Com a velocidade e a surpresa do ataque, Naruto não teve tempo de reagir e realmente teria sido morto se duas intervenções não houvessem acontecido. Uma parede de areia ergueu-se a sua frente, enquanto dois tentáculos imobilizavam o atacante, dando tempo a Naruto de se esquivar.

Tsunade voltou-se para o atacante com um olhar irado e perguntou em voz irritada:

— O que pensa que está fazendo, Raikage?

Enquanto a areia de Gaara reforçava a segurança dos tentáculos que Bee usava para segurar o irmão, Naruto se colocava a uma distância segura do Raikage. Seus olhos expressavam uma raiva contida. Aquele homem não havia aprendido nada durante a guerra?

Na porta que foi arrombada, permaneciam duas pessoas, que pareciam tão aturdidas com a atitude do Raikage quanto os que se encontravam dentro da sala. Eram Darui e Mabui, assistente de Kira A.

— Essa é uma reunião particular de Konoha, konoyarou! Não deve ir entrando assim sem bater, bakayarou! — Bee, ao ver que o Raikage havia se acalmado um pouco ao ver Gaara e ele ali, soltou-o.

— O que o fez pensar que pudesse existir algum tipo de conspiração da parte de Konoha, Raikage? — Gaara perguntou com calma. — Sabe tão bem quanto eu que esse nunca foi o estilo dessa vila, ao contrário de muitas outras. Tanto Suna quanto Kumo têm esse histórico, mas não Konoha.

— Isso não quer dizer que não haja uma primeira vez! Aliás, o que fazem aqui, Bee, Kazekage?

— Viemos como convidados, para presenciar essa reunião, a pedido de Naruto, justamente para evitar que alguém tivesse a ideia de algum tipo de conspiração. — Gaara respondeu calmamente. — Konoha sempre foi a vila mais poderosa das cinco nações. Eles não precisam disso.

A única resposta do Raikage foi um rosnado. Havia sido convencido pelas palavras de Gaara, mas não estava satisfeito e não daria o braço a torcer. Ao notar especificamente dois olhares sobre si, preferiu ficar em silêncio. Eles o lembravam da conspiração de sua vila para conseguir o Byakugan, e pela idade de seus observadores, tinha certeza que eram as pessoas que mais haviam sofrido com isso.

— Agora que nossos assuntos nessa reunião estão resolvidos, acredito que não há mais porque adiar a reunião dos Kages. — Disse Tsunade, ainda olhando irritada para o Raikage. Voltando-se para os outros, completou. — Estão dispensados. Comuniquem a seus clãs o que foi resolvido aqui, mas usem o bom senso, e não se esqueçam de que foram convocados principalmente por serem amigos de Naruto, portanto nem tudo deve ser divulgado.

— Tsunade-sama, apenas me permita fazer uma pergunta a Naruto. — Shikamaru voltou-se para ele. — Tem alguma objeção a que seja divulgada na vila a história de sua família? Principalmente sobre ser o filho do Yondaime Hokage?

— Não, Shikamaru. Imagino que essa história acabaria se espalhando de uma maneira ou de outra, então é melhor que não seja por boatos. — Encarou os olhos do Raikage, mesmo a resposta não sendo diretamente para ele e emendou: — Podem pensar que estou querendo me fazer de importante.

— Hai. Estamos indo, Tsunade-sama. — Shikamaru saiu da sala, acompanhado dos outros que participaram da reunião.

—Naruto, Sasuke, Sakura. — Tsunade os chamou antes que seguissem os outros. — Vocês também devem estar presentes à reunião. Ela começará dentro de uma hora na sede do Conselho. Sai, avise à Mizukage e ao Tsuchikage.

— Hai! — Disseram os quatro, antes de deixarem a sala. Shukaku, que ainda estava por ali os seguiu, sendo acompanhado pelo olhar do Raikage, que se perguntava quem era aquele, apesar da incrível semelhança com Naruto.

Naquele galpão permaneceram apenas Tsunade, Gaara, Shikaku, Shizune, Kakashi, Bee, Kira A e seus assistentes.

— Que ideia é essa, Tsunade, porque os três? — O Raikage não se conteve e perguntou.

— Você saberá durante a reunião, Raikage, mas é importante que eles estejam presentes.

Enquanto isso, do lado de fora daquele galpão, permaneciam algumas pessoas conversando sobre tudo o que havia acontecido. Shukaku continuava em silêncio ao lado de Naruto, aguardando a oportunidade de falar com Gaara, enquanto Naruto pensava em como fazer para que isso acontecesse. Achou melhor esperar que Gaara saísse, e assim ficou ali, junto de Sasuke, Sakura, Ino, Kakashi, Kiba, Shino e Hinata. Estranhava o fato de Ino, Kiba, Shino e Hinata permanecerem ali, mas imaginou que Ino havia ficado por sua natural curiosidade, e Kiba e Shino para acompanhar Hinata, já que faziam parte do mesmo time. Enquanto conversavam, Ino olhava para Naruto de uma maneira estranha, que o deixava um pouco desconfortável, mas não sabia por quê.

Nesse momento saíram os que permaneceram dentro do galpão, tendo Gaara à frente. Naruto se aproximou do Kazekage e dando um sorriso típico, disse:

— Tem um momento, Gaara? Há alguém que quer lhe falar.

— Claro. Já esperava por isso. — Ele disse isso olhando para Shukaku por cima do ombro de Naruto, antes de se dirigir ao bijuu. — Me acompanhe, Shukaku. — Deu as costas aos outros e adentrou novamente o galpão, sendo seguido pelo clone.

Voltando para perto dos outros, que ainda conversavam, Naruto foi surpreendido por uma pergunta de Ino:

— Então, Naruto, o que vai fazer mais tarde?

Não apenas ele foi surpreendido. Enquanto Naruto a olhava, tentando entender de onde vinha aquilo, percebeu que Sakura olhava Ino com a boca aberta, enquanto Sasuke disfarçava um sorriso de canto e Kakashi sorria abertamente, já que sua mascara disfarçava o fato. Hinata ficou vermelha e encarava o chão, sendo observada por Kiba e Shino.

—Ah, er... Provavelmente discutir os detalhes da viagem com Sakura e Sasuke. Doushite*, Ino? — Ao perceber o olhar desapontado de Ino, Naruto corou ao se dar conta do motivo da pergunta. De onde saiu aquilo? Ela queria chamá-lo para sair?

— Ah, por nada, Naruto. Falo com você amanhã então. Vocês não vão viajar imediatamente, não é?

— A-acho que não, mas não sei ainda. — Ao perceber que ela não desistiria tão fácil e ouvir o riso abafado de Kakashi e Sasuke, Naruto corou mais ainda.

— Eu... eu já vou. Ja né. — Hinata falou de repente, sem erguer o olhar, já começando a se afastar. Sendo seguida por Shino e Kiba.

— Abayo*! — Kiba disse já se afastando, enquanto Shino apenas acenou com a cabeça.

— Eu também vou embora. Nos vemos depois, Naruto. — Ino saiu sem se despedir de mais ninguém.

— Nande yo*? — Sakura perguntou, ainda um pouco atordoada e olhando na direção por onde Ino desaparecera.

Naruto nem ouviu a pergunta de Sakura. Ainda encarava o lugar por onde Hinata seguia acompanhada de seus amigos.

— Chikushou*... — Ele murmurou, vendo que Hinata havia ficado chateada, mas naquele momento não podia segui-la, tinha que esperar Shukaku, que ainda conversava com Gaara.

— O que foi, Naruto? — Kakashi o olhava com curiosidade, mas parecia já saber o que abalava seu aluno.

— Nai*.

Mesmo ao dizer isso, não encarou Kakashi. Lembranças de uma conversa ocorrida há alguns meses lhe voltaram à memória.

“Andava de cabeça baixa por Konoha, pensando na luta que ocorrera há três dias. Olhando em volta ficou um pouco revoltado. Várias pessoas o cumprimentavam com sorrisos no rosto, mas a destruição a sua volta não o deixava esquecer o porquê daquilo. Pain. Ninguém havia morrido, mas sua querida vila estava irreconhecível. Nem parecia uma vila, era apenas um monte de escombros e em diversos lugares tendas médicas e abrigos improvisados. O único lugar que estava inteiro era o Monumento Hokage. Pelo menos isso.

Seguiu para fora da vila, ainda pensando naquela luta. A intervenção de Hinata ainda era difícil de aceitar, e ainda mais o que ela dissera. Seria verdade? Encaminhou-se para uma parte da floresta que cercava Konoha e subiu em uma grande árvore, de onde tinha visão do Monumento Hokage. Pensou em seu pai e um pequeno sorriso surgiu em seu rosto. Yondaime. Ficou durante quase uma hora ali, apenas observando o rosto de seu pai esculpido na pedra. Quando resolveu descer daquela árvore notou que alguém se aproximava e ao perceber de quem se tratava, escorregou do galho onde se encontrava e caiu de cabeça no chão. Ainda atordoado pela pancada tentou levantou-se, massageando o local do impacto.

Ela aproximou-se correndo e o ajudou a se levantar.

— Daijoubu ka*, Naruto-kun? — Hinata estava corada, mas não gaguejou.

Naruto a olhou sem saber o que dizer. Na verdade queria dizer muitas coisas, mas não sabia como e nem por onde começar. Não queria magoá-la depois do que ela disse e fez, mas achava inevitável, já que era apaixonado pela Sakura. Precisava dizer isso a ela.

Hinata ainda o olhava nos olhos, como nunca havia feito antes. Estava corada, mas não desviava o olhar como sempre, e isso o estava deixando nervoso. Abriu a boca para falar, mas nada saiu. Engoliu em seco e tentou de novo.

— Hinata...

Ela percebeu que ele queria dizer alguma coisa sobre sua declaração, mas não conseguia. Mas ela realmente não havia dito o que disse e nem feito o que fez esperando nada em troca. Decidiu deixar isso bem claro.

— Naruto-kun. — Começou em voz baixa para não perder a coragem e nem gaguejar. Já estava cansada disso, e afinal de contas, nem havia mais motivo. Ele já sabia de seus sentimentos. — Não precisa me dizer nada sobre aquilo. Não espero nada de você além de amizade. Sempre soube dos seus sentimentos pela Sakura-san. Só disse aquilo porque não queria morrer sem que você soubesse... Só quero que seja feliz.

Naruto ficou estático. Não imaginava que ela dissesse tudo aquilo, parecia que havia lido seus pensamentos. Resolveu dizer alguma coisa antes que ela lhe virasse as costas e saísse correndo, pois parecia que isso aconteceria a qualquer momento.

— Gomen, Hinata, não queria te magoar...

— Não está magoando, Naruto-kun. Como eu disse, só quero que seja feliz, e se ficar com a Sakura-san o fizer, ficarei feliz também. E torcerei por vocês.

Ao ouvir isso, sentiu vontade de chorar, mas não entendeu o motivo. Será que ela gostava tanto assim dele, a ponto de ficar feliz apenas de vê-lo feliz, mesmo ao lado de outra pessoa? Ele acreditava que amava Sakura, mas não sabia se a esse ponto. Sempre teve ciúmes por vê-la derretendo-se pelo Sasuke.

Ficou por uns instantes pensativo e Hinata aproveitou a oportunidade para sair dali. Ao vê-la virar as costas, não se conteve e a puxou pela mão a abraçando. A princípio ela se assustou, mas logo retribuiu. Ele queria apenas agradecer, mas senti-la ali, aquele calor que emanava daquele abraço...

Estando com ela daquela forma, lembrou-se de outra sensação que o havia acompanhado ao longo de sua vida: solidão. Mas não foi o que sentiu agora. Era como se toda a humilhação e rejeição que enfrentara durante todo esse tempo fosse uma lembrança distante, apenas aparecendo naquele momento para torná-lo mais especial. Como se aquele abraço conseguisse passar uma borracha por tudo aquilo. Mesmo sem querer, sentiu lágrimas escorrendo por seu rosto.

Imagens da época da academia e de várias missões também passaram por sua cabeça, como que para completar um quadro. Pessoas rindo dele, e Hinata ali, o olhando com uma expressão meiga. Ela sempre estava ali, por perto, o observando dando força, mesmo sem palavras.

Abraçou-a mais forte, com as lágrimas caindo livremente por seu rosto. O carinho que Hinata demonstrava naquele momento estava fazendo tão bem para ele que não conseguia fazer mais nada além disso. Ficam vários minutos assim, até que ele conseguiu se controlar e dizer com a voz embargada:

— Arigatou, Hinata, por tudo.

— Não precisa agradecer, Naruto-kun. — Ela também tinha lágrimas nos olhos, mas parecia feliz. — Sentir o calor de seu abraço, mesmo que uma única vez, já me deixa muito feliz.

Ao ouvir essa resposta, quase recomeçou a chorar por imaginar nunca mais sentir aquilo de novo. Toda a resolução que sentia antes, de dizer que não poderia lhe dar nenhuma esperança, pareceu sumir. Estava confuso. O que estava sentindo? Queria continuar perto de Hinata, tendo-a como amiga, mais que nunca.

— Hinata, você sabe que haverá uma guerra em breve. Não quero te dar esperanças, mas gostaria de conversar com você novamente depois que tudo acabar, se sairmos vivos disso. Você me espera?

— É claro, Naruto-kun.

Voltando ao seu jeito normal, Naruto abriu um sorriso que fez Hinata avermelhar novamente.

— Arigatou, Hinata.

Ela deu um pequeno sorriso a Naruto, virou as costas e deixou-o ali, entregue a seus pensamentos.”

Foi trazido de volta ao presente por um toque em seu ombro. Olhou para trás e viu que era Gaara, com Shukako ao seu lado. Abriu um sorriso sem-graça, pois percebeu que eles já haviam tentado chamar sua atenção antes.

— Tudo bem, Naruto? — Gaara perguntou, curioso com a expressão de Naruto.

— Hai, Gaara. E então, como foi a conversa?

— Foi boa. Obrigado por ter proporcionado isso. — Gaara abriu um pequeno sorriso.

— Estou pronto para voltar, Naruto. — Shukaku disse, ainda sério. Realmente aqueles dois eram muito parecidos.

— Yosh’! — Naruto fez o selo para liberar seu clone. — Agora vamos a essa bendita reunião, dattebayo!

Caminharam por Konoha em direção ao local da reunião dos Kages. Naruto ao lado de Gaara, com a mão nos bolsos e olhos no chão. Sakura e Sasuke caminhavam atrás, com Kakashi entre eles. Todos estavam em silêncio imersos em suas próprias reflexões.

Naruto queria conversar novamente com Hinata antes de partir, mas ainda não sabia o que dizer. E havia o problema de Ino. Claro que, além dele e Hinata, ninguém havia escutado aquela confissão, estavam todos muito distantes para isso, mas ainda assim achou inconveniente Ino ter dito aquilo em sua presença. Ela nunca havia demonstrado nenhum interesse nele, então porque logo agora? Será que não era nada do que estava pensando? Resolveu conversar com ela de qualquer maneira, para esclarecer as coisas.

Com esses pensamentos, chegaram à sede do Conselho. O local era muito maior que o da reunião anterior. Nas paredes haviam sido penduradas bandeiras com o símbolo das cinco vilas ocultas, e entre elas haviam janelas cobertas com cortinas vermelhas. Tinha uma grande mesa redonda cercada de dez cadeiras. Já se encontravam presentes todos os Kages, acompanhados de seus de times de guarda. Bee também já estava lá. Cada um cumprimentou Naruto e Sakura com um sorriso no rosto e um leve aceno de cabeça, mas olhavam desconfiados para Sasuke, certamente relembrando a outra reunião que ele havia invadido.

— Fico feliz de saber que um rapaz tão bonito não se perdeu, afinal de contas. — A Mizukage não pode deixar de comentar, olhando para Sasuke. — Mas agora você parece que vai ter concorrência pela preferência das garotas de Konoha.

Mei deu uma piscadela para Naruto, deixando-o tão vermelho que alguns dos presentes riram.

— A Mizukage-sama tem razão, sabe? — Kurotsushi, a neta do Tsuchikage também o provocou, após ver o constrangimento de Naruto.

Sakura estava vermelha de raiva pelo comentário da Mizukage e até Sasuke ficou um pouco corado.

— Tsunade-sama, se não precisa de mim... — Kakashi resolveu intervir, vendo o constrangimento de seus alunos.

— Kakashi, gostaria que você ficasse, sua contribuição pode ser valiosa nessa reunião. — A Hokage sentiu-se satisfeita pela intervenção de Mei, afinal serviu para aliviar um pouco o ambiente, que ficara meio pesado com a entrada de Sasuke.

— Vamos parar com essa conversa sem sentido e dar logo início à reunião. — O Raikage falou mal-humorado.

Os Kages tomaram seus lugares à mesa. Tsunade sentou-se no meio, tendo Gaara a sua direita e o Raikage a sua esquerda. Ao lado de Gaara sentou-se Onoki, o velho Tsuchikage,  e Mei ao lado de Kira A. Nos extremos da mesa sentaram-se Shizune e Killer Bee. Os times de proteção dos Kages postaram-se em frente à bandeira de cada vila, e Kakashi permaneceu sozinho em frente à de Konoha. Naruto, Sakura e Sasuke permaneceram de pé sem saber muito bem o que fazer.

— Sentem-se. —Tsunade indicou as cadeiras diante deles. Naruto sentou-se frente a ela, puxando levemente Sakura para que se sentasse em frente a Kira A. Queria manter a maior distância possível entre Sasuke e o Raikage. — Vamos iniciar essa reunião com o relato de nossas descobertas recentes. Gaara, poderia informar a Onoki, Mei e Kira A o que foi discutido na reunião anterior?

Tsunade confiava no bom senso de Gaara, por isso o pedido. Sabia que havia coisas que seria melhor manter em sigilo. Não se decepcionou. Gaara contou as descobertas que foram feitas sobre Naruto e as profecias, mas omitiu certas questões referentes ao clã Uchiha, inclusive o fato de Sasuke ter trazido Orochimaru de volta, apenas mencionando que ele havia ressuscitado. Quanto a Uchiha Itachi, distorceu um pouco a história, fazendo parecer que desde o início ele era um agente especial de Konoha infiltrado na Akatsuki. A declaração de que certamente Naruto seria o próximo Hokage também deixou de fora, afinal acreditava ser um assunto interno de Konoha, que seria anunciado apenas quando fosse necessário.

— Arigatou, Gaara. Uma explicação bastante esclarecedora e completa. — Tsunade agradeceu sinceramente dando uma sutil ênfase à palavra ‘completa’. — Alguém tem alguma pergunta?

— Acredito que não há muita margem a isso, Tsunade-hime. — O Tsuchikage comentou. — Agora entendo a grande estima que tem por esse rapaz, Kazekage.

— Sabe que minha estima por Naruto é anterior a tudo isso, Tsuchikage-sama.

— Realmente esse rapaz é admirável, mas eu gostaria de saber o que será feito do jovem Uchiha. Ele certamente foi um herói nessa guerra, junto com seu irmão, porém cometeu crimes anteriores contra outras vilas e era um nukennin. — Mei comentou. Parecia realmente interessada no destino de Sasuke.

— Quanto a isso, já foi decidido. Será dada a ele uma missão Rank S para que possa pagar por seus crimes. A missão é caçar e exterminar de uma vez por todas Orochimaru. Essa foi a decisão de Konoha, porém como ele realizou aquela invasão na última reunião dos Kages e atacou Killer Bee a mando da Akatsuki, peço a aprovação de vocês para a aplicação dessa pena, sem outras punições.

— Acho que isso é satisfatório. — Mei opinou.

— Concordo. — Disse Gaara.

— Tem minha aprovação. — Respondeu o velho Tsuchikage.

Todos olharam para o Raikage. Ele não parecia satisfeito.

— Não acredito que após tudo o que fez seja sensato mandá-lo sozinho para uma missão tão importante. — Kira A olhava duramente para Sasuke, que sustentava o olhar com certa altivez. Certamente não gostava do Raikage. — Tem certeza que sabe o que está fazendo, Tsunade-hime?

— Quanto a isso não precisa se preocupar, Raikage. Ele não irá sozinho. Naruto e Sakura o acompanharão, por isso a presença dos três aqui.

— Parece que sou voto vencido nessa questão. Que seja. — Kira A cedeu por fim, voltando-se em seguida para Naruto. — Mas como pretende realizar essas profecias e ainda caçar Orochimaru?

— Não acho que isso será problema, Raikage-sama. — Naruto respondeu com confiança. — Precisaremos viajar por vários lugares para encontrá-lo, coisa que eu já pretendia fazer. Não será uma missão fácil, mas também não deve me tomar todo o tempo, até porque, estarei acompanhando, mas a missão é de Sasuke.

— Você é muito confiante para a idade que tem, gaki. Acha mesmo que conseguirá trazer paz ao mundo shinobi? Mesmo que você seja O Escolhido, o que já admiti durante a guerra, acredita que consegue realizar o que até mesmo o Rikudou Sennin não foi capaz?

— Muitas pessoas confiaram em mim, me confiaram seus sonhos, por isso, não posso me dar ao luxo de duvidar. Se nem eu mesmo acreditar em mim, não posso esperar que mais alguém faça isso. — A resposta de Naruto arrancou um resmungo do Raikage e vários sorrisos dos outros presentes. Já confiavam cegamente em Naruto e fariam tudo o que estivesses ao seu alcance para ajudá-lo a cumprir sua meta.

— Tem uma coisa que preciso fazer, konoyarou. — Bee levantou-se de onde estava e se aproximou de Naruto, levantando a mão fechada. — Para desejar boa sorte em sua jornada, bakayarou!

Naruto levantou-se e, estendendo também sua mão, tocou a de Bee. Sentiu um choque percorrer seu corpo, mas tentou não demonstrar. Já imaginava o que havia acontecido, mas preferiu verificar mais tarde.

— Arigatou, Bee.

— Dewa*... já que estas questões já estão resolvidas, — Tsunade começou ainda com um meio sorriso, dirigindo-se a Naruto, Sakura e Sasuke, — devo informá-los que devido a seus feitos durante essa guerra, os Daimyous das cinco nações shinobis decidiram condecorá-los. — Ao ver o olhar surpreso de um deles, acrescentou: — Você também Sasuke. A cerimônia será realizada dentro de sete dias, em Suna. Logo após vocês poderão partir. Usem esses quatro dias antes ir a Suna para se recuperarem totalmente e se preparar para a longa jornada que terão pela frente. Estão dispensados.

Os três se levantaram e se encaminharam para a saída.

— Tsunade-sama... — Shizune chamou-a como se fosse lembrá-la de algo.

— Ah, sim. Antes que eu me esqueça... Naruto. — Séria, Tsunade pegou uma caixa que estava embaixo da mesa e entregou a ele. — Enquanto você esteve desacordado, foi decidido que deveria receber isso.

Curioso ele abriu a caixa e ficou encarando seu conteúdo sem entender.

—Nanda...?* — Olhou novamente para Tsunade. Deveria ser algum engano.