Ai Chikara escrita por DennyS


Capítulo 19
Capítulo - XIX - Mergulhando no Abismo Parte 2




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Capítulo XIX: Mergulhando no Abismo [Parte 2]

Mais do que sentir uma pontada de culpa, tantas vezes sentida desde que Sakura surgira na sua vida, Sasuke odiava se sentir ansioso, confuso, irritadamente pensativo, incomodado com algo do qual não sabia exatamente o que era e principalmente inerte. Sem ação. Sem saber o que fazer a respeito de estar louco pela sua meia-irmã.

Aquilo não o incomodava mais cedo_retirando aquele sonho intenso e volupto da última noite_, porém depois que Sakura fugiu daquela maneira, ignorando seus toques, o evitando exatamente do jeito que o evitou depois que dormiram juntos naquele quartinho de hotel, algo se despertou dentro dele como um clarão repentino. Sabia da sua vontade insana em tê-la de qualquer maneira, porém havia algo mais nisso.

Ele não se dera conta, naquela droga de restaurante que estava apaixonado por ela? Então por que estar desconfiado de si mesmo? Desconfiado que a deixaria de lado, que esqueceria seu nome como muitas outras garotas depois de uma noite divertida! Isso não iria acontecer!

Que droga! Como pude pensar nessa possibilidade? Que idiota!

Se estava de fato apaixonado por ela, nunca faria isso! Não tinha nada a temer. Afinal, nunca esteve apaixonado antes, porém sabia exatamente como Naruto trata a namorada. Estava cansado de saber como ele ficava se alguém ousasse falar o que fosse, ofensivo ou não de Hinata. Quantas brigas Naruto já não enfrentou por ela? Até com o primo que não o permitia ficar à menos de um metro da Hyuuga no passado antes deles se conhecerem melhor. Sempre a protegendo, sempre cuidando dela... Era exatamente assim que se sentia a respeito de Sakura. Além de toda aquela atração, havia algo diferente. Sentia-se na obrigação de estar ao lado dela, porque sua presença antes de mais nada, era algo tão reconfortante que ponderava a dúvida de ainda conseguir sobreviver sem ela.

Sasuke desencostou-se da parede onde estava seu canto reservado_estava ali desde que Sakura o deixou. Adentrou a multidão para procurá-la.

Ele fora idiota ao concluir que faria isso à ela. Não tentaria pressioná-la, muito menos procurar saber o que ela sentia por ele. Apenas tentaria se acalmar, segurando um pouco seus instintos descontrolados. Esperaria o momento oportuno, a hora certa de agir. Talvez para ter certeza dos seus sentimentos, talvez para esperar algo da Haruno. Absoluta certeza do motivo ele não sabia, apenas deduziu que seria melhor assim.

Avistou uma cabeleira loira espetada no meio das pessoas que dançavam na pista de dança. Era o Naruto, empurrando os homens que estavam no seu caminho segurando a mão de Hinata.

–Naruto! - sua voz ficou abafada pela música alta. Correu na direção do amigo, empurrando mais algumas pessoas. - Naruto! - O Uzumaki continuou a passar dentre as pessoas puxando Hinata com ele.

A morena notou o Uchiha chamando pelo loiro, então ela o parou. Naruto olhou alarmado para Sasuke, parando no meio das pessoas dançantes esperando ele se aproximar.

–Vocês viram a Sakura? - gritou ele para os dois. A música estava tão alta que era difícil até ouvir o próprio pensamento. Sasuke teve que repetir a pergunta algumas vezes mais alto.

–NÃO! - respondeu o loiro assim que o entendeu. Hinata balançou a cabeça. - TEME PRECISO DO SEU CARRO!

–O QUÊ?

–PRECISO DO SEU CARRO EMPRESTADO! É UMA EMERGÊNCIA!

Nunca que Sasuke fosse emprestar seu El Diablo para o Naruto e para quem quer que fosse. Mas os olhos alarmados do loiro o preocuparam. Parecia de fato uma emergência e ele sabia que Naruto viera de carona com o Shikamaru e Hinata, provavelmente com uma das meninas.

Ele pôs a mão no bolso e retirou as chaves para o amigo sem perguntar que emergência era essa. Naruto parecia com muita pressa.

–TE TRAGO DAQUI A POUCO!

Naruto virou as costas com a namorada, voltando a empurrar as pessoas da pista de dança. Sasuke fez o caminho contrário, voltando a procurar por Sakura.

***

Karin?

O que foi mesmo que ela disse?

Perguntou-se Sakura fitando a ruiva confusa.

–Eu sei exatamente o que você planeja, sei exatamente o que você quer, o que sente, sua invejosa!

Sakura se levantou do sofá ainda fitando-a com o cenho franzido.

–Do que... Do que você está falando?

–Você quer roubar o meu lugar no grupo! Você os mantém afastados de mim! - a ruiva deu um passo até ela alterando a voz. A cerejeira deu um passo para trás sentindo o sofá bater em suas pernas.

Karin havia ido ao banheiro quando ouviu o que Sakura dizia ao Neji e à Tenten. A intensidade com que a cerejeira pronunciou cada palavra, a deixou com a pulga atrás da orelha. Mas quando voltou encontrando Sasuke acariciando o rosto dela, coisa pela qual ele nunca, jamais fizera com ela em hipótese alguma, teve absoluta certeza de quem Sakura se referia ao “ver quem você ama com outra pessoa”. Lembrou-se do olhar tímido, daquele nervosismo quando Sakura chegou ao balcão, encontrando Sasuke ao lado dela. Tudo começou a fazer sentido... Sakura não queria apenas aniquilá-la do grupo, mas também acabar com o seu namoro!

–Você não parece bem. Melhor procurar uma das meninas e...

–Pare de se fazer de mal entendida! - Karin a fuzilou com o olhar, os punhos cerrados, os lábios contraídos, ardendo pelas palavras que sairiam deles. - Você... está apaixonada pelo Sasuke!

O coração da Haruno bombeou o sangue com mais rapidez. Aquelas palavras provocaram uma reação ainda maior que as mesmas palavras ditas pela Hinata naquela tarde. Foi como um choque, depois um embrulho desagradável no estômago.

–O q-que... O que v-você disse? - tentou deixar suas palavras o mais firme possível, mas não conseguiu. Karin percebeu o seu deslize, mudando sua expressão de fúria por uma sarcástica.

–Acha que eu não notei? Eu sou uma garota apaixonada também, no fim das contas! Sei exatamente como perceber uma coisa assim...

–Eu insisto que você não está bem... - interrompeu, dessa vez com mais firmeza na voz. - Está tentando me culpar por alguma coisa que está sentindo e isso é perfeitamente normal... - deu dois passos até Karin, depois passou por ela. - Eu... sinto muito por seus pais...

Algo dentro de Karin explodiu com tanta voracidade, que antes que Sakura pudesse passar por ela, a puxou por seu braço deixando-a de frente para o seu corpo novamente.

–O que você sabe da minha vida, sua patética? - perguntou furiosa. A expressão tão dura que parecia sentir dor. - O QUE SABE SOBRE ISSO? VOCÊ NÃO ME CONHECE!

–Exatamente! - Sakura a interrompeu, não sentindo medo daquele ataque de raiva por parte da ruiva a intimidar. Ela deixou de lado sua expressão assustada e uma furiosa tomou conta de seus sentidos. Algo talvez nunca sentido antes. - É exatamente isso! Eu não a conheço e o mesmo digo à você! Como pode saber o que eu quero? Como pode saber que desejo roubar o seu lugar no grupo? Como pode saber o que eu sinto? - Sakura se retraiu na última pergunta, pois tirando o que sentia por Sasuke, o resto era mentira. - Para você sou apenas uma fracassada que se infiltrou no mundo dos “populares”... - disse a última palavras entredentes. Na sua antiga escola essa palavra a atormentava. Amoleceu um pouco a expressão, olhando nos olhos ardentes de fúria que a fitavam. - Você não pode tirar suas próprias conclusões sobre mim.

Karin procurava as palavras certas na sua cabeça. Como se calara? Vamos diga alguma coisa! Ela ordenava dentro da sua cabeça, no entanto não sabia o que dizer.

–Você se afastou sozinha. - completou Sakura ainda fitando nos olhos dela. - Por um motivo fútil e egoísta, eu imagino. Algo que eu ainda tento entender...

–CALE ESSA BOCA! - ela o interrompeu. Seus gritos chamavam atenção para elas perto do enorme sofá de couro branco, ao canto do amplo salão. Karin deixou-se ser dominada pela raiva. Suas mãos tremiam descontroladamente, enquanto ela avançava um passo largo para perto da Haruno.

Suas mãos avançaram brutalmente para Sakura, puxando seus cabelos róseos, depois arrancando a manga do vestido preto que ela usava.

Sakura não conseguia mais raciocinar, nem pensar em nada plausível para o que estava acontecendo. Apenas dava lugar a dor de seus cabelos sendo puxados, uma ardência estranha nos seus braços e em seu pescoço e os gritos ao redor delas.

De repente sentiu alguém puxar os braços de Karin de cima dela e seus corpos serem separados. Ergueu a cabeça atordoada, a visão embaçada pelas lágrimas que se formavam, notando que havia uma multidão à sua volta.Inacreditável como um lugar que estava tão vazio, encher de pessoas apenas por uma briga de mulheres em questão de segundos!

–O que vocês estão fazendo? - perguntou o homem que as separou. Sakura o reconheceu. Era o Shino, amigo que Sasuke quebrara o nariz.

–Que pergunta mais estúpida! - Sakura seguiu o som da voz dela. Karin estava ofegante, o ódio ainda fluía dos olhos dela, os punhos cerrados, tentando se libertar de Shino.

–Agora já chega e é para o seu próprio bem. - disse o Aburame sabendo que Sasuke não gostaria nem um pouco daquele descontrole da ruiva.

As pessoas, muitas delas praticamente bêbadas, faziam piadas, gargalhavam, incentivavam que elas começassem a brigar de novo, alguns pediam que Shino soltasse a ruiva que ainda estava ardendo de raiva.

Sakura aproveitou o momento para olhar em seu corpo. Pôs os cabelos de volta ao lugar, mas não exatamente como estavam bem arrumados num penteado. Seu ombro estava desnudo, pois Karin rasgara a manga. E o que ardia nos seus braços eram arranhões, uma porção de linhas avermelhadas, mais no braço esquerdo e numa parte do pescoço. Teria que inventar uma desculpa bem bolada para sua mãe.

–O que está acontecendo aqui?! - Sakura reconheceu a voz do Uchiha saindo de dentro da multidão. Seus olhos pararam em Sakura, com os cabelos bagunçados, o vestido rasgado e uma expressão de choro. Depois fitou a ruiva.

Assim que o viu, Karin retirou sua expressão furiosa, deixando o corpo menos tenso e se soltando de Shino que ainda a segurava.

–S-Sasuke-kun! - disse ela assustada.

Shino se retirou, misturando-se às pessoas que pareciam agora não darem muita importância para o que acontecia.

–Que merda você fez? - perguntou à ruiva entredentes, fitando-a com os olhos tão furiosos quanto os dela à segundos atrás. Karin abriu a boca para dizer alguma coisa, porém nada saía de seus lábios. Sasuke se virou para Sakura, notando os arranhões por seus braços.

–Eu só... - Karin tentou dizer alguma coisa, mas recebeu um olhar mortal do Uchiha, calando-se assim.

Ele se aproximou de Sakura. Os olhos marejados borraram um pouco a maquiagem dos olhos. Sasuke sentiu a raiva fluir tão forte do seu corpo que o fez ter absoluta certeza de que não agüentaria segurá-la dentro dele.

–Você ficou louca?! - ele fitou a ruiva mais uma vez. - Por que fez isso?

–Sasuke-kun, você não sabe o que ela...

–Não me interessa o que ela fez! - Sasuke a interrompeu, se aproximando da ruiva em passos duros. Não importava o que Sakura havia feito para ela agir daquela maneira. Na verdade o que Sakura poderia fazer para tomar uma surra? Nada! Absolutamente nada! - Ainda me pergunto por qual razão ainda aturo você! - ele tratou de mandar a boa imagem de Uchiha para o inferno. Afinal não era por isso que ainda estava com Karin?

Os olhos de Karin amoleceram como se recebesse uma pancada no estômago. Sakura a fitou, percebendo como o corpo dela se contraía e os seus olhos se enchiam de lágrimas.

–O q-que você quer d-dizer? - Karin já estava aos soluços. Sakura percebeu que a platéia da briga voltava a comando de um idiota que berrou para eles o que acontecia. “Alguém ‘tá levando um fora!” alertou ele fazendo muitos voltarem.

–O que você ouviu! - cuspiu. Ele fez uma expressão sarcástica, uma carranca que Karin conhecia muito bem. - Você é uma garota tão fútil, algo tão repugnante que jamais sentiria falta se desaparecesse... - a platéia fez um “Uuu” em coro que não passou despercebido pelos olhos molhados da ruiva.

Sakura sentiu uma pontada horrível no peito quando todos começaram a rir e Karin olhou à sua volta alarmada e desesperada pela humilhação. Aquilo era tão familiar para ela, que parecia um pesadelo revivido em outra pessoa.

–Sa-Sasuke-kun, o-onegai.... - ela tentou ignorar as gargalhadas segurando no braço do Uchiha. - Não p-precisa acabar...

–Para mim já acabou a muito tempo! - ele se soltou dela. As gargalhadas e gritinhos estavam por toda parte, menos Sakura. Ele procurou por ela chamando seu nome, mas ela havia desaparecido de vista outra vez.

Adentrou a multidão, recebendo tapinhas nos ombros e aplausos quando passava, o que ele ignorou. Seus olhos estava procurando por algum sinal de Sakura dentre o salão iluminado de rosa. Quando estava perto das escadas, ainda pôde ouvir os gritos de Karin, mandando os expectadores calarem a boca.

***

Sakura chegou ao primeiro andar rapidamente. Ainda pasma e ofegante, só percebeu que estava chorando quando se sentou numa mesa vazia e apoiou a cabeça nas mãos.

Aquilo fora uma coisa horrível de presenciar. Ainda enxergava a dor que transparecia nos olhos de Karin, tal dor que podia se lembrar de como era terrível senti-la. Talvez não fosse a mesma, pois além da humilhação, Karin estava sendo “chutada” pelo namorado, em palavras tão duras, que parecia ser o típico do Uchiha carrancudo que ela conhecera.

Quando passou por uma situação parecida, foi humilhada na frente de todos da sua classe, pelo tal capitão do time de basquete. Aquilo fora uma das piores coisas que já lhe aconteceu, a pior humilhação de sua vida. Ainda podia ver os rostos gargalhando maldosamente sobre ela; podia escutá-los nas vozes daquelas pessoas do terceiro andar da casa noturna. Uma coisa tão dolorosa, tão terrível que jamais desejaria para alguém_até mesmo para a garota que acabou de agredi-la, arrancando seus cabelos e pigmentos de sua pele.

Karin talvez não merecesse isso, pensou ela. Devia estar passando por alguma coisa tão difícil e agora seu estado pioraria depois disso.

Droga! Isso foi culpa minha!

Um garçom passava ao seu lado com uma bandeja e Sakura estendeu a mão pegando a bebida que ele levava. Tomou tudo num só gole, fazendo uma careta quando o líquido desceu queimando sua garganta.

–Pode me trazer mais um, onegai? - o moreno, muito musculoso para falar a verdade, sorriu depois voltou ao balcão.

O que ela estava fazendo? Beber era a coisa mais horrenda e pecaminosa da sua lista negra! Sakura estava ficando maluca?!

Dois copinhos de vodka não matam ninguém! Retrucou ela para sua própria consciência. Dane-se!

Naquele momento o buraco parecia mais fundo. O abismo foi mais uma vez cavado e ela estava bem no fundo, onde ninguém poderia retirá-la, nem ouvir seu pedido de socorro!

Queria na verdade esquecer daquelas lembranças amargas, recentemente libertadas ao presenciar Karin ser pisoteada no meio daquele salão. Faria qualquer coisa, até mesmo matar alguns neurônios se isso a fizesse a esquecer.

O garçom, pomposo e sorridente, lhe trouxe a bebida sem perguntar se ela podia beber ou não, depois saiu para atender outras mesas. Dessa vez Sakura tomou o copo de vodka com mais calma. A cada gole sentia sua garganta ser rasgada pelo líquido ardente. Tinha total consciência do que estava fazendo, mas não parou até ver o fundo do copo vazio.

–Acho que já chega! - murmurou ela, mas já era tarde. Já sentia sua cabeça tombar para o lado, tudo à sua volta girar lentamente, uma sensação de liberdade dentro de si, expandir-se. Como era fraca para a bebida! Só dois copos e já estava tonta!

–Olá, você está bem? - percebeu que um homem sentou-se ao seu lado na mesa onde estava. Procurou o rosto dele com um pouco de dificuldade e quando o encontrou, viu que era um ruivo sorridente porém com a expressão preocupada.

–Eu não pareço bem? - perguntou com a voz embargada, os olhos semicerrados procurando por uma visão que não se mexia.

–Sinceramente não... - ele se aproximou, colocando a cadeira mais perto dela, depois tocou levemente na manga rasgada de seu vestido preto. - Alguém te atacou? - perguntou agora mais preocupado, notando as marcas vermelhas no pescoço pálido da cerejeira.

–Sim... - respondeu desviando os olhos semicerrados. Estava vendo dois ruivos na sua frente.

O rapaz endureceu os ombros debruçando-se sobre a mesa.

–Quem? Você precisa chamar os seguranças, vamos até...

–Não! Não, você entendeu errado... - Sakura começou a gargalhar sem entender muito bem o motivo, depois fitou o homem alarmado à sua frente, talvez achando ela uma maluca sem noção, mas na verdade ele sabia que era por causa da bebida. - Foi a namorada do meu... irmão. - completou a frase quando cessou o ataque de risos, substituído agora por uma dor muito incômoda.

–Você está bêbada. Não acha melhor chamar alguém que...

–Eu não estou bêbada! - retrucou um pouco irritada, batendo o punho na mesa. Ela tentou se levantar, cambaleando de volta para cadeira, quase se desequilibrando quando o ruivo a segurou.

–Está bem, fique calma! - ele a sentou de volta, aproximando-se novamente. Sakura estava completamente tonta, ele notou. Os orbes verdes pareciam desnorteados, girando, às vezes se fechavam fortemente. - Qual o seu nome? - perguntou ele sorrindo. Sakura abriu os olhos e procurou o rosto dele novamente.

–Sakura...

–Sakura... Que nome lindo...

–Não vai me dizer o seu? - Dá onde está vindo todo esse atrevimento? Maldita bebida!

–Me chamo Sasori.

–Também é um nome bonito... - desviou os olhos para o meio da boate, depois os fechou. Se tivesse alguma coisa no seu estômago já teria colocado para fora, com certeza. Como passou o dia inteiro com as meninas, não teve tempo de comer praticamente nada, pois sanduíche de tofu, não conta como comida (receita da Ino, a vegetariana do grupo). Poderia ter se entupido de tofu que ainda sentiria um vazio no estômago.

–Me conta por que a namorada do seu irmão te fez isso... - o ruivo cortou o silêncio, fitando a rosada tão intensamente que se ela não estivesse bêbada ficaria muito, muito corada.

–Agora é ex-namorada...

–Ah... Acho que entendi...

–Nossa! - Sakura deu um pulinho da cadeira. - Você é rápido! Acho que não preciso dizer mais nada...

Sasori sorriu.

–Quantos anos tem, Sakura? - perguntou ele ainda sorrindo, fitando os orbes verdes que olhavam para longe. - Acho que não deveria estar aqui...

–Como você poderia saber?

–Concordo que você pode enganar a qualquer um com sua beleza de garota mais velha, no entanto... - Sakura o fitou quando ele hesitou, parecendo um pouco mais interessada na conversa. - Acho que você é uma menina no corpo de uma mulher...

Mesmo bêbada Sakura notou que aquele olhar a fez corar totalmente. Seus olhos se arregalaram, depois fitaram o homem, que só agora reparou, que aparentava ser um pouco velho demais para ela. Ela franziu o cenho.

–Isso é uma coisa ruim?

–Claro que não... - ele sorriu novamente.

–Como você pode saber disso? Você só me conhece à uns... Dez minutos?

–Gomene... Eu às vezes sou muito analítico nas pessoas que chamam minha atenção.

Sakura sentiu seu rosto ficar mais quente que o normal, como se estivesse de cara para uma fornalha.

–Eu... Eu chamei sua atenção? - era estranho que ela estivesse pasma? Não, pois estava de fato pasma! Como sua vida deu uma reviravolta! Afinal quando que ela imaginou um dia estar bêbada numa boate para maiores de vinte e um anos, enquanto ela só tem dezessete, sentada numa mesa com um homem muito bonito, depois de ter sido agredida descabeladamente e cheia de arranhões, para ouvir desse homem bonito que ela chamara sua atenção? Nunca!

–Por que a surpresa? - ele arqueou uma sobrancelha ainda sorridente.

Sakura não soube o que responder. Se ela contasse tudo o que passava pela sua cabeça, como a sua mudança de visual, como a sua antiga vidinha em Tóquio com a avó, onde nunca imaginava sair dela e principalmente estar ali, seria uma conversa muito longa.

Ela abriu a boca para dizer qualquer coisa, porque Sasori a encarava esperando sua resposta, quando ouviu uma voz aguda porém suave às suas costas.

–O que você acha que está fazendo? Eu disse para você me esperar no balcão.

–Sinceramente, - disse Sasori se encostando na cadeira e fazendo uma carranca. - o que queria que eu fizesse enquanto você troca saudações com aquele depravado do Hidan? - encarou o homem rijo de semblante sério atrás de Sakura com os olhos estreitos. - Só estava me distraindo, Itachi.

Sakura o fitou confusa perguntando-se se ela fosse essa tal distração, quando a voz atrás de si, soou mais uma vez.

–Não poderia estar se distraindo com qualquer outra? - Sakura precisou de uns segundos para processar aquela pergunta_devido à bebida_, depois se pôs de pé, meio cambaleante, virando-se para o homem. - Não se esqueça que estamos à trabalho. - completou ainda fitando Sasori, que havia se levantado depois de Sakura.

–O senhor me desculpe, mas o que quis dizer com isso? - ela procurou o rosto dele rapidamente, agora a bebida não parecia ter um efeito muito forte sobre ele por causa da raiva.

Mas ao encontrar seu rosto, arregalou os olhos e a raiva pareceu passar. O homem, alto e moreno tinha uma expressão séria, os olhos tão negros e profundos, exatamente como os olhos do...

Sasuke?

Sakura piscou os orbes algumas vezes depois balançou a cabeça. Poderia estar tendo alucinações por conta do álcool.

O moreno se aproximou, abaixando-se um pouco até ela, depois disse com um sorriso torto:

–O que eu quis dizer, não foi de maneira nenhuma ofensiva, Haruno Sakura. - Não era uma alucinação, isso ela agora teve certeza. Sakura sentia o hálito fresco do moreno soprar no seu rosto. Os olhos profundos a fitando de um jeito humorado, possuíam um brilho diferente dos olhos de Sasuke, ela notou. No entanto, não podia duvidar que havia uma certa semelhança. Mas como ele sabe o meu nome? - Vamos, Sasori. Temos que voltar ao trabalho.

Ele tratou logo de mudar de assunto e sair dali antes que a jovem bêbada lhe pedisse explicações sobre o que realmente ele quis dizer.

–Adeus... Sakura... - Sasori beijou a mão da Haruno com uma expressão diferente, agora que Itachi lhe disse quem ela realmente era. Mas não poderia negar que adorou conhecê-la ou melhor, analisá-la, fazendo-o distrair-se um pouco do trabalho cansativo.

Sakura se sentou novamente, escondendo o rosto nas mãos. Agora arrependia-se amargamente por ter bebido.

–Sakura!! Finalmente encontrei você! - Sakura não procurou a dona da voz, que com certeza era a Ino. A loira estava tão animada que nem percebeu como a Haruno estava, colocando para fora tudo o que acontecera com ela nas últimas horas.

Ino tagarelava sem parar e só percebeu que Sakura não estava bem, quando esta ergueu a cabeça para fitá-la.

–Por Kami! O que aconteceu com você?!

Sakura fitou a loira boquiaberta que se aproximava dela, sentindo um impulso estranho, com certeza efeito da bebida, tomar conta do seu corpo.

–Eu não consegui manter minha boca fechada e acabei aborrecendo a Karin que me atacou, quase arrancou os meus cabelos com as garras, sorte foi o Shino ter aparecido, mas depois o Sasuke também apareceu e terminou o namoro na frente de um bando de curiosos que riram dela e agora eu me sinto extremamente culpada... - Sakura fez uma cara de choro, recuperando o fôlego, enquanto Ino continuava boquiaberta tentando processar o que acabara de ouvir.

Ela juntou as palavras que tinha entendido, como: “aborrecendo”, ”Karin”, “atacou”, “cabelos”, “garras”, “Sasuke”, “terminou”.

–O Sasuke terminou com a Karin, porque você a aborreceu e ela te arrancou os cabelos com as unhas? - perguntou Ino totalmente confusa.

–Mais ou menos isso... - Sakura começou a repetir tudo o que havia dito antes e Ino a puxou para o caminho do banheiro sem paciência.

Estava se divertindo tanto! Poderia continuar dançando, procurar o garçom bombado que estava com ela agora a pouco novamente, mas ver Sakura daquele jeito era horrível! A loira imaginou que se algo assim acontecesse com ela, também gostaria de ser ajudada.

Adentraram o banheiro totalmente lotado de mulheres. Umas vomitando até as tripas, outras tomando espaço na frente dos espelhos, algumas berrantes, cantarolando, uma chorando tão alto que Ino fez uma careta e a mandou calar a boca. Uma verdadeira loucura! Mas Sakura estava longe de se sentir incomodada com isso.

Ino a puxou pelo braço mais uma vez e arrancou a manga do vestido que estava pendurada, depois fez a mesma coisa com a outra manga. Foi com dor no coração que Ino fez isso. Será que a Karin sabe que marca é essa? Ela sabe quanto custou?! Que desperdício...

–Sakura, vou precisar te maquiar de novo, então, FICA QUIETA!

Sakura cambaleou para o lado dela esbarrando numa morena que passava um batom vermelho nos lábios, fazendo-a borrar a bochecha. Ela se virou fuzilando Sakura com o olhar.

–Gomene! - disse Ino tão irritada quanto a moça.. - Ela está bêbada.

–Não estou!

–Claro que está! Mal consegue ficar de pé! - Ino a encostou na pia, depois começou a maquiá-la.

Sakura parecia desnorteada, mas na verdade estava bem consciente, só estava um pouco tonta, tropeçando nos próprios pés. Olhou para Ino que se concentrava em arrumá-la, deixando-a pelo menos parecida com a Sakura que chegou na boate mais cedo. Agora tinha mais motivos para se sentir culpada. Ino poderia estar se divertindo, se acabando de dançar, de beijar o garçom bombado, mas estava ali, num banheiro barulhento, fedorento, cuidando de uma bêbada.

–Gomene, Ino-chan...

–Pelo que? - a loira passava o blush levemente nas maçãs do rosto dela.

–Estou te dando trabalho...

–Ah, não esquenta! É normal beber na primeira vez quando vamos a uma boate.

Mas essa não é primeira vez que fico bêbada...

Sakura guardou seus pensamentos para ela mesma, depois elas saíram do banheiro, indo atrás do resto do pessoal.

Shikamaru e Temari estavam no mesmo lugar de quando chegaram: no balcão. A loira sentada no colo do namorado, que não queria dançar de tão preguiçoso ou tonto demais, avistou Ino e Sakura se aproximarem dentre as pessoas.

–Pensei que vocês já tivessem ido embora.

–Estamos muito bêbados pra dirigir. - Temari olhou para Sakura. - O que aconteceu com ela?

–Em uma palavra: Karin. Respondi?

–O que? A Karin bateu na Sakura? - Temari fitou o namorado incrédula. - Por quê?

–É uma longa história que não entendi muito bem, então melhor perguntar para a Karin depois. Apenas sei que Sasuke terminou com ela...

–Kami! - Temari arregalou os olhos. - Quantas coisas desagradáveis podem acontecer numa noite só?

–Por quê? O que mais aconteceu? - perguntou Ino segurando o braço de Sakura antes que ela desse de cara no chão.

–Kiba arrumou uma briga com o namorado de uma vadiazinha e foi embora com o olho roxo. Naruto saiu da boate às pressas porque sua mãe sofreu um acidente e a Hinata foi com ele... Agora você vem com essa notícia da Karin...

–Foi o aniversário mais complicado que o Kiba já teve... - murmurou Shikamaru de olhos fechados, a cabeça preguiçosamente descansando no ombro de Temari. - Que saco...

–Agora não vou me recear em dizer que quero ir embora... - disse Sakura deitando a cabeça no ombro da Ino.

–Claro! Depois de ter enchido a cara desse jeito! Olha para você, Sakura! Está caindo de bêbada!

–Eu não estou bêbada! - disse a rosada furiosa, soltando-se de Ino, dando um passo para trás. Só não esperava tropeçar no pé de uma cadeira do balcão, levando todo o peso do seu corpo para trás. Tentou se segurar mas era tarde, nem os braços da Yamanaka ela encontrou. Fechou os olhos esperando sentir o impacto do seu corpo no chão, mas ele não veio.

–Onde você se meteu, droga?! - sentiu seu corpo se apoiar em outro e dois braços fortes envolverem sua cintura.

–Sasuke-kun? - percebeu que pelo tom de voz do Uchiha, feliz ele não estava. Devia estar procurando por ela à muito tempo.

E de fato estava. Não tinha noção do tempo que perambulou pela boate atrás dela, mas sabia que a cada segundo perdia litros da pouca paciência que lhe restava.

–O que fizeram com você? - perguntou ele irritado, deixando-a de pé ao lado dele.

–Eu a encontrei assim, caindo de bêbada! - respondeu Ino com os braços cruzados. Agora até ela queria ir embora, porque pelo jeito só ela se divertiu nessa festa. - Ela estava pior, Sasuke-kun. Os braços arranhados, o vestido rasgado, o cabelo fora do lugar...

Tanto Ino quanto Temari queriam saber detalhadamente o que aconteceu entre Sasuke e a Karin, mas elas nunca perguntariam diretamente. Sabiam que receberiam um enorme “não é da sua conta” no meio da cara. Ino entrou no assunto, sabendo que Sasuke não diria nada, mas não custava nada tentar.

–Vamos embora. - disse ele quando notou aqueles olhares curiosos das loiras. Sasuke virou as costas quando se lembrou que seu carro estava com o Naruto. - Merda! Onde está o Naruto?

–No hospital. - respondeu Temari. - A mãe dele sofreu um acidente.

–Ele está com o meu carro. - agora entendeu o motivo da pressa do loiro, mas e o seu carro? Como ele vai embora ainda mais com Sakura caindo de bêbada?! - Merda!

–Vocês podem pegar uma carona com o Shino. - disse Temari. - Ele vai dar uma carona para o Shikamaru, porque o Kiba levou o carro dele. E eu vou com a Ino, porque estou muito bêbada para dirigir...

Ir com Shino? Pensou Sasuke. Nem pensar!

–O hospital não fica longe daqui. - disse Sasuke levando Sakura para a saída. - Vou buscar o meu carro.

–Tem certeza, Sasuke? - perguntou Ino atônita, mas ele já havia adentrado o volume de pessoas segurando Sakura pela cintura.

***

Definitivamente aquela fora uma noite péssima! O que ele diria à mãe de Sakura que depositou plena confiança nele? “Aqui está sua filha, Yori-sama. Caindo de bêbada, tem alguns arranhões pelo corpo porque se metera numa briga com minha ex-namorada, mas fora isso está tudo bem com ela.”

MERDA!

Sakura sentiu a mão do Uchiha na sua cintura ficar mais forte. Caminhavam em silêncio por uma rua deserta e escura. Ela mal percebera que estavam tão longe da boate.

–Gomene, Sasuke-kun... - ela procurou o rosto dele com os olhos semicerrados e quando o encontrou, notou que estava contraído de raiva.

Um silêncio horrível os envolveu a não ser por um trovão monstruoso que assustou a Haruno. Raios cortaram os céus, fazendo a rua escura brilhar por uns segundos, depois voltar a escuridão e ao silêncio incômodo.

–Pare de se desculpar por tudo de ruim que acontece! - cortou por fim o silêncio. Ele não queria descontar sua raiva na cerejeira, mas já era tarde. Juntou a raiva ao vê-la chorando por Karin tê-la agredido, mais a raiva de sair procurando por ela no meio da boate às escuras. - Por que não começa a se preocupar com você mesma?

Esperou por Sakura começar a chorar, já arrependendo-se amargamente pelas palavras impensadas que saíram de sua boca, porém isso não aconteceu.

–E por que você tinha que dizer tudo aquilo pra todo o mundo escutar? - Sakura se soltou dos braços dele, ficando de frente para o corpo do Uchiha. Sentia aquele espírito de liberdade fluir de dentro dela misturado-se à raiva de ter visto a platéia humilhar Karin daquela maneira por culpa do showzinho de Sasuke. - Você é um animal, Uchiha Sasuke! - ela bateu no peito dele quase tropeçando pela tontura, gritando pelos cotovelos que ele era um selvagem insensível, egoísta e mais algumas coisas que Sasuke não entendeu muito bem.

Sakura sentia as lágrimas descerem em jatos quentes do seus olhos. Dizia aquelas palavras à Sasuke, como se dissesse ao verdadeiro causador delas: o garoto que esteve perdidamente apaixonada e que por uma brincadeira de muito mau gosto, a humilhou na frente de sua classe. Ela berrava aquelas palavras ofensivas, como se o maldito capitão do time de basquete a estivesse ouvindo. Bateu os punhos no peito de Sasuke, as imagens que ela mais queria esquecer, passavam como flashes da sua cabeça, o que parecia lhe dar forças para o que fazia.

Sasuke segurou nos punhos da Haruno, abaixando-os para a lateral do corpo dela em silêncio. Sakura calou-se, deixando apenas o choro desesperado modelar suas feições angustiadas. Ele notou que aquilo parecia ser muito mais que apenas sentir pena por Karin. Quem em sã consciência choraria daquele jeito por uma pessoa que a mataria se tivesse a chance?

Sakura aninhou sua cabeça no peito dele, as lágrimas ainda jorravam.

–Quem é Yurymizu? - perguntou o Uchiha. Seus braços acolheram Sakura, cercando-a lentamente. Seu choro pareceu ficar mais calmo e então ela ergueu a cabeça para fitá-lo, os olhos em dúvida e aflitos. - Você me chamou de Yurymizu...

–Chamei? - Sakura arregalou os olhos e tentou se lembrar de quando poderia ter dito isso. Estava tão envolvida com a raiva e com as lembranças que parecia não estar consciente naquele momento. Parecia que uma outra Sakura havia se apossado do corpo dela.

Outro raio cortou o céu, depois um trovão estrondoso ecoou pela rua.

Ela deitou sua cabeça no ombro dele mais uma vez, depois levantou as mãos até o pescoço de Sasuke, cercando-o fortemente. Não se importou que Sasuke fosse seu meio-irmão, não se importou se aquilo era errado, não se importou se alguém os veria ali. Ela apenas o abraçou. Sentia que muitas vezes que estava ao lado dele, não precisava ter medo de nada, e aquele era o momento para isso.

Talvez tudo isso que acontecia dentro dela, toda aquela mudança de humor, aquele atrevimento, aquela exatidão em berrar tudo que estava sentindo à tanto tempo, fosse efeito da maldita quantidade de álcool contida no seu organismo. Mas não queria entendê-lo agora. Queria apenas se proteger das lembranças amargas, apenas ser resgatada daquele abismo profundo. E Sasuke era o único que poderia salvá-la de lá.

Uma torrente de água monstruosa, caiu dos céus escuros. Já se encontravam encharcados, abraçados no meio da rua deserta. Porém ambos não ligaram para a chuva. Sasuke deveria estar pensando em quantas maneiras possíveis estrangularia Naruto por ele não ter devolvido o carro, ou xingando mentalmente a chuva surpresa que os atacou na calada da noite. Mas não o fez. Apenas desfrutou daquele abraço, que parecia ser a única coisa importante no momento.

–Então é isso... - murmurou o Uchiha, apertando o corpo delicado envolvido pelo seu. Fechou os olhos, como se aproveitasse mais daquela sensação de plenitude, depois segurou na nuca da cerejeira para que ela o fitasse. - Foi por isso que você bebeu tanto?

Sakura piscou os olhos afugentando as lágrimas acumuladas e a água da chuva que cobria o seu rosto, depois fitou os olhos negros.

–Não bebi tanto assim... - retrucou. Os braços ainda envolta do pescoço dele, o coração aos pulos pela proximidade. Seu rosto estava a poucos centímetros do rosto de Sasuke, que um movimento mínimo faria seus lábios se tocarem. A água fria da chuva, estava agora morna. Os cabelos negros de Sasuke estavam encharcados, colado à sua testa. Algo tão absurdamente lindo, que Sakura ainda cogitava ser real. - Foram apenas dois copinhos de nada... - sibilou fitando os olhos negros e brilhantes.

–Misturado ao ponche, Sakura, é quantia suficiente para derrubar uma pessoa. - a voz do Uchiha parecia o badalar delicado de sinos, ao ecoarem nos ouvidos dela. A voz dele a despertara para a realidade não sóbria de seu corpo, ao mesmo tempo que desnorteava totalmente os seus sentidos. - Quem deu bebida à você?

–Dessa vez ninguém me enganou. Bebi por conta própria. - Sakura fechou os olhos quando a tontura a pegou novamente. Mas não parecia ser a tontura pela bebida. Estar tão perto de Sasuke, a fazia esquecer de respirar. Sentiu a testa de Sasuke encostar-se à sua, o que fez seu coração bater ainda mais forte. - Me sinto um político que impõe uma lei gravíssima, mas ele mesmo a desrespeita... - disse ofegante. As mãos de Sasuke alisavam suas costas, sua nuca, a respiração dele soprava no seu rosto molhado. Aquilo poderia ser real ou era fruto alucinótico do álcool?

–Isso foi muita imprudência sua, mas ninguém vai matá-la por isso. - Sasuke desceu o rosto pelo pescoço dela. Tentava se conter, mas não conseguia segurar a vontade tantas vezes contida dentro dele.

–Agora fiquei em dúvida se minha mãe realmente não vai me bater quando me vir... Seria minha segunda surra esta noite.

Sakura desceu as mãos do pescoço dele e Sasuke levantou a cabeça para fitá-la.

–Ninguém vai bater em você de novo. - afirmou ele entredentes, lembrando-se de como teria sido a cena da briga entre ela e sua mais atual ex-namorada. Aquilo fez com que sua raiva voltasse por alguns segundos, até olhar nos olhos de Sakura mais uma vez.

–Que horas são, Sasuke-kun? - perguntou ela que ainda não havia notado a rua tão deserta.

–Quatro e meia. - Sasuke queria voltar ao assunto da bebida para saber quem era o dono do nome que ela gritou com todas as forças que o odiava, mas se aquilo a faria chorar, era melhor saber em outra ocasião e principalmente quando ela estivesse sóbria.

–Quatro e meia da manhã? - ela arregalou os olhos pasma, mas não pareceu apavorada. - Kami! Nunca estive tão tarde no meio da rua antes! - começou a rir descontroladamente, seguindo para o meio da estrada, um pouco desengonçada. - Ha ha ha ha... Por que me sinto assim? Tão livre? - ela abriu os braços, o rosto virado para cima recebendo a chuva.

–Por causa da bebida... - murmurou o Uchiha aproximando-se dela.

Não havia um refúgio naquela rua deserta. Nenhum que parecesse seguro, necessariamente. Por isso continuaram a seguir o caminho do hospital debaixo de chuva. Sasuke cercou a cintura dela e ela também o abraçou, sorrindo e murmurando o quanto gostava da chuva.

Sakura carregava suas sandálias de salto alto nas mãos, sujando os pés descalços como uma criança que brinca na lama. Mas quando o cansaço a invadiu, ela deixou a maior parte do peso do seu corpo, ser carregado por Sasuke e se calou. Novamente aquele silêncio incômodo, que agora incomodava mais ao Sasuke do que ela mesma, os fuzilou.

O barulho ao redor deles era apenas da chuva, agora mais fraca, e dos carros que passavam uma hora ou outra. Esse hospital parecia mais longe do que Sasuke imaginava, mas isso era por ele nunca sair sem os seus carros turbinados.

–Sasuke-kun... - Sakura o chamou como uma lamúria. Estava tão cansada que dormiria a qualquer momento. Toda aquela energia de meia hora atrás, havia acabado. Por isso deveria começar a falar ou Sasuke teria que continuar o caminho levando-a no colo. - Por que você... - ela hesitou. A pergunta que estava prestes a fazer, não era, com toda certeza, nem um pouco da sua conta, mas essa dúvida a incomodava. Aproveitaria a desculpa de que estava bêbada para fazê-la. - Por que você terminou com ela? - Sakura adoraria ver a expressão do Uchiha.

Ele não respondeu. Haviam tantos motivos para isso, e muitos deles Sakura estava envolvida. Mas ele não diria à ela.

Continuou calado, esperando que Sakura falasse outra coisa, principalmente que mudasse de assunto.

–Pensei que você a amasse... - disse ela quase inaudível, porém Sasuke escutara. Seria estranho dizer que ele a amava, pelo jeito sempre frio que Sasuke tratava a namorada, notou. Mas Sakura imaginou que Sasuke poderia ter um jeito diferente de demonstrar o que sentia.

–Nunca amei garota alguma. Até agora...– completou em sua mente. Sakura tentou fitá-lo, mas decidiu continuar andando ao lado dele com os rostos escondidos um do outro. Ela não queria mostrar o quanto estava ruborizada com aquela conversa.

–Nunca se apaixonou, Sasuke-kun?

–Não. Até agora...– completou novamente. Olhou para o rosto encostado no seu peito, depois apertou-lhe a cintura, colando-a mais ao seu corpo. - Mas você já se apaixonou... - disse no mesmo tom quase inaudível que ela, notando que Sakura endureceu os ombros.

–Garotas se apaixonam fácil demais... Deixam-se encantar por um capitão de time de basquete qualquer...

–O capitão que lhe acertava boladas na cabeça... - Sasuke se lembrou da tarde em que eles jogavam baseball e Sakura comentou que sua cabeça era um alvo para o time inteiro.

–Você ainda se lembra disso? - Sasuke a apertou mais uma vez. Se pudesse contaria à ela a vontade que tinha de ir em Tóquio apenas para dar uma surra nos filhos da mãe.

–Mas pelo que parece, não era só isso que eles faziam com você...

–Faziam coisas piores que me doem só de lembrar. - Sakura o abraçou mais forte pela cintura. Suas pernas estavam tão doloridas que agora tinha certeza de que não agüentaria até o hospital.

Mesmo não gostando de falar sobre aquilo, ela não se importou. Como antes, estar ao lado de Sasuke, a fazia sentir-se protegida, em segurança. Aquelas lembranças não a atingiriam enquanto estivesse com ele.

–Estamos chegando. - disse Sasuke quando avistou o hospital. Graças à Kami, porque não estava mais gostando do rumo onde a conversa estava indo. Então Sakura era apaixonada por esse idiota, o tal do Yury não sei do que! Sasuke deixou para sentir raiva e planejar alguma coisa para matar o desgraçado, quando estivessem em outro lugar e quando não estivesse chovendo.

Adentraram finalmente o hospital, seguindo na direção da recepção. A senhora que estava de trás do balcão, não gostou de ver os dois jovens molhados e sujos de lama, sujando o chão encerado do hospital. Porém tratou logo de dar a informação que eles queriam para irem embora o quanto antes.

A família Uzumaki estava no segundo andar.

Quando chegaram, Naruto estava parado ao lado da porta, encostado na parede com as mãos nos bolsos. Logo que viu Sasuke passar do elevador para o corredor com Sakura, ambos molhados e sujos, seus olhos se arregalaram, lembrando-se do carro que não foi devolver.

–Puta que pariu! Gomene, teme! - ele colocou as mãos na cabeça. - Como eu pude me esquecer assim?! Merda! - o loiro retirou as chaves do bolso do jeans e entregou ao Uchiha.

–Como está sua mãe? - perguntou o moreno, entendendo perfeitamente o que o fizera esquecer.

–Ela está melhor. Só fraturou uma costela e teve uma pancada na cabeça.

–Mas o que aconteceu? - perguntou Sakura tentando ficar de pé sem se apoiar em Sasuke.

–Uma prateleira de peças de carro da garagem desmoronou sobre ela. - respondeu Naruto com a expressão tristonha.

–Hinata está aqui? - perguntou Sakura, lembrando-se que a amiga havia sumido da boate ao mesmo tempo que o Naruto .

–Está. O pai dela vai arrancar as minhas tripas. - murmurou o loiro ainda mais tristonho. - Ela disse que ele não se importaria, porque gosta muito da minha mãe, mas eu não confio naquele velho...

Naruto bocejou, o que fez Sasuke se lembrar de que estava prestes a amanhecer e eles precisavam voltar para casa. Despediram-se, e Sasuke arrastou Sakura para o estacionamento do hospital.

Quando estavam dentro do carro, Sakura encolheu-se no banco. As roupas molhadas pioraram o frio. Sasuke ligou o aquecedor, então eles saíram. Chegariam na mansão em quinze, vinte minutos no máximo.

E se a mãe de Sakura estivesse na porta esperando por eles? O que ela diria ao encontrar a filha molhada, ferida e principalmente bêbada sendo levada por ele nos braços? O que ela faria?

Bom, não seria nada comparado ao que o seu pai faria com ele.

No entanto, não era hora para entrar em pânico.

Fitou a bela garota com os olhos fechados ao seu lado, depois sorriu. Ter ficado o resto da noite ao lado dela, ou melhor, o começo de um novo dia, depois de uma noite de diversão arruinada, era o suficiente. As conseqüências não importavam.

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Continua...


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Notas finais do capítulo

Itachi meu amor!!!! Sasori vc não vale nada mas eu gosto de vc!!!!! IP IP!! UHA!!

Itachi apareceu!!! Não sei quanto a vcs, mas eu adoro so personagens da Akatsuki, menos o Tobi!! Ò.Ó



Yo mina!!!



Como vcs estão?!!Hein? Hein?



Eu estou super feliz!!! Como eu disse antes, a cada reviw ou recomendação, subo numa mesa e começo a dançar!!



Apropósito, MUITO OBRIGADA pelos reviws e pelas novas recomendações!!

mariina-chan

lininhaaa

vivi_haruno e

Carol Alm



Muito obrigada de coração! Já estou cansada de agradecer com as mesmas palavras... Vou começar a agradecer em outra língua.

Começando: Domo Arigato!! ^.^



Espero que tenham gostado do caps e no próximo, tem muita coisa nova!



bjuss

=Denny