Ai Chikara escrita por DennyS


Capítulo 15
Capítulo - XV - Única




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/29400/chapter/15

==============================================

Capítulo XV: Única

Ambos não sentiam mais a brisa gélida da noite sobre eles. Não sentiam mais seus corpos naquela noite fria. Sentiam apenas um ao outro, presos naquele contato, onde uma corrente elétrica os prendia, os colavam como um só.

Afastaram-se para recuperar o ar nos pulmões e nesse intervalo, a consciência voltou à eles. Sasuke fitou profundamente aqueles olhos verdes e brilhantes, que se encontravam em transe, totalmente desnorteados, como se não estivessem acordados.

Ainda ofegante, Sasuke se afastou da cerejeira. Seus olhos crispados e confusos, desviaram-se do rosto dela.

–Droga! - murmurou afastando-se, virando as costas para ela. A última coisa que desejava sentir agora, era a sensação de estar se aproveitando de Sakura. Ela não merecia isso, ele sabia! - Isto não está certo...

Sakura o observou por uns segundos, ainda tentando voltar a realidade. Fitou suas mãos, depois as juntou em frente ao corpo, tentando dizer alguma coisa, tentando processar aquele momento, comparando-a com as palavras de Sasuke. Aquele fora seu primeiro beijo, seu primeiro contato íntimo com o sexo oposto, sua primeira experiência.

Será que ela não sabia beijar? Será que Sasuke odiou aquele contato?

Não! Não! Não!!! Sacudiu a cabeça. Ele disse que não está certo... Não foi pela minha falta de experiência... Eu espero... Melhor deixar para pensar nisso mais tarde!

–Você... está certo... - disse receosa e confusa, tentando deixar sua voz o mais firme e audível possível. - Nó-nós somos irmão agora... - Sasuke se virou para ela, fitando seu olhar confuso para baixo. Que merda ele fez dessa vez? Deveria ter se controlado, deveria ter parado no meio do caminho! No entanto, Sakura o perturbou durante todo o dia. Seria impossível se conter, estando com ela tão linda, no alto do mirante iluminado pela lua naquela noite fria. - E você... tem uma namorada... - ela levantou os olhos na direção dele. Sasuke estava sério, não demonstrava o que sentia no momento. Temia deixá-la magoada mais uma vez. - Gomene, Sasuke-kun... Eu sinto muito por isso...

–Por que está se desculpando? - claro que ele era o culpado! Foi ele quem a seduziu. Será que Sakura queria beijá-lo tanto quanto ele queria? Odiava sentir aquela culpa.

Sakura desviou o olhar, mas não respondeu. Temia que tudo mudasse depois daquilo, que Sasuke a tratasse diferente. Temia que ele tivesse percebido o quanto estava apaixonada por ele.

Como tinha medo...

–Pode haver uma explicação científica para isso. - sorriu, deixando suas bochechas corarem pelo olhos negros que a fitavam. Agora bancaria a “nerd” para que ele voltasse a odiá-la como antes, para que esquecesse aquela noite. - Nós jovens, não temos culpa de ser movidos pelos hormônios.. Eu creio que tenha sido um surto hormônico! - afirmou confiante. Um dedo levantado à altura da cabeça e um belo sorriso nos lábios. Ela acabara de inventar essa história. Nunca ouvira em lugar nenhum. Mas no momento, faria qualquer coisa para esquecer aquele beijo. Para tudo voltar ao “normal”.

Sasuke sorriu de canto.

Quem dera ter sido isso...

***

Os dias passaram rapidamente para os jovens em Konoha. As aulas começariam na próxima semana, o que deixava Sakura uma máquina ambulante de nervos! Como estava nervosa! Será que havia motivo para todo esse pânico?

Nunca havia trocado de escola em toda sua vida. Estudou na academia Tóquio School desde o primário. Conhecia todos, e todos a “conheciam”. Ou melhor, todos sabiam quem ela era. Uma estudante mal arrumada, que tem uma avó maluca e que adora receber boladas na cabeça. Ninguém importante.

Mas agora era diferente. Ela era a aluna nova em Konoha. A mais nova integrante da família Uchiha, a família mais rica do Japão. A família dona de várias indústrias de petróleo! Não haveria um alma viva naquele colégio que não soubesse quem ela era. Acho que existe mesmo motivo para pânico...

Mas suas preocupações estavam longe de ser apenas pela nova escola. Conviver com Sasuke nos últimos dias, estava sendo um enorme desafio para ela. Não havia um dia em que aquela noite não a perturbasse. Sempre que encontrava os olhos de Sasuke nos seus, aquele beijo enlouquecedor invadia sua mente, sufocando seu interior.

Sasuke estava mesmo tratando-a diferente, ela percebeu isso a muito tempo, no entanto, nos últimos dias estava mais diferente ainda. Ele nunca ficava sozinho. Mesmo que fosse para jogar tennis, lá estava Sakura assistindo de camarote o moreno suar... Ele a convidava, claro. De um jeito diferente, mas convidava.

Na última noite, a convidou para assistir um filme na sala de jogos e TV. Era uma tortura ficar ao lado dele numa sala escura e não se sentir à vontade. Seus olhos estavam concentrados na televisão, porém sua cabeça estava em outro lugar.

Seus dedos formigavam por cima das pernas, seu coração oscilava violentamente. Sasuke estava tão perto, que ela podia sentir o cheiro dele. Repetindo: aquilo era uma tortura! Sentia bem no fundo, que adoraria ter outro surto hormônico naquele momento!

Só quando balançou a cabeça para espantar aqueles pensamentos, notou que aquele era um dos filmes de terror que mais a apavorava.

“-Por Kami!

–O que foi? - Sasuke estava com um braço no encosto do sofá e uma perna cruzada. Sakura olhou para ele ao seu lado, tentando deixar que o medo do filme falasse mais alto que aquelas sensações.

–Eu não gosto desse filme. Fico imaginando a garota sair da televisão do meu quarto, querendo me levar para dentro do poço... - Sakura cruzou as pernas para cima do sofá, depois as cercou com os braços.

–É só um filme... - Sasuke arqueou uma sobrancelha. - Se sabe disso, é porque já assistiu.

–Forçadamente, uma vez. - respondeu ela, sem olhar de volta para a televisão.

–Quem assiste um filme forçadamente...?

–Acho que usei a palavra errada... - o fitou nos olhos negros. As imagens da televisão, reluzindo neles. - Uma vez fui convidada por algumas colegas do clube de matemática para assistir um filme. Claro que elas me disseram ser um filme sobre a Segunda Guerra Mundial, e essa foi a história que eu contei para a minha avó para que ela permitisse. Mas quando fomos assistir, eu vi a capa sobre a mesa: “O Chamado”. O que eu poderia fazer?

–Ir embora...

–Seria bom, mas eu não queria ir pra casa... - ela desviou os olhos. - Raramente eu saía de casa. Deveria aproveitar as poucas oportunidades...

Sasuke a fitava intensamente. A vontade de tocá-la, de beijá-la, era tão grande que não conseguia agüentar. Certamente inventaria uma desculpa para tocá-la, o que geralmente fazia nos últimos dias.

–Sakura... - ela ergueu a cabeça, olhando dentro dos olhos negros novamente. Sasuke se aproximou, descendo o braço do encosto do sofá, descruzando as pernas. Estava a centímetros do rosto dela, os olhos perdidos e desnorteados como naquela noite. A respiração ofegante, assoprando seu rosto. Ele não a tocou, apenas deixou suas faces bem próximas, pois adorava vê-la ruborizada daquele jeito. - Sua avó é maluca. - dizendo isso ele se levantou do sofá e seguiu até o interruptor. Acendeu a luz, depois desligou o aparelho de DVD.

–O... O que está fazendo? - perguntou a cerejeira, voltando à realidade. - Não precisa desligar só por eu não gostar do filme!

–Você tem que parar de agradar aos outros e se preocupar com você mesma. - murmurou, retirando o DVD do aparelho.”

Aquelas lembranças sondavam a mente de Sakura. Não só pelas sensações que sentia perto dele, mas pelas suas últimas palavras. Ele estava certo. Sabia de seus desafios, feitos unicamente para agradar sua mãe, sua avó. Uma delas era exatamente estar ali, naquela cidade, naquela mansão, com aquelas pessoas. Por sua mãe, ela sacrificou sua vida em Tóquio e seu relacionamento com a avó, já que estava ali contra a vontade dela. No entanto, sua única pergunta era, por que Sasuke lhe dissera aquilo? Como ele notara que ela era assim?

Tinha medo de perguntar a ele, então o melhor era esquecer. Esquecer sempre era o seu remédio para evitar constrangimentos ou brigas. Esquecer, não guardar em algum canto do coração. Jamais fora pessoa de guardar ressentimentos.

Estava em seu quarto naquela manhã, procurando uma roupa certa para aquele dia bonito, de sol radiante. Tentava se lembrar das dicas das meninas, mas só pensava naquelas lembranças.

Estava quase desistindo. Pegaria um vestido de tecido fino qualquer, depois colocaria qualquer acessório nos cabelos. Mas então, alguém bateu na porta.

Era Shizune. A morena entrou sorridente no quarto da Haruno, vendo a bagunça de roupas em cima da cama.

–Problemas?

–Não encontro o que vestir...

–Como não encontra? Olhe quanta roupa você tem! Não se sente feliz de ter um cartão ilimitado como aquele? - sorriu abertamente.

–Ilimitado? - pergunto Sakura. - Quem paga a fatura?

–Eu já disse que você não tem que se preocupar com isso, Sakura. Venha, vamos escolher a roupa perfeita! - sempre mudando de assunto para que Sakura não recusasse o cartão. Era assim mesmo que Shizune fazia. - A propósito, você vai sair...

–O que? Para onde?

–O Sr. Uchiha telefonou essa manhã para o Sasuke e lhe pediu um favor. Ele quer que vocês levem um documento para a Indústria Uchiha, no centro de Konoha.

–Levar um documento? - Sakura ficou confusa, pois tratando-se da empresa, Shizune que se encarregava disso.

–Um recado, um documento, na verdade não sei exatamente o que é. Eu sei o que está pensando... - disse a morena, vasculhando os vestidos no closet. - Achei estranho ele mandar o Sasuke e não a mim, mas... não vou deixar isso me perturbar... - ela ficou pensativa por um momento. Sempre teve medo de perder seu ótimo emprego, mas talvez isso não fosse nada sério. O Sr. Uchiha apenas pediu um favor para seu filho, talvez com a intenção de envolvê-lo nos negócios da família, pois Sasuke nunca demonstrou muito interesse. - Encontrei a roupa perfeita! - ela estendeu o cabide com o vestido para a cerejeira.

–Shizune! - Sakura arregalou os olhos. - Eu não estou indo para um casamento!

–Não exagera...Ah você vai me agradecer depois, querida... - ela lhe mostrou um olhar malicioso.

–Por que eu agradeceria? - Shizune aproximou-se dela, sorrindo.

–Existem tantos estagiários lindos nas Indústrias Uchiha.... Heh, estarei te fazendo um favor!

Antes que Sakura pudesse retrucar, a morena a puxou para dentro do closet, para que ela se vestisse. Sakura nem replicou. Sabia que se tratando de Shizune era batalha perdida.

***

Era só o que me faltava! Odeio aquele lugar...

Sasuke estava encostado na mercedes preta, seu terceiro carro conversível, esperando por Sakura. Nunca gostou daquele lugar, mesmo sabendo que um dia seria dono de tudo. Odiava a personalidade dos funcionários de seu pai. Eram todos egoístas e fúteis, pessoas que colocaram na cabeça que o dinheiro era a única coisa importante no mundo. Ele fingia ser assim, talvez para encontrar uma maneira de fazer parte da alta sociedade, pois aprendeu com sua mãe, a importância de viver. Seria assim como ela lhe ensinou e assim como ela sempre foi. No entanto, depois de sua morte, ele fez o possível para esquecer seus conselhos. Pode-se dizer que ele os ignorou. Nunca esqueceu, na verdade. Pois esses conselhos sempre martelavam dentro de sua cabeça da pior maneira possível.

–Sasuke-kun? - aquela voz doce e suave o despertou dos devaneios. Seguiu com a cabeça na direção da voz de Sakura, depois estreitou os olhos. Era difícil ignorar o quanto ela estava linda. Não, linda não era a palavra certa. Talvez nunca encontraria a palavra exata para descrevê-la.

Ela usava um vestido azul, com pequenos detalhes brancos nas alças e no decote, não muito aberto, de comprimento acima dos joelhos. Os cabelos soltos e espalhados pelos ombros, moviam lentamente pelo vento que começara a soprar assim que ela apareceu. Estava simples, porém muito mais que linda.

Sasuke piscou os olhos, a fim de acordar daquela hipnose, disfarçando sua falta de fôlego, com sua famosa expressão carrancuda.

–Vamos. - disse ele entrando no carro. Sakura o acompanhou meio confusa, na verdade estava ruborizada por Sasuke ter demorado tanto tempo olhando para ela, mas deixaria para pensar nisso mais tarde...

Seguiram pela estrada em direção as Indústrias Uchiha. A capota do carro estava abaixada, então o vento parecia castigar as madeixas rosadas. Porém Sakura não se preocupava com isso. Sasuke ao seu lado, estava de óculos escuros, dirigindo sério como sempre, e muito mais calado que o normal. Claro que não era normal ele está falando tanto ultimamente, mas Sakura não gostava de vê-lo assim, agora que ele conversava com ela mais à vontade. Aquele silêncio só poderia significar uma coisa: algo o incomodava. Sempre que estava calado demais, era porque estava pensando demais.

–Shizune me pediu um favor. - começou a falar para distraí-lo dos pensamentos. - Ela quer fastfoods novamente. Me pergunto como ela pode ser tão magra... - Sakura olhou de esguelha para o lado e só o que pôde perceber, foi que Sasuke não moveu um músculo. Estava com a mesma expressão séria, com os olhos escondidos sob os óculos. - Acho que ela está fugindo de alguém que trabalha naquela lanchonete... - Sakura desviou os olhos para a estrada, lembrando-se do que Shizune comentou com ela uma vez.

–O dono. - corrigiu Sasuke. Sakura olhou para ele novamente, sorrindo levemente por seu plano está dando certo.

–O dono?

–Hatake Kakashi. O dono do Kunai Burgers já foi namorado dela...

–Ah, então é por isso...

Pelo resto da viagem, Sakura tentou dizer mais alguma coisa para a distração de Sasuke. Mas depois da conversa sobre Shizune, ele apenas a respondia com monossílabas. Com certeza alguma coisa aconteceu para aquela mudança de humor.

Sasuke apenas xingava seu pai pela tarefa de ir até a empresa. Só não abria a boca, por não querer descontar sua raiva na Haruno. Sabia que fazê-la chorar novamente, era a última coisa que queria fazer no momento. Descontaria na pessoa certa.

Chegaram ao centro da cidade, o conversível perdido dentre tantos outros carros e arranha-céus gigantescos. A aparência de cidade grande, lembrava Tóquio, Sakura percebeu. Ficou deslumbrada ao avistar, não muito longe deles, o letreiro, no meio de um arranha-céu, brilhante, reluzindo a luz do sol, a palavra Uchiha. Era o prédio de maior destaque no centro da cidade, o maior e mais bonito, com certeza. Era como o prédio de Bruce Wayne!

O prédio ficava maior a cada metro em que o carro se aproximava. Sakura continuava olhando para cima, até que não agüentou o friozinho na barriga, só de imaginar a altura daquele prédio. No momento desejava em sua mente, que eles não precisassem subir tanto para realizar o favor de Sasuke para o seu pai.

Chegaram na entrada das Indústrias Uchiha. O manobrista, um homem de meia idade reconheceu o Uchiha assim que ele parou o carro. Eficientemente, ele abriu a porta para Sakura, cumprimentando-a com um leve menear de sua cabeça, em seguida dirigiu-se para o outro lado do carro, para levá-lo ao estacionamento.

Sakura já notara a quantidade de rostos na direção deles. Os seguranças, dois de cada lado das portas de vidro, os manobristas apostos, os funcionários, muito bem vestidos, que fumavam do lado de fora, e até mesmo pessoas que passavam pela calçada. Era como se os dois estivessem com melancias na cabeça, chamando atenção. Sakura sentiu uma mão tocar a dela levemente, então olhou para o lado.

–Vamos. - disse ele seguindo na direção das portas, com Sakura ao seu lado.

A Haruno adentrou as portas imaginando se tudo o que houvesse ali, seria mais simples que a mansão dos Uchiha. Seus olhos se perderam na imensa sala de vidros, de belos ilustres pendurados no teto. Com certeza não era menos simples que a mansão. Lá de dentro era possível assistir todo o lado de fora pelos vidros escuros. Parecia o interior de um hotel cinco estrelas. Não que já houvesse visitado algum, mas era parecido com o que via nos filmes. Os ilustres dourados por sobre as cabeças das pessoas, eram os mais belos enfeites do vasto salão. Sakura não sabia da existência de ilustres tão grandes e bonitos como aqueles. Eram tão grandes que dava a impressão de que cairiam a qualquer momento.

Mesmo olhando para cima e para os lados, ela caminhava rapidamente acompanhando os passos de Sasuke pelo meio do salão, seguindo para um enorme balcão, onde era a recepção do prédio.

Quando abaixou os olhos, percebeu que todos haviam parado para os observar. Alguns com um sorriso escancarado no rosto, algumas mulheres suspirando pelo Sasuke, outras olhando com uma careta para ela... Sakura sentia-se num palco enorme, onde Sasuke era a atração principal e ela a coadjuvante . Como odiava essa sensação!

Chegaram à recepção e uma moça, muito bonita de cabelos loiros claríssimos, os recebeu com um sorriso, ou melhor, recebeu Sasuke com um sorriso.

–Sasuke-sama! A quanto tempo! - ela não tirava os olhos dele, mostrando tanta alegria, talvez querendo imensamente abraçá-lo.

–Morino Ibiki, onde fica o escritório dele? - Sasuke foi direto ao ponto, sem rodeios. Quanto antes sair dali, melhor.

–É verdade! Você veio falar com ele... - a recepcionista parecia prolongar a conversa para que ele não saísse dali. - Você se esqueceu?

–Em qual andar? - Sasuke já estava perdendo a pouca paciência que ainda tinha.

–No-no vigésimo, Sasuke-sama... - Sakura percebeu o medo da moça. Ela se encolheu antes de responder, como se Sasuke fosse atacá-la. Porém Sasuke não tinha sido tão ríspido assim, ela notou. Era como se a loira quisesse fazer aquilo.

Sasuke virou as costas para o balcão e foi na direção dos elevadores.

–Arigato... - disse Sakura à recepcionista, que até então não notara a presença da cerejeira. Seus olhos azuis foram de cima a baixo na silhueta da rosada, quando esta seguiu Sasuke para os elevadores.

Sentiu um pouco de pena da loira, mesmo que esta parecia ser um pouco atirada demais. Na verdade, como era muito observadora, uma verdadeira perita em pequenos detalhes, notara que talvez Sasuke e a moça loira, tiveram algum relacionamento momentâneo, mesmo que Sasuke não fizesse idéia de quem ela era.

Chegaram ao vigésimo andar, dando de cara com uma secretária, alta e morena que os esperava.

–Sasuke-sama! - ela estava ao lado de sua mesa, recebendo o Uchiha com um imenso sorriso. - Ibiki-sama o espera.

–Espere aqui, Sakura. - ele seguiu na direção das portas do escritório, pisando duro. Odiava o homem que encontraria a seguir. Percebia o plano de seu pai para envolvê-lo na empresa. Ele já havia feito isso antes, na verdade muitas vezes. Tanto um jantar daqueles muito chatos com seus sócios, até um jogo de golfe no clube. Era tedioso. Não, mais que isso! Ficava enojado toda vez que o acompanhava naqueles encontros sociais. Agora percebeu que seu pai era capaz de tudo para que ele começasse sua vida como dono legítimo dos negócios. Pois estava ali apenas para levar um recado idiota àquele crápula.

Sakura ainda de pé, ao lado de um bebedouro, muito chique para falar a verdade, estava começando a se intimidar com os olhos da secretária para ela. A morena a encarava com uma carranca, como se dissesse “o meu é mais bonito” que estava começando a chatear a cerejeira.

–Olá! - disse Sakura sem sorrir. A morena virou a cara e voltou a mexer no computador, sem disfarçar a carranca.

–Onde está aquele imprestável? - Sakura olhou na direção da nova voz que surgiu de repente. - Onde está meu irmão? - um garoto, que aparentava ter mais ou menos a idade de Sasuke, cabelos castanho escuro presos em rabo de cavalo bem espetados e olhos de um cinza bem queimado, saiu do elevador dirigindo-se à secretária. Ele ia abrir a boca para dizer mais alguma coisa, quando viu Sakura do outro lado. - Olá... - lentamente ele se aproximou, deixando os olhos percorrerem cada parte do corpo dela, discretamente. - Como vai...?

–O... Olá! - respondeu meio tímida. Suas bochechas já estavam coradas, tinha certeza pela quentura de seu rosto.

–Me chamo Morino Idate. Quem é você? - ele segurou na mão da Haruno. - Acho que a vi em algum lugar...

–Sou Haruno Sakura, eu...

–Não me diga que é parente de Haruno Yori?

–Conhece minha mãe?

–Mas é claro! - ele esboçou um sorriso. - A mulher mais linda de toda a empresa e a mais gentil... Eu diria que vocês são irmãs. Nada de mãe e filha... - Sakura ficou ainda mais ruborizada. A morena ao lado soltou um bufo desdenhoso, quase que uma risada sarcástica.

–Você trabalha aqui? - perguntou para espantar a vontade de esconder o rosto. Parecia inacreditável uma coisa como aquela estar acontecendo, já que um garoto nunca a elogiou na sua vida!

–Bom, ainda não... - ele sorriu torto. - Eu ainda estou no terceiro ano do ensino médio. Mas em breve, as Indústrias Uchiha terá um novo funcionário! Mas e você? O que faz aqui? Acompanhando sua mãe?

–Não, ela ainda está em lua de mel...

–Kuso! Me esqueci que ela se casou com o patrão! - Idate puxou a mão delicada da Haruno, trazendo-a para mais perto dele. - Então você está aqui para...

–Estou acompanhando o... Sasuke-kun? - quando Sakura pronunciou seu nome, o moreno estava parado à soleira da porta do escritório. Idate olhou na direção dele, ainda segurando a mão da cerejeira.

–Uchiha? Você por aqui? Parece uma alucinação...

–Alucinação você terá depois que eu quebrar sua cara... - murmurou entre dentes, olhando para as mãos dele sobre Sakura.

–Idate! - Sakura notou outra voz estranha no ambiente. Um homem ao lado de Sasuke repreendeu o irmão pela brincadeira. Era um moreno alto, tinha uma cicatriz horrorosa no rosto e olhos pequenos. Encarava Idate com uma expressão séria. - Mais respeito, moleque!

–Hah, muito engraçado... - murmurou o Morino mais novo.

–Não me lembro de ter contado uma piada...

–Ibiki, eu...

–Já chega! O que você está fazendo aqui?

–Precisamos conversar.

Sasuke saiu do lado dele e foi na direção de Sakura e Idate. Os punhos fechados escondidos nos bolsos do jeans, a expressão dura enquanto se aproximava.

–Vamos, Sakura. - disse ele parando em frente aos dois.

–Até logo, minha bela flor de cerejeira. - a mão que ele ainda segurava, foi levada até seus lábios, para em seguida beijá-la. Sasuke revirou os olhos, segurando a vontade de tirá-lo do lado dela pelos cabelos. - Espero vê-la novamente. Foi um prazer conhecê-la...

–Igualmente... - disse tímida e ruborizada. Era cavalheirismo demais para um a pessoa só. Sasuke bufou de raiva, seguindo na direção do elevador, mas com Sakura ao seu lado. Nunca teve uma rivalidade com Morino Idate, mas depois daquele imbecil fazendo piadinhas idiotas e principalmente se insinuando para Sakura, mais um para a sua lista de inimigos.

***

Só depois de sentir a distância daquele prédio colossal, avistando-o ficar pequeno pelo retrovisor, tanto Sakura quanto Sasuke, suspiraram de alívio. Certamente era um ambiente incômodo. Sabe-se lá por que...

Sasuke, um pouco mais irritado que antes por conta do irmão mais novo do sócio de seu pai, esperava que Sakura começasse a dizer alguma coisa para esquecer aquela raiva. Estranhou aquele silêncio, mas só o entendeu quando eles chegaram ao Kunai Burgers.

–Eu espero por você aqui, Sasuke-kun... - ela sorriu levemente para ele, quando o carro parou em frente à lanchonete. Ele sabia exatamente o motivo daquilo. Só de lembrar, ficava com mais raiva. Raiva dele mesmo...

–Vamos! Eu não sei o que Shizune quer. - ele não a deixaria ali. Mesmo que aquilo parecesse ruim para ambos. Claro que era mais incômodo para ela, mas Sasuke já se sentia mal pelo ocorrido do passado do qual nem ao menos pediu desculpas.

–Eu digo à você... - ela o fitou receosa pelo olhar dele em resposta. Sasuke a pegou pelo braço e a tirou do carro, digamos um tanto indelicado, mas carinhosamente ao seu ver.

–Não seja boba! - murmurou ríspido. Certamente se encontrasse o engraçadinho que a humilhou daquela vez, socaria a cara dele com tanta força, que até o Shino sentiria novamente a dor de seu nariz se partindo ao meio.

Sakura cedeu. Odiava ter que discutir com Sasuke e principalmente deixá-lo irritado. No entanto, quando sentiu as mãos dele em seus braços, depois cercá-la pela cintura, sentiu uma eletricidade percorrer todo seu corpo, como se ela não conseguisse mais controlar seus sentidos físicos. Como se Sasuke sugasse sua energia apenas por tocá-la. Talvez uma sensação fora do comum para ela, mas para quem está apaixonado pode acontecer o impossível e o incomum.

Chegaram ao balcão de pedidos e Sakura logo reconheceu o atendente. Aquele sorriso brilhante por causa do aparelho, reluziu nos olhos dela como o sol reflete num espelho. Sentiu seu estômago revirar dentro dela e Sasuke percebeu.

–Bem vindos ao Kunai Burgers, posso anotar o seu pedido?

–Eu quero o número um completo, com batata média e refrigerante duplo para viagem. - Sakura não o fitava nos olhos, olhava para baixo enquanto Sasuke, ao lado dela observava tudo com uma mão no bolso e a outra apoiada no balcão.

–Mais alguma... - o atendente parou na mesma hora em que a reconheceu. - Espera aí! Você é aquela garota quatro olhos que não sabia o que era um waffles? - ele dissera isso tão alto que chamou a atenção de todos no balcão, e mais algumas garçonetes que olhavam para o Sasuke. - Mas o que aconteceu com vo...

–Escuta aqui, imbecil! - interrompeu o Uchiha, debruçando-se um pouco sobre o balcão. O garoto, que possuía um crachá com o nome Karitatsu, olhou alarmado para ele. - Você ouviu o que ela pediu ou está se fingindo de retardado?

–Não senhor, eu só estava...

–O que está esperando para pegar a porra desse lanche? - Karitatsu ficou mudo na mesma hora, ouvindo apenas as risadas dos seus colegas de trabalho ao lado dele. Sasuke não havia alterado a voz nenhuma oitava e era isso que tornava a bronca mais assustadora, além de sua expressão dura de pura raiva.

–Sim, eu, vou... vou pedir que... Número um completo, batata média e refrigerante duplo para viagem! - gritou para os colegas atrás dele. Sakura arregalou os olhos. Como ele ainda se lembrava do que ela pediu depois daquilo? - A-Algo mais? - ele não ousava nem olhara para o Sasuke. Estava centrando em Sakura como os olhos trêmulos.

Sakura olhou para o Uchiha por um instante perguntando se ele queria alguma coisa, mas ele apenas balançou a cabeça negando.

–Um milkshake de chocolate, onegai... - disse ela ao atendente que ficou mudo de repente. Ele acatou o pedido no mesmo instante, como se fosse um funcionário à jato!

–$14,95... - Sasuke retirou uma nota de vinte e jogou na direção do rapaz, depois virou as costas assim que Sakura pegou o lanche e o seu shake.

Mas antes que pudessem se afastar do balcão, um homem de cabelos crespos arrepiados os abordou.

–Me disseram que havia um problema aqui... - disse o homem sorrindo. - Mas era de se esperar por um ex-aluno encrenqueiro...

–Kakashi. - Sasuke o cumprimentou com um leve menear de sua cabeça.

–Como vai Sasuke? - ele sorriu mostrando sua bela fileira de dentes brilhantes de tão brancos. Kakashi? Então esse é o ex-namorado da... - Shizune? Comendo fastfoods como sempre? - ele fitou o lanche embrulhado para viagem nas mãos de Sakura.

–Sim... - ela sorriu levemente. - Ainda me pergunto como ela pode ser tão magra... - Sakura fitou os olhos do homem, achando-o muito bonito. Estava de terno preto, a gravata folgada, com uns botões da camisa aberta. Shizune não dissera que ele era tão bonito! Ele olhou para Sasuke novamente como se perguntasse quem era Sakura.

–Filha da Srta. Haruno? - perguntou ao moreno. Sakura imaginou se ele conhecesse sua mãe.

–Sra. Uchiha.

–Muito prazer... - ele sorriu para a cerejeira. - Então seu pai se casou mesmo com ela... Bom, eu estava viajando nos últimos meses, fiquei um tempo fora da realidade. Diga à seu pai que mandarei um presente de casamento atrasado.E a propósito, o que aconteceu no balcão de pedidos?

–Apenas um funcionário bancando um de humorista de quinta categoria...

–Falarei com o gerente. Não tenho paciência para isso...

–Até mais... Sensei. - Sasuke se despediu, depois seguiu para a saída da lanchonete com Sakura logo depois.

–Sayo...

***

–Sensei? - perguntou a Haruno quando eles já estavam dentro do carro. - Ele já foi seu professor?

–Por que a surpresa?

–Que mudança de profissão... - murmurou ela pensativa, tentando imaginar como ele conheceu Shizune. - O que ele lecionava?

–Matemática. - Sasuke se lembrou das aulas de seu antigo professor. Naruto como sempre odiava a matéria, pois não conseguia aprender nada, ao contrário dele. Além de tudo, Kakashi sempre fora um ótimo professor. - Ele ganhou na loteria alguns anos atrás. Comprou essa linha de lanchonetes e mais algumas lojas não-sei-do-quê.

–Que sortudo... Conheço alguns professores que adorariam ter a mesma sorte que ele. - por que Shizune tinha medo de encontrá-lo? Já que ele era dono de lanchonetes e lojas, com toda certeza viaja o tempo todo.As chances de ela cruzar com ele eram mínimas...

–Ao contrário do Kakashi, ele gostava de ser professor.

–Então, depois que ele ficou milionário, desistiu de ser professor porque não seria a mesma coisa que antes?

–Talvez... - Sakura olhou no rosto de Sasuke dando uma boa sugada no milkshake de chocolate. Os olhos negros escondidos mais uma vez pelos óculos escuros, a boca numa linha reta. Ela não se cansava de olhar para ele, pois as lembranças daquela noite fria, voltavam na sua cabeça, sempre que o fitava. Não conseguia ignorar o fato de estar loucamente apaixonada por ele. Aquilo era uma coisa impossível de se fazer.

O carro parou no sinal vermelho e Sakura voltou para o planeta Terra quando ouviu uma buzina bem alta ao seu lado. Três jovens, dentro de um maserati 4200 vermelho, gritavam, assobiavam e desafiavam Sasuke para um “racha”. A Haruno olhou para Sasuke do seu lado esquerdo, percebendo que ele pretendia aceitar o desafio, pela sua expressão e pela aceleração do carro, ainda parado no sinal vermelho.

–Sasuke-kun? - arregalou orbes verdes. - Você não vai, não vai...

–Coloque o cinto, Sakura. - Sasuke trocou a marcha, e voltou a olhar para frente. Adorava apostar uma corrida, já que a velocidade era sua “paixão”.

Sakura colocou o cinto rapidamente e segurou o milkshake bem firme nas mãos. Assim que o sinal ficou verde, Sasuke pisou fundo no acelerador e o motor rugiu como uma pantera caçando. O carro deu um solavanco tão forte para frente, que a cabeça de Sakura afundou no encosto do banco de couro e seu estômago se achatou de encontro à coluna.

Fechou os olhos por um momento para o milkshake não voltar do estômago. Podia ouvir as buzinas barulhentas dos outros carros enquanto corriam. Abriu os olhos e então avistou o carro vermelho bem ao lado da mercedes. Os rapazes com as cabeças do lado de fora, fazendo cenas obscenas e xingando o Uchiha. Um deles mandou um beijo para Sakura, depois a chamou de uma palavra que ela não compreendeu muito bem, mas foi o suficiente para irritá-la.

–Ora, seu...!!! - num movimento rápido impensado, ela atirou o copo de milkshake contra o carro, que acabou derramando todo o líquido no pára-brisa, tapando a visão do motorista. - AH Kami-sama!!

O maserati desgovernou para a calçada, depois desacelerou cambaleante.

–Kami-sama! Kami-sama!! - a Haruno cobriu os olhos com as mãos e se encolheu no banco assustada. - O que foi que eu fiz? O que foi que eu fiz?

Sasuke sorriu quando viu sua mercedes disparar na frente, depois fez o mesmo. Não precisava correr tanto agora. Olhou rapidamente para Sakura. A vontade de dar uma gargalhada o atacando.

–Eles bateram? - perguntou ela com as mãos ainda nos olhos.

–Não, eles pararam no acostamento... - respondeu o moreno com um sorriso torto.

–Sério? - ela retirou as mãos do rosto alarmada e olhou para trás. - Por Kami! O que foi que deu em mim?

–Estou me perguntando o mesmo...

–Eu agi sem pensar... - arfou - Eles poderiam ter capotado, sei lá... - passou as mãos nos cabelos arfando novamente.

–Hn... - Sakura era mesmo uma peça rara. A única garota capaz de fazê-lo rir. A única capaz de fazê-lo não se sentir sozinho. A única capaz de acalmá-lo. A única capaz de irritá-lo de uma maneira diferente. A única que aviva dentro dele, a sensação alegre de quando estava junto de sua mãe. Quase não poderia acreditar que alguém seria capaz disso. Não até ela aparecer...

–Bom, pelo menos você ganhou...

=================================================

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hauhauhauhauhauhau Eu já vi essa cena em um filme...

Bom, meus kokoros!! Espero que tenham gostado do capítulo!


Como vcs perceberam, o Idate será um dos pretendentes da Haruno... Só vou revelar isso... (hehehehehe)*risada maliciosa*


Agradeço a todos os reviws! E pelo carinho de cada um!


E principalmete à Day,(de novo) minha senpai!!! hehehehe à Titia Kire e a Sarinha, miguxa! Por recomendarem a Fic!! Vlw meninas!! Vcs deixam essa autora baka aki muito feliz!! XD


bjuss e até!! ^.^


=Denny



P.S. Novamente betei às pressas!! Algum errinho alguém me avise... XD