Dreamland: Onde Os Segredos Se Escondem escrita por alexiawhittier


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Helloooo! Aos que estão lendo pela primeira vez, muito obrigado, espero que gostem, aceito sugestões, críticas e elogios. E não se assustem com o espaço de tempo entre a publicação do primeiro e do segundo capítulo eu não levo tanto tempo assim para escrever um único capítulo, hehe. É que excluí os outros capítulos para refazê-los, aí parece que publiquei um só e abandonei a história para sempre.

Aos Dreamers antigos: MUITO obrigada, muito mesmo. Eu sei que não é fácil começar a gostar de uma história e ter ela pausada, sem saber o que vai acontecer. Mas o planejamento que eu tinha era realmente deplorável. Não que esteja perfeito agora, mas enfim.

Então, consegui reformular o planejamento, finalmente. Estendi mais os acontecimentos, mas, na minha opinião, ainda não é o bastante para um livro. Mas essas coisas a gente não pode forçar né? Então, ao invés de deixar os leitores tristinhos enquanto esperava por uma inspiração divina, decidi continuar Dreamland assim mesmo, no estilo fanfic. Doce Sacrifício ainda é prioridade no quesito "virar livro", aonde eu tenho que me preocupar com cada ínfimo detalhe, mas farei o possível pra deixar Dreamland pelo menos "aproveitável". Ah, e cuidado pra não falarem spoilers nos comentários, porque aquelas "certas coisas" vão demorar um pouco mais pra acontecerem, hehe. E desculpa por estar tão pequeno, é que eu queria publicar logo :D



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A manhã era morna e cinzenta. A leve brisa do verão de Boston fazia meus cachos loiros esvoaçarem enquanto eu entrava no shuttle em frente a mim. Ajeitei-me no banco único e coloquei o cinto, olhando em frente. Meus olhos mal haviam acordado quando a luz do scanner passou por eles.

"Identidade ocular reconhecida: Samantha Rivers. Insira o local de destino."

Ao término da mensagem de voz, estiquei o braço direito para a tela no canto do veículo e apertei "Estação 39", o mesmo endereço de todas as minhas manhãs. Foram só mais alguns segundos até que eu começasse a me mover sobre a estrada elétrica, permitindo que meus olhos descansassem até que eu chegasse na empresa. Minha cabeça reclamava das noites mal dormidas, mesmo já fazendo quase um mês desde que eu passei a acordar mais cedo do que de costume. Entrelacei os braços sobre minha jaqueta de couro e aproveitei o silêncio que reinava no cubículo de vidro e metal.

"Estação 39. Destino alcançado."

Só tornei a abrir os olhos quando ouvi a mensagem, logo após sentir que o shuttle havia parado de se mover. A porta de vidro se abriu automaticamente, e eu tirei o cinto no mesmo movimento que peguei a bolsa que descansava em meu colo, saindo em direção às escadas. Ao fim delas, meu corpo já se encaminhava quase que mecanicamente em direção à rua que eu precisava atravessar, mas parei antes para admirar o enorme e largo prédio que se destacava na avenida Kennedy. O paralelepípedo metálico em azul-claro era envolto por uma estrutura de vidro que se contorcia da base até o topo, quase formando um espiral. Era uma das minhas obras arquitetônicas preferidas da cidade desde que eu me entendia por gente. E agora eu era praticamente dona dela.

Muita coisa mudou nos últimos quatro anos, desde que meus avós morreram. Eu passei de sócia a dona da Rivers Neuroscience Laboratories – mais conhecida como Dreamland – com apenas 25 anos de idade. A empresa, fundada pelos meus avós em 1990, especializa-se em pesquisas neurológicas, e tem o objetivo de auxiliar vítimas de trauma e até ajudar a solucionar crimes, através da tecnologia de mapear sonhos. Objetivo esse que espero tornar-se realidade nos próximos meses, antes que o ano de 2033 chegue.

Após entrar no tão conhecido prédio e cumprimentar a secretária, passei o cartão pela catraca e subi pelo elevador até o sexto andar, preparando minha mente para mais uma das tantas reuniões necessárias para os ajustes finais.

– A reunião já vai começar!

Minha assistente, Monica, pulou da cadeira assim que me viu, e foi andando o corredor comigo enquanto pegava minha bolsa e me deixava uma pasta. Andei até o final com passos apressados, puxando a maçaneta da porta e chamando a atenção dos membros da diretoria, já dispostos em seus lugares. Sorri brevemente e fechei a porta.

– Desculpem-me, estou atrasada – Juntei-me à já completa mesa de reunião.

– Só alguns minutos – Harry, um dos sócios, lançou um breve sorriso – E acho que quem tem 78 por cento das ações pode ser dar a tal luxo de vez em quando.

– Vocês precisam parar de ser tão gentis comigo, ou vou acabar me acomodando – Sorri de volta enquanto passeava pelos arquivos na mesa e todos assentiram – E isto não pode acontecer.

– Nisso tem razão, Srta. Rivers. Certamente não é a hora de se acomodar – George pronunciou antes de partirmos à primeira de várias pautas.

– Bom, uma coisa que devemos decidir logo é com qual hospital iremos nos aliar primeiro – Harry sugeriu, pausando para limpar a garganta. – Certamente teremos vários clientes no futuro, mas temos que começar com calma.

– Eu insisto no East Meadow – um dos diretores contribuiu. – A ala de neurologia deles tem vários pacientes que podem usufruir dos nossos serviços.

Enquanto a decisão era tomada, permiti-me desviar a atenção por alguns minutos. Não era falta de interesse pelo trabalho, até porque eu estava ansiosíssima para receber o primeiro paciente, mas não me importava de que hospital ele viria. Tudo o que eu queria era ajudar às pessoas enquanto honrava o trabalho dos meus avós. Observando a cidade através da parede de vidro no final da sala, lembrei-me de minha avó me contando sobre uma das primeiras reuniões da Dreamland em que eu estive presente – desenhando num papel, sentada ao fim da mesa, quando mal sabia andar.

Não acho que meus avós consideravam a possibilidade de que não viveriam para ver a Dreamland finalmente ajudar as pessoas. Mas acontece que terminar todas as pesquisas e equipamentos não é o bastante – há muitos processos burocráticos também. Não dá pra simplesmente sair por aí oferecendo às pessoas a chance de assistirem a seus sonhos. Na época em que minha mãe me teve – e aí praticamente me abandonou para que seus pais me criassem – as reuniões ocupavam-se de pesquisas para os aparelhos ou questões sobre a construção e disposição das salas do prédio.

Foi mais cerca de meia hora até que decidíssemos oficialmente iniciar nosso trabalho com o East Meadow. O secretário já se prontificou para entrar em contato com os representantes do hospital, que estariam ali ainda naquela semana para acompanhar os testes finais do nosso maquinário. Depois desses detalhes resolvidos, fui ao meu escritório, para descobrir que não havia realmente muito a fazer.

– Sam? – Harry bateu à porta, após eu ter passado quase vinte minutos em tarefas cotidianas no computador, e então acenei para que ele entrasse. Ele andou até a mesa e repousou sobre tal uma pilha com cerca de dez folhas. – Preciso que assine esses documentos, querida. Se quiser ler tudo eu volto depois, mas são só umas burocracias chatas.

– Não, tudo bem – Soltei uma risada breve e peguei uma caneta, trazendo os papéis para mais perto. – E desde quando é sua função cuidar da papelada, Harry?

– Caso não tenha percebido, estamos todos meio que sem ter o que fazer até o fim desse dia. Já até visitei o quinto andar, e nem isso pôde me entreter – Harry sorriu com a brincadeira, e eu acompanhei. – Além disso, nesta etapa final, eu posso até limpar os banheiros e abrir portas se significa que estou ajudando o nosso sonho se tornar realidade.

Olhei para Harry, observando seus cabelos grisalhos, o sorriso largo, e os olhos, que brilhavam como os de uma criança atrás das lentes dos óculos. Ele estava tão ansioso quanto eu, e com razão.

– Posso imaginar o quão realizado você está se sentindo nestes últimos dias – Estendi a minha mão e a repousei sobre a de Harry, que descansava na mesa. – Afinal, dos funcionários atuais, você é o maior responsável pelo o que está acontecendo. Você é a representação do Time dos Sonhos, Harry.

– Isso nem se compara a você, Samantha – Harry riu. – Você é o epítome dele.


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