Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 15
Conselhos Vindos de Marte


Notas iniciais do capítulo

Eis minha desculpa: Eu esqueci de atualizar a história semana passada e viajei. Pronto, falei *shame*

Obrigada pelos reviews e recomendações!



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CAPÍTULO 15

ADVICE FROM MARS

Revan abriu o olho direito para tentar descobrir de onde vinha a dor alucinante em sua testa. Ele levou a mão até a cabeça; não havia sangue. Então havia sido apenas um golpe...  Ele se levantou lentamente, checando se havia algum dano feito. Nenhum, aparentemente. Quem quer que tivesse o atingido ou tinha feito um péssimo trabalho ao tentar matá-lo ou definitivamente não o queria machucado. Revan desejava que a dor de cabeça pudesse desaparecer também.

Ele olhou para as estrelas, procurando a lua. Revan tinha ficado inconsciente por pelo menos meia hora. O herdeiro Black sentiu a sangue correr para as suas bochechas ao perceber que tinha deixado um alvo qualquer o atingir. Voldemort ficaria furioso se tivesse visto aquilo. Isso o fez olhar para o unicórnio que descansava ao seu lado. O frasco com o sangue prateado ainda estava na mão esquerda de Revan, mas em sua mão direita, não havia varinha alguma.

“Aqui” disse uma voz rígida e controlada, estendendo a varinha para Revan. O centauro olhou para o garoto e deu um sorriso amargo. “O quê? Nunca viu um centauro antes?”

“Apenas em livros” confessou Revan, pegando a varinha o mais rápido possível. Ele examinou o seu arredor e como esperava, localizou outro centauro mais para trás. “Obrigado.”

O outro centauro, cujo cabelo loiro criava um contraste com o centauro moreno, se aproximou trotando para perto do unicórnio e o examinou, sem se dirigir a Revan, que não sabia se deveria lutar contra os centauros ou apenas fugir. O centauro loiro carregava um arco e flecha nas mãos um tanto ameaçador.

“Firenze, deixe o unicórnio por ora. Precisamos falar com Revan.”

Revan piscou. Os centauros sabiam o seu nome, pelo visto.

“Marte está a favor dele” concordou Firenze olhando para as estrelas. “Bem brilhante também, Bane.”

“Ao contrário da lua” disse Bane, se virando para Revan e colocando uma flecha afiada em sua garganta. A lua o dizia que não havia tempo a ser perdido. Bane precisava conversar com o moleque para manter as coisas fluindo como deveriam fluir sem maiores intervenções. O destino não deveria ser mudado. “Você foi visto com um inimigo. Esse inimigo matou uma criatura sagrada. É nosso dever punir o responsável.”

Revan engoliu em seco e olhou para o unicórnio que ainda respirava, apesar da respiração dele ser quase imperceptível. Ele estendeu um pouco da sua magia para ele, esperançoso em ver a maior mordida se curar, mas nada mudou. Sangue ainda saía da ferida, sendo dirigido para a garrafa. “A criatura está viva” afirmou.

“Esse ainda está. Não o que foi devorado na noite passada.”

Os dois centauros pareciam furiosos com ele. A flecha foi pressionada mais firmemente contra a garganta de Revan, fazendo com que algumas gotas de sangue aparecessem na pele do garoto. Era assim que ele iria morrer? Por ter protegido um unicórnio, sendo morto por um centauro? Definitivamente não era uma morte gloriosa de batalha como Revan preferiria ter morrido. De repente, a flecha foi removida e o herdeiro Black esfregou sua garganta, murmurando um “Episkey”.

Ele inclinou para o unicórnio e olhou para Firenze e Bane. Eles não ousariam atacar Revan quando estivessem tão próximos de uma criatura tão pura. O risco de matar o unicórnio era grande demais.

Firenze pareceu ter sentido o medo do jovem humano e sorriu para ele. “Por mais que a morte prematura esteja em seu destino, hoje não é o dia em que você morre” lhe garantiu. “E nunca faríamos algo sem a permissão das estrelas.”

Revan deixou que o ar saísse do peito, se sentindo aliviado. É claro que os centauros poderiam estar blefando, mas isso diminuía as chances do corpo dele ser encontrado na Floresta semanas depois, devorado por animais e com uma flecha presa no pescoço. Ele deu um sorriso agradecido para os centauros e se sentou contra uma árvore depois de colocar um feitiço de desilusão em si mesmo por garantia. Revan não poderia ser visto próximo de um unicórnio prestes a morrer.

“Altair não deveria estar aparecendo hoje, deveria?” perguntou Firenze para Bane. “Me pergunto por quê...”

Você deve ter feito alguma coisa” respondeu Bane, acostumado ao vero outro centauro quebrando regras e estando em lugares que não deveria estar. Lá, por exemplo.

“Como o quê?”

“Ter atirado a pedra no moleque.”

 Aquilo atraiu a atenção de Revan, que levantou a sobrancelha sem perceber que seu corpo mal era visto na escuridão e com o feitiço de desilusão. Se ele não deveria estar ali, por que não podia ir para o castelo e deixar o unicórnio morrer ou salvá-lo de uma vez e ir planejar o modo como roubaria a pedra nas próximas semanas?

Ele fez menção de se levantar, mas Bane já tinha uma flecha pronta. “Não se mecha. Precisamos conversar com você.” Firenze balançou a cabeça, concordando.

“O círculo foi quebrado” anunciaram em uníssono.

O quê? Revan os encarou em confusão e esperou que a explicação chegasse, mas os minutos se passaram e os centauros olhavam com expectativa para Revan.

“As estrelas escolheram seu caminho. Agora só basta você segui-lo. Mesmo quando Marte desaparecer dos céus, você ainda terá a lua para lhe guiar” completou Firenze. “Lembre-se porém de que a lua não ilumina, apenas reflete luz. Você pode ir agora, Revan. Mas antes, há uma coisa que você precisa fazer.”

Revan assentiu, indo até o unicórnio novamente e levantando a varinha. Ele não sabia se isso era o certo de se fazer. Poderia arruinar tudo o que tinham trabalhado durante aqueles anos, mas ele não poderia apenas observar um unicórnio agonizando até a morte. Talvez desse certo. Por que não? Ele pronunciou o feitiço lentamente, saboreando as palavras, e assistiu seus efeitos no unicórnio.

Os cortes se fecharam, cicatrizando-se com a ajuda do feitiço Vulnera Sanentur, e o unicórnio se levantou e fugiu assim que conseguiu se mover. Revan o assistiu ir embora. Ele só esperava que tivesse chegado a tempo de parar a maldição.

__

“Revan!” berrou Hermione, correndo até ele. Ela tinha lama nas botas e nos cabelos castanhos. “Onde você estava? Você não lançou faíscas vermelhas, nem verdes, Ron achou que você tivesse morrido...”

“Nick também!”

“Cale a boca”

Revan revirou os olhos verdes ao ver os ruivos interagindo. Nicholas não parecia ter crescido nada nos últimos oito anos mentalmente. Ron, bem, Ron ainda estava no status de recém-nascido. Hermione era a única cabeça do grupo. Sem ela eles estariam perdidos há muito tempo, com Revan fazendo com que os Gryffindors entrassem em problemas sempre que possível. Ainda assim ela não percebia que o Slytherin era a causa de muitos pontos perdidos.

“Hagrid ainda está te procurando” disse a morena, se apressando para acompanhar o passo de Revan. “O que é isso na sua mão? Onde você está indo? Revan? Revan!”

Mas o menino não estava mais lá.

Revan suspirou aliviado contra a parede de pedra que dava para a Sala Comunal de Slytherin e deu um sorriso para Nott, que estudava para os exames perto da lareira. Ele foi para o dormitório, checou se todos estavam dormindo, fechou as cortinas ao redor da cama e colocou o tão conhecido orbe de luz para iluminar o pequeno espaço onde estava. Pacientemente, ele separou o sangue de unicórnio em cinco pequenos frascos que escondeu no malão, para que não fosse pego com algo ilegal. Ninguém exceto Voldemort poderia abrir o malão.

Seus olhos estavam pesados com o sono, mas ele pegou o livro de Feitiços e começou a estudar. Flitwick não aceitaria um feitiço qualquer para a prova, e Revan nem sabia o feitiço que havia sido usado nas aulas; ele sempre acabava usando algo que havia aprendido com Regulus para fazer as coisas ridículas que eram ordenadas pelo professor. Naquele exame de final de ano, porém, ele faria tudo certo. Pronúncia, movimento de varinha, e talvez um feitiço sob a respiração para fazer com que a magia funcionasse de uma maneira mais poderosa. Desse modo o abacaxi dançou jazz perfeitamente pela sala de aula durante o exame prático; a parte teórica mal exigia esforço, apenas concentração para não dar informações demais.

A prova de McGonagall foi divertida de assistir. Transfigurar criaturas vivas para algo sem vida era difícil, e no fim da aula metade das caixas de tabaco andavam com pernas ou bigodes. Para a satisfação de Revan, Nicholas não foi muito bem na prova prática, apesar de exibir uma nota perfeita na teórica.

Snape era, bem, Snape. Respirando no pescoço de todos, gritando quando um erro era cometido, chamando Neville de idiota pelo menos cinquenta vezes, falando sobre como Draco Malfoy era o melhor da classe. Os estudantes mal conseguiam se lembrar das instruções ao fazer a poção, tamanha era a pressão na sala de aula.

Revan foi cuidadoso para conseguir notas boas e ainda assim não chamar a atenção para si mesmo, deixando Granger conseguir as melhores notas ao mesmo tempo em que se tornava o melhor aluno que Slytherin havia tido em anos. Sua dor de cabeça, que antes costumava o incomodar apenas algumas vezes por mês, agora era constante. Ele resistiu à tentação de pedir a Madame Pomfrey uma poção para aliviar a dor, fazendo uma ele mesmo para não que ninguém, nem mesmo Voldmort, soubesse da dor de cabeça, mas a poção não funcionou, apesar de estar perfeitamente de acordo com as instruções.

Nem durante a noite ele conseguia um pouco de paz. Pesadelos de James, Lily e crianças do orfanato o faziam se remexer na cama e acordar com gritos presos na garganta. Aquela era a única situação em que Revan perdia o controle sobre a sua magia. Às vezes ele fazia as cortinas voarem, quebrava um copo ou até mesmo acendia as luzes do dormitório.

A última prova que o grupo teve foi de História da Magia. Conhecendo o professor, Revan apenas respondeu as primeiras linhas corretamente, depois enchendo o espaço do pergaminho com besteiras para ganhar pontos extras pelo tamanho da resposta. Binns não iria notar. Ele nem devia corrigir as provas, sendo que toda a classe conseguiu um A com exceção de Hermione e um E de Revan. Quando o último ponto final foi colocado, o herdeiro Black fechou os olhos, tentou ignorar a dor de cabeça e deixou um sorriso escapar; agora sua única preocupação era a pedra filosofal.

“Sorria, Black” comentou Ron lentamente, vendo seus irmãos fazerem cócegas na lula gigante. “O pior já passou.”

“Diz isso porque não está com dor de cabeça”

“Quem disse que não estou? Tantos exames em uma semana...” Ron fingiu uma cara de dor. Nicholas não parecia tão divertido com o comentário, também confessando que não conseguia dormir sem as poções de sono sem sonhos mais fortes que existiam em Hogwarts. Ele tocou a cicatriz na bochecha – ela parecia pulsar contra sua mão.

“Você acha que isso pode significar alguma coisa?” perguntou o ruivo. “Um aviso de perigo, algo que está por vir...” Ele tentou relaxar. A Pedra Filosofal estaria segura enquanto Dumbledore estivesse em Hogwarts. Hagrid nunca iria trair o líder da luz. Antes, Slytherins virariam os mocinhos, e Nicholas sabia que isso nunca aconteceria. Hagrid não ousaria contar para alguém informações importantes sobre Fofo...

O ruivo abriu um olho castanho de repente. Não. Ele tinha que estar errado. Hagrid não poderia ser tão estúpido... Ele se levantou e correu até a cabana do meio gigante, sendo seguido pelos outros três. Nicholas bateu freneticamente na porta até que Hagrid a abriu, surpreso em vê-los.

“Hagrid, aquele estranho que você encontrou, o que te deu Norberto...” começou Nicholas, e Revan, percebendo onde a conversa estava indo, completou:

“...Ele perguntou sobre Fofo?”

Hagrid se sentou pesadamente no sofá e parou para pensar. “Não lembro. A gente conversou sobre Hogwarts. Disse do meu emprego, de Dumbledore... O cara pareceu admirado. Pena que não quis tirar o chapuz. O quê? Muitas pessoas não tiram. Bebi muito, não lembro o que disse. A gente jogou cartas, eu ganhei o ovo... Disse que tomaria conta dele. Eu já tinha tomado conta de criaturas piores. É, a gente falou do Fofo. Ele é grande e mau mas dorme que nem uma criança quando toco uma música... Hey! Onde vocês estão indo?”

Os quatro já estavam longe. Se Snape sabia como passar por Fofo, pensaram os Gryffindors, ele roubaria a Pedra Filosofal assim que Dumbledore saísse de Hogwarts. Nicholas não podia deixar isso acontecer. Era o seu dever como o menino que sobreviveu manter a Pedra Filosofal a salvo de Você-sabe-quem ou outros bruxos das trevas. 

“Precisamos falar para Dumbledore!” decidiu Hermione. “Ele é o único que pode parar você-sabe-quem, porque era ele ou Snape debaixo daquela capa.”

“Não!” pulou Nicholas. Perder uma chance de sair como capa do Profeta Diário outra vez? “Sem professores. Eu tenho que fazer isso sozinho!”

“É você-sabe-quem!” protestou Hermione. “Nick, você pode ser o aluno mais poderoso, mas você-sabe-quem é melhor!”

“Não é!”

Revan não toleraria mais aquela palhaçada. Ele levantou Nicholas pela camiseta (com a ajuda de um feitiço de levitação) e encarou os brilhantes olhos castanhos do irmão. Durante a troca de olhares Revan deixou que toda a sua frustração fosse demonstrada; será que os Gryffindors poderiam falar de outra coisa senão Nicholas ou a Pedra Filosofal? Que tal algo mais útil? “Escute aqui, cale a boca e avise Dumbledore a menos que queira a Pedra Filosofal roubada. Você-sabe-quem acabaria com você em um piscar de olhos. Nunca pense que alguém é mais poderoso do que ele.”

Eles voltaram a correr, dessa vez mais devagar a procura de uma seta vermelha berrante que indicasse para eles onde ficava o escritório de Dumbledore. Eles passaram pela gárgula sem notarem as escadas em espiral que ficavam embaixo dela, ainda a procura de uma plaquinha onde estava escrito “Escritório do Diretor”.

“O que estão fazendo aqui dentro?” repreendeu McGonagall, surgindo do nada, atrás de uma grande pilha de livros.

Hermione se adiantou: “Precisamos falar com Professor Dumbledore sobre a Pedra Filosofal. Alguém quer roubá-la.” Os livros caíram das mãos de McGonagall, mas ela não fez nenhum esforço para recuperá-los. Apenas encarou os estudantes com a boca aberta antes de firmar os lábios em uma linha fina. Com uma mão, ela levou os estudantes até a sala de aula vazia mais próxima.

“Eu não sei como sabem da Pedra, mas isso terá que esperar. Professor Dumbledore está no Ministério da Magia até amanhã. Esqueçam da Pedra. Ela está muito bem protegida. Agora, voltem para fora e aproveitem o sol!” e saiu de um modo muito parecido com o de Hermione quando ela queria demonstrar certeza em algo.

Nenhum deles conseguiu aproveitar o sol, para falar a verdade. Os Gryffindors estavam muito ocupados pensando em como recuperariam a pedra de Snape, enquanto Revan tinha uma preocupação maior: Como roubar a pedra. A dica de Voldemort estava óbvia demais: Roubar a pedra naquela noite, enquanto Dumbledore estava longe.  Quando o velho tolo percebesse o que havia acontecido, Revan já não estaria mais em Hogwarts.

Adicione o medo e ódio dos Gryffindors em relação a Snape com a aparição surpresa que ele havia feito alguns segundos atrás, e Snape teria três Gryffindors o espionando. Revan, como sempre, ficou com o trabalho mais entediante: Mantê-lo ocupado. Era muito mais fácil, em sua opinião, distrair Fofo ou o troll que Revan sabia que teria que enfrentar quando descesse o alçapão.

Lá estava ele, batendo na porta da sala dos professores. Foi Snape que respondeu, parecendo tão entediado como sempre. Ele lentamente levantou uma sobrancelha e saiu da sala dos professores de modo que suas vestes negras flutuassem atrás dele. Não esperaram até as masmorras para começarem a conversar. Snape podia não ter nada melhor para fazer, mas gastar um tempo com um estudante não estava em sua lista de coisas favoritas.

“Como posso te ajudar?” perguntou com a voz arrastada ao descerem as escadas. A mente de Revan ficou em branco. Ele não tinha ideia do que perguntar para o professor.

“Nott estava me contando sobre a guerra” comentou despreocupadamente.  “Minha mãe era de fora e não sabia o suficiente para me contar. Disse que o Ministério escondeu informações. Os livros são sempre da versão da luz. Queria saber se o senhor não podia me contar mais sobre Você-sabe-quem.”

Snape voltou a levantar uma sobrancelha.  “E o que te faz pensar que eu posso te ajudar com esse assunto? Binns seria um melhor candidato. Se é só isso...” ele fez menção de ir para o caminho oposto, de volta para a sala dos professores.

Revan estendeu a mão para ele. “Não. Você é o Diretor de Slytherin. Todos acham que os seguidores de Você-sabe-quem são todos de lá.”

O homem com cabelos ensebados suspirou e mudou de rumo outra vez, para o seu escritório. Eles caminharam em silêncio até se sentarem confortavelmente na sala coberta de frascos de poções e livros. Os olhos de Revan varreram o lugar; frio, sombrio e triste, tão triste.

Não demorou muito para que começassem a conversar.

Snape foi direto ao ponto; explicando as razões dos dois lados da guerra e evitando o a assunto de ter sido um Comensal da Morte. O professor também se sentiu livre para dar suas opiniões contra Nicholas Potter, apesar de frequentemente ver Revan Black junto com os Gryffindors. O ruivo não era nada mais do que um pirralho famoso sem talento algum. Sem todo aquele treinamento, de acordo com Snape, ele não seria mais poderoso do que uma criança de cinco anos.

Por mais interessante que a conversa estivesse (era sempre bom saber a opinião de um ex-seguidor) o tempo passava e já escurecia. Harry precisava voltar para o dormitório e se encontrar com Hermione (Ron já estaria comendo, Nicholas estava vigiando o corredor do terceiro andar) para garantir que Snape não havia feito menção alguma da Pedra Filosofal ao falarem do paradeiro do Lorde das Trevas.

Antes de sair, depois de agradecer as informações, tendo algumas delas anotadas em um pergaminho, Revan fez uma última pergunta. “Professor? Você acha que as razões das Trevas fazem sentido?”

Algo apareceu na fisionomia de Snape. Culpa, angústia, dor? Ele balançou a cabeça veementemente e indicou a porta para Revan. O professor não queria discutir esse assunto com ninguém, muito menos com uma criança que ele mal conhecia.

__

Não confie em Snape, falou Revan telepaticamente para Voldemort. Uma habilidade difícil de ser adquirida mas ainda assim muito útil. Dumbledore conseguiu mudar sua mente.

Revan tropeçou nos próprios pés ao receber uma forte dor na testa, onde sua cicatriz costumava ficar. Pare de gastar seu tempo. Pegue a pedra.

Foi o que ele fez. Depois do jantar cada integrante do grupo ficou no respectivo quarto até a hora chegar. Revan conversava telepaticamente com Voldemort, discutindo o novo plano dos dois (que poderia funcionar mesmo com alas tão poderosas como as de Hogwarts), e escrevia uma carta para Regulus, contando sobre como a escola estava indo e, em um complexo código, o avisando que tentaria roubar a pedra naquela noite. Ao mesmo tempo, Hermione estudava, Nicholas andava impaciente pela Sala Comunal e Ron terminava de comer a sobremesa. Eles precisavam que todos fossem para a cama antes de agirem.

Alguns minutos antes das onze da noite, quando todos já estavam dentro das Salas Comunais, Revan lançou um feitiço de desilusão em si mesmo e caminhou com o máximo de cuidado possível até o quadro de Mulher Gorda, onde não teve que esperar por muito tempo. O quadro se moveu sem que ninguém o tivesse empurrado, surpreendendo até mesmo Mulher Gorda, apesar de ela ter voltado a dormir alguns segundos depois, roncando altamente sem dar importância ao que havia acabado de ver.

“Não vou caber aí dentro!” sussurrou Revan, já sem o feitiço. As aparências deveriam ser mantidas.

A cabeça de Ron saiu para fora da capa. “Se ferrou Black. Já estamos apertados. Vai na frente e vê se tem alguém lá.”

O herdeiro Black rangeu os dentes, mas foi na frente de qualquer forma, dessa vez sem poder contar com o feitiço de desilusão. Hermione atrás dele contava para Revan sobre Neville e sua tentativa frustrada de impedi-los. Apesar de parecer triste em ter que usar o feitiço em um colega, a menina parecia bem contente que o feitiço havia funcionado perfeitamente. Como tudo o que ela fazia, pensou, levantando o nariz.

Eles passaram por Madame Norris (que levou um chute bem merecido de Ron, antes que Hermione pudesse impedir) e não encontraram mais obstáculos até chegarem ao terceiro andar. Peeves vagava por lá, e não foi enganado tão facilmente pela capa quando ouviu vozes vindas do nada. Ele se aproximou do som. “Quem está aí? É um estudante, um fantasma? VOU CHAMAR FILCH!”

Pela primeira vez, Nicholas teve uma ideia genial. “O Barão Sangrento tem razões para ficar invisível...” sussurrou, com o que pareceu ser sua voz mais sinistra. Fez Revan esconder uma risada, mas funcionou com Peeves.

“Perdoe Peeves, senhor! Meu erro, meu erro... Não vou incomodar...” e saiu, passando por uma das paredes.

Hermione gesticulou o corredor, irritada. O que estavam fazendo ali parados? Snape podia estar roubando a Pedra naquele momento!  Eles se apressaram até a porta que levava ao alçapão. Ela estava trancada, e dessa vez levou o dobro de tempo para Hermione conseguir destrancá-la. Revan havia colocado feitiços extras ali, mas infelizmente a bruxa era mais poderosa do que uma simples primeiranista.

Os quatro recuaram quando as três cabeças de Fofo latiram de uma vez, saliva escorrendo de cada uma de suas bocas. Os ruivos ficaram petrificados, encarando o Cérbero. Hermione fez menção para pegar a flauta na mão de Nicholas, mas uma latida da cabeça mais próxima de Fofo a impediu de se mover. Ela não queria morrer ali, Oh Merlin, ela ainda tinha tanto para estudar...

Revan revirou os olhos e começou a assoviar a primeira canção de lhe veio na cabeça. Os olhos do Cérbero começaram a se fechar imediatamente. Ele cambaleou para o lado, se aninhou, e dormiu tranquilamente, deixando a porta do alçapão livre para os quatro jovens. Revan foi quem abriu a entrada, e fez com que o tão famoso orbe azul brilhasse, iluminando o que quer que estivesse  lá dentro.

Hermione se inclinou para ver também. “O que é aquilo, Revan? Uma planta?”

Visgo do Diabo, respondeu mentalmente. Não que eu vá te dizer isso. “Nicholas vai primeiro” decidiu, fazendo o orbe desaparecer. “Gryffindors têm fama de serem corajosos. Pule, Nicholas.”

Com medo de ter sua reputação manchada, Nicholas prendeu a respiração, correu e pulou. Alguns metros abaixo, houve um puff amortecido. Revan pulou depois, para não ganhar a fama de covarde, e relaxou o máximo possível quando sentiu o Visgo do Diabo tentar sufocá-lo. Quando mais pânico, mais apertado a planta ficaria contra seu corpo. Hermione pulou em seguida, e por último, Ron, que tentou sair dos tentáculos da planta assim que os sentiu.

“Está me pegando!” berrou Ron. “O que eu faço, Hermione?”

“Visgo do diabo, visgo do diabo... Luz! Precisamos de luz!”

Respirar já estava se tornando difícil para Revan, e ele decidiu cortar o mal pela raiz. “Incendio!” Um jato de fogo voou até o teto, dando a eles tempo suficiente para caminhar pelas plantas agora inativas até a única porta que havia no local. 

Revan fez um sinal para que eles parassem de caminhar e apurou os ouvidos. O que era aquele som? Asas? Não poderiam ser tão mortais. Assim sendo, ele abriu a porta, e viu alguma coisa voando bem próximo do teto. Nicholas se adiantou e tentou abrir a próxima porta, sem sucesso. Então seus olhos castanhos se voltaram para as coisas que voavam. Não eram pássaros, eram chaves!

Sem pensar duas vezes, ele montou em uma das vassouras que havia encostadas na parede e tentou descobrir qual era a chave certa. Enquanto ele fazia isso, Revan já havia disparado atrás da única chave prateada ornamentada que havia entre todas as que voavam. Era possível ser mais óbvio do que isso? Uma vassoura para um apanhador e uma chave distintamente diferente das outras? Nicholas decolou também; eles voaram lado a lado atrás da chave prateada,  e antes que percebessem, o que era uma missão para resgatar a Pedra Filosofal virou uma infantil competição entre os irmãos. Cada um deles precisava pegar a chave para provar que era melhor do que o outro.

Mas a chave era mais rápida do que qualquer pomo que já haviam procurado na vida, e as vassouras velhas que a escola haviam disponibilizado não eram as melhores do mercado. Revan começou a perder a paciência. Accio, pensou, estendendo a mão para a chave. O feitiço funcionou no exato momento em que Nicholas o empurrou para pegar o mesmo objeto. O mesmo pensamento rondava a cabeça dos dois: Preciso pegar a chave primeiro.

A vassoura de Revan foi desviada, e Nicholas pegou a chave que já estava vindo em sua direção. Revan começou a ver vermelho, mas se levantou como um bom Slytherin fazia e esperou pacientemente o ruivo abrir a porta, revelando uma sala escura que se acendeu magicamente quando encostaram os pés nela. O grupo se deparou com um imenso tabuleiro de xadrez.

Revan revirou os olhos. Mais uma missão óbvia para os Gryffindors.

Ron tomou a liderança depois de Nicholas tentar passar pelas peças brancas, sendo impedido por lanças. O cavaleiro negro confirmou que eles precisariam jogar para passar para a outra sala. “Nicholas, bispo. Hermione, torre. Eu, cavalo. Black... Peão.”

O herdeiro Black o encarou com a boca aberta. Peão? Ron queria se livrar dele, só pode. Com a testa franzida, Revan caminhou até o lugar designado e suspirou. Não poderia ser tão ruim. Se aquela era uma missão designada para estudantes, nada poderia ser mortal, pensou. O franzir de testa aumentou quando ele pensou em Fofo. Definitivamente mortal. A preocupação de Revan só piorou quando ele viu o outro cavaleiro negro sendo esmagado pela rainha branca.

Ele mal se movia, para falar a verdade. Apenas uma vez ele teve a chance de usar a varinha como uma espada contra uma torre distraída. Ele retornou para a mesma fileira que estava no movimento seguinte, e a cada poucas jogadas, ele começou a se mover para frente de acordo com Ron. Revan não demorou muito tempo para perceber o plano do ruivo e sorriu; Weasley não era tão burro assim.

A torre de Hermione pegou o bispo branco. Revan se moveu uma casa para frente. Nicholas pegou um peão estratégico com seu bispo. Ron fez o L, ficando próximo da rainha. As peças quebradas ainda estavam no tabuleiro gigante. Harry conseguia ouvir o próprio coração martelando no peito. Ron havia se esquecido dele? Ele precisava se mover, AGORA!

E ele se moveu. Havia passado do quadrado mais difícil. Revan olhou para as peças brancas; os peões restantes pareciam especialmente invejosos. O herdeiro Black sorriu. Antes de Ron dar o comando, ele deu um passo para frente. Ele era uma rainha agora. As chances das peças pretas vencerem haviam se duplicado. A excitação dos outros era palpável. Ron particularmente quase pulava no lugar. Seu plano estava funcionando, apenas mais alguns movimentos e eles ganhariam o jogo...

O ruivo ordenou que Revan se posicionasse próximo ao lugar onde ele planejava ficar. Nicholas se aproximava do outro lado. Quando parou de se mover, Revan olhou para os próprios pés. Havia alguma magia os prendendo no lugar. Ele tentou movê-los, sem sucesso. Seu coração bateu com mais força; ele tirou a varinha e lançou feitiços no chão. O que estava acontecendo? Certamente... Um flash branco atraiu sua atenção. Os olhos de Revan se arregalaram.

O bispo branco restante estava se movendo para a mesma casa que Revan estava.

Imponente, o moreno olhou para cima, tentando parecer corajoso. Ele tomou uma respiração profunda e a segurou. Sem misericórdia, o bispo levantou a espada que carregava e a desceu sobre a cabeça de Revan. 


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Notas finais do capítulo

Querem negociar? Se atingirmos os 400 reviews com esse capítulo, postarei um capítulo na sexta. Se não, apenas na terça que vem (ou quando eu lembrar).

O próximo capítulo é o meu favorito, é chamado "Nemesis."

Eis a preview:
Sou Nemesis.
Nemesis de quem?
Sua. De todos nesse castelo. De todos que mexerem comigo.

Um confronto direto que deixará cicatrizes, derramará sangue e mostrará para Nicholas quem realmente é o jovem mais poderoso de sua idade.

PS: Ainda aceito sugestões, para qualquer ano de Hogwarts, por review ou MP.