O Verdadeiro Poder escrita por FP And 2


Capítulo 29
Rokudaime Hokage


Notas iniciais do capítulo

Yo, minna!Estou de volta com um megacap (ou um "capitulão" se preferirem... rsrsrs). Sério, esse é o maior de todos até agora e vale por uns 3 ou 4 dos outros... Espero que a qualidade também, pq realmente me esforcei para fazer um bom final e também que compense pela demora.É, é praticamente o final. O próximo (e último) será mais como um epílogo que ocorre alguns anos depois, então.... enjoy!!



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Pouco mais de quatro meses haviam-se passado desde a remoção do selo de Neji. Ele ficou enfraquecido durante alguns dias, mas quando se recuperou totalmente, percebeu-se que estava ainda mais forte que antes, pois o selo inibia um pouco seus poderes. Era incrível e Hiashi não podia acreditar que o sobrinho, durante toda sua vida, teve seus poderes obliterados de alguma forma, tendo, mesmo assim, se tornado o mais forte Hyuuga.

Durante esse tempo, todos os membros da Bouke que ainda tinham o selo foram submetidos ao Processo de Anulação, como passou a ser chamado e, um novo selo, que apenas protegia efetivamente os segredos da Kekkei Genkai, foi elaborado e aplicado em todos os que pertenciam ao clã.

De uma maneira que surpreendeu muitas pessoas, Sasuke pediu a Naruto que adaptasse o selo para ser usado também em portadores do Sharingan e aplicado nele próprio, passando assim, a ser o primeiro Uchiha da história do mundo shinobi a ter um selamento com esse propósito.

Naruto estava, nesse momento, relembrando todos os acontecimentos dos últimos meses, enquanto olhava a lua cheia que vagava no céu noturno, e suspirou. Tentava pensar em outras coisas, pois seu estomago parecia entrar em convulsão todas as vezes que se lembrava do que estava por vir. Naquela noite, depois de vários meses de namoro – muito bem aproveitados, apesar de Hinata ter voltado definitivamente para o clã Hyuuga – iriam oficializar o relacionamento. Mesmo com tudo já acertado com Hiashi e Neji, agora definitivamente o novo líder Hyuuga, sentia-se como o garotinho que fora outrora, rejeitado e inseguro. Tinha certeza do amor de Hinata, mas se pegava pensando em como os anciãos do conselho do clã iriam reagir ao anúncio do casamento. Não que fosse uma coisa a acontecer imediatamente; eles haviam conversado bastante sobre isso e concordado que ainda queriam fazer muitas coisas antes de se casar e formarem uma família. Na semana seguinte, a garota realizaria um de seus objetivos: assumiria a liderança de um time de gennins recém-formados na Academia Ninja.

— Naruto? — A voz de Sasuke o tirou de seus pensamentos perturbadores. Virando-se, percebeu que ele não estava sozinho, e sim acompanhado de Sakura, como se tornou comum nos últimos meses. — Se escondendo, dobe? Sabe que não adianta muito tentar, estando dentro do clã Hyuuga.

— Teme! — O loiro resmungou, mais por hábito do que raiva. — Não estou me escondendo, só estou pensando.

Seus amigos se juntaram a ele na varanda, um de cada lado, e apoiaram os braços na grade, assim como o loiro.

— Ah, então foi esse o cheiro de queimado que sentimos... — Comentou Sakura, recebendo um franzir de cenhos do loiro. — Naruto, nós te conhecemos muito bem. Você está com aquela mesma expressão preocupada que fazia quando era mais novo.

— Sakura está certa. Essa expressão só aparecia quando te desprezavam. — O Uchiha completou. — Antes de começar a esbravejar e dizer que se tornaria Hokage, claro. É obvio o que te preocupa agora: aceitação.

— Achei que depois de tudo você já havia superado esse medo... — A garota passou a mão nos cabelos loiros do rapaz de forma suave. — Você já foi aceito e é admirado por todas as pessoas que te conhecem e também as que não te conhecem. Não precisa mais disso.

— Aquele garotinho desprezado e solitário se transformou em uma pessoa admirada e amada, Naruto. Ele está feliz agora, bem aqui! — Sasuke virou o corpo do loiro ligeiramente, com uma mão em seu ombro, enquanto com a outra dava um leve soco sobre seu peito.

Os olhos de Naruto marejaram e, sem pensar, agarrou Sasuke e Sakura pelo pescoço, enquanto dizia:

— Arigatou, minna!

Os dois se soltaram do aperto sufocante do amigo e ao mesmo tempo deram um soco na cabeça de Naruto, um de cada lado.

— Baka! — Disseram juntos.

— Itai! Isso não é justo! Vocês estão cada vez mais parecidos... A Sakura-chan fica fazendo piadinhas às minhas custas e o Sasuke me dando socos! — Jogou as mãos para cima. — Não sei se aguento isso!

Sasuke e Sakura se entreolharam e começaram a rir, enquanto Naruto ficava emburrado.

— Maa... Parece que vocês nunca vão mudar!

— Kakashi-sensei! — Naruto exclamou enquanto se virava para o Copy Ninja. Sakura levou as mãos ao peito com o susto e Sasuke rolou os olhos. — Quer parar de ficar se esgueirando por aí como um fantasma?

— Yare yare! Mas o importante é que os dois conseguiram fazê-lo parar com as preocupações infundadas, afinal, você terá preocupações verdadeiras com que lidar agora. — Kakashi comentou inocentemente, fazendo com que Naruto começasse realmente a se preocupar.

— O que quer dizer com isso, Kakashi? — O Uchiha perguntou, cruzando os braços.

— Naruto tem visitas. — Respondeu o sensei com os olhos estreitando-se, sinal de que um sorriso se escondia por baixo da máscara.

— Dare? — Naruto espantou-se. — Agora? Não convidamos ninguém diferente para a festa... Convidamos?

— Não acredito que ela tenha sido convidada. — Mantendo o sorriso, Kakashi apenas ergueu as sobrancelhas duas vezes, de maneira sugestiva.

— Ela? — Antes que sua curiosidade alcançasse patamares estratosféricos, Naruto correu para fora da sala, deixando os espantados Sasuke e Sakura para trás.

— Isso pode ser interessante. Vocês deveriam vir também. — Comentou Kakashi, já se virando para seguir o mesmo caminho que o loiro.

— Do que está falando, Kakashi? — O moreno estava perdido diante da atitude do sensei.

— Sakura saberá qual o problema quando eu disser o nome da visitante. — Parou, já de costas, e olhou por cima do ombro para dar a informação. — A sacerdotisa Shion-sama.

Sakura ficou um momento paralisada, tentando situar a informação, e quando se deu conta saiu correndo pelo mesmo caminho que o loiro tinha feito, gritando:

— Masaka! Logo hoje?

— Nani? O que está acontecendo? Quem é essa Shion? — Sasuke já estava ficando irritado, pois detestava não saber de alguma coisa.

Os dois foram seguindo, num ritmo mais moderado, em direção ao salão onde a festa de noivado aconteceria, enquanto Kakashi colocava Sasuke a par da situação.

— Shion é a sacerdotisa do País do Demônio.

— Já ouvi falar. Que eu saiba, ela não sai de sua vila sem uma boa razão, então o que ela faz aqui? Naruto e essa Shion são amigos? — Já preocupado com a reação da namorada quando soube quem era a visitante, resolveu esclarecer logo. — Conte de uma vez o que aconteceu entre eles e por que Sakura ficou tão preocupada!

— Anou... Shion era extremamente mimada, não sei se continua assim. Ela conheceu Naruto durante uma missão e para variar, seu amigo fez uma bela bagunça, mas parece que, de alguma maneira, isso cativou a sacerdotisa. — Kakashi fez uma pausa para dar mais dramaticidade à sua revelação e, com um suspiro que Sasuke achou um tanto pervertido, terminou: — No final, Shion perguntou a Naruto se ele a ajudaria a... digamos, dar continuidade à sua linhagem, e ele concordou.

— Nani? — O moreno arregalou os olhos, incrédulo. — Isso por acaso não foi mais uma das promessas malucas que aquele baka costuma fazer, não é?

— Não me lembro dele ter prometido nada... Mas a sacerdotisa não apareceria aqui à toa, disso estou certo. — Respondeu Kakashi com um sorriso.

— Você adora ver o circo pegar fogo, não é? — Sem esperar uma resposta, Sasuke também correu em direção ao salão que seria usado na comemoração, e soltou um suspiro de alívio quando viu do lado de fora, aparentemente em uma discussão acirrada, uma Sakura indignada e um Naruto perplexo.

— O Neji vai me matar, Sakura-chan! — O loiro andava de um lado para o outro puxando os cabelos. — Tem certeza de que era isso que ela queria dizer?

— Baka-Naruto! É claro que era! Só você não se deu conta... — Sakura tentava convencer o amigo de alguma coisa quando Sasuke se juntou a eles. — Estou admirada é de que, mesmo tanto tempo depois, você não ter se lembrado do que disse!

— Assim que coloquei os olhos em Shion me lembrei daquela conversa, mas eu ainda acho que você pode estar enganada, Sakura-chan!

— Ela não te viu ainda? — O moreno perguntou com uma expressão preocupada, fazendo os outros dois olharem-no com curiosidade. — Kakashi me contou a... er... proposta que essa Shion fez...

— Viu só? — Sakura virou-se para o loiro, vitoriosa. — Kakashi-sensei também entendeu assim! — E voltando-se para Sasuke respondeu, enfim, a pergunta. — Iie. Eu consegui alcançá-lo antes que esse baka entrasse no salão e estragasse tudo.

Naruto encostou-se à parede do lado da porta e escorregou até o chão, batendo levemente a cabeça na madeira e fixando os olhos no céu estrelado.

— Você precisa enfrentar as consequências! Tem que dizer a Shion que não pode ajudá-la e pronto! — Ao ouvir as palavras de Sakura, Naruto se levantou e fez menção de voltar à casa principal do clã Hyuuga, mas a garota o impediu, segurando seu braço. — Não vou deixá-lo fugir disso.

— Não acredito que você não tenha entendido na época... Eu não deveria mesmo ter te deixado tanto tempo sem supervisão! — Comentou Sasuke enquanto se aproximava do amigo.

— Vocês querem parar de agir como se fossem meus pais? — Quando se deu conta do que disse, Naruto sorriu de leve. — Pensando bem, até que é legal... Quero dizer... — Sacudiu a cabeça algumas vezes para espantar esses pensamentos e, voltando ao que interessava, respondeu às observações dos dois: — Eu nunca fugi de uma batalha, Sakura-chan, essa situação é bem diferente! Não é nada que eu possa resolver com um Rasengan ou algo do tipo. — Olhou então para Sasuke. — E na época eu não ligava muito para essas coisas! Quando ela disse que... anou...

— Un. Eu sei o que ela disse. — O Uchiha resmungou. — O que pretende fazer agora?

— SHIRIMASEN*!

Ao mesmo tempo em que esse grito agoniado escapou dos lábios de Naruto, a porta do salão foi aberta com uma violência suave. Parece contraditório, mas tudo o que Neji fazia era assim; por mais que um gesto pudesse matar, ainda continha uma suavidade latente. Tenten o seguiu com o olhar preocupado e segurou seu pulso gentilmente.

— Naruto! — Ele chamou com a voz cavernosa, fazendo o loiro se esconder atrás de Sakura, engolindo em seco.

— Neji! — Devido à preocupação, Naruto havia se esquecido completamente de que Neji devia estar a par da situação e obviamente furioso. Todo o nervosismo que não havia sentido até então, veio à tona de uma vez, fazendo sua voz sair falha e tremida. — Você por aqui?

Sasuke fechou os olhos e sua mão voou para o rosto, num sonoro tapa, enquanto meneava a cabeça para os dois lados, sem poder acreditar no que ouviu. Sakura virou ligeiramente a cabeça, encarando o loiro com uma das sobrancelhas erguidas, e Tenten se segurou para não rir e irritar ainda mais o Hyuuga.

Ignorando a frase incoerente do outro, Neji soltou de uma só vez o discurso que, aparentemente, já estava preparado:

— Hoje é um dia muito importante para Hinata-sama. Se você estragá-lo ou magoá-la de alguma forma por causa de uma promessa idiota que fez àquela sacerdotisa, a Hokage terá que adiar sua aposentadoria até que encontre alguém apto a se tornar o Rokudaime. Fui claro?

Enquanto falava, seu Byakugan foi sendo lentamente ativado, e o olhar mortal com que era encarado não passou despercebido a Naruto. Engolindo em seco mais uma vez, o loiro apenas concordou, meneando a cabeça rapidamente.

— Claro como um dia ensolarado, Hyuuga, mas temos tudo sob controle! — Intrometeu-se Sasuke, enquanto entrava na frente de Sakura e Naruto.

Fazendo uma cara de quem achava que absolutamente nada estava “sob controle”, Neji entrou novamente no salão, deixando a porta aberta, já que Tenten permaneceu parada olhando para o trio.

— Mesmo depois de se tornar líder do clã, ele ainda a chama de Hinata-sama? — Sakura soltou, antes que pudesse se segurar.

— Ele sempre foi muito formal. — Tenten suspirou. — Neji não é o tipo de pessoa que conseguiria perder um hábito de uma vida inteira em pouco tempo. Se é que conseguirá um dia! — Olhou então para o loiro, que havia saído de trás de Sakura, assim que o Hyuuga voltou ao salão. — E você, Naruto? Não entendo sua atitude. Sei que pode vencer, ou se for o caso, mesmo despistar Neji com facilidade, então por que esse pânico?

— Un. — Ele coçou a cabeça antes de responder, triste. — Mesmo podendo fazer isso, ele está certo. Se eu magoar a Hinata-chan ou a fizer sofrer por uma coisa tão estúpida, eu vou deixá-lo fazer o que quiser comigo, porque vou merecer!

— Bem, só precisamos de um plano. — Comentou Sasuke, impaciente.

— Yosh’! Então fale qual é o seu plano! — Naruto disse, já mais animado.

— Eu disse que precisamos, não que tenho um! — Respondeu o moreno, indiferente.

— Sasuke-teme! — Depois da repreensão, o rosto do loiro se iluminou como se em súbita inspiração. — Shikamaru! Se precisamos de um plano, ninguém melhor do que ele para nos ajudar...

— Naruto... — Sakura colocou a mão sobre seu ombro. — Shikamaru está em Suna, esqueceu? Ele foi acertar com Gaara os detalhes do casamento com Temari.

— Kuso! — Ele bateu na própria testa. — Esqueci completamente!

Estavam tão entretidos na conversa que não perceberam uma pessoa se aproximando silenciosamente e o susto que levaram foi totalmente incompatível com a voz suave e baixa:

— Aconteceu alguma coisa?

— Hi-Hinata-chan! — Quando viu quem era a pessoa parada a alguns passos deles, o pânico de Naruto foi maior do que quando foi ameaçado por Neji. — Não deveria estar se arrumando para a festa?

— Já estou pronta, Naruto-kun. — Ela respondeu com o olhar desconfiado. — Você disse que me esperaria na casa principal, mas quando saí não encontrei ninguém, então usei o Byakugan e os vi aqui...

Um silêncio incômodo se seguiu às palavras de Hinata, pois não havia como alguém responder sem contar o que estava acontecendo. O clima ficou tenso entre eles.

— Vo-você está linda Hinata-chan! — Naruto elogiou tardiamente, com um sorriso amarelo.

— Arigatou... Mas por que todos estão tão nervosos? — A Hyuuga, apesar de ser bastante quieta, ou talvez exatamente por isso, era muito observadora, e não deixou de notar que Tenten, a todo o momento, voltava seus olhos para o interior do salão já cheio de convidados, enquanto Sakura passava a mão no rosto, inquieta, e Sasuke ficava anormalmente imóvel, sem encará-la; como se a gagueira fora de hora de Naruto não fosse o suficiente para despertar suas suspeitas.

Descontrolando-se de vez, Naruto atirou-se aos pés de Hinata, abraçando seus joelhos enquanto balbuciava entrecortadamente:

— Gomen nasai, Hinata-chan... Eu não sabia... Gomen, gomen... Sumimasen...

— Naruto-kun? Do que você está falan...

Uma voz alta e animada a interrompeu, fazendo com que todos se virassem para a porta aberta para ver quem se aproximava de maneira tão indiscreta:

— Neji disse que eles estão lá fora... ah! — Lee saiu, seguido justamente por quem a maioria ali tentava evitar: Shion, uma loira de estatura mediana e muito bonita. — Aqui estão! Naruto-kun, Sakura-san, Sasuke-kun e Hinata-san! Vou voltar para minha Midori-chan agora, Shion-sama. — Fez uma reverência e, mesmo sem resposta, o rapaz entrou novamente no salão.

Sem que qualquer um soubesse o que dizer ou como agir, apenas olharam para a visitante que ficou evidentemente confusa com a cena que via: Naruto ajoelhado, agarrado às pernas de Hinata, e os outros três em volta. A primeira a se recuperar da surpresa foi a Hyuuga, ao mesmo tempo em que Neji saía pela porta a tempo de presenciar o diálogo seguinte.

— Você deve ser Shion-sama. — Disse Hinata formalmente, fazendo uma reverência meio desajeitada, pois Naruto parecia ter petrificado, ainda agarrado às suas pernas. — Irashaimase*.

— Há quanto tempo, Naruto! É um prazer vê-lo novamente. — Shion respondeu então à Hinata, retribuindo a reverência. — Finalmente nos encontramos pessoalmente, Hinata-san!

— Vocês se conhecem? — Neji estava tão espantado quanto os outros.

— Hai. — Shion disse com um sorriso. — Quando soube que Naruto ia se casar, entrei em contato com Hinata-san. Queria saber que tipo de pessoa ela era e acabamos nos conhecendo melhor. Temos trocado cartas há dois meses e espero que possamos nos tornar amigas.

Hinata deu um sorriso satisfeito e o espanto que tomou todos ali foi enorme. A morena segurou delicadamente o rosto de Naruto e o levantou, passando a mão em seu braço e se aproximando da sacerdotisa.

— Fico feliz que tenha conseguido vir, Shion-sama. — Hinata disse formalmente. — Sei que Naruto-kun também está feliz por receber os cumprimentos de uma velha amiga, da yo ne? — E como seu noivo parecia incapaz de dizer uma palavra, deu uma leve cotovelada em seu abdômen.

— Hai! — Parecendo ter acordado de um pesadelo, o loiro respondeu, lançando fulminantes olhares de soslaio a Sakura e Kakashi, que parecia ter brotado da terra e se aproximado sem que ninguém percebesse. — Fico muito satisfeito por revê-la e receber seus cumprimentos Shion.

— Vamos? — Hinata perguntou, radiante, olhando para o loiro. — Temos ainda muitos convidados para cumprimentar.

— Ikisho! — Dizendo isso, armou seu melhor sorriso e escoltou Hinata para dentro do salão, ainda sob os olhares embasbacados de seus amigos, inclusive Neji, que parecia mais perdido do que os outros.

Sakura estava muito aliviada pelo acontecido, mas ainda olhava Shion com curiosidade. Tinha certeza do que significava o pedido que a sacerdotisa havia feito ao seu amigo há alguns anos e, se fosse ela, não desistiria sem luta. Sasuke parecia entender o que se passava na cabeça da namorada e já pensava em puxá-la para dentro da festa antes que pudesse dizer alguma coisa, quando ela simplesmente desabou ao seu lado. Teria batido fortemente a cabeça na parede se o Uchiha não a houvesse amparado.

— Sakura! Sakura, oê... — Dizia preocupado enquanto dava leves tapas no rosto da namorada. — Alguém chame a Ino, rápido!

Tenten foi a primeira a se mover, entrando no salão e voltando alguns instantes depois, puxando a loira pela mão.

— Tenten, onde é o incêndio? Eu estava conversando com o... SAKURA! — Assim que viu a amiga desmaiada, Ino correu até ela e se abaixou. — O que houve?

— É o que quero que você descubra, Ino! — Respondeu Sasuke, impaciente.

— Ha-hai! — A loira concentrou seu chakra e, começando pela cabeça, foi descendo as mãos pelo corpo da outra, sem tocá-la, até seu ventre. Quando terminou tinha um enorme sorriso no rosto. — Daijoubu, pelo jeito foi só estresse.

— Como assim? Ela é saudável, não desmaiaria apenas por estar estressada! — Sasuke já dava mostras de irritação.

— Não em circunstâncias normais... — Ino comentou, mas como o Uchiha abriu a boca para dizer alguma coisa, certamente ofensiva pela expressão que fazia, completou rapidamente: — Omedetoo*! Você será pai!

Dizer que Sasuke ficou espantado seria eufemismo. Ele literalmente entrou em estado de choque. Depois de tanto tempo sem tomar uma iniciativa concreta, há dois meses finalmente havia planejado, com a ajuda de Naruto, um encontro romântico onde haviam “consumado” a relação. Depois disso poucas vezes estiveram a sós, pois haviam voltado a participar de missões, apesar de separadamente, já que Tsunade não queria que shinobis tão fortes saíssem da vila juntos, e suas folgas raramente coincidiam. Voltou a si com um toque no ombro e uma voz alegre que dizia:

— Maa. Pelo jeito vai começar a reconstruir o clã Uchiha antes do que havia previsto. — Vendo que o rapaz não esboçava reação, Kakashi abaixou-se e pegou Sakura no colo. — Melhor levá-la para descansar na casa dos Hyuuga, depois vocês podem voltar e participar da festa.

Ino também se levantou e estendeu a mão para ajudar Sasuke.

— Ikisho. Vou acompanhá-los. Tenten, pode avisar Sai e Naruto onde estamos?

— Hai!

Assim fizeram e, algum tempo depois, quando voltaram para a festa, Sasuke e Sakura pareciam em transe. Ino e Kakashi lançavam-lhes olhares a todo o momento. Naruto, que fora informado por uma sorridente Tenten e um carrancudo Neji sobre o acontecido, os recepcionou emocionado. Abraçou os dois e disse que queria ser o padrinho, mas ficou sem resposta, pois nenhum dos dois conseguiu esboçar reação.

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Duas semanas depois do noivado oficializado, estava marcada a reunião onde Naruto seria enfim nomeado o Rokudaime Hokage. Haveria, logo após, uma celebração na vila para comemorar o fato, mas o loiro estava extremamente nervoso. Ele havia conversado com Tsunade e apresentado uma exigência, que arrancou dela uma carranca e o comentário sarcástico:

— Está a cada dia mais esperto, gaki. Esperou o último momento para dizer isso e me arrumar mais problemas...

A reunião oficial era uma ocasião fechada, onde apenas poucas pessoas participavam, e a nomeação oficial era feita pelo Daimyou do País do Fogo, com o aval dos conselheiros de Konoha. Naruto sabia que a exigência que havia feito poderia parecer prepotência, mas para ele era uma questão de justiça. Ao ser informada, Tsunade quase teve um surto psicótico: gritou, esbravejou e até mesmo o socou, mas ele se mostrou irredutível. Ela sabia que os conselheiros jamais aceitariam aquela condição e, quando os informou, ainda antes da reunião, as palavras mais amenas que os anciãos usaram para descrever aquilo foram “absurdo”, “inadmissível” e “cancelamento”. Foi a última que fez a Godaime tomar a atitude mais drástica: falar diretamente com Daimyou sobre aquilo, afinal já estava preparada para tirar longas férias, que começariam já no dia seguinte.

Depois de ouvir o pedido, o Daimyou pediu um tempo e ponderou com seus próprios conselheiros. Eles levaram em conta todo o respeito e poder que o loiro havia conseguido nos últimos anos, mas principalmente a amizade que ele mantinha com os outros Kages, que, aliás, haviam comparecido para a comemoração da nomeação do novo Hokage. Foi a opinião destes que pesou a favor de Naruto, fazendo o Daimyou pensar sobre quem era mais valioso, não apenas para Konoha, mas para todo o País do Fogo.

Na hora marcada para a reunião, o loiro esperava do lado de fora da sala onde esta aconteceria, acompanhado por Hinata, Sakura, Sasuke e Kakashi. Ele estava extremamente angustiado, pois Tsunade não havia dado resposta à sua exigência.

“Sei que joguei alto e posso ser impedido de realizar meu maior sonho, mas eu precisava fazer isso. Se cheguei até aqui, devo muito a ele também! Konoha deve muito a ele. Tudo o que ele fez precisa ser conhecido por todos!” — Naruto pensava, enquanto andava de um lado para o outro, e depois completou ironicamente: — “Tsunade baa-chan deveria estar orgulhosa, foi uma aposta bem alta.”

— Vai ficar mais tonto desse jeito, dobe. — Sasuke disse, com sua costumeira indiferença. — Se acalme.

— Sasuke está certo, Naruto. — Kakashi comentou. — Já está tudo pronto para sua nomeação, essa reunião é apenas formalidade. Não precisa ficar tão nervoso.

— Isso mesmo. — Sakura ajudou nos argumentos. — Daqui a poucos minutos, você sairá por essa porta como o novo Hokage de Konoha!

Hinata observava em silêncio. Ela tinha certeza que alguma coisa estava errada, mas não se atreveu a perguntar e nem comentar nada. Se Naruto queria manter em sigilo fosse o que fosse, o apoiaria, como sempre. Sua certeza apenas a fez respirar fundo quando ouviu a resposta de Naruto à afirmação de Sakura, em voz baixa e tensa:

— Eu não teria tanta certeza...

— O que quer dizer com isso? — A iryo-nin perguntou, estreitando os olhos. Ultimamente estava bem mais sensível e irritável devido à gravidez, por isso qualquer coisa era o suficiente para tirá-la do sério.

— Nan demo nai*. — Naruto respondeu, ainda em voz baixa. Não havia contado a eles o que havia feito e não pretendia fazê-lo nesse momento.

A porta se abriu e ele foi convidado a entrar, assim como Kakashi. Os outros três não participariam, mas puderam ver o olhar de ódio que era lançado a Naruto pelos conselheiros de Konoha antes que a porta fosse fechada com um baque surdo.

— Nanda...? — O Uchiha perguntou às outras duas, mas não obteve resposta. Não podia imaginar o que havia causado aquele olhar nos dois anciãos, mas sentiu que era direcionado também a ele, antes que a porta se fechasse. Agora tinha certeza de que Naruto havia feito algo, mas não podia imaginar o quê.

— Hinata, você sabe o que houve? — Sakura resolveu perguntar diretamente, já que desde que chegaram o único som proferido pela Hyuuga foi aquele suspiro conformado após a resposta do loiro.

— Iie.

Não conseguiu nada além disso.

Já deveria estar acostumada, mas o silêncio que se seguiu estava quase deixando Sakura fora de si. Sasuke já era quieto normalmente, mas quando estava tenso, ninguém conseguia arrancar sequer um suspiro dele. Talvez apenas Naruto, com suas provocações constantes, mas não era uma prática que a garota pretendesse adotar. Seu relacionamento já era bem conturbado sem isso.

Hinata parecia estar em outro mundo. Mantinha a cabeça baixa e parecia que sequer respirava. Sentia vontade de usar o Byakugan para descobrir o que estava acontecendo e, a julgar pelos olhares que Sakura lançava sobre si, tinha a certeza de que a outra pensava o mesmo, mas não o faria. Em primeiro lugar, por que seria contra todas as normas de Konoha espionar uma reunião tão importante, e em segundo, por que se Naruto quisesse que ela soubesse de alguma coisa, teria compartilhado suas preocupações. O que lhe restava era aguardar.

Mais de uma hora depois, até mesmo Sasuke começava a dar sinais de impaciência. Pelo jeito que Naruto estava antes de entrar na sala, ele suspeitava que alguma coisa estivesse errada, mas após os olhares dos conselheiros, teve certeza. Não conseguia imaginar o que era, afinal, ainda no dia anterior Tsunade havia informado que o conselho e os jounnins haviam aprovado por unanimidade a nomeação. Sua vontade era invadir a sala e, de quebra, dar um sacode naqueles conselheiros. Essa vontade era praticamente constante quando os via, pois não havia esquecido o que Itachi sofreu por causa de suas decisões, mas, em geral, tentava não pensar nisso e nem se lembrar de sua existência, caso contrário o vingador dentro de si poderia despertar mais uma vez.

Pouco depois, a porta se abriu, e os primeiros a passarem por ela foram aqueles mais detestados pelo Uchiha, os conselheiros de Konoha, com uma expressão de que houvessem sido ofendidos de alguma forma, logo seguidos de uma Tsunade aparentemente desolada, sendo consolada por Nara Shikaku e Shizune, que lhe dava tapinhas nas costas. Os próximos a sair foram Naruto e Kakashi. O loiro tinha um grande sorriso aliviado, já com a capa de Hokage jogada sobre os ombros. O sensei o olhava curiosamente. As palavras que o último disse, assim que passaram pela porta atiçaram a curiosidade dos três que os esperavam:

— Eu nunca imaginei que você colocaria seu sonho em risco por algo assim, afinal, o principal interessado não pode mais ser atingido pelas opiniões que tenham sobre ele.

Respirando fundo, Naruto fixou seu olhar em Sasuke, antes de olhar pela janela, constrangido.

— Ele não é mais o principal interessado, Kakashi-sensei. Tenho certeza que sabe disso. — Comentou o loiro, coçando a nuca.

— Hontou desu ne*? — Concordou o Copy Ninja, com uma risada. — Só não demore. Todos os seus novos subordinados e habitantes de Konoha desejam ouvir o pronunciamento do Rokudaime...

— Aa.

Kakashi se afastou no meio das pessoas que deixavam a sala. Entre estas estava o Daimyou e sua comitiva, que lançavam ao loiro olhares entre respeitosos e intrigados. Sakura, que já não se continha de curiosidade, foi a primeira a se pronunciar, sabatinando-o com uma persistência típica. Essa era também a vontade de Sasuke e Hinata e ambos agradeceram mentalmente ter uma pessoa tão impaciente para fazer isso no lugar deles.

— O que Kakashi-sensei quis dizer com aquilo? — Iniciou Sakura com curiosidade, mas logo mudando o tom das perguntas para um mais ameaçador. — Por que a nomeação demorou tanto? O que você fez para os conselheiros saírem tão furiosos da reunião? E principalmente: POR QUE DIABOS VOCÊ NÃO NOS CONTOU QUE HAVIA ALGUMA COISA ERRADA?

— Yare yare... Você não devia falar assim com o Hokage, sabe? — Shikamaru, o último a deixar a sala, repreendeu a garota em tom de brincadeira, parando perto deles com um sorriso cansado.

— E por que ele pôde participar da reunião e nós não? — Sakura apontou um dedo acusador para o Nara, que resolveu responder, mas já se afastando da indignada garota:

— Eu ainda tento descobrir o porquê de sempre me chamarem para essas reuniões problemáticas, mas até que é interessante saber das coisas antes das outras pessoas. Ja matta!

— Uma pergunta de cada vez, Sakura-chan! — Naruto levou as duas mãos à cabeça, pois um resquício de dor ainda a fazia latejar. A reunião fora tão tensa que, durante as reclamações dos anciões de Konoha, parecia que seu cérebro entraria em combustão espontânea. — Em primeiro lugar, Shikamaru participou porque foi nomeado oficialmente como o novo estrategista da vila. — Ele levantou uma das mãos para impedir que Sakura recomeçasse com as perguntas, pois ela já dava mostras disso. — Shikaku o’-chan será um dos novos conselheiros, assim como Tsunade baa-chan. — Ele deu um sorriso travesso antes de comentar: — Por isso ela estava tão desolada, além de ficar revoltada porque consegui me livrar dos outros dois conselheiros. E antes que me pergunte, eles se aposentaram. E o resto eu não contei porque não queria preocupar vocês!

— O que quer dizer com “se aposentaram”? — Sasuke perguntou rapidamente. — Duvido que aqueles dois tenham chegado sozinhos à conclusão de que deveriam se retirar do conselho. O que você fez, Naruto?

— Uma exigência para assumir o cargo...

— Nani? — Sakura e Hinata disseram ao mesmo tempo.

— Você exigiu a saída deles? — Perplexo, o moreno ergueu as sobrancelhas. — Eu não acredito que aceitaram!

— Na verdade não foi bem isso... — Foi interrompido pela voz de Shizune, que entrou correndo.

— Naruto, o que está fazendo aqui? Estão todos te esperando... — Segurou a mão do loiro e voltou, ainda correndo, pelo mesmo caminho. — Espero que já tenha preparado o discurso. Você falará logo após Tsunade-sama.

— Discurso? — Naruto parou, quase fazendo com que Sasuke, Sakura e Hinata, que os estavam seguindo, o atropelassem. — Vou ter que fazer um discurso?

— Mas é claro, dobe! — Intrometeu-se o moreno. — O que pensou?

— Não pensei em nada, para falar a verdade. Estava tão preocupado com outras coisas que não imaginei como seria depois da reunião... — Naruto deu um sorriso amarelo, acompanhado pela típica mão acariciando a própria nuca. — Acho que terei que improvisar.

— Pois, então, pense em alguma coisa, e rápido. — Shizune recomendou. — Tsunade-sama já está começando e ela disse que seria breve.

Pararam na porta do terraço do prédio Hokage, onde a Godaime estava na varanda, dirigindo-se aos shinobis e civis de Konoha, que haviam comparecido em peso para prestigiar o Rokudaime.

— ... então, para que seja feita justiça na história de nossa vila, devemos reconhecer um dos maiores heróis, que deu a vida e muito mais que isso por Konoha. Tenho certeza que todos já ouviram falar de Uchiha Itachi. Ele é conhecido como um dos maiores assassinos e nukenins do mundo shinobi, mas o que poucos sabem e que agora vou revelar a vocês, é que ele foi um dos maiores heróis que Konoha já teve, que amava a vila como poucos. Em sua época, um golpe foi planejado pelos Uchiha contra o comando de Konoha, e isso foi descoberto por Itachi. Ele, juntamente com Uchiha Shisui, já tinha um plano para conter o golpe de estado que seu clã planejava, mas Danzou, visando se tornar Hokage, atacou Shisui e incumbiu Itachi da atrocidade que foi o extermínio do clã Uchiha. Quando deixou a vila, Itachi se juntou à Akatsuki para poder vigiar seus passos, e assim, continuar sendo útil a Konoha. Mesmo depois de sua morte, sendo trazido de volta pelo Edo Tensei na Quarta Grande Guerra, ele se mostrou leal e acabou com aquele jutsu maldito, salvando muitas vidas e confiando a Naruto o amor que sempre sentiu por nossa vila e pelo mundo shinobi. O crime de que foi acusado, infelizmente, é uma grande mancha em nossa história, pois foi cumprido a mando de Danzou, que era um dos conselheiros de Konoha. Esperamos que agora, sua história sendo conhecida por todos os habitantes, esse herói possa ser respeitado e honrado como merece.

Um silêncio aterrador foi a resposta às palavras de Tsunade, pois certamente ninguém esperava uma revelação tão surpreendente numa ocasião como aquela. Aos poucos, murmúrios foram sendo ouvidos entre a multidão e, em pouco tempo, uma comoção geral foi estabelecida. Muitos queriam fazer perguntas, mas não tinham a quem, pois assim que terminou sua história, Tsunade deixou o terraço discretamente, dando apenas um tapa no ombro de Naruto.

Sasuke parecia ter congelado. Já havia se conformado de que a história de seu irmão permanecesse como um segredo muito bem guardado do alto escalão de Konoha. Nunca imaginou que Naruto exigisse que tudo fosse revelado para assumir o posto de Hokage, pois agora tinha certeza absoluta de que havia sido essa a exigência. Isso explicava também o afastamento dos antigos conselheiros.

— Eu... não acredito que fez isso! — Disse como que para si mesmo, mas o loiro ouviu.

— Era o mínimo que eu podia fazer, não apenas por Itachi, mas por você também. Limpar o nome dos Uchiha, depois de tudo, era mais importante do que minha nomeação para Hokage, mas devo confessar que estou aliviado que tudo tenha dado certo. E eu não exigi o afastamento dos conselheiros. Quem disse para que eles próprios revelassem tudo foi o Daimyou do País do Fogo. Ele deu duas opções: ou contavam, eles mesmos, o que aconteceu, ou se aposentavam. É claro que eles preferiram a segunda opção...

— Naruto, todos estão esperando seu pronunciamento. — Shizune aproximou-se esbaforida e o empurrou em direção à grade da sacada do prédio, enquanto lhe enfiava na cabeça o chapéu de Hokage, para que fosse visto pela multidão. Em um momento, todos os que estavam comentando sobre o que foi revelado, esqueceram-se disso e começaram a aplaudir e gritar. Naruto levantou uma das mãos em um cumprimento tímido e pigarreou. O silêncio que se seguiu foi tumular.

— Povo de Konoha! — Naruto iniciou com a voz forte, abrindo os braços, mas logo deu uma risada e coçou a cabeça, tirando o chapéu. — Maa... Talvez eu devesse começar assim, não é? De uma forma impressionante e que causasse impacto, porém isso não faz o meu estilo. Me disseram que eu deveria ter um discurso pronto para esse momento... Mas quem me conhece não ficará surpreso em saber que não tenho. — Ele olhou na direção em que Sakura e Shizune estavam paradas com uma expressão reprovadora. Sasuke tinha apenas um sorriso de canto, como se já esperasse algo assim e Hinata ria abertamente, assim como muitas pessoas que o ouviam. — Acredito que o mais importante para se tornar Hokage deva ser o amor que sentimos pela vila como um todo, e isso inclui cada habitante...

— Guarde seu amor para a Hinata, Naruto, por que eu dispenso! — Um grito ecoou no meio da multidão.

— ... apesar de não ser tão fácil com alguns. — O loiro completou a frase, olhando diretamente para quem o interrompeu, com um sorriso debochado. — Vou me lembrar disso quando você precisar de alguma coisa, Kiba! — Mais uma vez as pessoas riram. Parecia que aquele discurso seria assim do começo ao fim, mas foi um engano comum. O ninja hiperativo e cabeça-oca, mais uma vez, provou sua especialidade: surpreender. — Bom, continuando: há um tempo, eu recebi a missão de descobrir o que era o verdadeiro poder que faz de nós, não apenas shinobis, mas todos os seres vivos, mais fortes, capazes de superar e ultrapassar as limitações que o mundo, ou mesmo nosso corpo, nos impõe. Durante toda a minha vida, eu sempre carreguei esse sentimento e foi isso o que me fez realizar todos os meus sonhos e objetivos. O verdadeiro poder, que faz uma mãe criar forças sobre-humanas para proteger seu filho, que faz com que um mero gennin possa enfrentar um jounnin de elite, e principalmente, que nos move a querer sempre melhorar, é o amor. O amor por sua família, por seus amigos, por sua vila. Cada um dos Kages, aqui presentes, conhece muito bem essa força. O amor pode também, se não for bem compreendido, causar muitos estragos na mente e na vida de uma pessoa, levando ao ódio e à vingança. — Nesse momento, mesmo involuntariamente, os olhos de Naruto se voltaram para Sasuke que, agora, ouvia tudo de cabeça baixa. — Devemos amar, sim, tudo o que nos é precioso, mas devemos também ter sabedoria para reconhecer quando esse amor deve ser dividido entre todas as coisas que nos são importantes, e principalmente quando ele pode prejudicar nosso poder de raciocínio. Nessas horas precisamos da ajuda de nossos amigos, de nossa família ou de nossa vila. Várias pessoas me ensinaram coisas que me fizeram ver o quanto seria difícil o caminho que me foi apontado e que eu escolhi seguir. Uma dessas pessoas foi meu mestre Jiraya-sama, que todos sabem, foi um dos Sannins Lendários. Ele me disse: “Acredito que chegará um tempo em que as pessoas entenderão umas às outras”. Mesmo com essa esperança, ele nunca acreditou que veria esse dia com seus próprios olhos e, apesar disso, sempre lutou para que essa realidade fosse alcançada. Outra dessas pessoas foi Nagato, mais conhecido como Pain. — Um burburinho começou entre os que o ouviam, por isso, o loiro fez uma pausa antes de continuar. — Hai, o mesmo que destruiu Konoha há alguns anos. Ele era um Uzumaki, assim como eu, também foi pupilo de meu padrinho Jiraya e o matou. Eu nunca vou esquecer as palavras que ele me disse: “... se a vingança é chamada de justiça, então dessa justiça irá nascer ainda mais vingança... E se cria uma corrente de ódio". Nagato, mesmo com todos os erros que cometeu, ainda tinha um objetivo nobre, apesar de procurá-lo por caminhos errados: a paz. Ao contrário de nosso mestre, ele não achava que as pessoas pudessem se entender, e eu quero acreditar que esse foi seu maior erro. Ele fez parte dessa corrente de ódio, assim como todos os shinobis, até recentemente. Meu pai, o Yondaime, também me disse uma coisa que sempre devemos ter em mente: “Ser um shinobi significa lutar contra esse ódio, todos os shinobis precisam constantemente lutar contra esse ódio”, e eu acredito que isso vale para todas as pessoas, não apenas para os shinobis. Durante a última guerra, quando encontrei Uchiha Itachi, ele me disse outra coisa que me ensinou muito, pois como eu pensava ser o meu dever acabar com o conflito, disse para que deixasse tudo comigo, então ele me lembrou de uma coisa que por um momento eu havia esquecido: “Não importa o quão forte você se torne, se tentar fazer tudo sozinho, sem dúvida falhará”. É principalmente por isso que compartilho com vocês a sabedoria que pessoas importantes e que tinham o mesmo objetivo que o meu – que o nosso – me passaram. Sozinho, eu nunca conseguirei alcançar esse objetivo: uma paz concreta e duradoura para o mundo shinobi. Eu preciso da ajuda de cada um, com seus melhores sentimentos e acreditando que podemos conseguir. Nunca deixar de acreditar que algo é possível é o primeiro e o mais importante passo para alcançar o que desejamos. Para terminar, por que acho que já falei demais, eu quero que se lembrem de mais uma coisa. Em várias batalhas, eu usei as palavras “eu nunca vou perdoar”. Apesar de eu sempre dizer que não volto atrás nas minhas palavras, eu quero dizer que na maioria dos casos eu voltei, sim, quando disse aquilo. Quando conhecemos os motivos que movem as outras pessoas, podemos entender e, na maioria dos casos, perdoar. Tentem sempre se lembrar disso quando sentirem vontade de ferir ou fazer mal a alguém que os prejudicou de alguma forma. — Ele deu uma risada, constrangido por falar demais e finalizou: — Agora, chega de papo e vamos aproveitar essa festa, pois meu rámen me espera tão ansiosamente quanto eu o quero! Ikisho!

Um breve silêncio se seguiu às palavras finais de Naruto, fazendo-o ficar preocupado por ter falado demais, mas como se um sinal fosse dado, todos começaram a aplaudir e gritar de forma ensurdecedora. Ele viu várias pessoas, entre elas muitos de seus amigos, enxugando as lágrimas disfarçadamente, e em alguns casos, não tanto assim, como era o caso, por exemplo, de Karin, que chorava desesperadamente apoiada nos ombros de Kiba, Tenten, que ria e chorava ao mesmo tempo e Shizune, que abraçava a pobre porquinha Tonton com tanta força, que esta tinha até a língua de fora. Sem entender muito bem o motivo de tamanha comoção, o loiro olhou preocupado para Sasuke, que tinha um sorriso irônico no rosto e aparentemente consolava Sakura, passando a mão nos cabelos rosados da garota que estava com o rosto enterrado em seu peito.

Vendo que dali não obteria respostas, Naruto se virou para a parte do terraço que estava reservada aos Kages e viu Gaara se aproximando, com um sorriso de lado.

— Muito bem, Naruto. — O ruivo disse enquanto apertava a mão do loiro. — Para quem não tinha um discurso preparado, foi muito melhor que o esperado.

— Er... Essa bagunça toda é pelo que eu disse? — Ele olhou em volta, confuso, vendo que a multidão ainda estava agitada, provavelmente comentando suas palavras.

— Ele nunca vai mudar... — Temari se aproximou, junto com Shikamaru. Ela também tinha os olhos vermelhos, mas já estava recomposta.

— Se mudasse não seria mais o nosso Naruto. — Gaara sentenciou.

................................

Naquele mesmo dia, depois de encerradas todas as comemorações oficiais, Naruto se reuniu com seus amigos e os Kages em sua própria casa. O que era para ser uma festa particular para celebrar a nomeação acabou se tornando algo bem diferente.

Os bijuus foram liberados para participar da festa e em dado momento se distanciaram um pouco dos outros junto com Killer Bee, e ficaram assim, conversando em voz baixa por um bom tempo. Mei e Tsunade estavam em uma conversa de mulheres, aparentemente bastante interessante, pois olhavam em volta com frequência entes de cochicharem entre si e rirem com o descontrole que só o álcool traz. Kira A observava a todos com olhos críticos, como se emitisse uma avaliação, mas na verdade estava descontraído, sentado ao lado do Tsuchikage e de Darui, que sempre considerou seu braço direito e pensava fazer seu sucessor como Raikage. Gaara havia se juntado com Naruto e seus amigos que, como sempre nessas ocasiões, contavam histórias e faziam piadas uns com os outros.

Em determinado momento, Bee se virou para os demais e pigarreou, antes de dizer:

— Yo, Naruto! Os bijuus querem conversar com você.

Estranhando a seriedade do outro e, principalmente o fato de Bee servir de porta-voz para os bijuus, o loiro ficou confuso. Observando melhor, percebeu uma determinação inédita nas feições dos que, até o momento, viviam uma parte do tempo dentro dele. Nessa altura, todos os que estavam na sala começaram a prestar atenção na conversa.

— É claro, Bee o’-chan! — Respondeu ainda confuso, mas logo dirigiu-se a Kurama, pois, afinal, ainda era o bijuu que conhecia há mais tempo. — Vamos lá, Kurama, o que vocês têm em mente?

— Gaki, estamos prontos. — Apesar das poucas palavras, Naruto entendeu perfeitamente o que o outro queria dizer e abriu um sorriso.

Quem ouvia ainda achava estranho alguém com a aparência que Kurama tinha agora – de aproximadamente dezoito anos – chamar Naruto de moleque. Os presentes que viviam em Konoha já estavam habituados, mas os Kages e seus acompanhantes olharam com estranheza, apesar de saberem que aquele era Kyuubi.

— Yosh’! — Naruto levantou-se e estralou os dedos. Depois dirigiu-se aos outros bijuus. — Todos concordam?

Eles apenas assentiram, com o olhar determinado. Era visível que estavam nervosos, afinal, não é todos os dias que um ser que sempre foi considerado um demônio ganhava um corpo humano e se propunha a viver assim pela eternidade, pois pelo que eles puderam perceber, mesmo em forma humana não envelheceriam, além de sua essência e poderes continuarem os mesmos.

— E Hachibi-san? — Apesar de saber o nome do bijuu, desde a guerra o loiro pegou o hábito de chamá-lo assim e nada o fazia mudar. Essa pergunta foi feita diretamente a Bee em um tom preocupado. Não tinha certeza se poderia tirar o bijuu dentro do Jinchuuriki sem prejudicar Bee, assim como acontecia quando a Akatsuki fazia essas extrações.

— Ele permanecerá comigo até o final de minha vida, depois terá o mesmo destino de seus irmãos. — Respondeu Bee. — Essa foi sua decisão. — O homem sorriu e completou: — Por isso, acho bom que viva bem mais que eu, bakayarou!

— Posso saber o que está acontecendo aqui? — O Raikage bem que tentou se segurar e não interferir, mas seu temperamento irritadiço o estava deixando de cabeça quente por presenciar o diálogo e não receber nenhuma explicação. Quando o destino de seu irmão como Jinchuuriki foi mencionado, já não pôde ficar calado.

— Os bijuus decidiram adquirir forma humana. Para sempre. — Naruto respondeu à pergunta com um pouco de apreensão, pois sabia que outros poderiam achar cedo para que isso acontecesse. Ele, pessoalmente, queria ter feito isso há muito mais tempo, mas essa era uma decisão que cabia aos bijuus.

— Hum... — O Raikage praticamente rosnou. — E como isso vai funcionar?

— Pelo que pudemos descobrir até agora, esse corpo humano será imortal em circunstâncias normais, isto é, não ira envelhecer ou se deteriorar, mas pode ser morto como qualquer pessoa. Com relação às suas formas bijuus, funcionará como para um Jinchuuriki totalmente controlado, assim, quando for necessário, eles poderão assumir suas formas originais. — Naruto respirou fundo antes de continuar. — Como esse corpo será criado da mesma forma que os originais foram pelo Rikudou Sennin, a ideia é que se algum deles for morto, quando retornar, após algum tempo, essa forma será restaurada...

— Interessante... E o que vocês pretendem fazer de agora em diante? — A pergunta foi feita pelo velho Onoki. Ele se mantivera calado até o momento, apenas observando a interação dos mais jovens, inclusive sua neta, Kurotsuchi, que parecia ter demonstrado certo interesse por Akimichi Chouji. Ele sempre achou que ela tinha gostos exóticos.

Nenhum dos bijuus quis ser o primeiro a falar, portanto o dedo torto do Tsuchikage apontou diretamente para Kurama, enquanto o velho levantava uma das sobrancelhas indagativamente, como se o incentivasse a se pronunciar.

Conformando-se, o rapaz de cabelos vermelhos suspirou e respondeu à pergunta:

— Eu continuarei em Konoha, é claro. Por pelo menos um ano todos nós ainda continuaremos aqui, mas depois disso, alguns de meus irmãos pretendem seguir outros caminhos. O desejo do Rikudou Sennin era o de continuarmos juntos, mas acreditamos que isso possa ser feito sem a necessidade de presença física constante, mesmo por que, temos nossos próprios meios de nos comunicarmos uns com os outros. Por uma questão de segurança, e acho que pode entender isso perfeitamente, não será de conhecimento de todos para onde cada um vai, mas posso dizer que nos espalharemos por alguns países. Obviamente, o Kage ou líder do país aonde um bijuu chegar, será imediatamente avisado, afinal o lugar mais seguro para criaturas como nós ainda é dentro de uma vila oculta.

— Quer dizer que Naruto não será mais um Jinchuuriki? — Perguntou Kurotsuchi, olhando especulativamente para o loiro. — Isso pode ser perigoso para Konoha. Ainda existem nukenins e várias pessoas poderosas insatisfeitas com o poder acumulado em uma só pessoa. Os ataques não demorarão a acontecer.

Os shinobis de Konoha se entreolharam. Na verdade, já haviam discutido isso antes e chegado à mesma conclusão. Para variar, quem teve um plano, desta vez, foi Kurama.

— Isso não será problema. — Respondeu o garoto-raposa. — Eu já havia proposto que cada um de nós cedesse uma parte de nosso chakra a Naruto, para que ele ainda possa ter o poder necessário para lutar pela paz que o Rikudou Sennin tanto queria. Para nós não faz diferença, pois podemos manipular livremente o chakra. Isso quer dizer que uma parte de cada bijuu continuará em Naruto. — Ele deu um sorrisinho de lado. — E mesmo que não fizéssemos isso, o Hokage é poderoso o suficiente sem precisar de nossa força. Pode ter certeza que qualquer um que pensasse o contrário teria uma surpresa.

Naruto sorriu com as palavras de Kurama. Parecia que, cada vez mais, tinha motivos para ficar feliz.

— Anou... Alguém tem mais perguntas ou objeções? — O Hokage olhou em volta, mas como ninguém se manifestou, prosseguiu: — Vamos em frente... Prontos? — Todos acenaram positivamente. Ele ficou em pé, de frente para os bijuus e concentrou-se. Nunca foi fácil para ele lidar com o Rinnegan, mas o que estava para fazer era extremamente complicado. Era, sem dúvida, mais fácil por tê-los em corpo sólido à sua frente, então se concentrou na imagem que cada um já apresentava e fez, o que para ele, mais que um jutsu, assemelhava-se à magia.

Externamente nada mudou, então os que observavam esperando algo grandioso se decepcionaram. Pesar disso, todos puderam sentir um aumento absurdo no chakra de cada bijuu, pois eles o estavam recebendo quase completamente. Foi um momento assustador. O poder que eles emanavam quando controlavam um bushin de Naruto já era imenso, mas em seus próprios corpos era quase apavorante.

Naruto abriu os olhos e todos puderam ver o padrão avermelhado de seu Rinnegan modificado, antes que voltassem ao azul característico.

— Acabou? — Perguntou Sasuke interessado. Recebeu um meneio afirmativo do loiro e comentou, jocosamente. — Pensei que seria mais impressionante, dobe!

— Urusai, teme! — Naruto resmungou. — Se fosse mais impressionante que isso eu teria matado a Karin nee-chan! — Ele olhava para a ruiva, que parecia apavorada, olhando os bijuus. Ele sabia que um poder tão grande podia assustar uma shinobi sensorial como ela, mas não imaginou que a tal ponto.

Kiba aproximou-se da garota e a abraçou protetoramente pelos ombros.

— Ôe, Karin! Se acalme, você os conhece bem, não é verdade?

— É... É... demais para mim... — Ela se agarrou na cintura do rapaz e enterrou a cabeça em seu peito. — Me tire daqui, onegai!

Sem dizer nada, Kiba pegou-a no colo e saiu porta afora. Se fosse qualquer dos outros, certamente teria subido as escadas e usado um dos quartos de hóspedes, mas ele, sem dúvida queria ficar a sós com Karin, então levou-a para sua casa dentro do clã.

— Eles estão juntos mesmo? — Perguntou um interessado Sasuke a Naruto, mas não foi ele quem respondeu.

— Ah, estão, sim... — Suigetsu comentou emburrado. — Você não imagina os rosnados que somos obrigados a ouvir, às vezes, no meio da noite...

— Chega, Suigetsu! — Juugo interferiu, antes que o rapaz falasse demais. — Em breve não precisaremos mais morar de favor com ela, então não reclame.

— Então, talvez Karin não estivesse tão apavorada, afinal... — Comentou Ino maldosamente.

Depois da saída de Karin e Kiba, as conversas foram lentamente sendo retomadas, então poucos ouviam esse diálogo dos ex-membros da Taka. Os únicos a prestar atenção eram Sasuke, Naruto, Sakura, Ino e Hinata, pois saber de mais um relacionamento iniciado era bem interessante para elas.

— Vocês vão sair da casa da Karin? — Sasuke perguntou, cordialmente. — Por quê?

— Nunca é bom morar de favor, e já tivemos tempo de juntar dinheiro o suficiente para comprar um pequeno apartamento perto do centro de Konoha, graças às missões que temos recebido. — Juugo respondeu, para depois comentar de maneira pensativa: — Nunca achei que pudesse viver de maneira normal e está sendo melhor do que eu imaginava...

— Uma vida normal é realmente uma coisa boa. — Suigetsu concordou. — Agora só preciso encontrar uma namorada. Por sorte existem belas mulheres em Konoha.

— Seria mais fácil se você procurasse alguém em Suna... — Sasuke disse em tom inocente.

— Por que em Suna?

— As mulheres de Konoha têm bom gosto e, talvez no deserto, você possa encontrar alguma garota que esteja desesperada por água. — O Uchiha explicou, com um sorriso maldoso, arrancando risadas de quem ouviu o comentário.

— Esse foi um comentário totalmente desnecessário, Uchiha Sasuke! — Suigetsu reclamou com um bico.

Todos os amigos que ouviram o comentário de Juugo concordaram em seus íntimos. Realmente era bom ter uma vida normal, para variar. Pelo menos, tão normal quanto o possível, no caso dos shinobis.

................................

Naruto já era Hokage há cinco meses quando os primeiros sinais de problemas foram detectados em Konoha. Konohamaru, já experiente como chunnin, estava se preparando para prestar exame para jounnin. Tendo recebido permissão para ficar afastado das missões durante as semanas que antecediam os testes, decidiu sair para treinar na mata perto da vila, onde não haveria o risco de destruir nada importante ou machucar alguém.

A princípio o treino correu normalmente, mas em alguns momentos o rapaz tinha a impressão de estar sendo observado. Como não detectou nenhum tipo de chakra estranho e estava perto demais da vila, não deu importância aos instintos que o alertavam do perigo, mas permaneceu atento a qualquer movimentação suspeita. Foi isso que o manteve vivo.

Aparentemente o atacante estava esperando que o rapaz se cansasse, mas mesmo depois de várias horas de treino, Konohamaru conseguiu evitar com facilidade o ataque de shurikens eletrificadas que foram lançadas em sua direção.

— Você é habilidoso para um chunnin rapaz, mas não escapará tão fácil da próxima. — Um homem de cabelos cor de cobre e pele escura o olhava de cima de uma árvore, de frente para ele, já que para fugir da chuva de armas, Konohamaru havia pulado para o galho de uma alta árvore.

— Quem é você e o que quer em Konoha? — O rapaz perguntou com raiva. A maior parte das missões dos shinobis das vilas, ultimamente, era rastrear ou capturar dissidentes, como o homem à sua frente. Depois que a paz foi estabelecida, alguns insatisfeitos, normalmente devido à inveja e cobiça, tentavam, inutilmente, estabelecer-se em vilarejos pequenos e recrutar novos seguidores, utilizando-se de ameaças. Poucos tinham a coragem de se aproximar das vilas ocultas, principalmente de Konoha, então esse devia ser particularmente perigoso. Ou maluco.

— Meu nome é Ganko Koji, um nukenin de Kumogakure. — Ele se recostou sossegadamente no tronco da árvore e voltou a falar. — Eu já fui muito respeitado na minha vila, mas desde que essa maldita aliança se formou meus serviços foram dispensados. Meus homens e eu éramos incumbidos de capturar e estudar Kekkei Genkai de outras vilas. — Ele deu um sorriso maníaco. — Claro que meu maior objetivo sempre foi o Byakugan, mas agora isso se tornou impossível. Meu único desejo é me vingar do responsável por meus serviços terem se tornado desnecessários.

— Se é isso o que quer, você só pode ser louco. — Konohamaru deu uma risada debochada. — Naruto nii-chan nunca seria derrotado por um idiota como você. Aliás, não consigo pensar em nenhum shinobi de Konoha que fosse. Quem sabe algum gennin recém-formado?

— Hum... Foi bom você ter mencionado isso. — Mais uma vez o homem sorriu, o que causou calafrios em Konohamaru. — Você deve conhecer aquele pestinha, não é? — Um bushin de Koji saiu de trás da árvore, no chão, segurando um garoto inconsciente de aproximadamente doze anos. Ele era do clã Inuzuka e um dos alunos do time que Hinata começara a treinar recentemente, portanto não podia ser coincidência sua captura. — Acredito que, como você chamou o Hokage de “nii-chan”, deve ser íntimo o suficiente para ser usado como refém também. Parece-me que estou com sorte!

— Mesmo que tente, não conseguirá me capturar. Fui treinado pelo próprio Naruto nii-chan! — Konohamaru tentava obviamente ganhar tempo, enquanto sua mente trabalhava desesperadamente, imaginando o que o loiro faria em seu lugar. Precisava, além de escapar inteiro do atacante, salvar o garoto que o bushin segurava. Se não houvesse gastado tanto chakra tentando criar um jutsu novo a partir do Rasengan, já que o Rasenshuriken estava totalmente vetado para ele, pois seu elemento era fogo, estaria em condições de lutar, mas sentia suas reservas de chakra quase no fim. Podia tentar um último jutsu, porém se errasse seria completamente dominado pelo nukenin. Sua única saída seria usar o Katon: Haisekishou*, aprendido nos pergaminhos de Sarutobi Asuma, que ainda mantinha guardados. Era um jutsu perigoso de longo alcance, então tinha que ser preciso, caso contrário corria o risco de acertar o garoto Inuzuka.

Ele acumulou chakra no peito e expeliu uma grande quantidade de uma fumaça aparentemente inócua, envolvendo totalmente o nukenin de Kumo.

— O que pretende com isso, garoto? — Koji riu, debochado. — Acha mesmo que uma mísera cortina de fumaça poderá me par...

Sua voz foi substituída por gritos de dor, assim que Konhamaru “cortou” a nuvem de fumaça com os dentes, desencadeando uma instantânea combustão. O bushin que estava no chão sumiu e o garoto que segurava caiu no chão. Se não estivesse tão desesperado, talvez Konohamaru tivesse pensado melhor nas consequências de usar um jutsu Katon no meio de uma densa floresta, mas quando se deu conta, viu as árvores atingidas pelas chamas sendo incineradas com uma rapidez incrível. O grande galho da árvore em frente a ele estalou alto e começou a cair, fazendo o rapaz se desesperar, pois atingiria em cheio o gennin desacordado, sem dar a ele tempo de tirá-lo do caminho.

Konohamaru olhava, paralisado, a queda do galho em chamas. Tudo parecia acontecer em câmera lenta e sua mente estava em branco. Só o que ele podia fazer era observar a morte de um garoto de doze anos sem poder fazer nada. Sentiu seus olhos marejarem e desejou ter a velocidade de Naruto, ou até mesmo a de Sasuke, para poder salvá-lo.

Já sem esperanças, sua expressão ficou incrédula ao ver um vulto avermelhado passar junto do garoto e tirá-lo dali. A velocidade foi tão grande que Konohamaru não conseguiu identificar quem ou o que era aquilo, antes que o galho atingisse o chão, jogando fagulhas em todas as direções. Uma voz conhecida soou próxima:

— Suiton: Daibafuku no Jutsu*!

Uma barreira de água formou-se do nada. Tinha muitos metros de altura e desceu de uma vez, quase derrubando Konohamaru do galho da árvore apagando o fogo que se alastrava. Ainda tentando entender o que havia acontecido, olhou em volta e viu Kakashi em outro dos galhos da mesma árvore onde estava, porém seco.

— Ka-Kakashi-sensei... — Balbuciou o rapaz, sem conseguir acreditar que a tragédia fora evitada.

— Deveria tomar mais cuidado com os jutsus que usa, Konohamaru. — Observou o Copy Ninja, com voz entediada.

— Onde está o garoto? — Perguntou, ao se dar conta de que não poderia ser o jounnin à sua frente que o tirara de lá.

— Aqui. — Uma voz respondeu de uma árvore próxima.

Ao se virar na direção do som, Konohamaru viu Kurama, com o pequeno Inuzuka jogado sobre o ombro, como um saco de batatas.

— Kurama nii-chan! Eu deveria ter imaginado...

— Sabe que não me acostumo com a maneira como me chama, não é, pequeno-aprendiz-de-cabeça-oca? — A voz sarcástica do garoto-raposa claramente pretendia ser ofensiva, aludindo ao fato de Konohamaru tentar ser igual a Naruto em tudo, porém nunca conseguia seu intento, pois o rapaz sentia até orgulho de ser chamado assim, como ficou evidente pelo sorriso que recebeu em troca, acompanhado de um coçar na nuca muito familiar. — Era para ser um insulto!

— Naruto nii-chan não é nenhum cabeça-oca, Kyu-baka!

Ignorando a discussão dos dois, Kakashi desceu da árvore e foi verificar o que ele imaginava serem os restos no nukenin, mas se surpreendeu. Apesar de muito queimado e de alguns ossos quebrados devido à grande queda, Koji ainda respirava.

— Ele está vivo! — Informou num tom de voz mais alto, para ser ouvido acima da troca de ofensas entre Konohamaru e Kurama.

— Deixe essa coisa aí! — O ruivo respondeu, parando de dar atenção a Konohamaru. — Tenho certeza que muitos animais selvagens apreciarão a carne assada!

— Precisamos levá-lo ao para interrogatório. — Kakashi suspirou e pegou o corpo queimado de qualquer jeito, jogando-o por cima do ombro e torcendo o nariz para o cheiro repulsivo que exalava. “Depois não sabem por que uso máscara.” — Mas primeiro, o hospital de Konoha.

Konohamaru pegou o gennin do ombro de Kurama antes de seguir Kakashi, com medo que a “delicadeza” do bijuu pudesse ferir o garoto depois de, por um milagre, escapar ileso do sequestro.

Correram quase todo o caminho, mas o rapaz ainda conseguiu perguntar ao ruivo durante o trajeto:

— O que faziam lá? — Recebeu um olhar confuso em resposta e se apressou a explicar: — Você e Kakashi-sensei, no meio da floresta. O que faziam?

— Ah, sim. — Kurama deu um sorriso de raposa. — Treinando. Se vou viver como um humano, preciso aprender a lutar como um. Bijuuu Dama não é uma técnica que podemos usar o tempo todo, sabe?

— E como nos encontraram tão rápido?

— O cão ninja do Inuzuka. Apesar de ser apenas um filhote, ele conseguiu nos avisar e pedir ajuda.

Sem mais perguntas, adentraram o hospital de Konoha e logo foram abordados por Ino, que os viu quando passava pela porta que separava a recepção da área dos quartos.

— Nande kuso?* — A loira perguntou, nada delicadamente, com os olhos fixos no nukenin semicarbonizado. — Se vinham trazer um cadáver, a entrada é pelos fundos. Sabe disso, Kakashi-sensei! — Porém, sua curiosidade foi maior que seu instinto de iryo-nin. Estreitando os olhos, inclinou a cabeça para o lado e perguntou: — Quem é esse?

— Um nukenin que atacou Konohamaru na floresta. — Kakashi respondeu entediado. — E ele ainda está vivo, por isso o trouxemos. Pode ser importante descobrir seus propósitos e se há mais alguém com ele.

— Sigam-me! — Ino ordenou, seus ensinamentos como médica finalmente falando mais alto. Ela os levou até um quarto desocupado e Kakashi colocou Koji na maca. A loira se aproximou e o examinou rapidamente. — Ele está quase morto, sabe? Não vou conseguir fazer nada por ele. A única que talvez consiga salvá-lo é Sakura, mas... sabe... no estado dela... Tem certeza de que vale a pena?

— Ouvi meu nome. O que não vale a pena? — Parada na porta que, obviamente acabara de abrir, estava Sakura em seus quase oito meses de gestação, “estado” ao qual Ino se referira. — Kami-sama! O que aconteceu? — Perguntou com expressão de nojo, olhando o homem deitado na maca.

— Sabe, Kakashi-sensei? Esse homem disse se chamar Ganko Koji e por tudo o que disse, acredito que agia sozinho. — Konohamaru apressou-se em dizer. Também não gostou da ideia de Sakura, em uma gravidez já avançada, se arriscar para salvar alguém que ele acreditava ser melhor estar morto.

— Yare yare... Então é melhor deixarmos que o destino se encarregue dele! — Kakashi disse rapidamente. Ele sabia que Sakura ainda estava trabalhando no hospital contra a vontade de Sasuke, que preferia que ela ficasse em casa nos últimos meses de gestação, mas a kunoichi nem quis ouvir falar sobre isso. Só havia parado de sair em missões quando completou cinco meses de gravidez, ainda assim, por que fora terminantemente proibida pelo Hokage. Naruto também queria que ela ficasse em segurança, mas entre as reclamações de Sakura sobre “não estar doente” e o olhar assassino que recebeu de Sasuke, não havia o que discutir.

— Ele ainda está vivo? — Perguntou a iryo-mim horrorizada. — Ele pode ser um criminoso, mas ainda é um ser humano! Ino, me ajude aqui, e vocês três, caiam fora! — Sua voz de comando era quase tão assustadora quanto a de Tsunade, então ninguém se atreveu a discutir. Quando já saiam pela porta, ainda a ouviram gritar: — E Kurama, peça a Karin para vir até aqui e trazer uma equipe médica com ela!

Nem mesmo o bijuu pensou em protestar e, sem dizer nada, foi cumprir a missão que lhe fora imposta.

— Bem, eu vou informar Naruto sobre os acontecimentos e você fique aqui. — Konohamaru abriu a boca para protestar diante da ordem, mas Kakashi o calou apontando o óbvio: — Esse garoto ainda precisa de atendimento. Ou você vai passar o resto do dia com ele no colo?

Só então o rapaz se deu conta de que ainda carregava o pequeno Inuzuka. Nem mesmo sabia seu nome, apenas a que clã pertencia, mas sem dúvida era responsável por ele. Deveria ficar pelo menos até a família ser avisada. Novamente lembrando de que se fosse por ele o garoto estaria morto, murmurou, cabisbaixo:

— Hai...

— Há mais alguma coisa que eu deva saber sobre aquele sujeito?

Konohamaru então contou tudo desde o começo, inclusive o fato de o nukenin ser de Kumo, da divisão antigamente responsável pela captura de qualquer Hyuuga desprotegido.

Deixando o hospital às pressas, Kakashi foi direto ao prédio Hokage e, como sempre, entrou pela janela.

— Agora entendo por que a Tsunade baa-chan vivia estressada. — Naruto murmurou, enquanto tinha os olhos fixos em um pergaminho. — Portas existem para serem usadas, Kakashi-sensei.

Sasuke, que estava sentado em frente à mesa do Rokudaime deu uma risadinha quando Kakashi respondeu divertido:

— Você nunca pareceu saber disso ou se importar, mesmo que soubesse...

— Hum. — Com essa, o loiro ficou sem resposta, então fingiu não entender a observação. — O que o traz aqui tão cedo? Não estava treinando Kurama?

— Hai, hai. Porém houve um pequeno incidente na floresta e tivemos que encerrar o treino mais cedo. — Kakashi desceu da janela, onde estivera até então e olhou para o pergaminho nas mãos do Hokage. — Como vai a restauração da polícia de Konoha?

— Um pouco difícil, mas... — Sasuke percebeu o olhar preocupado de Kakashi quando mencionou o ocorrido, ao contrário do loiro, que não havia desviado o olhar do pergaminho, e perguntou: — Que tipo de “incidente”?

— Um envolvendo um nukenin, Konohamaru e um jutso Katon mal direcionado. — O Copy Ninja respondeu brevemente, tentando desviar o assunto falando dele com descaso. Preferia ocultar do Uchiha que Sakura estava, neste momento, tratando um nukenin perigoso. Pelo menos até tudo já ter passado.

— Nani? — Naruto finalmente largou o pergaminho e olhou o antigo sensei com censura. — E quando pretendia me contar?

Dando um suspiro resignado e olhando ainda mais preocupado para Sasuke, Kakashi contou tudo o que se passara. As reações foram exatamente como esperava.

— Captura dos Hyuuga? — Naruto perguntou exaltado, ao mesmo tempo em que Sasuke levantava da cadeira e gritava exasperado:

— A Sakura está fazendo o quê?

Nesse momento tudo pareceu desmoronar à volta dos três, começando com a entrada intempestiva de Konohamaru na sala, gritando com a voz apavorada:

— Naruto nii-chan, preciso encontrar o Sas... — Ele se interrompeu ao ver o Uchiha olhá-lo com uma expressão que era uma mistura de fúria e medo. — Sasuke, Ino quer que você vá ao hospital imediatamente!

— Ino? — O moreno perguntou, empalidecendo e percebendo a parte que mais interessava a ele: Sakura aparentemente não estava em condições de dar ordens. — O que aconteceu?

Percebendo algo terrivelmente errado pela expressão do rapaz que levara a notícia, Naruto descartou a possibilidade de um trabalho de parto prematuro. Automaticamente estendeu sua mão para a capa de Hokage e, mesmo antes de alcançá-la, viu o Uchiha sair pela janela com uma velocidade impressionante, sem esperar uma resposta de Konohamaru.

— Diga o que aconteceu. — O loiro ordenou com a voz firme. — E seja breve, Konohamaru!

— Parece que o Nukenin voltou à consciência de repente e atacou Sakura nee-chan! — O rapaz respondeu rápido, enquanto gotas de suor frio escorriam por sua testa. — Ino o matou, mas o ferimento que ele provocou... foi na barriga e... e...

Sem esperar mais explicações, Naruto saiu da sala pelo mesmo caminho que Sasuke, seguido, segundos depois, por Kakashi. Ainda trêmulo, Konohamaru caiu de joelhos.

Quando chegou ao hospital, muito antes de Kakashi, já que era mais rápido, Naruto nem precisou pedir indicações de onde encontrar alguém. Seguiu os gritos de Sasuke, que ecoavam por todo o hospital. Nunca tinha ouvido tanto desespero em sua voz. Chegou ao corredor onde o moreno estava a tempo de segurá-lo, pois parecia que ia atacar o iryo-nin que o impedia de entrar na sala de cirurgia.

— Maa, Sasuke! — Quase gritou, enquanto segurava-o por trás imobilizando os dois braços e encarou o rosto apavorado do iryo-nin. — Como ela está?

Aparentemente aliviado por falar com alguém que não estivesse a ponto de matá-lo, apesar do olhar que o fazia tremer, o rapaz, bem jovem, respondeu com a voz fraca:

— O estado dela é crítico. Ainda não temos certeza da extensão dos danos, mas os melhores iryo-nin estão cuidando dela agora. — Ele disse isso e seus olhos se encheram de lágrimas. — Sakura-senpai é muito querida aqui, pode ter certeza que cada um de nós fará de tudo para salvá-la e ao bebê!

Percebendo que Sasuke relaxou minimamente com essas palavras, Naruto afrouxou os braços em volta de seu corpo, mas só o soltou completamente quando viu a porta da sala de cirurgia de fechar atrás do outro rapaz.

— Sasuke, se controle. Se você entrar lá agora só vai atrapalhar o trabalho da equipe médica. — A preocupação de Naruto estava evidente em sua voz. Mesmo quase entrando em desespero também, usou todo seu autocontrole para parecer calmo, pois sabia que o amigo precisaria muito dele nesse momento.

O moreno assentiu, derrotado. Dirigiu-se a um banco que havia pouco à frente no corredor e sentou-se pesadamente sobre ele. Fechando os olhos, passou a mão na testa, como se pudesse afastar pensamentos que não queria ter. Provavelmente pelo mesmo motivo, uma pergunta escapou de seus lábios, quase suavemente:

— Quando você começou a ficar tão sensato, dobe?

— Quando alguns amigos meus provaram que não eram. — Respondeu de forma leve, pois percebeu o que Uchiha fazia: simplesmente evitava o silêncio que o levaria a pensar em todas as possibilidades sombrias. Aparentemente, qualquer assunto, até mesmo sua vida cheia de erros, era melhor que o que acontecia a alguns metros de distância, pois ele deu um leve sorriso.

— Baka.

Infelizmente, o silêncio acabou pesando entre eles. Naruto não conseguiu pensar em mais nada para dizer. Toda a vida de Sasuke atualmente girava em torno do nascimento do primeiro filho. Ele deixava de lado até mesmo seu trabalho – que no momento consistia em tentar encontrar shinobis talentosos o bastante e que não queriam mais missões fora da vila, para recomeçar a força policial de Konoha – para ficar ao lado de Sakura e fazer suas vontades.

— Que bom que está calmo. — Kakashi finalmente apareceu, e logo seguido de um Konohamaru esbaforido. O jounnin também era rápido, então, para chegar praticamente ao mesmo tempo em que o rapaz, devia ter parado em algum lugar. Provavelmente na recepção para pedir informações, pois parecia já saber mais do que o próprio Sasuke. — Me disseram que Shizune está cuidando de Sakura, junto com Ino, Karin e a melhor junta de iryo-nin de Konoha.

Ele não acrescentou que tudo ficaria bem. Além de seus alunos serem homens feitos agora, todos haviam aprendido, da pior forma, que nem tudo ficava bem, por mais que se tentasse.

Sasuke apenas assentiu com a cabeça.

O loiro, por sua vez, ficou um tanto aliviado. Depois de meses de reclamações da nova conselheira da vila, finalmente havia concordado, há quinze dias, com um mês de descanso para Tsunade. Ela havia partido imediatamente sem informar para onde iria, dizendo apenas que tiraria o atraso de suas apostas. Shizune recusou-se a acompanhá-la, dizendo que não poderia abandonar o hospital, mas Naruto desconfiava que o verdadeiro motivo fosse o relacionamento recém-iniciado com Kakashi.

Seus pensamentos foram interrompidos e seu desespero redobrado quando viu Karin sair da sala de cirurgia e se dirigir até eles, com os olhos vermelhos pelo choro. Sasuke também a olhou e arregalou levemente os olhos. Estava sem forças sequer para falar. Kakashi tomou a palavra, pois parecia que seria impossível para os dois amigos dizerem qualquer coisa.

— O que houve?

Konohamaru, que havia se sentado meio encolhido, num canto do chão, ignorando completamente o banco, levantou o rosto, que tinha escondido entre os braços cruzados, e levantou-se rápido quando viu a expressão da ruiva.

As palavras de Kakashi pareceram destravar a língua de Karin, mas quando ela falou, foi diretamente a Sasuke, suas palavras entrecortadas por soluços:

— Sasuke, o estado dos dois é... é... muito delicado. — Ela engoliu em seco e abaixou a cabeça. — Não... con-conseguiremos salvá-los... não os dois...

Dessa vez a garota irrompeu em um choro convulsivo.

O moreno parecia ter congelado, pois não mexeu um músculo. Naruto colocou a mão no ombro do amigo e apertou, dando força, mas sentiu uma pontada forte no peito e os olhos coçarem, como se as lágrimas fossem cair a qualquer momento. Por que isso? Por que sempre com Sasuke? Ele tinha consciência de que sua vida fora quase tão difícil, se não tanto quanto a dele, mas achava que o amigo não merecia mais perdas em sua vida. Não agora. Nunca mais.

— Qual deles tem mais chance? — Kakashi perguntou calmo, mas percebia-se o tom embargado por uma emoção difícil de definir.

Tão rápido quanto começou, o choro da ruiva parou. Ela passou as mãos sobre os olhos e respondeu num tom contido, que tentava ser profissional apesar dos ocasionais soluços mostrarem o quanto estava abalada:

— Os dois... têm a mesma chance. É por isso que Shizune... me mandou. — Ela respirou fundo, tentando acumular forças para o que teria que dizer. — Precisamos priorizar um deles, ou acabaremos perdendo os dois... E precisamos que você escolha, Sasuke. Não podemos fazer isso.

Pela primeira vez desde o aparecimento de Karin, Sasuke expressou alguma reação. Ele desviou o olhar do rosto da ruiva para um ponto qualquer na parede parecendo perdido. De repente abaixou o corpo até as pernas e escondeu o rosto nas mãos, soltando um gemido sofrido.

Os três que estavam ali antes observavam o desespero quase silencioso dele em choque. Era muito injusto que ele precisasse escolher algo assim. Tinham certeza que se fosse outra pessoa, aquele gemido teria sido um grito de dor.

Pela cabeça de Sasuke pensamentos se sucediam com uma velocidade surpreendente. Imagens de sua família e do clã quando era criança, de quando fez parte do time 7 com Naruto e Sakura e de sua vida fora da vila. Entremeadas a essas imagens, apareciam as dos sonhos que teve nos últimos meses. Nunca havia se permitido sonhar, mas quando soube que seria pai, começou a imaginar sua vida com o filho, como seria seu sorriso quando crescesse um pouco mais, a voz, levemente irritante, mas doce, como a de Sakura, ou mais contida, como a dele próprio, sua personalidade, se seria sorridente ou sério... Seu nome, Itachi, como o padrinho, Naruto, havia escolhido, dizendo ser uma justa homenagem. Pela primeira vez, desde que perdera toda sua família, havia aberto o coração para sonhos, e era isso que recebia. Imagens de seus momentos com Sakura se sucederam às do filho que nunca vira. Desde que a conhecera, irritante, sempre o perseguindo e precisando ser ajudada. Quando saíram na missão de três anos fora da vila, suas maneiras mais contidas quando se dirigia a ele, depois seu envolvimento quase acidental, e por fim os últimos meses. Imagens de um casamento discreto e simples, mas emocionante, ocorrido poucas semanas depois de descobrirem a gravidez e a mudança apressada, que acontecera graças à ajuda de Tenzou com a construção da casa. Em suas memórias, a garota se infiltrou em sua vida, cabeça e coração como um vírus, uma doença que o tomou e, quando menos percebeu, já estava totalmente entregue. Havia descoberto que sim, era capaz de amar e já a amava mais do que um dia pensou ser possível. Uma decisão foi tomando forma. Imaginou novamente uma casa cheia de pequenos Uchiha, bagunceiros e alegres, talvez com olhos verdes... Imaginou uma casa apenas com ele e um pequeno garoto, quieto e solitário, que se descobrisse porque não tinha mãe, se culparia por sua perda. Ele tomou sua decisão.

Tudo isso ele pensou em apenas alguns segundos. Sasuke ergueu a cabeça e em seus olhos secos, havia determinação:

— Salvem Sakura.

Sem proferir uma palavra, Karin apenas assentiu brevemente e voltou para a sala de cirurgia. Assim que a porta fechou com um baque surdo, Sasuke se levantou e sem olhar para os homens que o acompanhavam, desapareceu por uma porta.

Minutos se passaram e o silêncio persistia entre Kakashi, Konohamaru e Naruto, cada um perdido nos próprios pensamentos.

— Vá falar com ele, Naruto. — Kakashi disse, enfim, sem olhar o loiro.

O Hokage não disse nada, mas levantou-se e saiu pela mesma porta que o moreno havia usado. Não tinha certeza de onde encontrá-lo, mas não usou nenhum jutsu para isso. Acreditava que seu coração o levaria até o amigo. Parou por um momento quando chegou à base de uma escada e olhou para os degraus. Sabia onde encontrá-lo.

Subiu correndo alguns lances de escada e parou em frente a uma porta de metal. Segurou a maçaneta, respirou fundo e a girou. Lentamente empurrou a porta e seus cabelos foram balançados pela leve brisa noturna. Não era o mesmo hospital, pois o outro fora destruído, mas o terraço era idêntico. Deu alguns passos até o meio do local e olhou ao redor.

— Sabia que me seguiria. — A voz do moreno soou dura. Sua expressão estava fria como há muito tempo não ficava.

— Sasuke... — Ele seguiu o som e viu o moreno bem acima, sentado na borda de uma caixa d’água idêntica à que uma vez perfurara com o Chidori quando tinham treze anos.

— Vá embora, Naruto! Não preciso de sua compaixão! — Não havia nada naquela voz além de uma frieza mortal.

— Desça daí, baka, quero falar com você! — Respondeu Naruto tentando não ficar irritado. Mais uma vez o outro estava agindo como uma criança e se entregando ao ódio. — Não vou deixá-lo sozinho nessas condições!

— Que condições? — Finalmente alguma reação além da frieza. Irritação transbordava das palavras do Uchiha e ele pulou de onde estava, caindo diretamente na frente do loiro, com um metro de distância. Encarou os olhos azuis, pronto para socar o Hokage de Konoha se visse sequer uma ponta de piedade, mas aqueles olhos tão transparentes não demonstravam nada além de dor e preocupação. Diferente do que esperava, aquilo o irritou ainda mais. Virou as costas para o amigo e completou: — Não preciso de você. Vá embora!

Aquela frase teve o dom de tocar uma corda na cabeça de Naruto como há muito não acontecia: ele sentiu tanta raiva que puxou o moreno pelo ombro, fazendo-o virar-se e socou seu rosto com tanta força que o fez voar alguns metros para trás.

Levantando-se e secando o filete de sangue que escorria pelo canto de sua boca com as costas da mão, Sasuke encarou Naruto com uma raiva tão intensa que o fazia tremer. Sem pensar nas consequências, saltou para cima do outro, fazendo-os caírem embolados, trocando socos como dois moleques de rua. Não houve Ninjutsu, Genjutsu e nem mesmo Taijutsu. Chutes e socos eram desferidos sem dó, com toda a violência de que dispunham, mas como dois civis, sem o uso de qualquer tipo de técnica shinobi. Usá-las não passou pela cabeça de nenhum dos dois. Lutaram durante vários minutos, mas como shinobis de elite, se continuassem naquilo até a exaustão, seria por dias.

O primeiro a parar foi o próprio Sasuke. Depois de extravasar a raiva que sentia, um vazio gelado instalou-se em seu peito. Ele encarou novamente os olhos azuis e viu que também não havia mais raiva ali, apenas preocupação. Mesmo sendo tão diferentes, lembrou-lhe o olhar de Itachi quando se machucou treinando com shurikens. Os sentimentos ruins que ainda restavam em seu peito foram transformados, todos de uma vez em uma dor profunda e lancinante. Seus olhos marejaram e ele viu o loiro arregalar um pouco os próprios.

Ainda na mesma posição de quando pararam de se socar, em pé, de frente um para o outro, com Sasuke agarrando a gola da capa do Hokage, que agora apresentava vários rasgos e manchas de sangue, e Naruto segurando o pulso que apertava sua roupa, Uchiha Sasuke chorou.

Chorou como havia chorado apenas quando perdeu sua família e após descobrir a verdade sobre Itachi.

Naruto acompanhou o choro silencioso atônito. Nunca vira o amigo demostrar sentimentos muito claramente, a não ser os piores possíveis. Não que o ele sentisse no momento fosse bom, mas pelo menos estava colocando todo o sofrimento que carregava no peito para fora com aquele choro sentido. Depois disso estaria livre do sentimento que era a maldição dos Uchiha: uma dor tão forte que era facilmente transformada em ódio.

Aquele choro durou vários minutos, talvez quase tanto quanto a briga anterior, mas o loiro não tinha coragem nem mesmo de respirar mais forte. Sabia que se fizesse qualquer movimento interromperia um momento que era tão raro quanto um cometa atravessar o céu noturno. E Sasuke precisava daquilo.

Quando pensou que finalmente havia acabado, pois sentiu os dedos que ainda seguravam sua lapela relaxarem, teve mais uma surpresa. Sasuke caiu de joelhos no chão, como se houvesse perdido a força nas pernas. Um pouco encolhido, levantou os punhos fechados e apertou os olhos, balançando-se levemente para frente e para trás. Um momento depois abaixou-se socando o chão com as duas mãos e encostou a cabeça entre elas, soltando um grito tão alto que Naruto teve a impressão que havia ecoado por toda Konoha. Após isso ficou imóvel.

O loiro esperou uns momentos, para o amigo se recompor, e se abaixou ao seu lado. Tocou seu ombro levemente e foi encarado por um rosto sofrido e machado de lágrimas. Ficou espantado com o que viu. Abriu a boca, mas esqueceu completamente o que iria dizer.

— Sakura não pode saber o que tive que fazer. — Impôs, com a voz fraca e rouca. Como não obteve resposta e o loiro sequer pareceu ouvir sua frase, chamou inseguro: — Naruto?

— Será difícil que ela não saiba... — Naruto soou distante, ainda com a mesma expressão, como se falasse automaticamente.

— O que quer dizer? — Finalmente Sasuke sentou-se sobre os calcanhares, totalmente ereto.

— Seus olhos...

— O que...? — Antes que completasse a pergunta, percebeu que havia alguma coisa diferente. Não apenas com eles, mas todo o corpo. Levantou uma das mãos, levemente trêmula, e tocou a área sob os olhos com perplexidade. Em um instante entendeu o que havia acontecido.

— Rinnegan... — Naruto murmurou, ainda encarando fixamente aqueles padrões concêntricos e a cor arroxeada que, agora, compunham os olhos do Uchiha.

Moveram-se como em câmera lenta, quase se arrastando e se sentaram, lado a lado, escorando as costas no muro baixo que sustentava as altas grades de proteção em torno do terraço do hospital. Ficaram em silêncio tentando entender o que aconteceu, cada um chegando às suas próprias conclusões.

— Este é realmente um poder amaldiçoado. — Afirmou Sasuke, de maneira sombria, olhando para as próprias mãos apoiadas nos joelhos dobrados.

— Não concordo.

— Como não, Naruto? — Perguntou o moreno, alterado, virando-se para olhá-lo. — Veja o que tive que fazer, para então chegar a ele? Eu não queria isso, mas o alcancei abrindo mão da vida de meu próprio filho!

Naruto respirou fundo antes de responder. Queria conseguir explicar corretamente o se passava em sua cabeça, caso contrário seu amigo poderia ficar novamente furioso.

— Não foi quando fez a escolha que isso aconteceu, Sasuke... — Disse de maneira sensata. — Seus sentimentos são muito intensos e foi exatamente quando os deixou transparecer que seus olhos mudaram. Você não estava se entregando a eles naquele momento, mas se libertando dos que o estavam consumindo. Você despertou o Rinnegan quando aceitou a dor e a tristeza, livrando-se da raiva e do ódio. Não vou dizer que foi uma coisa boa, mas não acredito que a única maneira seja como Madara sempre pensou, caso contrário, o Rikudou Sennin não teria sido a pessoa boa e idealista que sempre admiramos. Acho que o despertar do Sharingan e do Rinnegan tem a ver com a intensidade dos sentimentos que uma pessoa experimenta, sejam eles bons ou ruins. Infelizmente, é muito mais fácil alguém se entregar completamente ao ódio do que ao amor. Amar traz junto o medo, seja da rejeição ou de não ser correspondido à altura, o que impede a maioria dos seres humanos de desfrutá-lo em toda sua intensidade. Já o ódio é um sentimento solitário, que não precisa ser compartilhado para crescer.

Ouvir aquelas palavras fez Sasuke sentir como se uma intensa luz o atingisse, iluminando até os cantos mais sombrios de sua alma. Ali ainda existiam muitas coisas sujas, como em qualquer lugar escuro e pouco visitado, portanto uma faxina seria necessária. Seria um trabalho árduo e demorado, mas que agora estava disposto a fazer. Imaginou como seria a alma de Naruto. Provavelmente um local claro e alegre, como uma campina ensolarada. Porém lembrou-se de todo o sofrimento que o amigo enfrentou durante a vida, e que muito ressentimento também devia ter ficado acumulado dentro dele. Como ele mesmo dissera em seu discurso ao assumir o posto de Hokage, deve-se estar em uma luta constante contra o ódio. Perguntou-se quando o loiro ficou tão sábio. Sábio como o Rikudou Sennin.

Apesar de ser ele, Uchiha Sasuke, o portador do Rinnegan original agora, o de Naruto sendo apenas uma variante adquirida pelo poder que os bijuus compartilharam com ele, entendeu que era preciso muito mais que um mero poder ocular para ser admirado e respeitado por tantas pessoas diferentes. Para guiá-las e mantê-las no caminho correto. Definitivamente o Rokudaime Hokage conseguiria. Ele esperava ser capaz de passar essas coisas ao menos aos filhos que viesse a ter no futuro.

— Arigatou, Naruto. — Sasuke se levantou e estendeu a mão para o loiro, que o olhava com estranheza. — Vamos, preciso saber como a Sakura está.

Aceitando a mão estendida, o loiro levantou-se e, rapidamente seguiu Sasuke de volta ao interior do hospital.

Quando chegaram ao corredor onde haviam deixado Kakashi e Konohamaru, perceberam que a notícia do acontecido com Sakura se espalhara entre os amigos, pois estavam praticamente todos ali, faltando apenas os que estavam em missões longe de Konoha.

— O que aconteceu com vocês? — Hinata perguntou espantada enquanto se aproximava de Naruto. — Vocês brig...

Os dois se entreolharam. Haviam esquecido que estavam sujos, rasgados e ensanguentados, mas não foi o que calou a morena. Todos os olhares estavam fixos no rosto de Sasuke, onde o Rinnegan se destacava como dois faróis na pele pálida.

— Estamos bem, Hinata-chan. — Naruto apressou-se em responder. — Sasuke precisa saber de Sakura agora.

— A cirurgia já acabou. — Kakashi se aproximou. — Venha, Sasuke, eu o acompanho para falar com Shizune.

Quando os dois se afastaram todos olharam para Naruto, como se quisessem respostas, mas ele não estava disposto a dá-las no momento, então preferiu ser direto:

— Tudo ficará bem, minna. Mas sem perguntas ou especulações agora, onegai. Não é o momento.

Um tanto contrariados, seus amigos se dispersaram, alguns procurando por um médico ou enfermeiro que os pudesse informar do estado de Sakura, outros atrás de algo para comer. Naruto sabia que eles não iriam embora tão cedo, pois queriam estar presentes para dar seu apoio a Sasuke e Sakura. Eram amigos de verdade.

No corredor ficaram apenas Naruto e Hinata.

— Ficará mesmo tudo bem, Naruto-kun? — A morena perguntou apreensiva.

— Hai. — Ele a puxou e abraçou com carinho, descansando o queixo em sua cabeça. — Eles ainda terão muitos filhos, e Sasuke será um ótimo pai. Sakura será uma grande matriarca para o clã Uchiha e seus filhos serão quase os melhores shinobis de Konoha. Apenas os nossos os superarão.

— Como pode ter tanta certeza? — Ela afastou ligeiramente o corpo e ergueu a cabeça para olhá-lo nos olhos.

— O futuro somos nós quem fazemos, Hinata-chan. — Ele suspirou, antes de completar com um sorriso: — Será como quisermos que seja.


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Notas finais do capítulo

* Hontou desu ne = é verdade, não é?* Irashaimase = bem-vindo(a)* Katon: Haisekishou = jutsu usado por Sarutobi Asuma, que consiste em soltar uma grande quantidade de uma fumaça densa e altamente inflamável sobre o inimigo, para em seguida incendiar tudo o que esteja envolto por ela. Na dúvida, assistam ao episódio da luta de Asuma contra Hidan.* Nan demo nai = não é nada! (já coloquei em algum glossário antes, mas não custa reforçar)* Nande kuso? = que m**** é essa? (é por aí...)* Omedetoo = parabéns* Suiton: Daibafuku no Jutsu = jutsu grande cachoeira. Seu usuário original foi Zabuza, mas como era o Kakashi, sabem como é... É um jutsu de grande poder destrutivo, mas se usado em escala menor, como é o caso, achei uma boa para apagar o incêndio.*Shirimasen = eu não sei. (já coloquei em algum glossário antes, mas não custa reforçar#2)*****Se faltar alguma coisa no glossário ou quiserem tirar alguma dúvida, deixem uma observação nas reviews que eu acrescento ou esclareço, all right?E antes que eu me esqueça, quero agradecer ao Akuma Naruto, que me fez novamente ter vontade de acrescentar o detalhe do Rinnegan do Sasuke, coisa que já havia praticamente descartado... mas foi ótimo voltar para a fic. Foi uma das partes que mais gostei de escrever e espero que também tenham gostado de ler.