Ai Chikara escrita por DennyS


Capítulo 20
Capítulo - XX - Dia estressante


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pela demora >.< *Leva um tiro de bazuca!!*



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Capítulo XX: Dia estressante

Tanto pavor para que aquele dia chegasse e finalmente ele chegou. Segunda-feira. O dia em que começariam as aulas no *Konoha Academy Secondary.

Fitou sua silhueta no espelho do corredor mais uma vez. O uniforme não muito diferente do que usava em Tóquio, agora parecia tão bonito no seu corpo que ainda perguntava-se se era por conta da maquiagem ou dos cabelos soltos. Talvez por falta dos óculos que usara todos esses anos escondendo-se atrás deles, pois afinal eles não faziam tanta falta agora, ela podia enxergar muito bem.

Continuou subindo as escadas até chegar em frente ao quarto de Sasuke. Bateu na porta que estava apenas encostada, porém o Uchiha não apareceu. Abriu a porta meio receosa, chamando baixinho pelo nome dele e quando se deu conta já estava dentro do quarto.

Era tão grande quanto o dela. Uma cama enorme encontrava-se no centro do cômodo. Haviam lençóis brancos emaranhados sob um edredom preto. Aliás, as cortinas eram pretas também, assim como os móveis, as portas do closet e o carpete. Sakura percebeu que aquele era o lugar mais escuro da mansão. Não imaginava que Sasuke gostasse tanto assim de preto.

Ele estava no banho, ela notou. Pensou que poderia esperá-lo do lado de fora, quando um porta-retrato sobre a cômoda chamou sua atenção. Estava virado para a parede, provavelmente ele não gostava de olhar para aquela fotografia. Como sempre fora muito curiosa, Sakura se aproximou da cômoda e pegou o porta-retrato prateado. Seus olhos encheram-se de brilho quando viu a bela fotografia. Sasuke aparentava ter uns cinco ou seis anos de idade, abraçado à sua mãe, tão linda quanto ela imaginava.

Sasuke estava tão sorridente, parecia uma criança tão feliz nos braços da mãe... Agora ela entendeu porque ele não queria ver aquela fotografia.

Lembranças ruins do passado...

–Sakura? - a voz do Uchiha soou aguda às suas costas fazendo-a pular assustada, como um bandido pego em flagrante. Ela se virou ofegante, os orbes arregalados e assustados fitaram a silhueta de Sasuke, coberto apenas por uma toalha envolta da cintura. - O que faz aqui?

Ela piscou os olhos tentando manter-se firme. Estava assustada por ele tê-la encontrado mexendo em suas coisas, ao mesmo tempo ruborizada por sua mente ter travado por conta da mais bela visão que poderia ter numa manhã de segunda-feira.

–G-Gomene, Sasuke-kun! Seu pai me pediu para vir chamá-lo.

Sasuke se aproximou cautelosamente da garota assustada ao lado de sua cômoda, depois abriu a primeira gaveta, retirando uma cueca de dentro dela. Sakura engoliu em seco quando se deu conta de que Sasuke estaria nu, se não fosse a toalha branca que lhe cobria a intimidade. Os cabelos molhados escorriam sobre o corpo desnudo do moreno, fazendo Sakura percorrer seus orbes ágeis pelo corpo másculo, seguindo o mesmo caminho que as gotas d'água faziam.

Ela mordeu o lábio inferior, depois o fitou no rosto. Sasuke a encarava sério, mas por dentro sorria maliciosamente por vê-la tão corada e constrangida pela presença dele.

–Ele acha que vamos nos atrasar... – disse ela acordando para a realidade. Desviou os olhos para o resto do quarto procurando qualquer coisa que não a inebriaria os sentidos. – Ele disse que você tem um certo costume de chegar atrasado na escola.

Sasuke a fitou com uma sobrancelha arqueada. Sakura estava muito nervosa nos últimos dias. Sempre murmurava alguma coisa com a mãe sobre o primeiro dia de aula.

–Por que está tão nervosa, Sakura? É só a escola. – Sakura voltou a fitá-lo.

–É fácil dizer quando você sabe que não receberá boladas de basquete na cabeça... – murmurou desviando os olhos novamente.

Não era exatamente isso que a incomodava. Não apenas isso, na verdade. A escola sempre fora um dos lugares considerado um verdadeiro campo de batalha para ela. Era como viver com insegurança por uma coisa tão infantil e estúpida como o seu relacionamento com outros jovens. Fazer novas amizades sempre foi um desafio para ela. O motivo? Ela jurava ser pela rapidez com que as pessoas a julgavam apenas por sua aparência. Uma coisa tão fútil e estúpida que ela aprendeu a ignorar durante a sua vida.

Então é isso... Pensou o Uchiha, fitando-a de canto.

Ele se aproximou com dois passos leves, colocando-se de frente para ela. Sakura interrompeu os pensamentos quando o sentiu perto e ao mesmo tempo que o seu coração bateu mais forte como um bumbo, ela prendeu a respiração perdendo-se nos olhos dele.

–Por que acha que eu vou deixar alguém dar boladas em você? – Sakura ofegou inerte, perdida no olhar negro e sério do moreno. Ele lhe deu as costas e seguiu na direção da enorme cama, enquanto a Haruno voltava a respirar regularmente.

Ela sorriu. Foi como se sentisse uma segurança reforçada ao seu redor quando imaginou Sasuke ao seu lado. Por que aquelas palavras simples fizeram-na perder um pouco daquela preocupação idiota?

Seguiu para a porta um pouco confusa, porém mais tranqüila.

–Sasuke-kun? – o chamou à soleira da porta. Sasuke a olhou por cima do ombro. – Arigatou...

***

O tempo estava fechado naquela manhã. A chuva que assolou a cidade no último fim de semana ainda não havia cessado. Caía uma chuva fina do céu, deixando os vidros do carro embaçados. As nuvens estavam cinzentas, escurecendo o dia e avisando que uma tempestade viria a qualquer momento.

Sakura parou de analisar o tempo quando avistou a escola se aproximar do lado de fora do vidro embaçado. Havia jovens do lado de fora, alguns perto dos carros estacionados, outros à soleira da entrada da escola, onde haviam duas portas enormes de madeira. A escola era enorme como um castelo medieval e tão bonito quanto uma catedral italiana. Sakura sorriu do exagero de sua comparação, mas sua paixão por monumentos históricos era de fato uma coisa exagerada.

Sasuke parou o carro no estacionamento ao lado da escola, depois eles saíram. Havia muitos alunos do lado de fora o que indicava que estava cedo. Satura logo reconheceu Ino e Hinata se aproximarem sorridentes e saltitantes. Temari e Tenten estavam logo atrás delas.

–Sakura!! – Ino a pegou pelo braço e logo Sakura viu-se cercada por elas cumprimentando-a todas ao mesmo tempo. Procurou por Sasuke e este já se juntara com os meninos na escadaria da entrada. – Vamos entrar! Esse tempo frio acaba com o meu cabelo!

Sakura sentiu seu estômago embrulhar dentro dela. Era uma ansiedade assustadora e incômoda que ela sentia. Por dentro tentava se acalmar, ordenando que aquele pavor acabasse, mas sempre que parecia ter esquecido, era atacada de novo.

Entraram na escola. Estava cheio, barulhento e quente. Sakura tentou se distrair com o lugar para esquecer aquele pânico pré-escolar, quando as meninas arrastaram-na para um canto perto dos armários.

Todas a fitavam de um jeito estranho, parecendo ansiosas ou nervosas.

–Como foi o seu domingo, Sakura? – perguntou Ino com um olhar suspeito. – Eu te liguei e sua mãe disse que você dormiu o dia inteiro.

–Depois de ter bebido tanto e voltar para casa às cinco da madrugada, era de se esperar... – murmurou Temari com um olhar mais calmo que o das meninas.

–Sua mãe te deixou de castigo? – perguntou Hinata. – Naruto-kun me contou que você estava muito mal, Sakura-chan.

Sakura olhou em cada rosto com um olhar confuso. O que tinha de errado com essas meninas?

–Na verdade... – começou ela com a testa franzida. – Minha mãe só me viu quando eu estava no banho às seis da manhã. Ela não percebeu que eu estava bêbada... Só com a aparência muito cansada.

–Que sorte! – disse Ino com um sorriso. – Meu pai me deixou sem mesada por um mês...

As meninas ficaram em silêncio, o que deixou Sakura ainda mais confusa. Elas olhavam umas para as outras, fitavam Sakura de canto e sorriam sem humor. O único barulho ali eram as vozes do resto dos alunos que andavam de um lado para o outro.

–Nós não vamos nos atrasar? – perguntou Sakura olhando receosa no relógio de Hinata.

–Ainda temos cinco minutos. – respondeu Tenten com aquele olhar estranho novamente.

Mil coisas passaram pela cabeça de Sakura tentando entender o que estava acontecendo. Será que ela havia feito alguma coisa?

–Mas que saco! Se vocês não têm coragem para perguntar a ela eu pergunto! – disse Ino com um olhar fulminante.

–Perguntar o que?

–Nosso domingo virou uma loucura, Sakura! – exclamou Ino. – E hoje não se fala de outra coisa nessa escola desde que a gente chegou!

–Não, Ino! Também estão falando da Sakura. – corrigiu Tenten.

–Mas do que vocês estão falando?! – perguntou a Haruno agora mais apavorada. A escola toda estava falando dela?

–Você foi a única testemunha que não mentiria. Onegai nos conte o que aconteceu naquela boate! – disse Temari com uma expressão melancólica. Era como se Sakura fosse a única que tivesse uma informação ultramente secreta de um artista famoso.

–Como foi que o Sasuke terminou com a Karin?

As meninas começaram a fazer perguntas ao mesmo tempo. Então Sakura entendeu. Provavelmente alguém da escola estava na boate naquela noite e espalhou o babado...

–Conte exatamente o que aconteceu! – disse Ino num tom mais alto. – É verdade que o Sasuke a chamou de vadia?

–Não foi de vadia, foi de prostituta e isso quando a jogou no chão. – corrigiu Temari.

–Claro que não! – retrucou Tenten. – Foi de uma coisa que eu prefiro não repetir.

–Mas quem disse isso? O Sasuke não a chamou de nada. – disse Sakura irritada pelos fofoqueiros que adoravam aumentar e piorar a situação.

–Eu disse pra vocês não acreditarem naquela tal de Kin. – disse Tenten de braços cruzados.

Novamente elas começaram a tagarelar ao mesmo tempo, quando Ino falou mais alto novamente.

–Deixem a Sakura nos contar o que aconteceu, caramba!

Todas a fitaram ansiosas. Sakura não entendeu por que elas queriam saber tanto daquela desgraça que arruinou a sua noite, mas não podia ficar calada.

–Esqueçam tudo que vocês ouviram. É tudo mentira. Não foi assim... tão humilhante o jeito que o Sasuke terminou com ela. – Sakura tentou medir suas palavras. Aquilo era mesmo verdade? Afinal ela se esqueceu da razão de ter bebido por vontade própria naquela noite? Mas claro que foi humilhante! Só não do jeito que as meninas pensavam.

–Afinal, por que a Karin bateu em você?

–Eu disse uma coisa que a aborreceu. Ela me acusou de tê-la afastado de vocês...

–Isso é típico da Karin! Adora acusar os outros pelo que ela mesma faz... – murmurou Hinata lembrando-se do tempo que conviveu com ela.

–Foi exatamente o que eu disse a ela. Disse que ela havia feito isso sozinha, então depois senti meus cabelos sendo puxados... – ela jamais contaria que o verdadeiro motivo não fora só esse. A única pessoa que poderia ter absoluta certeza do motivo da briga era a Hinata, embora ela não imaginava que Karin soubesse que Sakura estava apaixonada por Sasuke.

–A Karin deve ter ficado maluca. Ela nunca se envolveu numa briga que não fosse por causa do Sasuke... – disse Ino pensativa. As meninas concordaram com ela. – Temos que ter uma conversa séria com essa garota.

–Eu tentei ligar pra ela no domingo, mas ela não atendeu. – disse Tenten.

–Vamos resolver isso uma outra hora, porque...

–Não ouviram o sinal meninas? – Sakura olhou assustada para o homem que interrompera Ino. Era alto e moreno, um olhar vago e tranqüilo como se estivesse com sono.

–Inspetor Genma! – disse Tenten sorridente para o homem. – Não ouvimos o sinal...

–Porque ele não tocou, amiga... – Temari fitou o inspetor com uma expressão sarcástica. Odiava aquela criatura mais que qualquer outra pessoa. Não só por ele infernizar a vida dos seus irmãos encrenqueiros, mas por sempre colocar Shikamaru na detenção depois da aula só por cochilar numa aula chata.

–O sinal está atrasado, Akasuna. – disse ele no mesmo tom sarcástico.

–Então como queria que a gente o escutasse? – retrucou a loira desafiante, sorrindo sem humor para as amigas.

–Temari! Você quer ir para a detenção, sua maluca?! – Ino segurou no braço da amiga lembrando-a que desafiar o inspetor era castigo na certa. Temari sabia muito bem disso, porém não ligava a mínima.

O sinal ecoou pelos corredores quando Genma abriu a boca para murmurar alguma coisa. Ino arrastou Temari pelo braço, misturando-se à multidão de alunos e quando Tenten e Hinata tentaram fazer o mesmo com Sakura, foram impedidas pelo inspetor.

–Você é Haruno Sakura? – perguntou ele segurando a rosada pelo braço.

–H-Hai...

–Venha comigo. O diretor Koori-sama quer vê-la.

Sakura olhou uma última vez para as meninas, depois acompanhou o inspetor dentre a massa de pessoas que aos poucos se desfazia.

Em dois minutos o corredor em que eles passavam estava vazio e silencioso. Os poucos alunos que estavam nas portas, ao verem Genma se aproximar entravam nas salas tão rápidos que o inspetor não os via.

Sakura deixou um pouco da sua preocupação de lado quando começou a prestar mais atenção na sua nova escola. As paredes tinham cores vivas, como uma madeira pintada de um verniz bem brilhante. Era tudo tão elegante que parecia ser uma escola de arte. Os detalhes das paredes, o chão de marfim, todo o ambiente... Satura percebeu que lembrava o interior do Titanic! Não era à toa que essa escola era considerada a mais cara de todo o Japão.

–Espere aqui, onegai, senhorita. – Genma a deixou próxima a secretaria. Era um cômodo amplo e estava completamente vazio.

Sakura se sentou num banco estofado ao lado da porta onde uma placa avisava que era a sala do vice-diretor, mas a sua curiosidade não a permitiu que ficasse sentada por muito tempo.

Levantou-se e seguiu até uma parede repleta de retratos, todos emoldurados como se fossem obras de arte. Uma placa, bem trabalhada em madeira, indicava que aqueles eram os alunos de destaque no Academy Secondary.

Sakura reparou que havia muitos Uchihas naquela parede, inclusive o seu padrasto. Era possível todos da mesma família serem tão exemplares assim? Não houve um Uchiha sequer que não tivesse se formado? Nenhum que pretendeu seguir um caminho diferente do resto da família?

Aos poucos Sakura ia percebendo que os Uchiha oprimiam as pessoas, não apenas os que eles consideravam inferiores à sua linhagem, mas como seus próprios familiares. Temia por Sasuke ser obrigado a fazer uma escolha de plena importância na sua vida, que não fosse a que ele desejasse. Isso prejudicaria a sua felicidade, o seu futuro... Lembrou-se de Hinata naquela tarde em que ela desabafou tudo o que sentia a respeito do seu futuro acadêmico.

Ter alguém para decidir a sua vida, obrigá-lo a fazer uma coisa que você não queira é extremamente revoltante. Mesmo Sakura que muitas vezes faz por vontade própria algo que não a contenta, mas que deixa outra pessoa feliz, odiaria ter alguém que decidisse o seu futuro por ela.

–Não mudarei você de escola e ponto final! – uma voz grossa e irritada chegou até os ouvidos dela. Só então reparou que estava ao lado da porta da sala do diretor, que estava entre aberta, onde as fotografias acabavam.

–Eu não tenho nenhum amigo porque sou seu filho! Isso não é justo!

–Isto não é desculpa, Haku. Sua irmã tem muitos amigos nesta escola.

–Porque eles têm medo dela...

–Ora não seja ridículo! – a voz do que parecia com certeza ser a do diretor, aumentou o tom de irritação. – Não vou transferi-lo da melhor escola do país apenas porque não tem amigos! Preocupe-se apenas com os seus estudos! Amigos não te levam para lugar nenhum... Acha que não vai se formar ou ser aceito numa universidade de prestigio se não tiver amigos? O que acha que acontecerá?

A sala ficou silenciosa por um instante e Sakura esperou pela resposta do garoto. Sabia que ouvir conversa alheia era errado, mas o assunto chamara sua atenção. Por um momento assemelhou-se com o garoto que queria ter amigos. Sentia o mesmo na sua antiga escola pública, só que os motivos dela eram um pouco diferentes do jovem Haku. Sakura não era filha do diretor, apenas uma nerd mal vestida...

–Eu ficarei como o senhor. – ouviu a voz fina e jovem do rapaz que agora seguia para a porta.

Sakura correu na direção do banco estofado do outro lado, arrastando sua mochila e se sentou. Haku saiu da sala em passos rápidos e o diretor ficou à soleira da porta quando avistou a Haruno do lado contrário à sua sala.

–Você é Haruno Sakura? – ele a fitou com a mesma expressão brava de quando viu o seu filho sair pisando duro de dentro da sala. Era um homem de cabelos grisalhos apenas dos lados, encima sua cabeça brilhava como se tivesse sido polida. Tinha a pele pálida, os olhos eram tão azuis que pareciam um céu límpido.

–Sim, senhor.

–Venha ou vai se atrasar para a primeira aula.

Sakura adentrou a sala rapidamente e se sentou numa cadeia de frente para a mesa do diretor. Reparou que a sala era tão elegante quando o resto da escola. Porém era mais rica em detalhes. Tinham imensas cortinas na janela de trás da mesa, quadros de todos os tamanhos, até mesmo uma cópia perfeita da Monalisa, (se é que não era o verdadeiro) e muitos vasos e esculturas enfeitando o belo cômodo ao estilo dos séculos XVIII e XIX.

–Senhorita Haruno. – o diretor Koori sentou-se de frente para ela, depois de pegar uma pilha grossa de papéis. Sakura agora estudou a expressão que ele tinha. E acredite, não era uma das melhores. Era daquele tipo de diretor que coloca medo nos alunos. – Você deve saber que esta escola está na direção da minha família há anos, não?

Sakura sacudiu a cabeça receosa, um pavor inundou seu interior. O motivo? Bom, ela mentiu. Não ficou estudando a história daquele lugar. Estava preocupada com muitas outras coisas para perder seu tempo com isso.

–Bom, eu fiquei impressionado com o seu histórico, minha cara. – continuou ele fitando os papéis que estavam nas suas mãos. – Notas muito altas, bom comportamento, prêmio de melhor aluna... Mesmo impressionante senhorita.

–Arigatou, senhor...

–No entanto... – ele a fitou de um jeito tão fulminante que Sakura arregalou os olhos assustada. – Devo lhe avisar que popularidade é algo que contamina a nossa escola. Provocam brigas, intrigas, confusões... O que deixa sem dúvida, a melhor escola do país com uma fama injusta ao nosso nível acadêmico, prestigiado por gerações de todos os pais dos alunos desta escola.

Sakura franziu a testa. Quando ele pronunciou aquele “no entanto”, imaginou que o diretor houvesse feito uma pesquisa sobre a sua vida e descoberto que ela derrubara o seu antigo diretor de um palanque, depois que levou uma bolada na cabeça.

Mas o que ele queria dizer com tudo aquilo? Que Sakura era popular? Mas que idéia idiota!

–Gomene. Não entendi onde o senhor quer chegar. – disse ela fitando-o confusa. – Algum problema por eu ter vindo de uma escola pública?

–Não, minha cara. Muito pelo contrário. – o diretor a fitou pensativo, imaginando se Sakura precisava mesmo ouvir o que estava prestes a dizer.

Ele imaginou que Sakura lhe daria trabalho como Sasuke lhe dava. Não só por ele ser um garoto fútil que faz tudo o que mais lhe parecer conveniente e apenas do seu jeito, desrespeita os professores e tem uma certa rivalidade com um grupinho do mal daquele colégio, do qual já se meteu em muitas brigas. Mas também porque ele é um Uchiha e só por isso não fora expulso. O clã Uchiha tinha um poder absoluto naquela cidade, o que ele odiava. Quantas vezes já não levou Uchiha Sasuke para sua sala, depois de ter quebrado o nariz de outro aluno com um soco e ele não poder fazer nada porque ele era um maldito Uchiha? Sempre era obrigado a dispensar o garoto por ordem do pai dele.

Outra coisa que perturbava o diretor daquela escola famosa, era o fato de os Uchiha serem tão populares. Era isso que o incomodava em aceitar Sakura em sua escola. Mais uma Uchiha que viera para lhe dar trabalho. Assim que pisou os pés na escola naquela manhã, escutou o nome da garota. Não só os alunos falavam dela, como todos os funcionários daquele lugar. Até o faxineiro!

Kami! Como odeio a família Uchiha!

Sua esposa alegava que ele sentia uma certa inveja dos Uchiha. Fugaku estudou na mesma classe de literatura que ele quando o seu pai era diretor. Mas por quê inveja? Inveja por que ele era o filho do diretor sem amigos enquanto Fugaku era o mais popular, além de tudo, filho do dono de uma empresa petrolífera? Era praticamente dono da cidade, o mais rico do país, o galanteador das mulheres, sempre o melhor enquanto Koori Saito não era ninguém!

Não era inveja! Claro que não, ora bolas! Apenas raiva pelos Uchiha serem tão egoístas e acharem que são donos do mundo e de todos à sua volta.

–Eu não era popular na minha antiga escola, diretor. – disse Sakura interrompendo os pensamentos dele. – Na verdade, eu nem tinha amigos. Só me dedicava aos trabalhos, às provas, não tinha tempo para pensar em popularidade. – o diretor a fitou com uma expressão analítica. Sabia que Satura não era uma Uchiha autêntica, mas imaginava que ela poderia ser como eles. – Aqui não será diferente. Tenho um objetivo a alcançar e não quero que nada me atrapalhe. Só estou aqui para estudar...

Koori Saito a fitou mais uma vez curioso, ficando em silêncio por uns instantes. Sakura não era como ele imaginava. Quando a assistente do seu ex-colega de classe Uchiha Fugaku fora fazer sua matrícula, ele perguntou-se qual outra desgraça poderia lhe acontecer. Imaginou tantas desculpas para que Sakura não conseguisse uma vaga, pensou em tantas mentiras, que mesmo com medo do que o Fugaku pudesse fazer, ele não desistiria. Era como um castigo pelos Uchiha serem tão desprezíveis. No entanto não teve outra escolha senão aceitá-la, no meio do semestre. Era melhor que receber ameaças de algum Uchiha maldito!

Mas agora ele parecia mudar o seu conceito. Sakura tinha um olhar tão gentil, tão meigo e pleno, longe de ser como aquele olhar negro e misterioso de um Uchiha, que lhe dava o benefício da dúvida. Talvez ela não seria um problema.

–Muito bem, senhorita. – ele se levantou, a expressão agora estava mais calma. – Este é o seu horário das aulas da semana e a senha do seu armário. – ele lhe entregou duas folhas de papel quando Sakura se levantou também. – Seja bem vinda ao Konoha Academy Secondary. Tenha uma boa aula.

Sakura saiu dali ainda confusa. Aquele diretor não era de explicar muito as coisas. Que papo era aquele sobre popularidade?

Melhor não pensar nisso no momento. O que ela mais temia estava prestes a acontecer. Entraria numa sala cheia, atrasadíssima e ainda correria o risco do professor pedir que ela se apresentasse para a turma! Kami! Queria um saco para colocar na cabeça! Talvez a mochila servisse...

Procurou o número do seu armário. No papel indicava que ele estava no terceiro andar. Subiu as escadas e no meio delas, encontrou Ino conversando ao celular. Logo que a viu a loira se despediu da conversa e se aproximou da rosada para subirem as escadas juntas.

–O que você está fazendo aqui? Sua aula não começou?

–Eu estava te esperando.

–Sério?

–Claro! Assim tenho uma desculpa para chegar atrasada. Qual é a sua primeira aula? – Ino pegou o papel que ela segurava. – Ah! Que ótimo! Temos a primeira aula juntas! Cálculo com Asuma-sensei.

–Você não está na mesma classe que as meninas?

–O diretor nos separou. Aquele pouca telha disse que a gente fazia muita bagunça... A única aula que todas nos encontramos é na Educação Física.

Elas chegaram ao terceiro andar, onde ficava o armário da Haruno. Ela pegou o seu livro de Cálculo, então elas seguiram juntas para a sala do Professor Sarutobi Asuma.

Ino não parava de falar. Contava à Sakura sobre o inspetor que infernizava a vida dos alunos, o Genma, que além de chato era um tarado. Do diretor careca que era o demônio encarnado, assim como a perua da sua filha, a garota que ela mais detestava naquela escola e o seu filho, quieto e aguado, apelidado de roedor.

–Tenho tanto pra te mostrar, Sakura. Você vai adorar o ... – Ino foi interrompida quando sentiu seu corpo se chocar em outro. Sua bolsa cor de rosa caiu no chão junto com os seus livros e o seu celular. – Que droga! – seus olhos azuis procuraram o desgraçado que derrubou suas coisas com tanto ódio, que sentiu que bateria no infeliz. Porém desistiu assim que o reconheceu.

–Garota estúpida! Por que não olha por onde anda?! – ela sentiu seu coração bater mais forte quando ouviu sua voz. Imaginou que seria por causa da raiva, mas sua expressão não estava dura.

–Gomene, eu não vi você... – Sakura ficou surpresa quando viu a Yamanaka se calar diante de uma situação como aquela. O garoto a chamou de estúpida e ela não devolveu? Mas o que aconteceu com essa Ino? Bateu a cabeça?

–Por isso, olhe por onde anda! – ele a fitou com os seus olhos cor de jade fulminantes, as sobrancelhas juntas, depois continuou a seguir o caminho que fazia antes de esbarrar na loira, deixando as coisas dela espelhadas pelo chão, uma Sakura de boca aberta e uma Ino calada e sem ação.

–Mas que garoto grosso! – disse Sakura abaixando-se para recolher as coisas da amiga. – Quem é ele?

–Ele é irmão da Temari. – respondeu Ino sem muita vontade.

–Por que você de repente ficou assim?

–Assim como? – Ino pareceu voltar a realidade quando entendeu o que Sakura queria dizer.

–Deixa pra lá. Vamos logo pra sala antes que o Genma nos pegue aqui.

***

A manhã não parecia querer passar por vontade própria. Sakura encarava a chuva que caía forte do outro lado da janela, enquanto ouvia a voz melancólica que ecoava dentro da sala de aula, que estava muito quieta. Todos pareciam ter medo do professor de História.

Ele, aliás, era um tanto estranho. Tinha uma aparência pálida, os olhos profundos e misteriosos, os cabelos negros que cobriam parte do seu rosto, porém uma expressão calma. Sua voz era tão suave que chegava a ser fúnebre.

O que Sakura havia gostado nele, era o fato de não tê-la obrigado a se apresentar para a classe, como fizera Asuma-sensei na primeira aula. E o que não havia gostado, era que Ino, nem mesmo alguém conhecido estava naquela aula para lhe fazer companhia. Tenten e Hinata eram do segundo ano, mas pela falta de sorte não estavam nas mesmas aulas que ela. Temari era do terceiro ano, junto com Karin, os meninos, com exceção do Kiba, também eram do terceiro ano. Havia apenas rostos desconhecidos, que por sinal, não tiravam os olhos da rosada. Estava se sentindo tão incomodada que não conseguia prestar atenção no que o Orochimaru-sensei explicava.

Observou a chuva por mais alguns instantes, lembrando-se daquela madrugada chuvosa que caía sobre ela e Sasuke no meio de uma rua deserta. Tinha tantas lembranças daquela “aventura”, e isso a fazia agradecer mentalmente por não ter bebido a Álcool 100 naquela noite. Talvez além de não se lembrar de nada teria feito um strip-tease em cima de um balcão e isso não teria sido nada bom. Já estava sendo falada pela escola inteira e se alguém espalhasse uma coisa dessas, ela se enterraria viva.

–Senhorita Haruno! – a voz do professor bateu nos seus ouvidos como um tapa suave. Pelo tom, ele já havia chamado algumas vezes.

–Presente! – Sakura arregalou os olhos olhando atordoada para o sensei que estava encostado no quadro negro. As risadas dos seus colegas ecoaram pela sala, mas silenciara-se assim que os olhos amarelos e assustadores do sensei dirigiram-se até eles.

–A chamada foi feita à algum tempo, senhorita Haruno. Por que não está prestando atenção na aula?

–Gomene, sensei. – ela fitou o chão meio envergonhada, depois espiou o resto da turma. Kami! Que vergonha! Eu sabia que isso aconteceria...

–Não respondeu a minha pergunta. – os orbes esmeralda voltaram para a silhueta magra e pálida do professor à frente da sala. Qual era o problema com essa escola? Por que os professores, e é claro, o diretor não podiam ser normais? Ele queria saber mesmo o que ela estava pensando?

–Eu já conheço essa matéria, sensei. – foi o melhor que conseguiu, mas na verdade, era isso mesmo. Se fosse algo que não conhecesse, teria voltado toda sua atenção para o assunto.

–É verdade? – perguntou ele sarcasticamente. – Você é a garota que veio de uma escola pública, não é mesmo?

–Hai. – respondeu confiante. Aquilo nunca seria vergonhoso para ela.

Percebeu que os olhos do professor se estreitaram e logo ele desencostou-se do quadro negro e se aproximou de sua carteira com as mãos nos bolsos.

–Por que diabos, uma escola pública estaria ensinando um conteúdo tão abrangente que as instituições particulares estão anos luz avançados? Isto não pode ser verdade... Senhorita Haruno, pode?

–Bom... – Sakura pensou o momento necessário para o que fosse dizer à ele. Não queria faltar com respeito um professor, mas ser humilhada por vir de uma escola pública era algo tão repugnante, que mesmo sem coragem para se defender, ela ao menos tentaria. – Sem faltar com respeito, sensei, mas o nosso país tem um dos mais altos níveis de ensino do mundo. As escolas públicas hoje em dia podem ter uma má fama pela violência escolar, porém isso não muda o fato de que são boas em aprendizagem. Não duvido que a maior parte dos professores desta escola, estudou em escolas públicas e são excelentes professores, eu tenho certeza. Acho que o seu conceito sobre isso deveria mudar...

A sala foi envolvida por uma massa espessa de cochichos. O sensei encarou a rosada com um olhar curioso e profundo. Antes que ele pudesse abrir a boca para dizer alguma coisa, o sinal para a próxima aula soou aos seus ouvidos. Todos se levantaram dos seus lugares e saíram da sala, arrastando suas mochilas.

Sakura guardou os seus livros tão rapidamente que acabou se atrapalhando. Pegou a mochila ainda aberta e seguiu para a porta.

–Senhorita Haruno? – Orochimaru a chamou antes que ela pudesse alcançar a porta. Ela arregalou os olhos e virou-se lentamente para ele.

–H-Hai? – ele estava sentado na mesa, ainda com as mãos nos bolsos, olhando para baixo.

–Esqueceu sua caneta...

A garota olhou para a sua carteira com os olhos alarmados, depois pegou a caneta. Saiu da sala amaldiçoando-se por não ter ficado de boca fechada. Vai saber se esse professor maluco não fosse querer se vingar algum dia!

Pegou o papel onde estava o seu horário. Hora do almoço, finalmente! O dia estava muito longo, só haviam passado quatro aulas e todas chatas e cansativas. Onde estava todo aquele fervor em estudar? Onde estava toda aquela vontade? Havia sumido só por estar preocupada e pensativa nas aulas?! Mas que droga, Sakura! Esqueça isso! Não era só isso. Ela estava sozinha. Nem mesmo sabia onde o Sasuke poderia estar.

Foi até o seu armário no terceiro andar, caminhando em passos lentos pelo corredor. Parecia que os alunos abriram alas para verem ela desfilar entre eles.

Não estão olhando pra você!

Não estão olhando pra vocês!!

–Nossa, gatinha! Adorei o jeito que você enfrentou aquele idiota do Orochimaru! – disse um garoto loiro que a acompanhava pelo corredor.

–É mesmo! Você deixou aquele esquisito sem palavras! – disse outro do seu lado esquerdo.

Ambos começaram a tagarelar alguma coisa sobre o professor esquisito de História e Sakura apressou-se para o seu armário sem entender nada. Aquilo não era normal! Pelo menos para ela não.

–Arigatou... – sorriu sem graça, depois guardou os seus livros e foi procurar o refeitório.

***

Mais que dia chato e cansativo! Foi como ela imaginava que seria, só um pouco diferente do que esperava. Talvez no dia seguinte algo novo poderia acontecer e a faria se sentir melhor.

Mesmo se sentindo mal, coisas boas tinham acontecido. Ela não pagou um mico muito humilhante, não cruzou com Karin, na verdade nem vira o rosto da garota e não foi motivo de chacota para os alunos. Tudo muito diferente e ao mesmo tempo o mesmo que sentia na sua antiga escola. Que confuso!

Não queria levar mais tempo para pensar nisso. Os dias são sempre diferentes! Um dia se acorda feliz outro se acorda triste. Um dia se acorda com sorte outro totalmente azarado. Os dias são sempre diferentes, pelo menos agora que morava em Konoha, mas eram diferentes! Amanhã seria um novo dia e com certeza não se sentiria assim...

Estava na academia escura da mansão Uchiha, encarando a chuva do lado de fora dos enormes vidros fumê. Depois do jantar das nove e meia, e de ter que mentir para sua mãe que seu dia fora ótimo, fez o dever de casa aprontou-se para dormir, mas não conseguiu.

A chuva caía forte sobre o jardim da mansão. Era um barulho ótimo de se ouvir para pegar no sono, no entanto nem mesmo isso a faria dormir. Abraçou suas pernas e deitou a cabeça sobre o joelho.

Novamente a chuva trouxe a lembrança daquela noite. Como estava pensando antes de ser interrompida pelo sensei esquisito de História, respirava aliviada por não ter se esquecido de tudo. Mesmo que algumas lembranças fossem ruins, outras eram maravilhosas. Estar com Sasuke naquela madrugada chuvosa foi como a cena de um filme romântico.

Um raio cortou o céu, exatamente como naquele momento quando ela o abraçou. Tal lembrança a fez fechar os olhos para que se lembrasse melhor. As mãos dele que a seguravam e as suas trêmulas que o apertavam, esquecendo-se de tudo e lembrando-se apenas de que o amava e que se sentia segura naqueles braços...

Ela sabia que amá-lo era proibido, mas algo dentro dela estava contra isso. Ela queria amá-lo mesmo sabendo que não podia. Ela queria estar com ele de outra forma, não como sua irmã, mesmo sabendo que não podia, mesmo sabendo que era impossível.

Talvez impossível não fosse a palavra certa. Sabia que nada era impossível se ela acreditasse. Estar com Sasuke era errado. Errado é a palavra certa, porque não gosta de cometer erros. Não gosta de fazer escolhas erradas... Não gosta de estar apaixonada pela pessoa errada.

Por que Sasuke seria de alguma maneira a pessoa errada?

Não. Esta não é a pergunta certa. A verdadeira pergunta seria:

Por que Sasuke seria a pessoa certa?

O que seria certo para ela?

Sempre acreditou que o problema estava principalmente nela. Não só por sua aparência, mas pelo seu jeito diferente de ser.

Muitas vezes ignorada, muitas vezes desprezada, muitas vezes mal tratada... E agora por que tudo seria diferente? Sasuke poderia tratá-la da mesma maneira? Poderia corresponder à ela?

“Nunca amei garota alguma...”

Que droga! Por que estava pensando em tudo isso agora? O dia ruim trouxe à tona novas preocupações ou sua cabeça estava destinada a conviver com os problemas que tivera no passado não muito distante? Por que esse maldito passado não podia simplesmente morrer?

–O que está fazendo aqui? – Sakura olhou assustada para as sombras na direção da porta da academia. Não enxergava ninguém ali, mas sabia que era ele... Era o Sasuke.

–Sasuke-kun! Mas que susto! – aos poucos ele fora se revelando sob a penumbra. Sakura endireitou-se melhor na cadeira, os olhos ainda na escuridão, esperando que Sasuke aparecesse sob o fraco feche de luz que iluminava uma parte da academia. Sasuke usava apenas um moletom preto, estava sem camisa exatamente como naquela manhã quando Sakura o encontrou. Kami! Deveria desviar os olhos ou desmaiaria por segurar por tanto tempo a respiração.

–O que está fazendo aqui a essa hora, Sakura? – ele ficou ao lado dela de frente para o enorme vidro da academia. Os olhos negros fitavam a escuridão tempestuosa, as mãos nos bolsos, o rosto inexpressivo.

–Estou sem sono... – respondeu ela voltando a sua atenção para a chuva novamente, tentando ignorar os batimentos acelerados do seu coração.

–É quase meia-noite, acordamos cedo e você está sem sono? – os ônix continuaram firmes para fora da vidraça.

–Bem, na verdade não consigo dormir... Minha cabeça está cheia...

Sasuke a fitou de canto. Ele saiu de seu quarto para ir até a cozinha e viu o quarto de Sakura vazio. Procurou a rosada em cada canto da mansão e o último lugar em que imaginava encontrá-la, era onde ela estava.

Sakura havia voltado da escola com uma expressão que não era o seu normal. Sasuke agora a conhecia muito bem para saber quando ela estava mal. Sabia que naquele dia exatamente, ela não se sentia bem. Lembrou-se de quando a ouviu dizer a Ino que se sentiu sozinha naquele dia.

–A escola não me parece um motivo muito grave para encher a cabeça e não conseguir dormir... – murmurou o moreno voltando a olhar para a noite chuvosa.

–Eu sei, mas não é só isso que está me preocupando, Sasuke-kun... – Sasuke arqueou uma sobrancelha perguntando-se o que seria essa preocupação que retirara o seu sono.

–O que é então?

–Ah... Acho que você tem razão! É uma bobeira... – ela sorriu sem humor, levantando-se da cadeira. Como diria ao Sasuke que era por causa dele? Kami! Não podia nem imaginar uma coisa tão vergonhosa como se declarar para Sasuke. Preferia ter sua cabeça arrancada do corpo por uma bola de basquete do que levar outro fora humilhante. – Amanhã começará tudo de novo, tenho que estar preparada... Uma boa noite de sono vai ajudar a espantar um pouco desse estresse.

Sasuke continuou olhando para fora da vidraça quando Sakura ficou à sua frente. Os orbes esmeraldinos estavam brilhantes fitando os ônix negros, seus lábios formavam um sorriso delicado e sereno. Ela segurou nos ombros desnudos lentamente, as mãos trêmulas e inseguras. Ficou na ponta dos pés e aproximou-se lentamente do moreno sem retirar os olhos dos ônix. O que Sakura estava fazendo? De repente Sasuke sentiu o seu corpo ficar tenso, como se a presença dela eletrocutasse o seu corpo.

–Boa noite, Sasuke-kun... - era só isso o que ela queria: lhe dar um beijo de boa noite como ele fizera algumas vezes.

Seus lábios encostaram na pele alva de Sasuke, dando-lhe um beijo demorado e receoso. Ela quase não respirava. Sasuke fechou os olhos ao sentir aqueles lábios que o perturbavam nos seus sonhos. Sentiu o coração oscilar violentamente contra o seu peito, provando que aquilo não era um sonho. Era tão real quanto o perfume de cerejas.

Ah... O perfume... Sentiu o perfume da cerejeira desejando que ele nunca se esquecesse de como aquela fragrância era doce e deliciosa. Que o mundo acabasse naquele momento, que ele morresse naquele minuto, mas pelo menos estaria inebriado por aquele cheiro encantador e delicioso. Estaria junto daquela garota que aos poucos acabava com a sua sanidade a cada sonho, a cada olhar, a cada pensamento que a envolvia.

Sakura separou seus lábios do rosto dele e sabia que naquele momento já deveria estar longe, assim como Sasuke fazia depois de beijá-la. No entanto seu corpo não se movia. Já deveria ter passado pela porta da academia e talvez já descendo as escadas para o segundo andar, mas não... Estava com as mãos trêmulas sobre os ombros largos e tensos de Sasuke, com o rosto encostado ao dele sentindo uma corrente elétrica percorrer cada extensão de pele do seu corpo contra o dele. Sua cabeça estava vazia agora, como se Sasuke fosse a única coisa que importasse no mundo, como se ele fosse a única preocupação que acabava com o seu sono.

Sasuke retirou as mãos dos bolsos do moletom e segurou delicadamente na cintura da rosada. Sentia o corpo delicado colado ao seu, totalmente inerte, trêmulo e tenso como se não tivesse forças para se mover.

E de fato não tinha. Sakura ofegou de olhos fechados quando sentiu a respiração quente de Sasuke soprar no seu rosto. Não se atreveria a abrir os olhos nem a dizer uma palavra, muito menos imaginar o que aconteceria depois. Apenas desfrutou daquele momento, daquelas sensações demasiadamente prazerosas, dos toques quentes e molhados da boca do Uchiha contra a sua pele...

Sasuke desceu os beijos lentamente pelo pescoço dela, retirando o cabelo que o impedia de descer mais. Não havia mais controle, não havia nada para impedi-lo. Nada nem ninguém. Era o que ele queria. Queria Sakura e ninguém mais.

Ela sentiu seu corpo se contorcer depois que a língua ávida e lasciva de Sasuke provou um pouco da sua pele. Sasuke abriu os olhos e a fitou satisfeito, alegre por aquilo não ser apenas um sonho. Apertou mais forte o corpo dela contra o seu, depois finalmente seus lábios procuraram os dela. Roçou naquela boca que o deixava louco, provou daquele gosto delicioso com cautela, com ternura. Deixou que Sakura também procurasse por ele.

E assim aconteceu. Ela subiu suas mãos até o pescoço dele, ficando na ponta dos pés mais uma vez, o beijou. Seu corpo, sua mente, sua alma... Sentia que entregaria tudo à ele se Sasuke simplesmente a pedisse. Tudo por causa daquele beijo, por causa daquelas sensações maravilhosas, por causa daquele amor que sentia por ele...

O beijo foi tornando-se mais urgente, mais sedento de desejo. As línguas já se entre laçavam em sintonia, uniam-se de maneira única, saboreando o tanto que fosse daquele deleite. Logo as mãos tornaram-se mais ousadas. Sasuke apertava com vontade a cintura fina, enquanto Sakura apertava os fios negros. Ela estremeceu, sentiu um calafrio quando Sasuke a tocou por baixo da blusa do pijama. Não, mais que isso! Era uma sensação totalmente nova, pois seu corpo agora adquirira um calor insano e ardente.

Sasuke estava em perfeito êxtase tanto quanto ela. Deu dois passos para frente encostando o corpo que o enlouquecia na parede de vidro, sem separar os seus lábios.

Ambos sem preocupações, sem razões para ter medo, sem motivos para parar com aquele ato de prazer e ao mesmo tempo considerado uma loucura, algo proibido e errado.

Não errado.

Poderia ser proibido, mas nunca errado. Afinal ambos se amavam, só não tinham ainda consciência disso.

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*Konoha Academy Secondary = Academia Secundária de Konoha. (fui eu quem pensou nesse nome maluco :p)

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Continua...


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Notas finais do capítulo

Será que depois desse beijo a Sakura ainda terá dúvidas do que o Sasuke sente por ela?? O.O Espero que não...



Kami! Que saudade de vocês!!! XD



Espero que não tenha ninguém querendo me esganar, por isso vou me desculpar mais uma vez!! ME DESCULPEM!!!



Nesse capítulo aconteceriam muito mais coisas estressantes, mas de estressante já basta os dias da minha vida... hehehehehe Por isso o aparecimento de mais alguns novos personagens ficarão para o próximo capítulo... XD



Agradecimentos especiais:



Uchiha Mary



Pami-chan



Wryst e



Rafa-chan!



Que recomendaram a fic e fizeram essa autora baka aqui mais feliz!! ^.^



Bjuss a todos e muito obrigada mais uma vez!!!



P.S. Mandem um salve bem dado pra Phoenix!!