Ai Chikara escrita por DennyS


Capítulo 14
Capítulo - XIV - Sob o Luar...




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Capítulo XIV: Sob o Luar...

Os planos de Shizune fazer compras com Sakura não deram certo. Na tarde de terça-feira a rosada recebeu a visita das meninas que queriam capturá-la para um dia inteiro no spa. Porém a cerejeira se sentiu mal por ela. Sugeriu às meninas que a levassem.

Claro que Hinata não se importou. Tenten ficou alguns instantes pensativa, mas pronunciou um “Por que não?”. Ino fez uma careta de início, mas acabou concordando com Tenten. Temari, não disse nem expressou nada. Para ela tanto faz, como tanto fez. Porém Karin...

Bom, já era demais ela está sendo praticamente arrastada pelas meninas. Agora aceitar a companhia de Shizune? Era demais para a ruiva que queria distância absoluta de empregados. Ela fez um escândalo, mas acabou perdendo. Shizune não se sentiu ofendida, na verdade aceitou o convite para ter que infernizar a vida da namoradinha do seu patrão.

Com a saída de Sakura e Shizune, Sasuke aproveitou para jogar pôker com os amigos. A muito tempo que não apreciava o seu mais antigo vício. Não sentia muita falta, para falar a verdade, mas não custava nada se distrair um pouco.

Quando chegou na casa de Shikamaru, não esperava ouvir a conversa que se seguia entre eles. Todos, até mesmo Shino, que dava um de mudo nesses encontros estava tagarelando, de um modo meio discreto, mas estava. O único calado era Neji.

Sasuke deixou um grunhido abafado sair de seus lábios fechados, quando ouviu a forma com que o Inuzuka pronunciara o nome de Sakura. Era quase que uma fúria descontrolada dentro dele. Afinal, dias atrás, quando Sakura surgiu naquele mundinho dos ricos, seus amigos não tinham uma boa visão da cerejeira. Ele também não tinha. No entanto, o modo como seus amigos falavam dela, agora que Sakura estava totalmente diferente, totalmente mudada, deixando que essa mudança mostrasse o quanto ela era bela, não parecia justo para ele. Pois Sakura não era apenas dona de toda aquela beleza exótica, ela era mais...

Sua beleza ia mais além do que ele poderia imaginar...

Shikamaru deu um sinal para Kiba, assim que viu a cara colérica de Sasuke. Seu rosto pálido estava vermelho, as mãos estavam escondidas nos bolsos, apertando os próprios dedos.

–Vamos começar a jogar?! - indagou Shikamaru, puxando Kiba pela camisa. Fez com que o moreno sentasse ao seu lado de uma vez, pelo seu próprio bem. - Naruto, dê as cartas.

Todos se sentaram falando ao mesmo tempo. Naruto pegou as cartas e começou a embaralhá-las, enquanto comentava alguma coisa com Neji, sobre o carro que o Hyuuga comprou na loja de seu pai. Kiba continuava dizendo o quanto Sakura era sensual, enquanto Shino concordava, balançando a cabeça positivamente. Não era difícil adivinhar o que ele estava pensando. Mesmo sem ver seus olhos por trás de seus óculos escuros, que usava quase sempre, Sasuke podia decifrar aquela expressão. Uma expressão pervertida...– concluiu Sasuke. Sabia do quanto seu amigo era faminto por garotas virgens e bonitas como Sakura. Talvez esse era o motivo para ele parecer estar com Ino forçadamente. Ino não era mais virgem quando começou a namorar Shino, Sasuke tinha certeza. Já ficou com a loira uma vez, numa festa em que ambos beberam mais do que poderiam agüentar. Eles não dormiram juntos, mas apenas uns minutos com ela, Sasuke foi capaz de concluir que ela não era virgem.

–Já chega! - disse o moreno irritado, cortando a próxima frase de Kiba. Ele não estava prestando atenção, mas sabia que era sobre Sakura. Aquele fogo do Inuzuka, só fazia as reações de Shino piorarem. - Será que dá pra falar de outra coisa? - se não fosse assim, não sabia o quanto ainda poderia agüentar para levar um punho certeiro na cara de Kiba. Não queria que aquilo acontecesse, mas se continuasse irritado daquela maneira, tinha certeza de que não agüentaria.

–Qual é, Sasuke? Eu só...

–Cala a boca e vamos jogar! - interrompeu Naruto. Conhecia muito bem aquela cara que Sasuke estava fazendo. - Vira-lata!

–Por que vocês me chamam de vira-lata, porra?! - exclamou o moreno, tomando as cartas de uma vez, das mãos de Naruto.

–Seria porque seu pai é dono de um canil? - lembrou Neji, fazendo os meninos rirem.

Pet Shops! - corrigiu Kiba com os dentes trincados.

–Tanto faz... - murmurou o Hyuuga.

Sasuke respirou um pouco mais aliviado. A conversa tomara um rumo diferente, finalmente. Quando começaram a jogar, os assuntos foram acabando e eles se concentravam apenas no jogo.

Sasuke não estava jogando bem. Mal conseguia se lembrar das regras do jogo, pois estava absorto de pensamentos.

Por um instante se lembrou daquele cheiro, daquele perfume delicioso de cerejas, inebriante que emanava da pele e dos cabelos de Sakura. Olhou para fora da varanda onde estavam e avistou uma árvore. As pétalas cor de rosa, dançavam ao vendo, invadindo a varanda, deixando seu perfume no ar.

Então foi isso que trouxe as lembranças...

Voltou a olhar para as cartas na sua mão. Mais uma vez aquelas lembranças. Sakura, na noite anterior, tão bela, tão perto dele, tão trêmula... Como ela tremia, como seu coração saltitava do peito! Sasuke não entendia ao certo o que deu nele para beijá-la naquela noite, só sabia que foi algo mais forte que ele, algo que não pôde controlar.

Quando se deu conta, já estava em seu quarto, dentro do banheiro, em baixo da água quente do chuveiro.

Loucura...

Era a palavra que martelava na sua cabeça. Ainda considerava tudo aquilo uma loucura. Tudo que sentia por Sakura.

Um louco poderia assumir a própria loucura se estivesse consciência do que fazia. Mas esse era o problema, ele não tinha consciência do que estava fazendo, do que estava sentindo.

Então como conseguia admitir que estava louco?

Sasuke sacudiu a cabeça para espantar esses pensamentos sem sentido da sua mente. Ele apenas queria entender que droga estava acontecendo dentro dele! Como se curava, como aquilo acabaria?

Já havia admitido que sentia algo por Sakura. Algo mais que atração física, mas parecia não querer admitir isso. Não queria feri-la. Sasuke não sentia-se alguém capaz de amar, de se apaixonar, como seu amigo estava. Como ele havia lhe aconselhado. Sentia-se alguém que só sabe machucar as pessoas.

Lembrou-se do dia em que Sakura estava chorando por sua causa. Chorando depois que ele praticamente a chamou de idiota por ter medo de altura. Se a visse chorando mais uma vez por culpa dele, não sabia o que faria para si mesmo. Não tinha idéia do que aconteceria com o resto da sua sanidade.

Merda!

A cada minuto, a cada pensamento surge um sentimento diferente para ele. Era como se alguma coisa estava liberando novas sensações dentro dele a cada segundo que pensava em Sakura.

–Shikamaru! - não conseguia mais agüentar aquilo. Sentia que alguma coisa explodiria dentro dele a qualquer momento. - Onde tem vodka? - a caixa de cerveja ao lado dele, não lhe chamava atenção. Precisava de alguma coisa mais forte. Talvez assim, aquelas pensamentos acabariam.

–No bar dentro da sala. - respondeu o Nara, vendo Sasuke se levantar e adentrar a porta da varanda.

O moreno pegou a garrafa e colocou uma pequena dose no copo. Não poderia encher a cara em plena terça-feira. Além do mais ele estava dirigindo. Não queria ser levado bêbado para casa. Só beberia o suficiente para se sentir melhor.

Demorou alguns minutos dentro da sala, com as mãos encostadas no balcão do mini-bar. Já sentia o efeito da bebida forte dentro de sua cabeça. Tentou não pensar em Sakura, em cerejas e em nada que poderia lembrá-la.

Merda! Maldito Kiba!

Seria ele o culpado? Talvez... Se Kiba não estivesse falando de Sakura daquela maneira, talvez aquela fúria não despertasse as lembranças da cerejeira.

Firmou seus passos de volta para a varanda, tentando se envolver na conversa dos meninos. Alguma coisa tinha que distraí-lo.

–Você vai perder, meu amigo... - Kiba ergueu seus olhos para Sasuke assim que o viu entrar de volta para a varanda. - Aposta é comigo mesmo...

– Eu acho isso uma idiotice... - disse Shikamaru fuzilando Kiba com o olhar.

–O que vocês estão apostando? - perguntou Sasuke tentando entrar na conversa. Sentou-se em seu lugar novamente, percebendo que seus amigos hesitaram em responder. Levantou o olhar para Naruto ao seu lado, depois para Shikamaru.

–É uma idiotice do Kiba, teme. - Naruto embaralhava as cartas novamente. - Esquece...

–Por que esse medo todo do Sasuke? - indagou Kiba fitando o Uchiha. - Ele não vai se importar... - Sasuke arqueou uma sobrancelha. Se eles não dissessem logo o que estava acontecendo, teria um surto de adrenalina a qualquer momento.

–Eu dobro a aposta, Kiba... - Sasuke levou seus olhos para Shino do outro lado da mesa. Ele estava rígido, a expressão séria, os braços cruzados. Com certeza estava tentando irritá-lo. - Cinco mil, como eu consigo primeiro...

–Com o que eu não vou me importar, Kiba? - Sasuke perguntou ao Inuzuka, mas mantinha o olhar fixo para Shino.

Kiba hesitou, então Shino, que fitava Sasuke de volta, da mesma maneira, se pronunciou.

–Acho que você não vai se importar, Uchiha, se Kiba e eu apostarmos quem deflora sua preciosa irmãzinha primeiro...

Sasuke apertou os punhos e se colocou de pé em um segundo. A mesa de pôker balançou derrubando as cartas e os copos que estavam sobre ela. Shikamaru soltou um longo suspiro, praguejando um “que problemático”, enquanto Naruto ficou em alerta, processando o que Shino havia falado: “Deflorar”? Que merda era essa? Questionava o loiro. Deveria ser ruim para que Sasuke ficasse assim tão irritado.

–Eu juro que eu mato vocês se encostarem um só dedo nela!! - Shino não se intimidou com a ameaça. Continuava olhando indiferente para Sasuke do mesmo jeito. Naruto por sua vez entendeu agora o que Shino quis dizer. Lembrou-se que ouviu aquela palavra em algum filme épico.

–Por que ela agora é tão importante, Uchiha? - perguntou o Aburame, levantando-se da cadeira. - Que eu me lembre, ela é apenas uma fracassada que surgiu para arruinar suas férias.

–Ela está sob minha responsabilidade, caso não se lembre, idiota! - disse entredentes. A expressão dura, os punhos fechados prontos pra socar a cara de Shino.

–Inventa outra desculpa, Uchiha! - Shino continuou imóvel, de pé atrás da mesa. - Por que você está com essa raiva? Eu acho que porque quer mais do que qualquer um tê-la apenas para si.

Dessa vez Sasuke não se segurou. Em questão de segundos, jogou a mesa para um canto, avançou para o Aburame e socou seu nariz, conseguindo até quebrar os seus óculos. Os meninos, correram para segurar Sasuke, quando ele avançou novamente para cima dele, e conseguiram.

–Calma, teme!! - Naruto segurou os braços do amigo, puxando-o para trás.

–Idiotas... - murmurava Kiba, ainda sentado em seu lugar, como se nada estivesse acontecendo.

Shino estava com o nariz em uma torrente espessa de sangue molhando a gola de sua camisa, esperando que o impacto do soco passasse, para revidar. Porém antes que pudesse fechar os punhos para bater em Sasuke, o moreno se soltou do Naruto e Neji que tentavam segurá-lo e saiu pela porta da varanda

Xingou o máximo de palavrões que vinham em sua mente, ignorando as perguntas de Naruto às suas costas.

Entrou em seu carro, batendo a porta com vontade, depois deu a partida, saindo da mansão Nara rapidamente.

***

–Isso é tão relaxante... - suspirou Shizune se referindo a massagem em suas costas. A morena estava se divertindo mais do que imaginava. A última vez em que esteve num spa, fora a tanto tempo que nem se lembrava como era bom.

–Você ainda não viu nada, querida... - murmurou Ino. - Depois da massagem, vamos fazer uma limpeza de pele maravilhosa! Os pepinos são ótimos para...

–Eu fico me perguntando por que você teve essa idéia, Ino. - interrompeu Tenten, parando só para dar um gemido quando a massagista afundou as mãos nos seus ombros. - Mas depois de saber que você terminou com o Shino, não tenho mais dúvidas...

–Terminou? - perguntou Temari atônita. A loira se sentou, retirando os pepinos dos olhos. - Quando foi isso?

–Temari! - repreendeu Hinata. - Você está bem, Ino? - perguntou a morena preocupada.

–Eu estou ótima! - respondeu a loira. - Não poderia estar melhor!

–Então a idéia de vir até o spa, era para...? - indagou Temari confusa.

–Se produzir para um novo pretendente! - continuou Tenten. Era típico de Ino fazer isso.

–Vocês são tão previsíveis... - reclamou a Yamanaka, se levantando e seguindo para a limpeza de pele. - Só pensam isso? Eu não quero me produzir para sair à caça! Eu resolvi esperar...

–Esperar? - Tenten se levantou também, seguindo para o lado de Ino.

–Sim... Esperar alguém certo aparecer...

Sakura que estava numa cama não muito longe, com uma máscara e duas fatias de pepinos nos olhos, ouvia tudo atentamente, prestando atenção na conversa das meninas.

Será que elas também se apaixonavam como ela? Será que elas também já foram magoadas? Poderia ser. Mas eram garotas tão bonitas, cheias de energia, com certeza populares na escola, como algum garoto poderia magoá-las?

Era uma coisa que Sakura nunca poderia descobrir. Ela era uma garota como elas, diferentes em vários aspectos, mas eram garotas. Eram sim capazes de se apaixonarem, de sonharem... Impossível dizer que Sakura era a única.

No entanto, observando o jeito de cada uma, ela podia notar que sentimentos mais se assemelhavam aos seus. Ino poderia ter namorado muitas vezes, mas não estava apaixonada para não se importar com o término de seu namoro.

Lembrava-se da conversa entre elas, no dia anterior, quando esperavam a cabeleira cortar seu cabelo. Tenten indagara que estava apaixonada por Neji, porém não queria dizer isso a ele. Dissera que seu namoro havia acabado por não saber ao certo o que Neji sentia por ela. Ele era muito calado, muito formal. Não sabia demonstrar seus sentimentos.

Sakura sentiu pena quando a viu falar aquilo. Era o mesmo que ser rejeitada. Amar sem ser amada... Era horrível, era doloroso. No entanto, Tenten assegurou de que Neji gostava dela, pois sempre tinha um surto de ciúmes, quando ela o provocava. Porém a Mistasashi sentia-se mal por isso. Sakura podia notar o quanto ela estava triste, por mais sorridente que estivesse.

Era tudo muito confuso. Muita coisa para se pensar, para tentar entender. Sakura entrou nesse mundo adolescente a pouco tempo para processar esses sentimentos distintos. Na sua antiga vida, em Tóquio com a avó, onde passava a maior parte do tempo lendo, estudando, fazendo serviço comunitário em orfanatos, ela parecia esquecer do mundo a sua volta. Pensava que viveria daquele jeito para sempre, por mais que pudesse sonhar o contrário.

Sim, ela tinha sonhos. Sonhos que iam muito além daquela casinha em Tóquio. Muito além daquela vida bem organizada com sua avó. No entanto, imaginava sonhos impossíveis de se realizarem. Estariam bem guardados na sua cabeça, apenas para ela.

Mas estar ali, pensando tudo isso, enquanto sentia o creme gélido no seu rosto e os pepinos frescos nos olhos, era inacreditável. Era só um sonho juvenil que acreditava ser impossível de se realizar. Nesse momento, desejava do fundo de seu coração, que todos seus sonhos pudessem se tornar realidade. Sem exceções...

Sorriu com o pensamento.

Como se tivesse uma lâmpada mágica e o gênio a seu dispor, para realizar não apenas três, mas todos os seus desejos.

Que bobagem...

A vida não é assim. Concluiu, replicando aos pensamentos anteriores. Talvez para ser feliz, nem todos os sonhos precisassem se realizar.

Ser feliz era o bastante. Viver feliz era o suficiente para ela. Pois sempre se contentou com pouco. Ela não precisava do mundo para viver. Precisava apenas ser feliz. Apenas estar feliz.

Uma forte lembrança, que a atormentava desde que acordou, voltou para sua cabeça.

A noite anterior, pareceu mágica para ela. Impossível dizer que ultimamente seus sonhos não estavam se realizando. Ser beijada por Sasuke daquela maneira, foi tão surreal quanto seus sonhos mais absurdos.

Nunca fora beijada daquela maneira por um garoto antes. Nunca sentiu todas aquelas sensações de uma vez só. Podia imaginar aquele olhar, enquanto ele caminhava lentamente, os passos quase flutuantes para perto dela.

Lembrava-se exatamente do que sentiu, quando os lábios de Sasuke roçaram em sua pele, depois se afundaram em sua bochecha ruborizada. Naquele momento ela tremia, um estranho calor, como uma corrente elétrica, passava por cada parte de seu corpo, estremecendo sua pernas, suas mãos. Seu coração batia tão forte, que podia sentir o sangue correr desesperadamente por suas veias.

Foram as sensações mais intensas que já sentiu em toda sua vida.

Porém ainda se perguntava o motivo para Sasuke ter feito aquilo. Talvez fora uma atitude precipitada, ou ele se sentiu ofendido por Sakura ter reclamado da maneira como lhe deu boa noite...

Não...

Descartou essa última.

Talvez fosse melhor não pensar muito sobre isso. O melhor a fazer era continuar com as lembranças, voltar a sonhar e talvez desejar que ele se torne real.

***

–Vou sentir falta das férias... - murmurou Tenten. Comia uma salada sem muita vontade. Estava com os cotovelos apoiados na mesa e a cabeça apoiada em um braço. - Nunca tinha visto o shopping tão cheio numa noite de terça-feira...

Elas pareciam exaustas sentadas na mesa da lanchonete. Depois do spa, foram comprar mais roupas e acessórios, um dia inteiro de beleza.

–Eu não vou sentir falta... - disse Temari. - Gosto da escola.

–Diz isso porque é o seu último ano. - Ino era a única que não parecia cansada. Estava com uma energia tão intensa que minutos atrás sugeriu para as meninas uma divertida patinação no gelo, mas não conseguiu convencer. - Em que ano você está, Sakura?

–Estou no segundo. - respondeu com um sorriso, olhando para a lanchonete onde Shizune estava comprando um lanche completo.

–Que ótimo! - festejou a loira. - Tem uma probabilidade de você ficar na minha turma. Este ano fiquei separada das meninas.

Sakura ia perguntar mais alguma coisa sobre a escola, afinal essa era sua maior preocupação desde que se mudara para Konoha, mas foi interrompida pelos gritinhos de Tenten e Temari. Ela seguiu o olhar das duas eufóricas e então avistou Shizune poucos metros a frente, sendo paquerada por um homem lindo.

Percebeu o quanto a morena estava ruborizada e sem jeito, quase derrubando a bandeja com o hambúrguer e as batatas fritas no chão. Depois de ganhar um beijo na bochecha, ela se aproximou saltitante da mesa, esboçando um sorriso enorme, quase sonhando acordada.

–Kami! Que gato! - disse Ino batendo palmas. - Eu disse que você arrasaria corações!

–Estou me sentindo meio pasma, ainda... - murmurou a morena se sentando. Tenten e Ino sorriram para ela, enquanto Temari e Hinata murmuravam alguma coisa ao mesmo tempo. - Ah, arigato, meninas! Há tempos que eu não me sentia assim... Pareço ter nascido de novo!

–Que idiota... - todas seguiram o timbre de voz da ruiva. Karin estava em seu lugar calada, desde que elas saíram do spa. Na verdade estava calada o dia todo. Ela não era a mesma com a presença de Sakura e Shizune na turma. Ela se sentia boa o bastante para não estar na companhia delas. Porém não se afastaria de suas amigas. Afastaria as “intrusas”. - Nunca recebeu uma cantada antes? - perguntou não deixando de ser sarcástica.

Pela primeira vez Shizune não tinha o que dizer à ela. Afinal era verdade, Shizune era tão devotada ao trabalho que não tinha tempo para se preocupar com a aparência. Receber cantada de algum homem, era uma coisa rara na sua vida.

–Não liga pra ela. - consolou Tenten. - Karin está de TPM... - sorriu levemente para que Karin não se sentisse mal. Sabia do temperamento da ruiva, só não entendia esse ódio por Shizune e por Sakura.

–Ah, vocês acham que eu me importo com o que ela diz? - indagou Shizune. Quanta raiva tinha dessa garota! - Eu simplesmente ignoro pessoas fúteis e sem cérebro como ela...

–Como é? - a ruiva ficou rígida em sua cadeira, endurecendo os ombros de repente. - Acho que você perdeu a noção do perigo, sua secretária!

Shizune riu de canto.

–Você acha que me ofende me chamando assim? - ela sorriu ironicamente, colocando uma mão no peito.- Como eu disse, - virou-se para Ino - sem cérebro...

–Arg!! - Karin se levantou. - Para mim já chega! Eu não agüento mais isso! - ela pegou sua bolsa, suas sacolas de roupas e sapatos e saiu pisando duro da praça de alimentação. Queria dizer muita coisa para suas amigas, queria soltar tudo que estava preso em sua garganta, mas tudo que fez foi sair dali. Não entendia aquela raiva, não entendia o motivo de ser daquele jeito. Aprendeu tudo com seus pais, era óbvio, mas ela sabia que era insuportável às vezes. Só não conseguia se controlar.

As meninas se olharam confusas, mas depois acharam tudo normal, pois Karin sempre fora assim. Shizune esperava receber um puxão de cabelo como ela fez com Sakura, mas quando viu a ruiva deixar a mesa furiosa, ficou confusa se deveria ter dito aquelas coisas. Por um momento ela até diria ter sentido pena de Karin. Sabia das aventuras de Sasuke pelas noites antes de Sakura ir morar na mansão Uchiha. Algumas vezes em que via Sasuke a tratando mal, mesmo depois de traí-la, ela tinha uma certa revolta, uma certa compaixão por Karin. Mesmo que às vezes sentia que ela merecia tudo aquilo multiplicado por mil. Mas Karin também era um ser humano, uma garota apaixonada. Talvez o motivo para ela ser tão insuportável, era o modo como ela era ignorada pela família, ou por Sasuke. Shizune nunca entenderia o que se passava naquela garota.

***

–Foi muito divertido, Sakura... Eu não me sentia assim a tanto tempo!

Sakura e Shizune adentraram a mansão, carregando centenas de sacolas de roupas, sapatos e acessórios. Cada uma com um motivo para sorrir. Pois ambas as partes, estavam felizes por motivos diferentes. Shizune por ter comprado roupas, por ter recebido uma cantada e um beijo de um “deus grego” desconhecido. Já a Haruno, estava feliz por ver Shizune tão feliz. Ela sentia uma certa alegria por sua vida estar tomando uma rota diferente, diferenciando-se de tudo que imaginava no seu futuro. Mas a sensação de ver outra pessoa feliz, não tinha preço para ela. Era como se essa sensação fizesse parte da sua vida, como forma de que não quer ninguém infeliz ao seu lado.

Se aconchegaram na sala de estar, até que Sasuke se juntou à elas quando as percebeu chegarem.

–Sasuke-san! - disse Shizune sorridente.

O nome fez o coração de Sakura palpitar. Ela que até então não tinha percebido a presença do Uchiha, virou-se para ele que estava na soleira da porta. Foi como se esperasse vê-lo pelo dia todo. Quando fitou seus rosto, ele olhava diretamente para Sakura, sem desviar nenhum segundo. Ela por sua vez não agüentou por muito tempo. Virou as costas para ele, pegando suas sacolas de cima de sofá.

–Por que toda essa felicidade, Shizune? - aquela voz rouca e aveludada, fez o corpo da Haruno tremer. As lembranças da última noite voltaram novamente, juntamente com aquelas sensações.

–Estou muito feliz! - respondeu a morena sorridente. - Nós nos divertimos muito! - Sakura ainda estava de costas, pegando suas sacolas, quando ouviu os passos de Sasuke no chão de pedra, abafadas pelo tapete.

–Vou dar um volta de moto. - disse ele, não muito afastado da Haruno, como estava antes. Sakura arregalou os olhos. Sabia que aquilo significava ir até mirante com ele.

–Estamos tão cansadas, Sasuke... - sibilou Shizune, fitando Sakura. - Não vou obrigar Sakura a ir com você. Se ela quiser...

Sakura a fitou, depois assentiu com a cabeça.

–Você deveria perguntar se Sasuke quer companhia, Shizune... - disse Sakura, deixando sua voz firme como de costume.

–Acho que ele quer, pois...

–Não falem como se eu não estivesse aqui! - Sakura o fitou assim que o ouviu. Ele não parecia irritado. Estava com a expressão serena, tranqüila. Era só seu jeito costumeiro de ser. - Venha logo, Sakura! - ordenou gentilmente. Virou as costas e seguiu para a porta que daria na garagem.

Shizune disse a ela que levaria suas compras para o seu quarto, depois a Haruno seguiu o mesmo caminho que o Uchiha.

Quando adentrou a garagem, ele estava encostado na sua moto vermelha e potente, com as mãos nos bolsos, apenas esperando por ela. Agora sem a presença de Shizune, Sasuke prestou mais atenção na Haruno, que estava mais bonita que no dia anterior.

Quando ela se aproximou dele, pôde ver mais de perto seu rosto alvo e delicado, não muito diferente do que sempre foi. A maquiagem não estava tão forte, o que deixava seu rosto transparecer a beleza natural.

–Vamos? - perguntou ela meio receosa, sendo vencida por aquele olhar. Não conseguia manter os olhos nos orbes dele, mas tentou parecer o mais natural possível. - Você ainda vai acabar me matando, Sasuke-kun... - o sufixo em seu nome fez uma sobrancelha de Sasuke arquear-se perfeitamente. Não imaginava que Sakura o chamasse assim, como as outras garotas o chamavam. Desviou o olhar e montou na moto, quando ela percebeu sua expressão ao término da frase.

–Por que diz isso? - perguntou colocando o capacete.

–Você só gosta de coisas velozes... - murmurou sentando-se na garupa. Colocou o capacete, e receosa demais, segurou a cintura dele lentamente.

–Se você não quer mesmo morrer, segure mais forte. - Sasuke deixou um canto de sua boca subir,quando sentiu as mãos de Sakura tremerem levemente em seu corpo depois do que ele disse.

–A-Assim? - sibilou, sentindo o coração aos pulos.

–Não. Mais forte. - sentiu os bracinhos de Sakura o cercarem, porém não tão forte como deveria. - Acho que você quer mesmo morrer... - sorriu torto novamente.

–Você não precisa ir tão rápido! - alertou ela, apertando a cintura do moreno de uma vez.

–Eu não gosto de lentidão. - deu a partida na moto. O motor rugiu alto, provocando um eco gigantesco dentro da garagem, depois sumiu porta a fora.

Sakura sentiu o vento gélido soprar no seu rosto, pois havia esquecido de fechar a frente do capacete. Estavam tão rápidos, que ela estava começando a ficar tonta com os postes que passavam como lampejo por seus olhos. Ela os fechou, sentindo apenas um friozinho na barriga.

Sasuke acelerou um pouco mais, o que fez a cerejeira apertar com mais força a cintura dele. Pela velocidade já deviam ter chegado ao mirante, pensou ela. Talvez Sasuke estava dando algumas voltas ou estava indo para outro lugar.

Sentiu a moto desacelerar aos poucos, depois parar lentamente. Abriu os olhos.

Sim, Sasuke estava dando voltas. Estavam no mirante.

Ele desceu da moto, retirando o capacete, logo depois Sakura fez o mesmo. O Uchiha já estava a um metro de distância, olhando para a cidade brilhante lá de cima. Sakura fitou as costas dele, depois de recuperar o equilíbrio. Se afastou um pouco da moto e resolveu entender a razão de estar ali.

–Está bem... - começou ela. - O que aconteceu? O que está te incomodando? - Sasuke ainda de costas, arqueou uma sobrancelha em dúvida. - Eu sei que você vem aqui para refrescar a cabeça... - afirmou receosa. Se Sasuke achasse que ela estava se metendo no que não era de sua conta se sentiria muito mal.

Ele ainda estava confuso. Como Sakura poderia saber disso? Só trouxe ela ao mirante uma vez. Sakura era mesmo observadora.

–Eu quebrei o nariz de Shino essa tarde, mas isso não está me incomodando... - Sakura arregalou os olhos com aquela resposta. - Foi ótimo bater nele.

–Eu não entendo. - disse ela ainda surpresa. Na verdade mais surpresa por Sasuke está conversando assim tão abertamente com ela. - Você brigou com o seu amigo e não se sente mal? Então o que está te incomodando?

Sasuke respirou fundo, depois abaixou a cabeça.

–Quer mesmo saber? - perguntou sobre os ombros.

–Sim, talvez eu possa ajudar... - respondeu, fitando as costas dele, esperando pela resposta. Talvez acontecera algo muito pior que bater no amigo.

Sasuke virou para ela. Fitou os orbes verdes, cintilantes pela luz do luar, tão brilhantes como nunca havia visto antes. Como era linda... Sua beleza era capaz de prender o olhar do Uchiha por minutos, talvez mais.

Como dizer a ela que a causa de tudo aquilo era unicamente dela? Como dizer que depois do que fez essa tarde, depois de ter batido em Shino, ele não conseguia tirá-la da cabeça? Como dizer que ela era a única que poderia saciar todas aquelas sensações dentro dele?

Não haviam palavras ou consciência suficiente para isso.

Como na noite anterior, ele a fitou e caminhou lentamente para perto dela. Sakura viu a cena toda em sua cabeça. Já estava desnorteada, imaginando o que aconteceria a seguir. Sasuke beijaria seu rosto novamente. Não queria pensar no motivo. Na verdade, não pensava no motivo, não pensava absolutamente em nada no momento. Apenas o via se aproximar, já sentindo o vento empurrar o cheiro dele até ela.

Sasuke já estava à centímetros de seu corpo, como na noite anterior. Só que dessa vez, suas mãos não estavam nos bolsos. Uma delas apertou lentamente, muito lentamente a cintura de Sakura. A outra já estava na altura de seu pescoço, afundando os dedos na raiz de seus cabelos róseos. A pele fria de encontro com a sua, fez seu corpo se estremecer, seus pêlos se eriçarem com o contato.

Sakura arfou, sentindo o rosto de Sasuke a um palmo do seu. Seus olhos se fecharam. Podia sentir o coração bombear o sangue por todo seu corpo, porém lhe faltavam ar nos pulmões. Já podia sentir a quentura do corpo de Sasuke, podia sentir a respiração dele no seu rosto.

Lentamente, Sasuke encostou sua testa a dela. Seus narizes roçaram por uns segundos, depois Sasuke a tocou levemente nos lábios com sua boca. Sakura não respirava. Estremeceu novamente, quando sentiu a língua quente e molhada lamber seu lábio inferior, antes que Sasuke a beijasse.

Mais um segundo, então ele a beijou. A cada movimento de seus lábios nos dela, um calor insano os envolvia. Uma vontade mais forte que eles, fazia com que seus braços a apertassem contra seu corpo, colando ao seu.

O beijo tornava-se mais urgente a cada segundo. Sakura estremecia quando sentia a língua de Sasuke explorar cada canto de sua boca, como se estivesse desesperado para senti-la, para prová-la.

Ela não pensava mais em nada. Na verdade não conseguia. Era apenas Sasuke e ela ali no alto daquele mirante. Parecia que o mundo a sua volta havia silenciado, como se nada mais existisse além dos dois naquela noite sob o luar. Nada mais existia, nada mais importava.

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Continua...


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Notas finais do capítulo

Meu Deus!!! Vcs me atacaram com reviws!! Eu ainda nem terminei de responder!

Muito obrigada mesmo, pessoal!! XD

Eu, tbm a Amanda ficamos muito felizes que estejam gostando!!


Bom, como vcs podem ver as coisas estão mudando... hehehehe


Espero que tenham gostado e até o próximo!!!!


bjs

=Denny