sentido duas ou três vezes antes.

“Acorde” ela sussurrou, chacoalhando o menino levemente. Ele se espreguiçou por alguns instantes antes de abrir os olhos, revelando grandes íris verdes.

O menino se sentou, tremendo (era Novembro, o menino teria morrido se o cobertor não estivesse lá), e olhou para a mulher com olhos assustados. “Onde eu estou?”

Um sorriso gentil apareceu em Sra. Morgan. “Você está no orfanato Woodsmith. Qual é o seu nome?”

“Harry” ele murmurou, esfregando os olhos e lentamente relaxando. “Eu vivo aqui? Minha cabeça está doendo. O que aconteceu?”

Os olhos de Sra. Morgan se arregalaram. O menino não sabia como tinha chegado ali?

“Não,” ela respondeu, ajudando o menino a se levantar. Ela segurou a pequena mão e caminhou com ele para dentro. “Mas essa será sua casa agora.”

As poucas crianças que brincavam no quintal pararam para apontar. O que eram aquelas roupas que o menino estava vestindo? Por que ele era tão magro?

Eles entraram no prédio, e Sra. Morgan foi para a recepção pegar uma ficha. Depois de completar “Harry” e “Masculino” ela se virou para a criança e perguntou para ele seu sobrenome.

Harry balançou a cabeça, claramente desapontado. “Eu não sei,” respondeu, olhando para um cartão rasgado em sua mão pela primeira vez. Mais tarde quando ele aprendeu a ler, ele sabia que significava “místico e alquimista alemão”.

“Quantos anos você tem?”

Harry parou para pensar um pouco, e então respondeu com um grande sorriso: “Cinco.”

Sra. Morgan suspirou. Ela escreveu apenas 1981, e deixou o espaço de dia e mês vazios, assim como o de sobrenome. Ela teria que se contentar com aquilo.

Ela pegou a mão de Harry novamente, e ambos subiram as escadas.

Ela abriu uma porta, revelando uma grande sala com vários beliches. Harry contou onze, mas poderia haver mais. Eles caminharam até uma cama com cobertores cinzas, e Harry assumiu que aquela seria sua cama. Era velha, muito velha, mas fazer o que?

Sra. Morgan o matriculou na escola pública local e o levou para Sra. Wilson, uma idosa que era voluntária como uma enfermeira no hospital depois que seu marido havia morrido. Ela fez um exame básico e descobriu que seu braço estava fraturado (o que, Harry pensou, era uma boa explicação para a dor constante). Ela mediu sua pressão, e lhe deu um pirulito.

Durante a tarde, todos foram para o gramado atrás da casa para brincar. Quando Harry foi se unir a eles (porque parecia uma boa ideia) ele foi impedido por outra assistente, Sue, que insistiu que ele esperasse até Sra. Wilson lhe dar alta do braço quebrado.

Harry sentou em sua cama com os braços cruzados. Ele não sabia se era porque as janelas estavam fechadas ou porque ele estava trancado no quarto o dia inteiro, mas estava abafado.

Um forte vento o derrubou da cama no instante em que ele desejou que a sala estivesse mais fresca. O coração de Harry perdeu uma batida – o que foi aquilo? Ele olhou ao redor, procurando por alguém ou algo para explicar a súbita rajada de vento. Ele estava sozinho.

Harry se enrolou em uma bola e ficou lá até o jantar, quando foi para baixo e foi introduzido para as trinta e sete crianças que viviam no orfanato. Eles disseram “Oi, Harry” automaticamente e voltaram a comer sopa, sem dar atenção para o jovem garoto. Eles nunca se importavam com novas crianças, elas sempre vinham e iam em algumas semanas.

Algumas horas depois, Harry estava desenhando quando Sue apagou as luzes. Ele pressionou seus lábios e estreitou seus olhos; ele queria continuar o desenho. E ele percebeu que ele podia ver, mesmo no escuro. Mesmo não sabendo disso, seus olhos estavam brilhando, e ele continuou a desenhar, sem perceber que o que ele estava usando era um dom que apenas uma pequena parte da população podia usar. Magia.


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Notas finais do capítulo

Pequeno, eu sei. Percebi que os capítulos estão ficando cada vez maiores. Minha média a partir do capítulo quatro são 3000 palavras, para deixar vocês felizes.
Agora, a explicação: Dumbledore não seria tolo o suficiente para deixar Harry no orfanato de Voldemort; o que causou um problema na fanfic. Agora ele vai para outro orfanato, e bom, vocês vão descobrir o que acontece. O plot vai continuar o mesmo, não se preocupem.
Gostou? Comente. Não gostou? Me diga como melhorar. Adorou? Além de comentar, você também pode recomendar minha fanfic.
Agradeço por todos os reviews que recebi no capítulo 1. Espero que a resposta para esse capítulo seja a mesma!