Ai Chikara escrita por DennyS


Capítulo 10
Capítulo - X - Trauma




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Capítulo X: Trauma

Sasuke odiava estar de mau humor, principalmente depois de uma discussão com Karin. A ruiva torrou-lhe a paciência no mesmo dia em que ele voltara da fazenda com Sakura. Como era irritante.

Ainda aturava aquela garota, pelo simples fato de manter sua imagem de herdeiro Uchiha. Afinal, Karin era filha de um empresário muito influente de Konoha. Ele deveria apenas mostrar aos outros como era um homem responsável, mantendo um relacionamento com alguém importante, sem sujar sua imagem de herdeiro legítimo dos Uchiha.

Tentava deixar oculto suas “noitadas” e curtições com outras garotas, porém sempre tinha alguém que descobria. A mesma pessoa que contou à Karin da visitinha de Suigetsu alguns dias atrás. Esse foi o motivo para a discussão. Esse foi o motivo para a cólera que lhe atacava os sentidos sem piedade. Se soubesse quem fora o desgraçado que o dedurou, ele matava!

Estava na sala de jogos com Naruto, Shikamaru, Shino, Neji e Kiba, assistindo ao final do campeonato de Baseball pela TV plana de 52 polegadas. Talvez a visita de seus amigos ajudaria na mudança do seu humor, o que ele duvidava. Se Naruto e Kiba continuassem com a guerra de comida, ele explodiria a qualquer momento.

–Otário! Rebate essa bola, dattebayo!

–Já era, Naruto! Vou ganhar a aposta. - Kiba abocanhou uma fatia de pizza, apoiando as pernas na mesinha de centro. - Pode pagar!

–O jogo ainda não acabou, baka!

–Que tédio... - reclamou Shino. - Eu odeio baseball.

–Você odeia tudo! - replicou Shikamaru. - Problemático...

***

Sakura estava em seu quarto, pensando em tantas coisas que nem conseguia entender o que estava lendo. Recordava-se do que aconteceu naquela maravilhosa fazenda. A cena que mais brincava com seus instintos inocentes, era o rosto de Sasuke, sorrindo, mesmo que discretamente, mas sorrindo para ela.

Caminhou até a janela de seu quarto, sentando-se na sacada, com o olhar fixo para fora da mansão. Seus olhos concentrados, refletiam a luz alaranjada do pôr do sol, indicando o fim de mais um dia. Porém não enxergava absolutamente nada por conta dos pensamentos. O que era isso agora?

Na noite passada quando desceu até a cozinha para fazer um lanche em plena madrugada, encontrou com Sasuke encostado no balcão de mármore, bebendo uma cerveja. Seu coração bateu tão forte ao vê-lo, que temia ter um ataque cardíaco e morrer ali mesmo no meio da cozinha. No momento pensou que aquilo poderia ter sido apenas pelo susto de tê-lo encontrado no meio da cozinha escura, usando nada mais que uma calça de moletom...

Porém depois de ficar com as pernas bambas ao lado dele, a voz trancafiada na garganta, o estômago revirando dentro dela, se deu conta de que se tratava de outra coisa.

Não! Por Kami!

Não posso estar apaixonada...

Só então percebeu que aqueles eram os mesmos sintomas de um ano atrás quando estava apaixonada pelo capitão do time de basquete da sua antiga escola, só que dessa vez de um jeito mais intenso.

O quanto idiota eu sou!

Não podia estar apaixonada por Sasuke, afinal ele era seu irmão agora. Mas que loucura! Ela se culpava por não poder mandar no próprio coração.

Mas afinal, alguém poderia fazer isso? Alguém se apaixona porque quer?

Droga de sentimento dominador!

Parecia inevitável. Estava mesmo se apaixonando por Sasuke, mesmo que não desejava isso.

No meio de uma discussão interior, ela o via novamente. Lembrava-se do rosto sério e irritado, porém lindo do moreno, que quase sempre estava com essa expressão. Parecia que quando via a imagem dele na sua cabeça, todos os avisos de sua avó, todos os ditos conselhos de garotos bonitos como ele que não traziam coisas boas para a vida de uma moça respeitada, desapareciam.

Sakura escondeu os orbes sob as pálpebras, suspirando, deixando as lembranças atacarem-lhe a mente novamente. Podia enxergar nitidamente sua pele clara, esplêndida em perfeita alvura, delineando o corpo másculo e torneado de Sasuke. Lembrava-se das gotas da água da chuva que percorriam um caminho invisível por seus músculos, lentamente, como se fizessem isso para provocá-la, desnorteá-la, desejando arduamente tocá-lo, seguindo o caminho invisível com seus dedos, seus lábios...

Por Kami!

Seus olhos abriram-se bruscamente, o sangue subiu até seu rosto deixando suas bochechas quentes e coradas, só de imaginar aquilo. Agora se deu conta de que não estava apenas apaixonada por Sasuke, mas também muito atraída por ele. Podia notar sensações novas dentro de si. Uma delas parecia ser um desejo insano de beijá-lo, quase que uma necessidade de tocá-lo com os lábios.

Levantou-se da sacada, seguindo em direção à porta.

O quanto frágil ela era? O quanto ingênua poderia ser?

Como gostaria de ter um pouco de experiência... Se houvesse namorado alguma vez na sua vida, se ao menos tivesse sido beijada! Talvez isso não estaria acontecendo. Talvez não existisse essa curiosidade quase explodindo dentro dela. Talvez não estaria apaixonada por Sasuke...

Saiu do quarto, um tanto interessada no que Sasuke poderia estar fazendo. Desde que voltaram da fazenda, e Sasuke discutiu com Karin, por um motivo que ela não entendeu muito bem, ele não estava muito amigável. Do seu quarto podia ouvir a música alta do Uchiha, praticamente balançando as paredes com o eco monstruoso que corria pela mansão. Foi assim durante os últimos dois dias. Porém agora estava tudo muito silencioso. Talvez ele estaria na sala de jogos e TV, mas não era um a boa idéia perturbá-lo.

Mas o que será que ele está fazendo?

Ela não estava apenas curiosa, mas necessitada de vê-lo. Mesmo que este não lhe dissesse absolutamente nada, só queria vê-lo. Talvez inventaria uma desculpa, talvez não... Apenas vê-lo!

Subiu as escadas até o quarto andar da mansão. Seu destino seria a sala de jogos, já que era lá onde Sasuke passava boa parte do seu tempo. Mas se não estivesse lá, teria que procurar no resto da mansão. Aff! Ela se cansou só de pensar.

Chegou ao quinto andar, já avistando a porta entreaberta, de onde saíam risadas, vozes e barulho. Não sabia que Sasuke estava com os amigos. Com toda certeza não era uma boa idéia aparecer por lá.

Antes que pudesse virar as costas totalmente, viu uma mão na brecha da porta. Olhou para os lados apavorada. Não daria tempo de desaparecer pelo corredor, a porta estava bem no final. Rapidamente a Haruno adentrou a varanda à sua esquerda, o único lugar para se refugiar, cruzando os dedos para que não tivesse sido vista.

Ficou paralisada atrás da vidraça, pois não podia aproximar-se demais do parapeito ou ficaria tonta pela altura.

–Então é você! - Kiba empurrou a porta de vidro da varanda. - Pensei ter visto um fantasma, essa mansão me assusta...

–Olá! - ela forçou um sorriso.

–O que você está fazendo aqui?

–Ah, eu só estava tomando um ar...

Kiba se aproximou lentamente da cerejeira, fazendo-a andar para trás. O que mais assustava a moça era a expressão do garoto.

–Eu vou indo...

–Por que essa pressa? - Sakura sentiu o parapeito em suas costas. - Sabe, você até que é bonitinha... Por que não dança pra mim um pouquinho? - O Inuzuca a cercou com os braços, impedindo-a de passar.

–Dançar? - do que esse maluco, está... Droga! Havia se esquecido da sua “apresentação” naquela noite do bar. - Não tem música... Gomene... - olhou para o lado e foi inevitável não perceber a altura assustadora do quinto andar. - Oh, Kami-sama! - suas pernas e suas mãos ficaram trêmulas involuntariamente, seu coração bateu mais forte, sua respiração tornou-se pesada. Estava acontecendo de novo. As sensações de medo de que mais odiava sentir.

–Qual o problema?

–Me deixe passar! - implorou com a voz trêmula. Já podia sentir aquele friozinho chato na barriga. - Eu não me dou bem com altura...

–Que besteira, estamos só no quinto andar. Não é tão alto.

–Me deixe passar. - fechou os olhos pela tontura.

–Não fica nervosa, gata. - Kiba sorriu maliciosamente ao perceber que Sakura não estava brincando. Os olhos apertados, a respiração acelerada... ela estava mesmo com medo. - Posso te ajudar a enfrentar o seu medo...

–O que? - ela abriu os olhos, mas os fechou assim que tudo começou a girar novamente. - Não, obrigada!

Kiba a pegou pela cintura, sentando-a no parapeito. Sakura endureceu seu corpo, sentindo a voz trancafiar-se na garganta, pois o medo tomava conta dos seus sentidos, impedindo-a de dizer qualquer palavra. Suas mãos apertavam a jaqueta do Inuzuca, que achava tudo muito engraçado. A cerejeira ofegante e apavorada, deixava as lágrimas molharem seus olhos por trás dos óculos, implorando para que sua voz saísse dentre os lábios trêmulos.

–Nã... Não me dei... xe... ca... cair... - sibilou com grande dificuldade.

–Nossa! Você tem medo mesmo! - Kiba gargalhava da situação. Nunca tinha visto alguém com medo de altura, na verdade nem imaginava que existia medo para isso.

Poderia ser mais divertido que isso, ele imaginou.

–Opa! - ele a assustou com um pequeno empurrão.

Os gritos apavorados da rosada, estavam ocultou por de trás do medo. Ninguém poderia imaginar o que ela estava sentindo naquele momento.

–‘Cadê aquele desgraçado? - perguntou-se Naruto. - O banheiro é tão longe assim, teme? Eu ganhei a aposta! Se aquele filho da puta, fugiu com o meu dinheiro...

–Hehe... Acho melhor você ir atrás dele. - avisou Shikamaru. - Com certeza ele deu no pé.

–Merda! - Naruto seguiu em direção à porta, andando em passos duros pelo corredor, até que ouviu as risadas de Kiba vindas da varanda. - Mas que merda esse otário ‘tá fazendo?

O loiro adentrou a varanda, estreitando os olhos em dúvida com o que estava vendo. Aparentemente sua mente poluída processou outra coisa, porém observou com mais atenção. Quando se deu conta do que Kiba estava fazendo, correu na direção dele.

–‘Tá maluco, seu veado?!! Quer atirar a garota lá embaixo?! Dá ela aqui! E do que você ‘tá rindo?!

–Ela tem medo. He, he, he...

Naruto desceu a Haruno do parapeito.

–E ONDE ‘TÁ A GRAÇA NISSO?! - ele fitou Sakura por um momento. Ela parecia estar em transe, pois não movia um músculo, apenas tremia.

–Que gritaria é essa aqui? - Sasuke adentrou a varanda e seus olhos logo viram como Sakura estava. - O que aconteceu?

–Esse otário tava querendo atirar ela lá embaixo. - apontou Naruto.

–HEY! Só estava brincando! Não queria matar ninguém!

–Melhor levar ela pra dentro, teme. - disse Naruto puxando-a pelo braço. Sakura mal conseguia andar.

–Eu... Eu estou bem... - sibilou a Haruno, respirando fundo. A tontura estava passando.

–Idiota... - disse Sasuke olhando mortalmente para Kiba. Será que ele não podia ter um dia normal? Será que o seu humor não podia melhorar? A visita de seus amigos só pioraram a situação. Só de ver Sakura daquela maneira, um ódio insano fluiu dentro dele. - Essa merda de festa acabou! Dêem o fora daqui!

–Qual é, Sasuke! Só foi uma brincadeira!

–Olha pra minha cara! Eu tô rindo, idiota?!

–Sasuke tem razão, Kiba. Você tem um jeito muito idiota de se divertir. - afirmou Naruto, levando Sakura para dentro do corredor.

–Que merda! - praguejou Sasuke ao avistar da varanda, o carro de Shizune adentrar os portões da mansão. Ela estava fora para visitar seu apartamento, abandonado desde que recebeu a tarefa de espionar o filho do chefe. Além de encontrar os amigos numa “festinha” particular, encontraria Sakura daquele estado. Definitivamente, chamar seus amigos para assistir ao jogo de Baseball não foi uma boa idéia. - Arrume a bagunça!

–Como é que é? - replicou Kiba.

–Agora! - ordenou Sasuke entredentes.

Naruto já estava no quarto andar com Sakura quando Sasuke os encontrou.

–Anda, dobe! Vá pegar suas coisas, Shizune chegou.

–Mas ela...

–Anda logo! - quanta raiva, quanto ódio! No momento odiava tudo, até a própria raiva. - Sakura pode se cuidar sozinha.

A Haruno pareceu despertar com a voz de Sasuke. Aos poucos já estava mais calma. Olhou a sua volta, segurando firme no corrimão ao pé da escada, enquanto Naruto subia de volta.

–Você já pode parar com essa idiotice. - Sasuke estava atrás dela, no sexto degrau da escada.

Ela virou a cabeça para vê-lo, afinal foi para isso que subiu até o quinto andar, não foi?

Mas espera um momento. O que foi que ele disse? Ela fitou o rosto dele, contorcido pela raiva, os olhos brilhantes em completa fúria.

–Idiotice? - repetiu incrédula. Aquilo doeu em seu peito. - Sim... Concordo, Sasuke... É mesmo uma idiotice. - virou-se completamente, ainda fitando o rosto dele. - É tão idiota! É mesmo idiota! Mas afinal, por que eu tenho isso? - as lágrimas ainda estavam úmidas no seu rosto, porém novas ameaçavam cair dos olhos. - Talvez porque quando eu tinha cinco anos de idade, o homem que se dizia meu pai, me levou até o décimo andar de um prédio, tendo a audácia de dizer que apenas me mostraria a bela vista lá de cima... - sua voz já estava trêmula pelo choro. - Mas quando chegamos, ele ameaçou me jogar lá de cima. E tudo isso pra fazer minha mãe voltar pra ele... Foi mesmo idiotice, Sasuke! MUITO IDIOTA! - ela pausou por momento, retirando os óculos de seu rosto. - Acho que você olha para as outras pessoas e as julga da sua maneira, por ser um MALDITO EGOÍSTA! Acha que ninguém tem problemas ou sentimentos... Eu só espero que um dia você perceba que o mundo não gira em torno de você!

Sakura desceu mais um lance de escadas, seguindo a direção de seu quarto. Não entendia de onde tinha vindo tanta raiva, tanta firmeza para profanar aquelas palavras para Sasuke. Como disse tudo aquilo à Sasuke? Quem estava dizendo-se apaixonada minutos atrás! Mas isso não importava no momento. Estava arrasada. Mais uma vez. Mais uma vez por causa dele...

Sasuke, que havia escutado tudo em silêncio, não se conformava em não ter dado a última palavra. Ele nunca se calava, principalmente para uma garota. Porém se deu conta de que havia descontado sua raiva na Haruno. Sabia que aquele trauma era sério, pois se lembrava exatamente de como ela ficou naquela tarde no parque depois de andar na montanha russa. Não deveria ter dito aquilo. Na verdade nem sabe ao certo porque disse aquilo. Merda! Estava que nem um idiota parado no meio da escada se culpando pelo que fez!

Shizune já deveria estar bicando atrás dele para saber o que se passava na mansão. Saber que seus amigos estavam ali, era inevitável, já que tinham três carros na entrada. Mentir não adiantaria, apenas esperaria que Shizune estivesse com o humor melhor que o seu.

***

Sasuke passou boa parte da noite no mirante, onde gostava de ir para colocar os pensamentos no lugar. Dessa vez Sakura não estava lá. Ela deu a desculpa de que estava resfriada para que Shizune não insistisse muito. E deu certo.

Lá estava Sasuke, sozinho novamente naquele lugar. Estava exatamente do mesmo jeito que na tarde em que presenciou a tristeza de Sakura, depois da piadinha estúpida do balconista da lanchonete.

Aquilo foi antes de irem para fazenda. Antes de se sentir tão bem ao lado dela naquela tarde. Não imaginava que sentiria aquela dor de culpa novamente, porém lá estava ela lhe incomodando.

Não sabia o que foi pior. Descontar sua raiva com aquelas palavras ou ter ouvido a dor da Haruno com aquela expressão aflita e ao mesmo tempo raivosa.

A cada dia que passava com ela, sabia que algo estava diferente... Alguma coisa dentro dele havia mudado. Tinha absoluta certeza disso, só não entendia o motivo.

Sakura...

Lembrou-se da sensação desconhecida que tranqüilizou seu peito ao vê-la no vestido de sua mãe. Nunca havia sentido aquilo, talvez por isso não tenha explicação do que seja. Era estranho, ele sabia, mas ainda não entendia o que era. Principalmente o desejo de protegê-la quando cavalgavam na fazenda. Não poderia dizer que aquilo não foi nada. Foi sim alguma coisa, mas o que afinal?! Kuso!

Deus! Como estava arrependido de ter dito aquilo! Por que simplesmente não ficou calado como sempre?

Por isso não gostava de falar muito. Palavras às vezes são muito desnecessárias.

Mas o que ele faria agora? Jamais se humilharia pedindo desculpas...

Por Kami! Ela me chamou de egoísta! Ela é quem deve pedir desculpas!

Mas ela não disse a verdade?

Com quem, além dele, Sasuke se importava? Nem mesmo com seu pai, nem mesmo seu irmão. Nada mais o importava depois que sua mãe morreu...

Merda!

Pensando nela de novo!

Não. Alguma coisa ele teria que fazer!

Voltou para a mansão com sua moto, a cabeça quase explodindo, pois tentava achar uma solução para o “problema”. Mais uma vez sem saber o motivo, não queria deixar Sakura magoada por uma coisa estúpida como o seu mal humor.

Já era meia-noite quando chegou na mansão. Foi até a cozinha, pegou um copo d’água, mas antes de levar o copo até os lábios, notou que alguém estava usando o telefone sem fio que ficava ali. Seria Shizune? Ou Sakura? Uma curiosidade imensa atacou o Uchiha, fazendo-o ir até a sala onde tinha outro aparelho que dividia a mesma linha que o da cozinha.

Quando o colocou no ouvido, ouviu a voz de Sakura do outro lado.

–Como está aí em Paris?

Está tudo ótimo, minha querida! Mas eu queria tanto que você estivesse aqui...

Ela falava com a mãe...

Sasuke sentou-se no sofá. Sabia que era errado o que estava fazendo, mas a curiosidade falava mais alto.

–Aconteceu alguma coisa, Sakura? Você está tão calada...

–Não, é impressão sua, mãe...

Não minta pra mim. Eu conheço você....

–Bom, na verdade... Eu... - Sakura teria que inventar alguma desculpa. Sabia que sua mãe notaria a fraqueza de sua voz, já que ela estava chorando minutos atrás. - Eu estava vendo um documentário, mãe. Muito traumatizante...

Sakura, eu já te pedir pra não assistir essas coisas! Sobre o que era?

–O que?

–O documentário, ora essa!

–Ah, sim! Era sobre... - Droga! Até Sasuke esperava ansioso pela resposta tanto quanto sua mãe. - Sobre a extinção das baleias brancas.

Sakura não esperava a gargalhada exaltada da mãe. Até Sasuke segurou o riso.

–Baleias?

–Sim, os chineses comem muita baleia, mãe...

–Ah, querida... Como sinto sua falta...

–Eu também sinto a sua...

–Como está indo aí com o Sasuke e a Shizune?

–Está... Tudo bem. Você não tem que se preocupar...

–Quero que você me conte tudo quando eu voltar! - Sakura sorriu pela juventude de sua mãe. De fato, parecia uma adolescente. – Nos veremos em um mês, está bem? Estou levando muitos presentes para você...

–Está bem, mãe... Pode ir se divertir agora.

–E você vá já pra cama! Eu sei que aí já passa da meia noite... Te amo, querida...

–Também te amo...

Sakura desligou o telefone. A longa conversa que teve com sua mãe, a deixou mais feliz, porém não a fez esquecer o que acontecera mais cedo.

Sentia-se uma estúpida por mais cedo estar sonhando acordada por ele, e minutos depois estar chorando.

Ouviu duas batidas na porta.

–Entra, Shizune! - disse ela. Porém a porta não se moveu. Mas só poderia ser ela, talvez para trazer mais um chá ou pegar o telefone que ela mesma trouxera duas horas atrás.

Levantou-se da cama e seguiu até a porta. Se era Shizune, por que ela não entrou?

Girou a maçaneta e quando abriu a porta, seu coração disparou.

Sasuke?

Ele estava com os braços apoiados no portal e a cabeça baixa. Lentamente ele levantou os olhos para fitá-la. Notou os olhos inchados e vermelhos pelo choro da Haruno. Agora, estavam arregalados e confusos.

Sasuke estava sério e decidido.

–Eu estava errado... - foram as palavras que saíram de sua boca. Talvez as únicas.

Sakura ainda sentindo seu coração exasperado, não acreditava naquilo. Mas se era a maneira que Sasuke tinha de pedir desculpas, quem ela era para exigir mais que isso?

–Eu te perdôo... - ela sorriria se não estivesse hipnotizada com aquele olhar.

Aquilo foi o suficiente para deixá-la melhor. As palavras que o julgavam algumas horas atrás, como alguém sem coração, com uma alma negra, egoísta, acabaram de ser apagadas da sua cabeça juntamente com as lágrimas que derramara. Alguém assim não pediria desculpas.

Sasuke tirou os braços do portal, e foi na direção de seu quarto. Talvez aquilo o faria dormir melhor. Talvez não.

Ao menos aquela dor de culpa já havia passado.

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Continua...


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo dramático....


Onegai! Não se desanimem! Eu juro que esse é o último nesse estilo emo... hehehe *Palavra de escoteiro!!

As coisas vão começar a melhorar agora que a Sakura sabe que está apaixonada... E uma surpresinha pra deixar vcs mais felizes: a mudança do visux da Sakura está próximo! UHU!!

Agradecemos aos reviws maravilhosos!!!


Até +!


=Denny


P.S. Se tiver algum errinho, me avisem! Não deu tempo de betar! *-*