Ai Chikara escrita por DennyS


Capítulo 24
Capítulo - XXIV - Encontro Arruinado


Notas iniciais do capítulo

Capítulo SuperHiperMega recheado! Dirvitam-se!!!



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Capítulo XXIV: Encontro Arruinado

A chuva caía sorrateira sobre Konoha naquela manhã de segunda-feira. O vento levava um aroma agradável de grama molhada para dentro da sala de aula, como se ajudasse na atmosfera tranqüila.

Sakura suspirou e fechou os olhos.

Era aula de história. A sala estava quieta e silenciosa. O único som ali presente era o barulho de lápis deslizando pelos papéis e alguns sussurros e bocejos distantes. Orochimaru era realmente um tirano, pensou a Haruno. Era o único professor que conseguia deixar a sala tão quieta daquele jeito.

–Srta. Haruno!

Sakura deu um pulo da cadeira quando ouviu seu nome ser pronunciado daquela maneira tão rude. Orochimaru a fitava com uma expressão dura, assim como metade da sala.

–H-hai! – justamente quando ela pensava no professor. Sakura cogitou um absurdo naquele momento. Será que ele leu a minha mente?

–A razão por estar tão distraída olhando para a chuva, imagino, que seja porque já terminou o questionário. – disse o professor brandamente.

Sakura levantou as sobrancelhas e mordeu o lábio, expressão que fazia quando estava sem graça perante uma sala com mais de trinta e cinco alunos, cada um com um par de olhos arregalados na direção dela. Na verdade além de não ter o que fazer, pois havia de fato respondido o questionário, estava tentando se distrair com qualquer coisa que não fosse seus pensamentos.

–Hai... – respondeu finalmente. – Já terminei, professor.

A sala antes quieta, balançou-se com sons de murmúrios, arrastar de cadeiras e pontas de lápis se partindo. Os alunos pestanejaram diante a cena da Haruno, alguns deles sentindo pena da garota pelo olhar mortífero que Orochimaru lhe lançava, outros esperando a bronca que viria a seguir com ansiedade.

Bastou apenas esse olhar mortífero para a sala se aquietar novamente.

Que insolência! Essa garota tem o mesmo atrevimento daqueles Uchihas miseráveis!

Orochimaru se aproximou dela com o seu olhar mortal, como uma cobra prestes a dar o bote.

–Isso é impossível. – murmurou com a voz dura. – A aula só começou há quinze minutos! – ele pegou o caderno azul marinho da carteira de Sakura e o folheou.

Seus olhos se arregalavam à medida que passava pelas folhas. Seu questionário com mais de vinte e cinco questões, incluindo dissertativas estava completamente respondido. Isso com toda certeza era impossível! Como uma criatura de dezessete anos pode ser capaz de responder algo tão difícil em poucos minutos se ele mesmo, que é um professor experiente de história não consegue em poucas horas? Como pode acontecer uma coisa dessas?!

–Eu não o respondi esta manhã, sensei. – Sakura começou a explicar depois de ver a expressão confusa do professor. Ele a fitou, ainda segurando o caderno. – Foi um engano. Na quinta-feira eu queria adiantar o dever de casa para o fim de semana e acabei fazendo mais do que devia.

Sakura reparou que Orochimaru estava lívido, muito pálido. Bom, ele já era pálido, mas estava mais pálido que o pálido normal.

–Gomene... – Sakura não conseguia mais manter aquele olhar amarelo. Ela desviou os olhos para o resto da sala. Os alunos estavam com uma expressão divertida no rosto. Um garoto aplaudiu silenciosamente com um sorriso escancarado, como se desse os parabéns por Sakura deixar o sensei-tirano-amigo-de-Hittler desarmado uma segunda vez.

Orochimaru ponderou suas alternativas quanto ao ocorrido. Queria sair por cima como sempre. Odiava jovens atrevidos que gostavam de humilhar os professores. Ai como odiava! Embora não fosse o caso de Sakura. Ela era uma boa aluna, mas sempre, mesmo que parecesse inocentemente, o tirava do sério.

Talvez se ele corrigisse o questionário naquele minuto e encontrasse respostas absurdas, não se sentiria como se alguém tivesse ferido o seu ego. Estas respostas enormes provavelmente foram copiadas do livro...

Mas pensando bem, sua correção oral era mais apropriada para se sentir melhor... Nada o satisfazia tanto como ver um aluno errando as respostas em voz alta.

Então seria assim! Orochimaru riu-se maliciosamente por dentro e entregou o caderno à sua aluna.

–Pois bem. Já que provavelmente é a única que está sem fazer nada, a não ser que alguém desta sala tenha se enganado também no dever de casa, o que eu duvido, você me fará um favor.

Sakura percebeu que não tinha alternativa. Aquilo não fora um pedido e sim uma ordem.

Orochimaru foi até sua mesa na ponta da sala e pegou uma pasta transparente.

–Leve esta lista ao Umino Iruka-sensei. Ele deve estar no ginásio.

Sakura se levantou rapidamente e pegou a pasta.

–Se encontrar Genma pelo caminho, diga que foi a incompetência dele que a levou sair da sala.

–Hai.

Traduzindo: Se o inspetor Genma a rendesse pelos corredores vazios em horário de aula, ela teria a desculpa perfeita de estar fazendo um favor ao Orochimaru, que devidamente não teve paciência de esperar pela obrigação do inspetor de realizar esse favor.

Sakura saiu da sala sentindo pena do infeliz inspetor. Orochimaru aparentemente não infernizava apenas a vida dos alunos.

***

Descendo as escadas para o ginásio, Sakura se lembrou do que passava pela sua cabeça antes de se distrair com a chuva e antes de Orochimaru repreendê-la.

Parou ao lado da janela do segundo andar. A água da chuva titilava no vidro.

Por que cada vez que se lembrava disso, sentia um aperto no estômago como se fosse vomitar seus intestinos?

Fechou os olhos.

Pelo amor de Kami, Sakura!

Não quero mais pensar nisso!

Desceu as escadas meio cambaleante e seguiu na direção do ginásio. Ficava desnorteada sempre que se lembrava da noite de sábado, depois que Sasuke a encontrou em situação precária chorando desesperada na varanda, depois que ela o levou em seu quarto e...

Não! Não! Não quero pensar nisso! Não vou conseguir estudar desse jeito!

Chegou às portas do ginásio, que a propósito estava cheio. Aparentemente por causa da chuva, o Iruka-sensei não estava usando o campo de futebol americano.

Sakura escorregou para dentro, sentindo-se um pouco tímida. Era educação física masculina. O ginásio estava uma bagunça de risadas, gritarias, palavrões e brincadeiras violentas. Procurou pelo Iruka-sensei, que além de não ter começado a aula, não parecia estar ali.

Enquanto passava pelos grupos masculinos, Sakura sentia-se mais vermelha que o normal, ouvia assobios e apelidinhos que ela odiava. Mas onde o Iruka-sensei se enfiou?!

–Sakura? – uma mão grande e firme segurou no seu braço.

–Idate-kun? – ela se deparou com o sorriso enorme e sincero do Morino Idate.

–O que está fazendo aqui?

–Preciso entregar esses papéis ao Iruka-sensei, você o viu?

–Ele disse que tinha que fazer uma ligação.

Que ótimo, murmurou Sakura. Não queria ter que esperar por ele naquele lugar onde os olhares eram mais constrangedores ainda. Percebeu que Idate concordava com ela. Ele tentava escondê-la atrás de seu corpo, o que era impossível. Sua expressão estava dura, incomodada.

–Se quiser eu entrego a ele.

Sakura ficou indecisa. E se alguma coisa acontecesse? Não que ela não confiasse no Idate, mas Orochimaru, aquele insano com a licença legal de lecionar deu a tarefa a ela.

–Pode confiar em mim, Sakura... – disse o Morino como se lesse a mente dela. Ele sorriu de canto e Sakura não pôde evitar de ficar rubra. Era o mesmo sorriso de tirar o fôlego que Sasuke fazia.

Ela sacudiu a cabeça e desviou os olhos. Não queria passar a impressão errada ao Idate. Ele era uma boa pessoa, era gentil com ela, mas Sakura sabia que não poderia correspondê-lo. Essa era uma situação difícil, porque nunca na sua vida ela teve que escolher ou dar um fora em alguém. Não saberia exatamente o que dizer ao Morino.

–Então essa é a irmãzinha do Sasuke!

Sakura se virou para o dono da voz maliciosa que interrompeu seus pensamentos e arregalou os olhos.

Morino Tazuna, concluiu ela. O primo do Idate do qual Sasuke não queria ver nem pintado em ouro.

–Não vai me apresentar, primo?

***

Sasuke estava com a cabeça na lua aquela manhã. Por incrível que possa parecer não estava irritado ou bufando como um dragão, ou descontando seu humor negro no dobe do Naruto, estava simplesmente pensando demais.

Por falar no Naruto, ele estava ao seu lado no ginásio em silêncio. O Uzumaki é que parecia estar de mau humor, estava em silêncio desde que se encontraram nos portões da escola e isso não era normal.

Sasuke desviou os olhos e suspirou. Naquele dia ele estava refletindo em tudo o que passava pela sua cabeça. Até mesmo agora com o Naruto. Estava tentando imaginar o que deixara o amigo assim.

Mas que droga! Embora não gostasse dos seus dias de “ovo virado”, que só faltava comer alguém com os olhos, também odiava esse tipo de estado vegetativo da sua mente.

E ele sabia muito bem de quem era a culpa...

A garota que o levou para o quarto na noite de sábado e adormeceu ao seu lado, em sua cama... Sim, era ela a culpada.

Sasuke se lembrou de como ela parecia amedrontada, de como ela tremia, de como seu olhar estava desnorteado...

“Eles entraram juntos no quarto de Sasuke, onde alguns abajures iluminavam o cômodo. Sasuke apertou a cintura da garota, levantando-a delicadamente para alcançar seus lábios.

Ela oscilava... Ah como oscilava...

Seu peito subia e descia violentamente; ele podia sentir seu coração bater descompassado. Suas mãozinhas delicadas apertavam a camisa de Sasuke, apertavam os cabelos dele, puxavam cautelosamente deixando-os desalinhados.

Sasuke queria beijá-la com sofreguidão, arrebatar aqueles lábios doces como mel com todo fervor, com toda necessidade que berrava dentro dele com desespero.

Porém mesmo estando com álcool exagerado no seu organismo, tinha total consciência da pessoa que estava em seus braços.

Sakura era como uma relíquia valiosa. Era delicada, era frágil... Rara... Única.

A mais preciosa, a mais importante para ele. Tratá-la de qualquer jeito seria imperdoável.

Sasuke a carregou para o meio do quarto e a colocou no chão. Ambos ofegantes, perderam-se no olhar lascivo que possuíam. As esmeraldas estavam semicerradas, brilhando para os ônix intensos e misteriosos cheios de desejo.

Sasuke havia recuperado o seu controle, mas sabia que se a beijasse novamente, talvez não conseguisse parar.

Quase à beira da loucura, ele a observou morder o lábio. Sua expressão estava corada, os olhos agora estreitos, porém ainda brilhantes.

Tão linda...

Sasuke sentia seu corpo estremecer por dentro, sua virilha queimava, latejava.

–Sasuke-kun...

Aquela voz doce, aquele timbre perfeito pronunciando o seu nome. Sasuke pensou ter estremecido quando a ouviu.

–Eu preciso ir...

Não. Pensou ele amaldiçoando aquela festa. Não queria estar longe dela, principalmente depois de ter se queimado de ciúmes. Só de imaginar ela voltando para o Idate ele sentia vontade de quebrar o crânio do infeliz.

–Não vai terminar o serviço? – brincou ele segurando um sorriso. A expressão de confusão e constrangimento que Sakura fez o divertiu.

–T-Terminar o serviço? – dessa vez ele sorriu. Sakura corou bruscamente e estreitou os olhos. O sorriso dele a enfraquecia mais que qualquer outra coisa, exceto o seu olhar.

–Me ponha na cama, Sakura. – disse ele agora sério, como se fosse uma ordem. Por dentro se divertia.

Percebeu que ela suspirou parecendo um pouco aliviada. Talvez tivesse imaginado que ele sugerisse um banho.

Por que não pensei nisso?

Sakura levantou suas mãozinhas até o pescoço de Sasuke e começou a desabotoar sua camisa. Sasuke percebeu o quanto ela tremia, quando por um breve momento a pele macia de suas mãos encostou no peito dele.

Sakura desabotoou a última casa e, sem fitá-lo nos olhos, retirou a camisa.

Sasuke sentiu a respiração dela no seu ombro, quente e descompassada.

Sakura estava corada e ofegante, o que deixava Sasuke com o seu esforçado controle por um fio de se partir.

Ela tocou no peito dele gentilmente e ambos sentiram o choque elétrico que os invadiu por completo, tudo por um simples roçar de peles.

Sakura o empurrou lentamente para a cama e o fez se sentar. Ele mantinha suas mãos na lateral do corpo, os punhos cerrados tentando não tocá-la. Sabia que não conseguiria parar, mesmo se a tocasse levemente como uma pluma.

Sasuke subiu para a cama e Sakura retirou seus sapatos, depois ele se deitou. Seus olhos se encontraram e Sasuke percebeu que ela não parecia tanto constrangida como antes.

Sabia que não queria se ver livre da cerejeira. Ela não iria embora nem tão cedo.

Sasuke a puxou para cima da cama e Sakura se deitou ao lado dele, apoiando sua cabeça no ombro másculo e desnudo de Sasuke. Ela parecia tensa, ainda ofegava e tremia. Queria replicar aparentemente, porém nem ao menos tentou.

Sasuke a abraçou e beijou o cabelo rosado, aspirando seu delicioso cheiro. Ele lutava contra a vontade de beijá-la e de tocá-la. Seu controle estava tornando-se quase impossível de se manter.

Passou minutos, talvez mais lutando contra isso. Seu corpo estava rígido ao mesmo tempo em que tentava relaxar. Por dentro ele se contorcia, como se acontecesse um terremoto com a sua sanidade. Tinha medo do que Sakura poderia estar pensando, pois ambos estavam em silêncio, estavam apenas apreciando a quentura de seus corpos. Suas mentes um mistério.

Porém alguma coisa estava diferente. Sakura respirava profundamente agora, seu corpo estava mais relaxado, estava amolecido sobre o peito dele. Seu coração batia normalmente.

Sakura havia adormecido.

Sasuke sentiu aquela tortura estúpida se findar. Seu coração voltou ao normal, o terremoto interno havia acabado. Ele enxugou o suor da testa e fechou os olhos.

Permitiu que seus lábios se encurvassem para cima.

Nada poderia ser mais prazeroso que aquela sensação.

Não percebeu quando, mas ainda sentindo o corpo de Sakura colado ao seu, suas pernas se entrelaçando com as dele, sua mão pequena e quente sobre o peito dele, o cabelo rosado emanando seu perfume irresistível, seu coração batendo delicadamente, seu peito oscilante, sua respiração delicada, Sasuke adormeceu.”

–Eu odeio educação física. – murmurou Shikamaru ao lado esquerdo de Sasuke na arquibancada, interrompendo seus devaneios. – Pelo menos o Iruka-sensei está demorando, quando ele voltar a aula já estará no fim...

–Seu preguiçoso de merda! – disse Kiba segurando uma bola de basquete todo animado. – Você ‘tá é com medo de perder!

Shikamaru não disse nada por preguiça de retrucar. Kiba fitou os três amigos jogados na arquibancada. Sasuke estava com os cotovelos apoiados nos joelhos, o rosto escondido pelos cabelos. Naruto estava com as pernas abertas e as costas apoiadas no banco de cima da arquibancada. Seus olhos azuis estavam perdidos no resto do ginásio, seu rosto inexpressivo. Shikamaru estava com a cabeça apoiada na mão e como sempre bocejando.

–Mas que porra aconteceu com vocês?! – Kiba se irritou de verdade. – Que merda! Me chamem de veado, me chutem, zoem com a minha cara!

Todos o fitaram com os olhos estreitos, exceto Naruto.

Até o Neji que estava um pouco afastado trocando SMS com Tenten pelo celular, olhou estreito para Kiba.

–Veado. – disse Shikamaru depois de bocejar.

–Ah! Vão tomar no cu!

Kiba começou a bater a bola no chão ignorando a demência dos amigos. Talvez estavam desanimados por ser segunda-feira de manhã, mesmo não sendo desculpa para o Inuzuka. Ele era energético todos os dias.

Sasuke suspirou, concordando com o Shikamaru. Ele também não estava com o pique de jogar basquete naquela manhã. E como sua mente estava querendo trabalhar neste dia mais do que o normal, ficou se perguntando o motivo do Iruka-sensei estar ausente.

Merda! Pouco me importa com o que aconteceu!

Sasuke sacudiu a cabeça e voltou sua postura séria e rígida sobre a arquibancada. Sua cabeça ainda estava um turbilhão de pensamentos, dos quais Sasuke tentava dividir em duas partes. Seus olhos ficaram absortos mais uma vez, quando o Naruto que estava morto naquela manhã, se remexeu ao seu lado.

–Hey, teme! – chamou Naruto. – Aquela não é a Sakura-chan?

Sasuke despertou do transe quando ouviu o nome dela, como se alguém tivesse jogado um balde de água fria sobre a sua cabeça. Ele seguiu o olhar do Naruto, quando avistou a cabeleira rosada de Sakura do outro lado da quadra.

Levantou estreitando os olhos naquela direção.Viu Morino Idate ao lado de Sakura, e seu primo, Morino Tazuna do outro, segurando no braço dela.

Espera aí...

Segurando no braço dela?!

Como se fosse impulsionado, Sasuke desceu da arquibancada, seguindo a direção da quadra.

–Xi... Complicou. – murmurou Shikamaru se espreguiçando para segui-lo.

Naruto e Neji seguiram o Uchiha imediatamente. Kiba, mesmo sem saber o que estava acontecendo foi atrás deles. Logo que viu a expressão de fúria de Sasuke, sabia que algo de bom não era. E a palavra briga era a preferida do Inuzuka.

***

–Tazuna, pelo amor de Kami! Volta a fazer o que você estava fazendo com os seus amigos. – disse Idate puxando Sakura pelo outro braço gentilmente. Sakura percebeu que ele sempre mantinha o controle, não se lembrava se já havia presenciado Idate furioso.

–Só estou conhecendo a gatinha que entrou na família podre dos Uchiha. – Tazuna tinha um sorriso zombeteiro nos lábios. Ainda segurava o pulso esquerdo da Haruno, querendo puxá-la para perto dele.

–Para conhecer uma pessoa basta apenas um aperto de mão. – disse Sakura mostrando-se muito irritada. Não tinha um controle tão bom quanto o do Idate.

–Não precisa se fazer de difícil, princesa... Não vou roubar você do meu primo. Só quero conferir o material.

Sakura estreitou os olhos puxando o seu braço em poder do Morino mal educado, percebendo que os amigos deles se amontoavam ao seu derredor. Havia quatro deles gargalhando como se Tazuna tivesse contado a melhor das piadas do século XXI. Um deles, um ruivo alto de olhos verdes, Sakura o reconheceu. Seu nome era Haruka, um garoto problemático que adorava jogar sapo decepado no cabelo das meninas na aula de biologia. Ele parecia se divertir ainda mais com aquela estupidez, falando idiotices enquanto seus amigos gargalhavam.

Idate suspirou com a insistência inescrupulosa do primo. Como ele consegue ser tão infantil?

–Já chega, Tazuna. A Sakura tem que voltar pra au...

Tire suas mãos dela!

Quando Idate ouviu aquela voz às suas costas, xingou inúmeras vezes na sua cabeça.

Tazuna ficou um minuto imóvel, sem retirar seu sorriso cínico dos lábios. Seus dedos ainda pressionando o pulso de Sakura.

Haruka estreitou os olhos e fitou seus colegas rivais trincando os dentes.

–Fodeu. – disse um dos amigos de Tazuna. Ele deu um passo para trás do Haruka, sabendo que o olhar “vermelho-sangue” do Uchiha era sinal de morte.

Sakura oscilou e fitou a expressão contorcida do Uchiha. Os olhos dele estavam direcionados diretamente para o Tazuna, e em alguns centésimos de segundos, para a mão enorme que prendia o pulso dela.

–Tire... suas mãos... de cima dela... agora. – a voz de Sasuke saiu como um rosnado entre seus dentes trincados.

Quando atravessou a quadra e seguiu na direção de Sakura, sentiu que a fúria queimava dentro dele, ardia em brasa viva como se tivesse engolido lava vulcânica. O ódio seria liberado por seus punhos, por suas pernas, por todo seu corpo que iria esbofetear Morino Tazuna.

Porém foi controlado pela consciência naquele momento. Se ele explodisse de forma tão brutal, tão insana, poderia machucar a Haruno e isso seria imperdoável.

Os outros garotos no ginásio rodearam o pequeno grupo em questão de segundos. Gaara e Kankuro, os irmãos de Temari estavam ao longe, encostados nas traves do gol observando tudo de braços cruzados, sem dar muita importância ao tumulto.

Tazuna afrouxou a pressão no pulso de Sakura, sabendo que os olhos fulminantes de Sasuke acompanhavam até seus mínimos movimentos. Seu sorriso se estendeu quando se deu conta do novo brinquedinho que irritava o Sasuke.

Ele maneou a cabeça parecendo despreocupado, passando seus olhos rapidamente pelos amigos fiéis do Uchiha em seus flancos. Neji tinha a expressão tão carrancuda quanto o de Sasuke. Naruto estava tremendo de raiva, suas narinas inflamavam enquanto ofegava. O único que parecia se divertir com a situação era o Kiba. No entanto, estavam todos dispostos a brigar se o Uchiha ordenasse.

–Vai dizer que ela também é sua propriedade, Uchiha? – provocou um pouco mais. A gritaria dos outros garotos envolta estava alta o suficiente para deixar qualquer um nervoso, menos Tazuna. Ele queria provocá-lo, instigá-lo a fazer a coisa errada. Nada era mais prazeroso pra ele que ver um Uchiha se dando mal.

Sasuke sentiu uma veia na sua testa pulsar. Seus dedos já estavam doloridos de tanto apertá-los. Queria tanto bater naquele rosto cínico... Estava se controlando para não avançar sobre ele, apenas por que se preocupava com Sakura.

Ela estava atônita com o que acontecia. Sentia seu corpo tremer involuntariamente por medo do que pudesse acontecer. Sua cabeça estava latejando pela gritaria assustadora dos outros rapazes, sentia-se a ponto de desmaiar de tensão. Mentalmente implorava para que Sasuke se controlasse e não fizesse uma besteira.

–Já chega dessa merda! – pestanejou Naruto dando um passo para frente. – Solta ela, seu filho da puta! Seja homem e enfrente alguém do seu tamanho, ao invés de bancar o valentão com uma garota!

–Olha só quem apareceu! – Naruto levou seus olhos estreitos para Haruka, o ruivo de um metro e oitenta ao lado do Tazuna. – Nem vi você, nanico. Onde tu tava?

Naruto grunhiu e apertou os punhos. Estava tentando ser pacífico até aquele momento.

–Estava na sala do zelador comendo a tua mãezinha.

A platéia começou a rir desesperadamente dando tapinhas no Uzumaki, enquanto Sasuke mantinha sua pose tensa e controlada. Esse era o verdadeiro Naruto, pensou ele. Neji que estava sério, sorriu de canto, enquanto Kiba gargalhava junto de Shikamaru.

Naruto continuou sério ao lado de Sasuke esperando o ataque do ruivo que não veio. Percebeu que Haruka estreitou os olhos, depois sorriu cinicamente, fitando o loiro.

–Que ótimo, Uzumaki. – murmurou Haruka quando a multidão se aquietou. – Assim eu posso comer aquela sua namoradinha gostosa.

Os próximos três segundos foram o Apocalipse!

Sakura não soube dizer o que aconteceu depois. Sentiu seu corpo ser puxado, depois envolvido por um maior. A gritaria continuava, um empurra-empurra maluco de marmanjos escandalosos.

Quando Sakura abriu os olhos estava sendo abraçada por Idate que havia arrastado o corpo dela para um pouco longe da multidão. Viu Sasuke, Neji, Kiba e Shikamaru agarrarem o corpo histérico do Naruto enquanto ele berrava palavrões e ameaças.

–EU VOU MATAR ESSE FILHO DA PUTAAA!!!!

Naruto se debatia contra seus amigos, enquanto Tazuna e os outros se mantinham longe, apenas encarando com indiferença e divertimento o ataque do loiro.

–ME SOLTA! EU VOU TE MATAR, DESGRAÇADO! É MELHOR RETIRAR O QUE VOCÊ DISSE! ME SOLTA TEMEEE!!!

Sasuke colocou um braço envolto do pescoço do amigo, enquanto os outros tentavam segurar os braços dele.

–EU VOU TE MATAR!

–NARUTO! – essa era a voz do professor. – O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?

–EU VOU TE MATAR!!! – Naruto fitava a silhueta de Haruka do outro lado, ignorando as outras presenças do ginásio.

–JÁ CHEGA! – Iruka-sensei se colocou a frente dele, tentando recuperar a atenção dos olhos azuis que não possuíam outro foco senão o aluno ruivo.

–Eu vou te matar...

–Você não vai matar ninguém, Naruto! – disse o professor com firmeza. – Se controla, garoto!

Iruka se levantou e levou seus olhos ao resto do ginásio que se divertia com a cena, quando avistou uma cabeça rosada.

–O que está fazendo aqui, Srta. Haruno?

Sasuke olhou na direção de Sakura, sentindo o fogo do ciúme lhe queimar por dentro, quando viu Idate com os braços envolta dela. Deveria se sentir grato pelo menos, por ele tê-la protegido, mas isso era obrigação dele. Não queria ver nenhum outro tocar em Sakura. Ninguém além dele poderia!

–Eu só... Eu tinha que lhe entregar esses papéis, Iruka-sensei. – ela se abaixou para pegar a pasta transparente do chão. Iruka se aproximou e a pegou.

–Sim, são as listas dos alunos da detenção que não podem participar do time de futebol. – Iruka mantinha uma expressão dura enquanto falava, estava furioso por uma briga ter ocorrido na sua ausência. – Você está bem?

–Hai... – Sakura respondeu um pouco indecisa. Seu corpo ainda tremia, seu coração batia exasperado pela adrenalina. O que mais ainda aconteceria naquele colégio com ela? Precisamente naquele ginásio, onde se acidentou da última vez? Sua sorte como sempre não estava muito boa.

–Então obrigado. Pode voltar para sua sala.

Sakura saiu do ginásio rapidamente sem olhar para os lados.

–SILÊNCIO! – ele pediu a atenção da turma, ficando ao centro da quadra. – O que foi que deu em vocês? – olhou severamente para todos, mas perguntava principalmente para o Naruto. – DEVO LEMBRÁ-LOS de que aqui é uma escola e não um reformatório? DEVO LEMBRÁ-LOS de que vocês são estudantes e não marginais?!

O ginásio permaneceu em silêncio. Naruto estava sentado na quadra, seus amigos de pé em volta dele.

–Brigando como um bando de urubus pela carniça enquanto havia uma garota no meio de vocês! – Iruka estreitou os olhos e fitou Naruto no chão. – Pararam para pensar que poderiam tê-la machucado? Pensou Naruto?!

Naruto continuou com os olhos sem foco, o rosto ainda retorcido e os punhos cerrados.

–Não quero saber o que aconteceu nem mesmo quem começou a briga. Eu deveria chamar o Genma e pedi-lo para levá-los à detenção, mas sinceramente não estou com vontade. Vamos esquecer tudo isso, dividir os times e começar a jogar. – Iruka caminhou para a lateral da quadra. – E nada de brigas no meu ginásio!

Os alunos se despacharam para a lateral da quadra, enquanto Naruto continuava no chão.

–Levanta, dobe. – Sasuke pegou no braço dele e o puxou para cima.

–Isso não vai ficar assim, teme... – disse o loiro tremendo de raiva. Só estava mais controlado por causa do Iruka-sensei. Ele sempre fora um amigo para o Naruto.

–E como quer que fique?

–Eu vou matar aquele desgraçado! – rosnou o Uzumaki. Seu rosto estava contorcido, seus olhos estreitos.

–Pare pra pensar no que está fazendo, Naruto. – disse Shikamaru brandamente. – Você sabe por que a turminha do Tazuna gosta de nos provocar. Eles querem ver a gente se ferrar.

Naruto sabia muito bem a intenção deles, mas quando Hinata era envolvida na situação ele perdia a cabeça. Ela era a sua única fraqueza.

Sasuke entendia o amigo perfeitamente. Bom, agora que estava apaixonado ele entedia. Antes de Sakura surgir na sua vida, Sasuke achava uma babaquice a maneira como Naruto defendia Hinata. Pra ele era uma perda de tempo ficar se arriscando tanto por uma garota.

Foi só quando Sakura passou a existir dentro dele que Sasuke soube que se arriscar era pouco. Assim como Naruto, ele sentia que poderia cometer um crime se fosse preciso para defendê-la.

–Então o melhor a se fazer – continuou o Nara – é enfrentá-los e provocá-los ainda mais. Assim eles perderão o controle.

Naruto assentiu lentamente.

Ele não poderia garantir nada, mas da próxima vez ao menos tentaria se controlar.

***

A semana passou rápida e estressante para Sakura. Rápida porque ela não queria que passasse e estressante porque mais da metade da escola comentava sobre o seu glorioso encontro com o Morino Idate no sábado à noite.

Sakura estava na porta da escola ouvindo os últimos conselhos da Yamanaka sobre o que fazer, o que não fazer, o que falar e o que não falar para um garoto no primeiro encontro. Ela assentia tudo atentamente, mas não entendia nada que saía da boca da loira. Sakura estava com a atenção voltada para o moreno do outro lado do estacionamento, encostado em seu carro preto. Ele conversava com o Neji e sua expressão não era a das melhores. Desde a discussão e do ataque histérico do Naruto na aula de educação física na segunda-feira, os meninos estavam estranhos, principalmente o Sasuke. Ele não comentou nada com a rosada sobre o que aconteceu. Nenhuma palavra.

“Por que acha que a culpa é sua?”

Sasuke perguntou a ela rudemente quando Sakura foi se desculpar naquele mesmo dia. Ele parecia furioso com o que havia acontecido e no decorrer da semana, seu humor ficou pior. Sakura imaginava que seria por causa do encontro com o Idate, mas não queria ter certeza. Mas se fosse esse o caso, depois de sábado tudo ficaria bem novamente.

Bom, ao menos esperava por isso.

Como imaginava, o caminho de volta para casa foi silencioso.

Sasuke dirigia com os olhos atentos na estrada, perdido em pensamentos enquanto Sakura tentava se distrair com um livro. As esmeraldas percorriam cada palavra atentamente, mas seu cérebro não entendia nada. Tentava adivinhar o que Sasuke estava pensando, o que ele havia conversado com Neji minutos atrás e o que diabos estava acontecendo com ele!

O Uchiha percebeu a inquietude da garota ao seu lado, mas a ignorou. Se abrisse a boca para dizer alguma coisa a ela, falaria o que não devia. Sua garganta estava inchada por segurar tanto as palavras.

Como dizer a Sakura para ela desistir desse encontro com o Morino? Não estava com paciência para pedir educadamente. Com aquele ódio que fulminava dentro dele, Sasuke iria ordenar, exigir que Sakura o obedecesse.

Mas se fizesse isso seria pior.

Então o que faria ele?

Não era apenas o ciúme que o deixava insano, era o medo do que pudesse acontecer.

Lembrava-se exatamente do que Neji havia lhe contado na segunda-feira.

“Idate e Tazuna estavam falando sobre a Sakura no vestiário. Eu tenho certeza que eles estão planejando alguma coisa pra te provocar.”

Apenas essa informação foi o suficiente para acabar com o seu dia. Não que aquela manhã de segunda-feira tivesse sido uma maravilha, mas acabou com todos os pensamentos que sobrecarregavam sua cabeça. Com todas as lembranças que alimentavam sua sanidade.

Tazuna tentaria alguma coisa contra Sakura para provocá-lo e ele não poderia permitir.

Durante a semana pensou em tudo que poderia fazer, mas não chegava à uma conclusão.

Se Sasuke contasse a ela o que poderia acontecer, Sakura entenderia? Ou talvez ela pensasse que Sasuke estaria mentindo pra que ela desistisse do encontro?

Merda!

Não havia muito que fazer. Yori estava tão animada com o encontro da filha que estava planejando tirar fotos da noite de sábado e montar um álbum de recordações. Até mesmo Fugaku, com seu gênio do mal, seu jeito frio e arrogante que com certeza tem certa afeição por Sakura estava de acordo com esse encontro maldito. Ele nem ao menos retrucou, nem fez perguntas ao Idate, apenas concordou como se confiasse sua vida àquele desgraçado que gosta de se fazer de santinho cavalheiro! Agora tinha certeza que Idate era tão estúpido quanto o primo...

Aquele farsante!

Sasuke apertou o volante e estreitou os olhos.

Ele poderia tentar impedir esse encontro, prendendo Sakura no porão ou no sótão até o dia seguinte, ou simplesmente pôr uma máscara e bater no Idate até que ele não conseguisse mais andar.

Porém viu-se obrigado a aceitar o plano do Naruto. Sasuke seguiria o casal e se houvesse algum sinal do Tazuna, daria um toque no celular para o resto da turma. Não havia outra alternativa menos dolorosa.

***

Um vestido preto, um casaquinho rosa, sapatos de meio salto e um leve batom rosa nos lábios. Sakura estava pronta. Não levou muito tempo para se arrumar. Se fosse usar toda a maquiagem e as roupas que Ino escolhera para o encontro, certamente estaria tendo um ataque. Graças à Kami que Ino precisou sair com seus pais naquela noite senão ela estaria ali, certificando-se de que Sakura estaria seguindo todas as suas instruções.

Olhou-se no espelho uma última vez e ouviu duas batidas na porta.

–Pode entrar! – com certeza era a sua mãe com a máquina fotográfica.

A porta se abriu e quem passou por ela foi o Sasuke.

Sakura sentiu seu coração palpitar quando viu o reflexo dele no espelho.

–Sasuke-kun? Algum problema? – perguntou ela confusa. Desde segunda-feira Sasuke não a procurava, não lhe dizia uma palavra diretamente. Sakura não se alarmou por isso, porque tinha quase certeza, mesmo não querendo ter, que era devido ao encontro.

Sasuke fechou a porta e a trancou. Sakura estava do outro lado do quarto ao lado de sua escrivaninha bagunçada. Ele se aproximou dela, o rosto inexpressivo, a franja escura caindo sobre os olhos.

–O Morino chegou. – disse quase se contraindo como se aquelas palavras doessem ao serem pronunciadas.

–Ah... eu já estou pronta. Já vou descer... – Sakura observou o rosto dele. Nenhuma linha das suas feições se mexeu. Muitas vezes Sasuke conseguia disfarçar suas emoções, e naquele momento ele fazia isso muito bem. – Bom... então eu já vou.

Sasuke estava á um passo de distância da rosada. Sentia seu interior gritar enquanto o ódio queimava seus órgãos. Queria impedi-la de algum modo. A vontade de capturá-la e escondê-la estava matando-o.

Sakura respirou fundo e desviou os olhos dele. Seu corpo se moveu para frente, depois passou por Sasuke. Ele se contraiu com a raiva não podendo mais agüentar.

Sasuke a puxou pela cintura e Sakura se chocou com o corpo másculo e rígido. Seus lábios logo foram tomados com avidez e ela estremeceu perdendo-se nos braços dele.

Toda aquela urgência nunca foi necessária antes. Sakura sabia o quanto sentira falta dele por esses dias que Sasuke entrara num voto de silêncio. Sabia disso por cada reação inesperada do seu corpo que implorava por Sasuke a todo vapor.

Suas mãos apertaram os cabelos dele que a levantou e a sentou na mesa. Com um braço ele arrastou tudo que estava sobre ela. Papéis caíram no carpete fazendo um barulho oco como assas se batendo, a luminária foi ao chão quebrando-se em duas partes. Sakura se afastou dele um pouco assustada pelo barulho, mas logo foi puxada de novo aos lábios quentes do moreno.

Ele a beijava mais delicadamente agora. Seus lábios sugavam cada músculo da boca dela, com ternura, com cuidado. Uma das mãos quentes do Uchiha alisava sua coxa provocando espasmos de prazer no corpo delicado da cerejeira.

Ela ofegou enquanto Sasuke descia os lábios pelo seu pescoço. Sakura sentia seu corpo reagir imediatamente de maneira inesperada a cada toque na sua pele frágil.

–Será que terei que pedir para você não ir? – Sasuke sussurrou no ouvido dela, sua voz rouca e sensual a fez estremecer.

Sakura sorriu. Ela estava mesmo certa. Ele estava distante por causa desse encontro do qual ela não queria ir.

–Só vamos ao cinema, Sasuke-kun... – sussurrou com os olhos fechados. Sasuke abaixou o casaquinho rosa e deixou o ombro dela exposto. Seus lábios mornos percorreram aquela região lentamente.

–Não interessa... – disse ele um pouco ruge. Estava furioso apenas pelo insinuante fato de que Sakura pudesse estar animada em sair com o Morino.

Sakura pôs as mãos no peito dele e o afastou para fitá-lo nos olhos.

–Eu vou ficar bem... Não se preocupe. – ela sorriu corada.

Não me preocupar?

Como essa irritante ousa me pedir uma coisa dessas?!

Sakura cercou o pescoço do moreno com os braços e aproximou seu rosto dele. Sasuke estava rígido, sentindo-se derrotado. Não conseguiria impedi-la de sair.

Sasuke fechou os olhos e a abraçou.

Mas ele iria segui-los. Isso era mais que suficiente.

Ele não a protegeria apenas se Tazuna aparecesse. Se o Idate bancasse o engraçadinho abusado, ele estaria perto o suficiente para matá-lo.

Sasuke apertou o corpinho dela em seus braços e a beijou mais uma vez. Sakura estremeceu, sentindo que o único lugar que gostaria de estar naquela noite era ao lado de Sasuke.

Houve algumas batidas na porta. Sakura arregalou os olhos assustada, quando se lembrou que Sasuke trancara a porta.

–Sakura, meu amor! O Idate está esperando! – era sua mãe. – Por que trancou a porta?

Sakura olhou mais uma vez para o rosto de Sasuke e sorriu. Ele estava sério, seu corpo voltara a ficar rígido.

–Já ‘tô indo, mãe. – gritou ela para a porta descendo da escrivaninha.

Ajeitou o casaquinho e os cabelos e se aproximou da porta. Virou-se para o Sasuke, que estava de costas pra ela olhando para fora da janela. A noite estava cálida e refrescante. Caía uma camada fina de chuva que embaçava a vidraça.

Abriu a porta, apagou as luzes do quarto e saiu sentindo-se horrível. Dizia a si mesma que depois daquela noite tudo iria ser diferente. Tudo iria voltar ao normal.

***

–Você está bem, Sakura?

Idate dirigia seu carro emprestado tranquilamente, murmurando o que teve de fazer ao irmão para poder consegui-lo. Sakura estava muito quieta e pensativa, olhando pela janela enquanto ele falava.

–Estou sim, Idate-kun. Por que não estaria? – Sakura tentava disfarçar o mal-estar mas não conseguia. Se Idate desconfiasse que ela não desejava estar ali com ele, se sentiria muito mal e não saberia como explicar.

–Você mente muito mal, Haruno Sakura. – disse ele com um sorriso.

Sakura se contraiu. Não era a primeira vez que diziam isso a ela.

–Ficou envergonhada pela histeria da sua mãe? – perguntou ainda sorrindo. Lembrava-se de como Yori tirava as fotos sorrindo e pulando de alegria como uma criança. – Sabe que não me importo com isso, Sakura. Afinal conheço sua mãe por um bom tempo, e...

–Não, não é nada disso! Minha mãe nunca me envergonhou. Na verdade eu gosto de vê-la assim tão feliz...

–Gomene, só disse isso porque... Bom, a maioria das garotas se sente assim a respeito de suas mães. Eu havia esquecido de que você é uma exceção. Você é muito diferente das outras garotas. – Idate deu uma espiada no rosto dela. – No bom sentido, é claro.

Sakura sorriu um pouco envergonhada e desviou os olhos. Tentava procurar o bom sentido em ser completamente diferente de outras garotas. Sempre acreditou que ser diferente era uma coisa ruim, já que antes de se mudar para Konoha ela era excluída da civilização jovem.

–Então, se não é isso que está te incomodando – disse Idate cortando o silêncio – seja o que for, farei você esquecer.

Sakura abriu a boca para dizer, ou melhor mentir que nada a incomodava, mas Idate mudou de assunto, falando dos filmes que eles poderiam assistir.

Quando chegaram ao cinema, o lugar mais movimentado de Konoha porque se encontrava de frente ao Kunai Burgers, Sakura sentiu-se ainda pior. Agora que o encontro começaria de verdade. Passar mais de uma hora em uma sala escura ao lado de um garoto não era uma tarefa fácil para uma principiante como ela. Claro que é uma coisa boba encarando-se por outro ângulo, mas Sakura nunca foi ao cinema com uma companhia masculina de apenas um ano a mais de diferença da sua idade, ou seja, nunca teve um encontro romântico. Podia-se dizer totalmente perdida, ignorante. Mesmo com os conselhos experientes de Ino, ela não sabia o que dizer ou que fazer. Tentaria ser ela mesma, isso era muito mais fácil, mesmo que não agradasse os outros.

Mas o que tornava tudo mais difícil, era estar pensando em outra pessoa naquele momento e desejando que esta pessoa estivesse no lugar do seu anfitrião.

–Já escolheu que filme vamos assistir? – perguntou Idate interrompendo seus pensamentos. Eles estavam na calçada, caminhando até a entrada do cinema.

–Podemos ver aquela comédia que você falou...

–Ótima escolha... Eu sabia que você não escolheria aquele de...

Sakura fitou o rosto dele. Idate havia congelado no lugar. Sua expressão estava contorcida, seus punhos cerrados.

–Idate-kun?

–Mas que droga... – murmurou baixo, dando um passo para frente.

Sakura estreitou os olhos e seguiu o olhar na mesma direção que ele.

Tazuna.

Ele estava se aproximando deles com seus quatro amigos logo atrás. O mais alto, Haruka, o ruivo que conseguiu provocar o Naruto sorriu malicioso e piscou para a cerejeira.

–Priminho... Devo tirar o chapéu pra você. Em vista das garotas que você já levou pra sair, essa é a mais gostosa. – Tazuna fitava a cerejeira da cabeça aos pés, mostrando os dentes como se fosse uma cobra pronta para dar o bote.

–O que você está fazendo aqui, Tazuna? – perguntou Idate dando mais um passo para frente. Dessa vez, colocando-se na frente de Sakura.

–O mesmo que você, eu acho.

–Eu disse que não iria fazer parte disso.

–E eu sabia que você estava mentindo. Se esta fosse sua verdadeira intenção, meu amigo, você teria cancelado a merda desse encontro ou teria ido a outro lugar.

Sakura fitava Tazuna por cima do ombro do Idate tentando entender o que estava acontecendo.

–Não estava mentindo. – replicou Idate com a voz dura. – Pensei que você seria inteligente o suficiente para ter entendido o que eu havia dito a você.

–Já chega! Vamos acabar logo com isso. – disse Haruka empurrando um dos garotos que estava na sua frente.

Idate deu mais um passo para frente como se fosse uma barreira entre a Sakura e a turminha do mal de seu primo.

–Agüenta aí, Haruka. – disse Tazuna empurrando o ruivo para trás. – Melhor escolher de que lado você estar, Idate.

–Não estou de lado nenhum. – disse Idate com os olhos estreitos. – Resolva o problema que você tem com o Uchiha, você mesmo. Usar outra pessoa para atingi-lo é atitude de um covarde.

Tazuna trincou os dentes e os garotos atrás dele grunhiram.

–Quebra a cara desse idiota, Tazuna! – disse Haruka apertando os punhos.

Tazuna apenas permaneceu parado fitando o primo se afastar com Sakura de volta ao estacionamento.

–Você vai se arrepender por isso, Idate. – gritou para o primo.

–Te garanto que não. – disse de volta por cima dos ombros.

***

De volta à Ferrari, Sakura queria explicações. Idate contou a ela sobre o plano que Tazuna queria que ele fizesse parte, mas ele não aceitou.

–Sinto muito por isso. Meu primo é muito infantil. Sempre toma decisões precipitadas.

Sakura assentiu, mas ainda tinha muitas dúvidas a respeito dessa rivalidade entre o Morino e o Sasuke.

–Por que ele odeia tanto o Sasuke-kun?

–É uma longa história... – Idate suspirou, os olhos atentos na estrada.

–Não pode resumir? – Sakura sentia-se curiosa. Mesmo que fosse uma história trágica ou estúpida queria entender o porquê de Tazuna desejar tanto ver o Sasuke morto e enterrado.

–Eu não quero difamar ninguém, entende? Talvez se eu disser resumido, você vai achar que quero fazer do Sasuke um safado egoísta e quero somente defender o meu primo, mas na verdade não sou ninguém para julgá-lo.

Sakura o fitou surpresa. Apesar de ter um primo “marginalizado”, Idate era uma pessoa totalmente diferente. Ele tinha medo de Sakura odiá-lo pelo que ele dissesse a respeito do Sasuke? Por aquilo ela realmente não esperava.

–Não vou pensar nada de você, Idate-kun. – garantiu sentindo-se bem pelo bom caráter que Idate aparentava ter. – Só estou mesmo querendo entender o motivo de todo esse ódio que o Tazuna tem contra o Sasuke.

Idate ficou um pouco pensativo. Imaginava a melhor maneira de dizer isso a Sakura.

–Há uns dois anos, o Sasuke... Bom... – Idate parou por um momento e a fitou quando o carro parou no sinal vermelho. – O Sasuke dormiu com a namorada do Tazuna.

Sakura arregalou os olhos. Idate estava com a expressão tranqüila e ao mesmo tempo com medo da reação dela. Seus olhos castanhos voltaram para a estrada.

–Depois disso o Tazuna se revoltou totalmente.

–Eu entendo...

Sakura não sabia exatamente o que pensar sobre isso. Não sabia se poderia sentir pena do Tazuna pela revolta de ter sido traído pela namorada e raiva do Sasuke por ele ter sido tão imprudente. Na verdade sentia raiva do Tazuna por ele estar querendo se vingar mesmo depois de dois anos do ocorrido. Ele deveria tentar recomeçar, procurar outra namorada e seguir com a sua vida ao invés de ficar tentando fazer mal ao Sasuke.

Mas ela mesma tinha que admitir que uma traição é realmente revoltante. Tazuna deveria ter muito ódio guardado e só descansaria quando ele fosse liberado sobre o Sasuke.

–Podemos ir ao cinema do shopping, o que você acha? – Idate percebeu que Sakura parecia ainda pior que antes. Com certeza não foi uma boa idéia contar a ela sobre o Sasuke.

–Podemos ir para outro lugar?

–É... eu também não estou com muita vontade de ir para o cinema. – Idate virou na próxima esquina e seguiu o caminho para o centro da cidade. – Ainda podemos salvar o resto desse encontro trágico.

***

Sasuke xingava Deus e o mundo enquanto dirigia. Por culpa de seu pai que pedira a ele para estacionar seu carro na garagem antes de sair, ele se atrasou e não pôde seguir o carro do Idate. Sua sorte, acreditava ele, era que sabia para onde Idate estava indo.

Porém quando chegou ao cinema, não havia nenhuma Ferrari vermelha no estacionamento. Sasuke deu voltas pelo estacionamento do Kunai Burgers e outro restaurante ali perto, talvez Idate não encontrara uma vaga no estacionamento do cinema e deixou o carro ali. Mas não estava.

Saiu do carro rosnando de tanto ódio. Suas mãos estavam vermelhas de tanto apertá-las.

Idate havia mentido. Levou Sakura para Deus sabe onde, enquanto garantiu à Yori que a levaria ao cinema.

Talvez estivessem em outro cinema, pensou ele com um pingo de esperança, mas esperava que não fosse esse o caso. Se ele tivesse mentido, com certeza aquele seria o primeiro e último encontro dele com a Sakura.

Entrou no carro e seguiu para o shopping. Procurou por uma Ferrari vermelha por todo o estacionamento e não encontrou.

Voltou para a estrada, rumo a outro shopping. Seus nervos estavam à flor da pele. Quando encontrasse o desgraçado do Morino, e principalmente se estivesse na companhia do Tazuna, ele iria se arrepender de ter nascido.

Seu celular vibrou sobre o painel do carro.

–Fala.

E Então? O que aconteceu?

Eles sumiram, porra! – Sasuke berrou apertando os punhos, querendo jogar o celular pela janela.

–Calma aí, teme! Como assim sumiram?

Sumiram! Não estão no cinema! Não estão no shopping! – Sasuke rosnou e trincou os dentes. – Se o Idate fizer alguma coisa a ela, eu vou matar aquele filho da puta!

Quer que a gente te ajude a procurar, teme? Vou ligar pro pessoal agora.

Sasuke não imaginava outra maneira. Se Idate e Sakura haviam desaparecido do mapa, era provável que Morino Tazuna estivesse envolvido. Era hora de agir.

Ele iria dar permissão ao Naruto, quando viu uma Ferrari vermelha estacionada no canto da rua, bem próxima ao Katana, aquela boate nova concorrente do Kusanagi, onde acontecera o aniversário do Kiba.

–Merda!

O que foi?

–Se eu precisar de ajuda, eu ligo de volta.

Sasuke desligou o celular e parou o carro no acostamento. Não queria estar se precipitando, por isso teria certeza se aquela era realmente a Ferrari do Idate. Aproximou-se do possante vermelho cautelosamente, pois havia uma fila de pessoas na calçada do Katana, não queria ser confundido com um ladrão.

O vidro do carro era escurecido, por isso teve que encostar o rosto na janela. Estreitou os olhos e conseguiu enxergar uma jaqueta jeans, a mesma jaqueta que Idate estava usando naquela noite.

Bingo!

Sasuke sentiu-se um pouco aliviado, mas ainda estava furioso. Se Idate aparecesse na sua frente naquele exato momento ele o mataria sem hesitar. Como aquele crápula tem a cara de pau de mentir para todos dizendo que levaria Sakura para o cinema, quando na verdade tinha a intenção de levá-la a uma boate para maiores de idade? Com certeza tinha alguma coisa errada. Talvez o plano de seu primo estava para acontecer ali.

Sasuke não sabia se Tazuna poderia estar lá dentro com eles, por isso ligar para os meninos não era exatamente a coisa certa a se fazer. Se Idate estivesse ali sozinho ele poderia muito bem dar conta dele.

Ele pegou o celular e discou um número que não estava exatamente em seus planos. O próximo passo, seria entrar na boate.

***

O Katana estava cheio naquela noite. Havia uma dança vibrante de luzes azuis na pista de dança, que estavam em sintonia com a música eletrônica comandada por um DJ.

Sakura e Idate estavam de pé ao lado de uma mesa separada da multidão dançante do Katana. Eles estavam de saída porque Idate havia percebido o desconforto de Sakura. Ele sabia que Sakura já estava diferente quando saíram da mansão Uchiha e depois do que aconteceu no cinema com o Tazuna, a situação só piorou.

–Eu sinto muito, Sakura. Não desejava que o nosso encontro fosse esse fiasco.

Sakura sentia-se muito mal por Idate estar se culpando daquela maneira. Ele se desculpava desde que deram as costas ao Tazuna. A culpada na verdade era ela. Sabia que não estava cooperando naquele encontro e Idate como era muito educado, havia percebido mas não disse uma palavra.

–Não se desculpe, Idate-kun...

–Não, a culpa realmente é minha. Eu deveria saber que o Tazuna cumpriria sua palavra de aparecer no cinema.

Os olhos castanhos a fitaram com ternura e Sakura só pôde se sentir ainda pior. Idate era muito gentil. E ela era uma falsa!

As esmeraldas procuraram outro lugar para olhar. Não tinha coragem de encará-lo.

Idate pegou na cintura dela e se aproximou. Sakura ficou tensa, as esmeraldas se arregalaram, voltando para o rosto dele.

–Vou te levar pra casa. Também não consigo me divertir nesse lugar barulhento. – ele sorriu para ela. – A gente pode marcar outro encontro. Planejá-lo melhor para que não seja um fracasso.

–É... boa idéia.

Idate ainda sorria. Seu rosto estava bem próximo do rosto da cerejeira. Seus olhos castanhos desceram para os lábios rosados, depois para as esmeraldas, se aproximando mais.

Sakura ficou confusa no momento, decidindo se diria para ele se afastar ou se o afastaria.

Idate fechou os olhos, agora bem próximo de seu objetivo, quando alguém o puxou pelos ombros e logo em seguida o atingiu no queixo com o punho.

O corpo do Morino foi jogado para cima da mesa pequena da boate, quebrando-a em pedaços.

–Filho da puta mentiroso!! – Sasuke avançava para o Morino novamente, mas foi impedido por dois garçons que estavam perto dali.

–Sasuke-kun! – Sakura arregalou os olhos assustada.

–Qual é o seu problema, Uchiha? – Idate se levantou limpando o sangue que saía da boca. Seu rosto estava contorcido de raiva. Só havia percebido que se tratava de Sasuke quando ouviu a voz dele. O soco fora tão forte que sua visão ficou embaçada por uns segundos. – O que está fazendo aqui? – perguntou ele entredentes.

–Faço a mesma pergunta! – grunhiu o Uchiha de volta, livrando-se dos braços dos garçons. – Você não deveria estar no cinema?

–E o que você tem a ver com isso?!

Sasuke avançou mais uma vez pra cima do Idate, mas foi segurado de novo pelos garçons.

Sakura estava apavorada. Os dois estavam descontrolados.

–Sasuke-kun! – ela se colocou na frente dele. Sasuke tinha os olhos fulminantes na direção do Morino. Sakura segurou no rosto dele para que ele a fitasse. – Saímos do cinema porque Morino Tazuna estava lá.

Sasuke olhou para baixo, ofegante, encontrando os olhos dela.

–E ele trás você para uma boate? – disse entredentes.

–Já estávamos saindo. – respondeu ela ainda segurando no rosto dele.

–Isso não importa. – retorquiu, voltando a fitar o Morino.

Sasuke tentou se controlar, livrando-se dos braços dos garçons que disseram chamar os seguranças se ele voltasse a brigar. Sakura tirou as mãos dele e se virou, ainda entre os dois.

–Então podemos ir embora agora. – disse ela aos dois.

–Vamos. – Sasuke segurou no braço dela e a puxou para perto dele.

–Nada disso, Uchiha. Eu vou levá-la. – disse o Morino segurando no outro braço dela também.

Sasuke rosnou e trincou os dentes. Iria dar um jeito naquelas mãos atrevidas do Idate quando foi interrompido por um dos seguranças da boate.

–Idate-san, sua Ferrari está sendo rebocada. – disse-lhe ele.

–O que?

–Estão rebocando neste exato momento.

–Mas que droga! – Idate soltou o braço de Sakura e ficou indeciso do que fazer. Não desistiria de levá-la para casa, afinal esta era sua responsabilidade. Mas seu irmão mais velho, o Ibiki, com certeza lhe mataria se o carro tivesse apenas um arranhão, daqueles bem pequenininhos que nem se dá pra notar, diga lá tendo o carro rebocado! – Sakura, espere por mim! Eu já volto! Eu já volto!

Idate saiu correndo pelo meio da boate esbarrando nas pessoas.

–Vamos. – disse Sasuke puxando a rosada pelo braço.

Eles saíram do Katana e avistaram no final da avenida, Idate correndo atrás do guincho que rebocava a Ferrari vermelha do seu irmão.

Sasuke soltou algo parecido como uma risada sob a expressão de raiva que ele fazia e Sakura o fitou.

–Você... fez isso, Sasuke-kun?

–Só tive que pagar duzentos dólares. – disse ele seguindo na direção do seu carro.

Sakura sentia-se indignada com a frieza dele. Depois do que Idate havia feito por ela... A forma como ele se culpava pelo encontro arruinado... Isso era tão... Tão injusto!

–Você não deveria ter feito isso! – disse ela seguindo-o até o carro. – Não foi justo com ele!

–Justo?! Sabe o que aquele desgraçado estava tramando com o primo? – Sasuke não queria se exaltar, mas estava ainda furioso.

–Absolutamente nada! – respondeu no mesmo tom sem hesitar. – Como eu disse a você, nós saímos do cinema exatamente por esse motivo. Tazuna planejava alguma coisa, mas o Idate se recusou e...

–Pouco me importa se ele recusou! Com certeza fez isso para conquistar sua confiança.

–Como você pode saber, Sasuke-kun? Você não o conhece!

–E você o conhece? – Sasuke deixava suas palavras saírem como um rosnado por entre seus dentes. Sakura estava defendendo aquele farsante desgraçado? Um estranho?

–Garanto que o conheço o suficiente. – Sakura sentia seu corpo tremer de tensão, nunca estivera tão irritada ultimamente como naquele minuto.

Sasuke se aproximou dela e abriu a porta do carro.

–Entre. – foi mais uma ordem que um pedido. Sasuke não a fitava nos olhos, seu rosto estava na direção da porta aberta do carro.

Conhece o suficiente?! Aquilo foi o fim da picada!

Agora o Uchiha se controlava para não explodir contra ela. Sabia que se abrisse a boca para dizer algo, acabaria dizendo o que não queria.

Sakura permaneceu no lugar, ofegante. Seu rosto estava contorcido e confuso. Era um misto de sensações.

Como Sasuke ousava fazer aquilo? Enquanto ela permaneceu sentindo-se mal por causa dele durante aquele encontro, era assim que ele retribuía? Ela esteve pensando nele a cada segundo daquela noite. Mesmo depois de saber o motivo da sua rivalidade com Morino Tazuna. Ficou um pouco magoada na verdade, mas tentava de alguma maneira não culpá-lo, não sentir nenhum ressentimento.

Porém agora, alguma coisa estava diferente. Ela pensava que o entendia. Pensava que compreendia os sentimentos dele, mas agora alguma coisa a dizia que ela estava enganada.

–Acho que é você quem não conheço. – disse ela ainda parada de frente para a porta que ele segurava.

Sasuke levantou seus olhos estreitos para o rosto dela. Uma veia pulsava na sua testa, enquanto sua boca estava crispada.

Sakura entrou no carro.

–Não, você não conhece. – murmurou friamente, sentindo o ódio lhe invadir mais uma vez.

Ódio de Morino Idate.

Aquilo estava acontecendo por culpa dele, obviamente.

Bateu a porta e depois entrou no carro também.

Sakura engoliu em seco, sentindo sua visão ficar embaçada.

Então quem era Uchiha Sasuke? Ele não era o garoto desprezado pelo pai, que para se sentir melhor subia até aquele belo mirante para ver as estrelas e se lembrar da mãe? Não era ele quem enxergava o mundo rico e poderoso dos Uchiha de outra maneira?

Quando o conheceu a primeira coisa que reparou em Uchiha Sasuke foi o seu egoísmo, sua frieza, sua imaturidade, sua ganância pelo dinheiro. Afinal todo o tempo que ele a aturava era por medo de perder sua herança.

Mas com o tempo ela percebeu que ele era muito mais do que aparentava ser. Por trás daquela carranca, existia uma pessoa sensível e carente. Sua verdadeira máscara era essa de riquinho esnobe que ele mostrava ter.

Agora Sakura estava em dúvida. Se ela não o conhecia, então o que Sasuke realmente estava fazendo? O que ele realmente queria dela? O que ele realmente sentia por ela?

Sasuke pisou fundo no acelerador do mustang. Seus olhos estavam estreitos na direção da estrada, sua mente um vulcão de pensamentos, a fúria fervendo dentro dele.

–Devemos ir atrás do Idate. – disse Sakura quebrando aquele silêncio mortal. Sasuke percebeu que sua voz estava dura, não havia mais nenhum vestígio de choro.

–Devemos? – perguntou entredentes.

–Já disse que foi injusto o que você fez. – Sakura o fitou ao seu lado, lembrando-se das primeiras discussões que tivera com Sasuke. Pensava que isso jamais aconteceria novamente, visto que estava apaixonada por ele e isso tornava tudo mais difícil. Mas agora estava pensando em Sasuke como antes de se apaixonar. Tentava vê-lo egoísta, fútil, um riquinho que não se importa com ninguém. – Posso me desculpar por você já que isso é um desafio para o seu ego.

Sasuke pisou no freio bruscamente e parou o carro.

–Se está sentindo tanto por ele, talvez eu devesse deixá-la aqui e você sozinha vai atrás dele!

–Ótima idéia! – Sakura retirou o cinto de segurança e se virou para abrir a porta, mas Sasuke a impediu.

–Sua irritante. – pisou no acelerador e voltou a correr.

Não estava em seus planos ser contra-atacado por ela quando a encontrasse com o Idate. Pensou que Sakura entenderia a sua preocupação, não que ela ficasse do lado do Morino!

Que merda! O que aconteceu com essa garota? O que o Idate disse para ela? Sakura podia ser ingênua, mas não era boba. Sasuke não conseguia acreditar que o Idate tivesse conseguido fazer a cabeça dela contra ele.

Com certeza ele havia plantado alguma sementinha na cabeça dela, que naquele momento a deixava confusa. Só podia ser...

Ambos em silêncio, inconformados com seus próprios pensamentos, avistaram a mansão Uchiha se aproximar. Assim que o carroparou na garagem, Sakura saiu e bateu a porta sem hesitar, porque sabia que isso deixava o moreno furioso. Bom, se fosse possível deixá-lo mais furioso do que já estava.

Sasuke permaneceu no carro segurando o volante o mais forte que podia, tamanha era sua fúria.

Idate ainda iria lhe pagar muito caro por isso.

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Continua...


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Notas finais do capítulo

Mil desculpas pela demora, pessoal... *Foge das pedradas, sapatadas, chineladas, tomatadas e tiros de bazuca.* =X Como a Amandinha avisou lá na comu o motivo, vou reforçar aqui para quem não viu. Minha net tirou umas férias prolongadas... Estou a ponto de enlouquecer!! =X E detalhe: estou postando numa lan house, que a propósito não pode usar nenhum tipo de dispositivo, inclusive um pendrive! Por isso pra não ser expulsa, já vou me despedir. No próximo capítulo, escrevo o nome do pessoal que recomendou Ai Chikara. Agradeço a todos pelo carinho e pela paciência!! *apanha* O capítulo 23 bateu o record de reviws! MAIS DE 60!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! *CAPOTA!!!!!* Muito obrigada a todos que acompanham Ai Chikara!!! Bjsss mil!!!

=Denny