O Verdadeiro Poder escrita por FP And 2


Capítulo 28
A Remoção do Selo


Notas iniciais do capítulo

... Yo,minna! O.O
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Antes que me perguntem: sim, eu estou envergonhada por demorar tanto. E não: não vou pedir desculpas, simplesmente pq sei que uma demora tão grande não tem perdão...
Só espero não ter perdido todos os meus leitores TT
*
Mas... YATTA!!! Eu finalmente consegui terminar esse cap!!
Foi mais difícil, por n motivos, para escrever até agora, então, espero que curtam!!!
*
Ja ne!!



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Sasuke acordou no dia seguinte à festa na casa de Kakashi com a cabeça pesada, mais uma vez sinal de ressaca. Olhou para o lado viu Sakura dormindo. Tentou lembrar se havia acontecido alguma coisa a mais entre eles, mas o mal-estar que sentia por todo o corpo simplesmente minou suas esperanças.

— Kuso! Será que uma Hokage alcoólatra acaba influenciando todos os shinobis da vila?

Levantou-se devagar, tanto para evitar movimentos bruscos que provocassem pontadas em sua cabeça quanto para não acordar a garota. Por mais que gostasse de Sakura, sua voz, no estado em que se encontrava, não seria agradável de ouvir. Foi para o banheiro, fez uma higiene rápida e desceu para a cozinha, decidido a tomar toda a água que encontrasse na geladeira.

— Ohayo, Sasuke!

A voz, um tanto rouca, mas ainda assim estridente, não o deixou em dúvida de quem o cumprimentava tão entusiasticamente. A vontade de tirar a vida de alguém tomou conta de seu ser.

— Não grite, usuratonkachi! — Sasuke levou as duas mãos à cabeça e as apertou nas têmporas. — Ressaca deve ser respeitada, sabia?

— Gomen ne. — O riso debochado acompanhou as palavras sussurradas. Ele estava em pé, recostado na pia e segurava, em uma mão um copo de suco e na outra algum tipo de comestível. — Deveria ter bebido menos!

— Un. Agora é tarde para reclamar. — O moreno encarou Naruto e viu que ele parecia reluzir mais que o normal esta manhã. Enquanto pegava uma garrafa de água na geladeira, perguntou: — Como foi?

— Hum? — Naruto fez uma cara inocente. — Como foi o quê?

— Não se faça de mais idiota do que o normal! Sabe perfeitamente do que estou falando! — Sentou-se em uma das cadeiras ao redor da mesa com um tranco e logo levou as mãos à cabeça, fazendo uma careta.

Apesar de já ter visto os vários tipos de sorriso que Naruto podia dar, aquele que se seguiu às suas palavras surpreendeu Sasuke. Era tão grande que parecia que ia partia a cabeça ao meio.

— Em uma palavra: perfeito!

— Un. E você fez tudo o que... estudamos?

— Uma boa parte. E mais algumas coisas.

— Que coisas?

— Você acha mesmo que eu vou narrar minhas intimidades com a Hinata para você? Pelo amor de Kami, Sasuke!

— Ah. Gomen.

Vendo a expressão um pouco desolada do moreno, Naruto sentou-se em frente a ele e perguntou:

— Você está tão nervoso assim sobre isso?

— Un. Você não ficou?

— É. Pensando bem, fiquei. Muito. — Naruto deu um sorriso feliz. — Mas eu confio muito na Hinata-chan, então se tornou uma coisa natural.

Pensando que talvez essa realmente fosse a chave de tudo, confiança, Sasuke fez uma cara um tanto triste. Apesar de Sakura ser uma das pessoas que mais confiava na vida, além de Naruto e Kakashi, claro, se entregar sem receios e restrições talvez fosse um pouco difícil para alguém como ele.

— Confiança, uh?

— O que foi, bastardo? Vai me dizer que não confia na Sakura-chan? — Naruto estava indignado.

— É claro que confio, Naruto! — Pensando um pouco mais, acrescentou: — Mas não sei se é recíproco!

— Ah, ela confia em você sim, não se preocupe com isso. Bem, mas agora vou levar o desjejum da Hinata-chan...

Naruto virou-se e pegou uma bandeja em cima da pia que até agora havia passado despercebida por Sasuke. Tinha até uma flor em um pequeno vaso.

— Café na cama? Está querendo impressionar a Hyuuga, ahn? Talvez você não tenha se saído tão bem assim, afinal... — O Uchiha não resistiu à vontade de provocar o amigo.

— Vai “pro” inferno, teme! — Naruto virou-se ligeiramente e tinha um sorriso no rosto. — Nada do que você disser vai estragar meu humor hoje! — E saiu rapidamente da cozinha, deixando Sasuke com seus pensamentos.

Realmente, mesmo tentando provocar Naruto, percebeu que seria inútil; não conseguiria sair-se bem nisso.

Depois de tomar duas garrafas de água seguidas, Sasuke decidiu comer alguma coisa, mesmo sem estar com fome, pois sabia que isso o ajudaria a se recuperar mais rápido. Estava pegando alguns ingredientes na geladeira para preparar algo quando foi surpreendido por um leve ofego, acompanhado do barulho de vários objetos metálicos caindo pelo chão. Mais uma vez sua cabeça manifestou-se, fazendo o Uchiha trincar os dentes e virar-se em direção à pessoa que cometeu tal ato injurioso, pensando em amaldiçoar até sua décima geração.

— Sumimasen, Uchiha-san! — Os olhos da garota estavam assustados e seu rosto tão vermelho quanto seus cabelos. Ela devia ter por volta de dezoito anos, mas não era ninguém que Sasuke conhecesse, apesar de ter a impressão de já tê-la visto antes.

— Quem é você?

A garota abriu a boca para responder, mas foi interrompida por uma voz alta e empolgada, que se aproximava rapidamente:

— Midori-chan, eu trouxe todo o resto...

E a tragédia para a cabeça de Sasuke foi completada: o rapaz vestido de verde folha entrou sem cuidado, esbarrando na garota ainda parada à porta, derrubando as duas caixas que carregava e, da pior forma possível, fazendo o moreno descobrir conterem panelas. De olhos fechados e as mãos sobre os ouvidos, tentava abafar os ruídos metálicos, que pareciam adentrar, sem dó ou piedade, pelos seus ouvidos e reverberarem em sua caixa craniana infinitamente. Junto com eles, palavras ininteligíveis proferidas pelo rapaz.

Quando percebeu que o barulho das panelas havia finalmente parado, Sasuke abriu os olhos devagar e viu a garota abaixada, recolhendo vários utensílios de cozinha e o rapaz, as panelas, só então tirando as mãos dos ouvidos.

— Lee... — O Uchiha praticamente rosnou. — O que faz aqui?

— Gomen nasai, Sasuke-kun! Eu vim ajudar Midori-chan com o serviço... — Respondeu Lee após recolher a última panela.

— Que serviço? — O moreno estava entendendo cada vez menos.

— O serviço da casa! — Rock Lee respondeu como se fosse algo óbvio, fazendo Sasuke ranger os dentes. — Depois que vocês começaram com as reuniões com Neji, Karin pediu para Midori-chan ajudar com os afazeres domésticos. Antes todas as garotas ajudavam um pouco, mas o principal era feito por ela e Hinata-san, mas agora elas estão ocupadas e as demais também têm suas próprias obrigações.

— Un. — E Sasuke se perguntou como não havia notado antes, já que aparentemente a garota era tão sutil quando um dos sapos invocados por Naruto, porém quando ela começou a guardar tudo, percebeu que o desastre anterior fora provocado por Lee, e não por ela. E pensou também por que nunca havia se perguntado quem deixava a casa em ordem. Não era hábito as pessoas em Konoha terem empregados, porém a casa sempre estava arrumada e a comida pronta nas horas certas, mesmo que os únicos moradores da casa – de fato e não eventuais – não se preocupassem com os afazeres domésticos. Uma pequena pontada de culpa atravessou sua mente, pois sabia que todo aquele cuidado era dirigido a Naruto e não a ele. Percebeu que precisava mesmo iniciar a construção da própria casa, ainda que fosse praticamente ao lado, parando, dessa forma, de abusar da boa vontade das garotas da vila. A parte do terreno do antigo distrito Uchiha ainda reservado a ele era bem menor, mas isso não importava, afinal, demoraria várias gerações para que realmente houvesse necessidade de um local maior para um clã. A princípio seria apenas uma família.

Suas divagações foram interrompidas quando Sakura entrou na cozinha e disse suavemente:

— Ohayo, Sasuke-kun, Midori-san, Lee-san!

— Ohayo, Sakura-san! — Rock Lee estava encostado em um canto da cozinha, tentando não atrapalhar o serviço de Midori, e respondeu com os olhos brilhando. Por mais que estivesse interessado em Uzumaki Midori, sempre iria admirar Sakura, mesmo que não fosse como antes.

— Ikicho, Lee-kun! — Disse a Uzumaki se aproximando e pegando na mão do rapaz. — Já guardei tudo. Depois eu termino aqui.

E os dois saíram do recinto de mãos dadas, Lee acenando alegremente para o casal que permaneceu observando a retirada.

— Quem é essa garota? — Sasuke perguntou.

— Namorada do Lee. — Respondeu Sakura com um sorriso. — Ela mora no clã Uzumaki. Eles se conheceram naquela festa que houve aqui.

— Corajosa... — Comentou Sasuke maldosamente, pensando que a garota deveria ter um, ou vários, parafusos a menos para aguentar alguém tão estranho como o sobrancelhudo.

— Nem tanto... ela parece ter tanta energia quanto ele. — Disse Sakura rindo.

Lembrando-se do que realmente o preocupava antes da entrada da kunoichi, o moreno resolveu mudar de assunto.

— Sakura, como seria a casa ideal para você?

— Nani? — A garota pareceu um tanto confusa diante da pergunta repentina.

— Preciso começar a construir minha própria casa, e como não tenho nenhuma preferência, quero saber o que você gostaria. — Sasuke respondeu calmamente, como se falasse do tempo. — Isso pode demorar um pouco, então é melhor já decidirmos logo, não acha?

— Ah... — Sakura o olhava como se estivesse atordoada. Não esperava esse tipo de assunto tão repentinamente. Apesar de sempre sonhar com o dia que se uniria definitivamente ao Uchiha, desde a partida deste da vila não conseguia mais visualizar as coisas como fazia aos doze anos. Uma casa, filhos... Claro que queria ter tudo isso com ele, mas não esperava que o assunto fosse tratado tão friamente. Lembrando-se da conversa da tarde anterior, passou a mão pelos cabelos e sorriu. Uchiha Sasuke era, definitivamente, o ser mais desprovido de romantismo de todo o País do Fogo, mas, ainda assim, a consultou sobre a futura casa dos dois. Teria que aprender a interpretar esses pequenos gestos, caso contrário viveria sempre insegura. — Preciso pensar sobre isso. Quantos filhos gostaria de ter, Sasuke-kun? O tamanho da casa pode depender disso...

Filhos. Por um momento essa palavra ecoou na cabeça de Sasuke. Mesmo que um de seus objetivos fosse restaurar o clã Uchiha, nunca pensou realmente na possibilidade de ser pai, pois sempre se viu como um vingador e, mais recentemente, como um shinobi que ainda tentava encontrar seu verdadeiro caminho. Conversar com Sakura sobre a casa que teriam e imaginá-la com crianças, talvez miniaturas de si mesmo, trouxe um pânico inexplicável, nunca sentido sequer durante suas batalhas, à sua mente, toldando-a com lembranças de sua infância: seu pai, sua mãe, Itachi... Sem qualquer lógica, pensou por um momento que seu irmão seria um bom pai. Quanto a ele próprio, não tinha tanta certeza. Não queria ser como Uchiha Fugaku, fazendo comparações e sendo tão frio, levando os próprios filhos a se sentirem inferiores, mas também não queria ser maleável a ponto de criar shinobis fracos. Por quê, obviamente, seriam shinobis. Queria ter mais de um filho também, pois sabia o quanto era bom ter um irmão e não queria que um filho seu fosse solitário como fora em criança, após o extermínio do clã. Mas tinha medo da rivalidade que isso podia trazer, afinal, ainda teriam o sangue Uchiha, e ele sabia, melhor do que ninguém, o que isso significava. Sentiu a dor em sua cabeça aumentar a níveis alarmantes. Precisava falar com alguém... Naruto já teria saído do quarto ou ainda estaria com Hinata? Forçou uma resposta à pergunta que lhe fora feita, sua voz saindo estranhamente ausente:

— Não sei...

— Sasuke-kun? — Percebendo o leve tremor que tomou conta do corpo no namorado, Sakura segurou sua mão.

— Un?

— Pode conversar comigo sobre o que te incomodar. Apesar de ser mais que isso, sou sua amiga também. — Sakura apertou a mão que tinha entre as suas. — Posso não te entender tanto quanto o Naruto, mas vou tentar, se você me der essa chance.

Sasuke respirou fundo. Aquilo era verdade, Sakura estava ao seu lado há tanto tempo quanto o loiro e, além disso, era a pessoa com quem queria passar o resto da vida. Precisava confiar nela e acreditar que sempre estaria lá para ele.

— Eu... tenho medo de não ser um bom pai. Sempre quis restaurar o clã Uchiha, mas nunca pensei muito sobre o que isso implicaria. Ter filhos, ser responsável pela formação da personalidade deles, dar a atenção e o carinho que eles possam precisar... — O moreno encarou os olhos atentos da garota e confessou: — Não sei se conseguirei, Sakura!

— É claro que conseguirá, Sasuke-kun! — A garota levou uma das mãos ao rosto do namorado e acariciou gentilmente, com um sorriso determinado no rosto. — Você sempre foi bom em tudo o que se propôs a fazer e dessa vez não será diferente. Apenas o fato de se preocupar com essas questões já demonstra que saberá agir da melhor forma. Não digo que será perfeito, afinal somos humanos e, além disso, aprenderemos juntos a formar uma família, mas daremos o nosso melhor e tudo dará certo.

Sasuke suspirou e aproximou seu rosto de Sakura, dando um leve beijo na testa da garota.

— Arigatou, Sakura!



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Estavam na biblioteca da casa de Naruto. As pessoas antes convocadas para ajudar a desfazer o selo Hyuuga encontravam-se sentadas em torno da mesa que, em uma situação inédita nessas ocasiões, encontrava-se livre de livros e pergaminhos abertos. Os únicos objetos entre eles eram alguns pincéis, pergaminhos em branco e potes de tintas especiais. O loiro falava, explicando o que seria feito dali em diante, visivelmente nervoso.



— Acredito que já temos todas as informações necessárias para desfazer o selo, mas precisamos criar as fórmulas corretamente. Sai conseguiu essas tintas, que podem ser carregadas com chakra, e é com elas que o processo deve ser realizado. — Naruto virou-se para Uzumaki Aki, que ouvia a tudo atentamente. — Aki nee-chan, preciso que você me ajude na preparação das fórmulas e... Sasuke?

— Claro, Naruto. — Respondeu o moreno à pergunta não formulada.

— Os outros podem descansar, e muito obrigado por tudo o que fizeram até agora. — O loiro virou-se para Hinata e Neji. — Precisaremos de um local espaçoso e seguro para prepararmos tudo. Imagino que Hiashi-sama prefira que tudo seja feito dentro do clã Hyuuga.

Todos perceberam que Neji estava ainda mais pálido que o normal, e o nível de seu nervosismo ficou claro quando ele abriu a boca para responder, mas a voz recusou-se a sair. Hinata respondeu em seu lugar.

— Pode deixar, Naruto-kun. Cuidaremos de tudo. Quando o local estiver preparado voltaremos para avisar. — Os dois Hyuuga, acompanhados de Tenten, prepararam-se para deixar a sala.

— Hinata-chan? — Naruto chamou, assim que eles chegaram até à porta.

— Hai, Naruto-kun?

— Eu gostaria que a Sakura-chan estivesse presente quando formos desfazer o selo. — O loiro coçou a cabeça, preocupado. — Sei que você e Karin nee-chan estarão lá e que são boas iryo-nins, mas...

— Nós entendemos, itoko. — Karin comentou. — Posso ter me tornado uma iryo-nin agora, e Hinata também conhece bastante sobre medicina, mas Sakura, sem dúvida, é a melhor.

— Karin está certa. Melhor que ela, apenas a Tsunade-sama. — Hinata deu um sorriso. — Isso se ela já não a superou, assim como você e Sasuke-san superaram seus mestres... Falaremos com o otoosan sobre a presença dela.

— Arigatou! — Naruto sorriu aliviado. Sabia o que teria que fazer e que seria muito difícil, mas sua maior preocupação era causar algum tipo de dano a Neji. Com Sakura por perto se sentiria bem mais confiante. — Nos avisem quando tudo estiver preparado, pois quero começar o quanto antes.

— Hai! — Dizendo isso, Hinata deixou a sala, acompanhada pelo primo e Tenten.



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Depois da última reunião, Naruto, Sasuke e Aki se empenharam, por três dias, quase sem comer ou dormir, para finalizar a fórmula de anulação do selo de Neji. O local designado ficava dentro do clã Hyuuga, onde apenas o líder do clã e algumas poucas pessoas autorizadas por este poderiam entrar. Era uma espécie de templo subterrâneo onde se conservava a história do clã, nos últimos anos um pouco vazio, pois boa parte de seu acervo havia sido perdido durante a destruição de Konoha. Um lugar sombrio, iluminado somente por algumas lamparinas espalhadas pelas paredes de rocha nua.



No terceiro dia, já quase ao amanhecer, deram por encerrados seus afazeres. Estava tudo pronto para começarem e, se não fosse por insistência de Sasuke e Aki para descansarem antes de iniciar o procedimento, Naruto teria reunido todos os interessados imediatamente, porém, ante o argumento do moreno de que se eles estivessem muito cansados a probabilidade de alguma coisa dar errada aumentaria, finalmente resolveu ceder e descansar, para retomar de onde haviam parado no dia seguinte.

Assim, na manhã do dia procedente, encontraram-se na residência dos Hyuuga Naruto, Sasuke, Sakura, Karin, e Tenten, pois o próprio Neji havia pedido que apenas as pessoas imprescindíveis comparecessem, sendo que sua namorada estaria presente com o intuito de apoiá-lo. Logo que Hiashi entrou na sala onde sua filha e sobrinho já estavam reunidos com os amigos, todos se dirigiram ao templo, deparando-se com os desenhos feitos em tinta no chão de pedra. Ao redor de um círculo composto por vários símbolos estranhos, onde caberia folgadamente Neji deitado, vários kanjis complexos, muitos desconhecidos de quase todos ali. Desenhos com a aparência de serem antigos completavam o que, ao ser visto de longe, pareceria um sol com seis raios, tendo em pontas intercaladas pergaminhos abertos, com apenas uma espiral em cada um. Naruto começou a explicar a todos o que era aquilo:

— O selo Hyuuga foi desenvolvido de maneira muito complexa, portanto, para revertê-lo, o processo é ainda mais complicado. A pessoa de quem se deve extrair o selo deverá ficar no centro desse círculo, que é feito com o propósito principal de proteger o corpo e a mente de qualquer dano mais sério. Esse tipo de selamento trabalha em três áreas diferentes: chakra, mente e corpo...

— O que isso significa exatamente? — Hyuuga Hiashi, que acompanhava a explicação tentando distinguir algo que entendesse naquele emaranhado de kanjis e símbolos, interrompeu bruscamente. — Sei que, quanto ativado por um membro da Souke, causa uma dor insuportável por todo o corpo, principalmente na cabeça, podendo matar, mas até onde ele realmente afeta?

Naruto coçou a cabeça e se preparou para começar a explicação, sem ter realmente certeza se conseguiria se fazer entender, mas foi salvo pela voz calma de Sasuke, que sabia que o amigo não era muito bom em esclarecer assuntos complexos:

— Quando o selo é ativado, é necessária uma quantidade significativa de chakra para que continue seu efeito, como qualquer tipo de jutsu. Esse selo foi feito com a intenção de que praticamente nenhum chakra de um membro da Souke seja utilizado, a não ser em seu momento de ativação ou desativação, consumindo, nesse meio tempo, o chakra da pessoa atingida por ele, ou seja, o membro da Bunke, afetando assim a corrente de chakra. Para causar a ilusão de dor, ele cria um tipo de Genjutsu, alimentado pelo próprio alvo, dessa forma interferindo na mente consciente e inconsciente. Caso a intenção seja a morte, existem duas maneiras: utilizar por tempo suficiente para que o dano causado afete o corpo físico, ou um simples direcionamento do chakra do membro da Souke, que causará o mesmo efeito. Para causar a morte, as células do cérebro do portador do selo serão gradativamente destruídas, a velocidade dependendo apenas da forma escolhida. Se o intuito for torturar, basta apenas deixar que o selo aja sozinho depois de ativado e o corpo do portador, utilizando seu próprio chakra, se encarregará disso.

Apesar da explicação técnica ter sido feita em voz calma e tediosa, como era normal ao Uchiha, causou suspiros horrorizados e uma audível exclamação das pessoas ali presentes que ainda não conheciam os detalhes de como aquilo funcionava.

— Que coisa horrível! — Sakura comentou, antes der poder se conter.

— É bem pior do que eu imaginava... — Hiashi disse, sério. — Se é assim, de que maneira o selo age para proteger o Byakugan?

— O processo é o mesmo, no momento da morte, porém sem interferência externa. — Naruto respondeu. — Todo o chakra ainda presente no corpo é usado para destruir as células cerebrais.

— Douse*... — A voz de Hiashi não passou de um murmúrio.

— Hai. Um selo bem mais simples protegeria o portador do Byakugan. A marca na testa é apenas um canalizador para o uso externo. — Completou Naruto. Ele sabia que aquilo seria um choque para o líder do clã, assim como foi para Hinata e Neji durante suas pesquisas, mas ele precisava saber.

Todos observavam enquanto Hiashi absorvia a informação. A princípio ele ficou totalmente paralisado, parecendo alheio a tudo à sua volta, mas depois de alguns segundos, levantou as mãos lentamente e as levou ao rosto, passando-as por toda a extensão, como se quisesse se livrar de alguma coisa suja que se encontrasse ali. Depois suspirou e retomou a postura altiva que o caracterizava.

— Vamos voltar ao foco de nosso problema agora. — O líder Hyuuga falou numa voz mansa, se dirigindo a Naruto. — Você estava explicando sobre o procedimento de supressão do selo.

— Aa. Como pode ver, desse círculo saem seis sequências de fórmula e a cada duas servem para um propósito diferente. Essas duas primeiras são para impedir que todo o chakra do corpo seja drenado durante o processo. — Naruto apontava para as que se encontravam mais próximas a eles. — Uma delas será absorvida pelo selo e o enfraquecerá, fazendo-o consumir menos chakra. Infelizmente não conseguimos fazer com que nenhum chakra do portador fosse consumido, mas para resolver esse problema teremos ajuda. — Vendo que Hiashi o encarava curiosamente, completou: — Daijoubu, Hiashi-sama. Não precisaremos de ninguém que já não esteja aqui. Anou, continuando: a sequência ao lado é a que realmente removerá a parte do selo que utiliza o chakra. As duas seguintes servem para impedir que o Genjutsu criado pela própria mente de Neji chegue ao ponto de prejudicar o corpo físico, ao mesmo tempo que anularão essa parte específica do selo. Assim como as outras, foi impossível deixá-las perfeitas, portanto haverá ainda esse risco, e é por isso que preciso da Karin nee-chan e da Sakura-chan aqui. São elas que irão monitorar o que está acontecendo e providenciar para que nada de pior aconteça. As últimas irão enfraquecer o processo de destruição das células e anular o efeito que o selo tem sobre elas. Alguma dúvida, Hiashi-sama?

O líder Hyuuga não respondeu imediatamente. Olhou para o sobrinho, que estava quieto e pálido, segurando fortemente a mão de Tenten, enquanto encarava os símbolos que eram o resultado de todo o trabalho que tiveram até ali.

— Está certo de que quer fazer isso, Neji? — Hiashi perguntou sério.

— Hai. — Ele engoliu em seco e levantou a cabeça. — Não faço isso apenas por mim, Hiashi-sama, mas por todos os membros da Bouke. Mesmo que eu não saia ileso ou vivo desse processo, quero ao menos poder contribuir para que as próximas gerações não sofram da mesma forma que sofri. Sei que já aboliu o selo, mas não há garantias de que um próximo líder, no futuro, não queira reestabelecê-lo.

— Não se preocupe quanto a isso. Os documentos referentes ao selo serão destruídos assim que não forem mais necessários para desfazê-lo. — Disse Hiashi. Ele não havia revelado a Neji que se tudo desse certo ele seria indicado para líder do clã, mas tinha certeza que o sobrinho havia deduzido isso. Não era realmente uma coisa que Hinata almejasse, muito pelo contrário. Neji sempre soube que a prima não tinha o menor desejo de assumir o clã, que preferia, se tivesse essa opção, seguir seu caminho ninja como uma jounnin responsável por um time, coisa que seria impraticável como líder do clã. Os três sabiam também que seria impossível que Neji assumisse caso continuasse com o selo, pois qualquer membro da Souke poderia ativá-lo, o que era impensável. Mesmo que nunca houvesse sido expresso em voz alta, Hiashi conhecia o desejo do rapaz de livrar a prima de um destino que ela não queria. Era essa sua escolha.

Em resposta à indagação de Naruto, apenas negou com um meneio de cabeça e indicou que poderia começar.

Naruto respirou fundo. Estava realmente nervoso com o que teria que fazer, então pensou em cada coisa que poderia dar errado, mas mesmo assim algum imprevisto poderia acontecer. Não se sentia à vontade em ter a vida de Neji em suas mãos, porém, depois de conhecer profundamente o funcionamento daquele selo, soube que era o único que poderia fazer isso, mesmo que não sozinho.

— Neji. — O loiro apontou para o centro do círculo onde o rapaz teria que ficar.

Com um último olhar e um aperto mais forte na mão de Tenten, o Hyuuga tirou seu hatayate, entregando-o à garota, e se dirigiu ao centro do círculo. Deitou-se como indicado e observou enquanto todos se postavam, conforme as ordens de Naruto.

— Hinata-chan, precisarei de sua ajuda. O que vamos fazer exige um controle de chakra perfeito e eu tenho medo de fazer algo errado. Fique aqui. — Apontou o local logo acima da cabeça de Neji. Hinata o olhou alarmada, afinal, não sabia que teria uma participação tão importante naquele processo. — Daijoubu. Você só precisará controlar o fluxo de chakra que eu vou utilizar. — Deu um sorriso para acalmá-la ainda mais. — Meu controle de chakra nem se compara ao seu. Quem sabe depois você possa me dar umas aulas...

— Hai... — Mais confiante, a garota ajoelhou-se onde foi indicado.

— Karin, você irá monitorar o fluxo de chakra de Neji e os danos que possam surgir, e passar essas informações a Hinata e Sakura.

— Hai! — As iryo-nins aproximaram-se de Neji. Seguindo as ordens de Sakura, que já sabia o que deveria fazer, Karin ajoelhou-se de um lado do Hyuuga, enquanto a outra fazia o mesmo do outro lado.

— Sasuke, já sabe o que fazer. — O moreno colocou-se de pé, em frente a Neji. Naruto aproximou-se de Hinata, mas antes de tomar sua posição, voltou-se para Hiashi e Tenten, que observavam apreensivos a movimentação. — Usaremos o Sharingan para colocar Neji em um Genjutsu e evitar que sinta dor, porém, como ao mesmo tempo enviaremos chakra para seu corpo, corremos o risco de liberá-lo, então tudo deve ser feito muito lentamente.

— Quanto tempo acha que vai demorar, Naruto? — Tenten se pronunciou pela primeira vez desde que entrou ali.

— Podem ser horas, Tenten.

— Horas? — Hiashi o olhou preocupado. — Há um limite para o uso de chakra, tanto de Neji quanto de vocês!

— Por isso teremos mais ajuda... — Dizendo isso, invocou os bijuus. — Hiashi-sama, estes são Shukaku, Matatabi, Isobu, Son Goku, Kokuo, Saiken, e Choumei. Eles nos ajudarão.

— Un. — Na mesma hora o líder Hyuuga entendeu qual era o plano de Naruto, e também que ele era realmente a única pessoa capaz de desfazer aquele selo com sucesso.

— E Kurama, Naruto? — Sakura perguntou, sentindo falta do garoto-raposa.

— Preciso dele para isso, Sakura-chan. — Respondeu o loiro. — Ele não precisa sair para isso.

Aparentemente os bijuus já haviam sido instruídos sobre o que fazer, pois Matatabi, Son Goku e Shukaku se postaram ao lado de Sakura, Karin e Sasuke, respectivamente, sem precisar de ordem, enquanto os outros se afastaram um pouco e ficaram observando, como se aguardassem sua vez.

Naruto ajoelhou-se atrás de Hinata e, mesmo em uma situação tão séria, não pode deixar de corar, assim como a garota, por ficarem naquela posição na frente de Hyuuga Hiashi. Sasuke, percebendo a reação de ambos, deu um leve sorriso.

— Ki o tsukete*, dobe! — Sussurrou o Uchiha, mas alto o bastante para ser ouvido. Os outros, ao ouvirem a advertência, imaginaram que ele se referia ao procedimento que seria iniciado, mas Naruto conhecia muito bem o tom de provocação do moreno para se deixar enganar.

— Urusai, teme! — Naruto retrucou no mesmo tom, para logo depois elevar a voz e se dirigir a Hinata: — Coloque as mãos sobre o selo, Hina-chan. Preciso que se concentre apenas em manter um fluxo constante, por isso Karin nee-chan irá monitorar a corrente de chakra para que o Genjutsu de Sasuke não seja quebrado. Neji... — O loiro engoliu em seco, pois o que iria revelar agora, apenas ele e o Uchiha sabiam. — Para que a ilusão seja forte o suficiente para superar a do selo, teremos que usar o Tsukuyomi* do Mangekyou Sharingan.

— Nani? — Hinata afastou as mãos da testa do primo, assustada.

Neji levantou os olhos para Naruto, com o semblante apreensivo.

— Daijoubu. — Sasuke disse com a voz monótona. — A ilusão do Tsukuyomi só é terrível ou dolorosa se eu quiser que seja. Vou colocá-lo apenas em suspenso, como se o tempo e o espaço não existissem. Apenas não se preocupe com isso.

— Un... — Neji resmungou, ainda incomodado. Não gostava particularmente do Uchiha, mas se Naruto confiava nele, o melhor seria fazer o mesmo.

— Todos prontos? — Naruto perguntou. Não obteve resposta, mas como ninguém se manifestou em contrário, resolveu começar. — Neji, Sasuke vai colocá-lo no Genjutsu agora. Não resista. — O Hyuuga encarou os olhos de Sasuke, que já estava com o Mangekyou ativo, e imediatamente caiu em um sono profundo. — Hinata, passe seu chakra para Neji, mas numa quantidade pequena. Não queremos que o Genjutsu seja quebrado. — Hinata, com as mãos sobre o selo, começou a introduzir seu próprio chakra no corpo do primo, iniciando com uma quantidade quase insignificante e aumentando gradualmente. — Karin, verifique o limite da quantidade de chakra.

A ruiva se concentrou e, quando percebeu que a circulação de chakra estava começando a se desestabilizar, disse:

— Um pouco menos, Hinata. — Fez uma pausa. — Estável.

— Agora eu vou começar. A tinta que usamos foi carregada com meu chakra misturado com o de Kurama e só reagirá a ele. Sakura, Karin, ikisho!

A Uzumaki, continuando concentrada na rede de chakra de Neji, levou as mãos às têmporas do Hyuuga e passou a verificar também as células. Sakura fez o mesmo.

Quando Naruto colocou suas mãos sobre as de Hinata e liberou seu próprio chakra, os símbolos desenhados ao redor do corpo de Neji começaram a emitir uma luz avermelhada e girar devagar, enquanto os que iam até os pergaminhos começaram a se mover lentamente, metade entrando no círculo e metade saindo. Esse processo demorou muito tempo e os envolvidos começaram a sentir-se fracos, porém logo foram auxiliados pelos bijuus que, com um simples toque em seus ombros, repunham todo o chakra já gasto.

Após quase uma hora dessa forma, a voz de Karin sobressaltou os outros:

— A quantidade de chakra de Neji está muito baixa.

— Hai. Isobu! — Naruto chamou um dos bijuus que estavam apenas observando em silêncio tudo aquilo.

Isobu se aproximou e iniciou a transferência de chakra para o Hyuuga, porém alguma coisa deu errada. Neji começou a gritar e se debater.

— O Genjutsu foi quebrado! — Karin avisou em tom alarmado.

— Karin, me ajude! As células estão sendo destruídas muito rápido! — Sakura gritou.

— Kuso... — Vendo que as mãos de sua namorada começaram a tremer, Naruto falou com voz firme: — Hinata, concentre-se! Sasuke!

Atendendo ao chamado, Sasuke, que estava tentando manter Neji imóvel com a ajuda dos bijuus, aproximou-se do rapaz em agonia e segurou seu rosto com as duas mãos.

— Olhe para mim, Hyuuga! — Ordenou de uma maneira que não admitia contestações.

Assim que mirou os olhos vermelhos do outro, Neji voltou a ficar imóvel, entrando em seu anterior estado de inconsciência.

Todos se viraram para Karin que, mesmo tentando manter o controle, tinha os olhos cheios de lágrimas, assim como Hinata.

— Da-daijoubu... — A ruiva respirou fundo para controlar a voz. — O fluxo de chakra está estável e Sakura já está reconstruindo as células.

— Wakatta... — Naruto sussurrou. Por um momento, quase entrou em pânico quando ouviu os gritos de Neji e o apelo de Sakura, mas se controlou rapidamente ao perceber que Hinata precisava de sua força. Sentiu alguém limpar o suor que escorria por seu rosto devido ao momento de tensão e virou a cabeça para ver que era Kokuo, um dos bijuus que até então apenas observava. — Arigatou.

Acompanhando o movimento do bijuu com os olhos, viu que ele fazia o mesmo com Karin e Hinata, enquanto Sasuke repetia o gesto em Sakura.

Depois desse incidente, perderam as contas de há quanto tempo estavam ali. Os kanjis e símbolos de moviam lentamente e, a cada minuto que passava, pareciam ir ainda mais devagar. A cada símbolo que entrava nos pergaminhos, uma fraca luz esverdeada era emitida.

Sasuke havia se abaixado aos pés de Neji, mantendo apenas um joelho no chão, pronto para entrar em ação a qualquer momento, mas sentindo-se um tanto inútil. Mesmo os bijuus começaram a alternar entre os que estavam parados e os que mantinham o nível de chakra de seus companheiros, porém ele próprio mais nada podia fazer. Quando viu os últimos kanjis alcançarem os respectivos pergaminhos suspirou aliviado e se levantou.

— Acabou. — A voz cansada de Naruto se fez ouvir, praticamente ecoando depois de tanto silêncio. — Karin, como ele está?

— Bem. Nenhum dano sério foi causado ao seu cérebro e a rede de chakra está normal.

Ao ouvir essas palavras, Hinata, que ainda estava com as mãos sobre a testa de Neji, começou afastá-las lentamente, como se temesse ver o que havia sob elas. De alguma maneira, mesmo esse gesto sutil chamou a atenção e todos se aproximaram para olhar, até mesmo os bijuus ficaram curiosos. A marca do selo havia desaparecido completamente.

— Yatta*! — Até mesmo a exclamação de alegria do loiro soou cansada, enquanto ele se jogava de costas no chão com um sorriso no rosto.

Sakura e Karin acompanharam o ato, também se deixando cair exaustas no mesmo lugar. Sasuke apenas se aproximou de Neji e murmurou “kai”, liberando assim o Genjutsu em que estava o Hyuuga.

Hinata permaneceu imóvel durante um tempo, absorvendo a informação de que realmente haviam conseguido, mas assim que se deu conta de que tudo realmente havia dado certo, lançou-se sobre o loiro, que continuava deitado respirando pesadamente.

— Arigatou, Naruto-kun! — Dizia, enquanto beijava várias vezes o rosto do loiro. — Arigatou!

— Iie*... — Naruto murmurou constrangido diante do olhar avaliador de Hiashi.

— Hinata tem razão em agradecer, Naruto. — Hiashi observou com a voz formal, destoando totalmente do ambiente que havia se instalado no local, com todos jogados pelo chão como se estivessem em casa. — Arigatou gozaimasu! — E Hiashi se curvou em direção ao loiro, enquanto este e Hinata se levantavam rápida e desajeitadamente. Karin e Sakura aceitaram a mão estendida de Sasuke e se levantaram também. — Agradeço muito a todos vocês!

— Douitashimashite! — Karin e Sakura responderam em uníssono enquanto se curvavam também, acompanhadas de Sasuke e Naruto.

— Agora devemos levar Neji para descansar em um local adequado. Ele está apenas em um sono profundo e deve dormir ainda por várias horas. — Sasuke quebrou os gestos de formalidade relembrando a todos da prioridade do momento.

— Tem razão, Uchiha-san. — Hiashi respondeu e aproximou-se do sobrinho adormecido. — Faço questão de levá-lo. — Pegou Neji nos braços e virou-se para os outros, que observavam seu ato. — Quanto a vocês, deve ser hora do almoço agora, e faço questão de que sejam meus convidados!

— Arigatou! — Responderam em voz baixa. Por algum motivo, a aura que cercava o líder Hyuuga no momento os fazia agir com extrema formalidade.

— Vocês vão também, ou...? — Naruto, que havia ficado um pouco para trás, perguntou aos bijuus.

— Iie. Vamos voltar. — respondeu Matatabi, falando por todos. — Esse clima sério demais não faz o nosso estilo.

— Certo. Obrigado pela ajuda! — Dizendo isso, liberou os bushins, para que os bijuus voltassem para dentro dele.



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Após o almoço na casa principal do clã Hyuuga, os amigos juntaram-se no portão e começaram a trocar impressões sobre tudo.



— Então... o que acharam? — O loiro olhou para cada um.

— O maior erro foi demorar demais para começar a repor o chakra do Hyuuga. — Comentou Sasuke monotonamente, diante da pergunta de Naruto.

— Aa... devia ter pensado nisso antes. — Concordou Naruto cabisbaixo.

— Não se culpe assim, Naruto-kun! — Hinata aconselhou. — Ninguém pensou nisso, mesmo com toda a preparação. — Olhou então para o Uchiha com uma expressão determinada. — Não é verdade, Sasuke-san?

Ele concordava inteiramente com Hinata, mas ficou um momento em silêncio antes de responder, devido ao olhar insistente com que era encarado.

— Hinata está certa, Naruto. Na verdade, acreditamos que a quantidade de chakra reposta seria tão insignificante que não causaria problemas, porém trabalhamos no limite do que poderia ser usado. — Sasuke resumiu a situação. — Se existem culpados, somos todos nós.

Naruto sorriu diante das palavras de Sasuke e apertou a mão de Hinata como forma de agradecimento.

— Mudando de assunto agora... — O loiro olhou para Hinata com uma expressão confusa. — Só eu achei isso ou Hiashi-sama ficou muito... intenso... depois de tudo?

— Soo*. Ele realmente ficou estranho. — Karin concordou. — Quase não consegui comer com um clima tão pesado.

— Shirimasen. Às vezes ele fica assim, mas não sei realmente o motivo. — Respondeu a Hyuuga. Para ela essas variações eram bem comuns, então não achou tão inesperado.

— Acho que talvez o motivo seja... — Sasuke começou a dizer, mas parou inesperadamente. Foi uma atitude tão curiosa, vinda do Uchiha, que todos o encararam esperando a continuação da frase. — Ele estava sob uma emoção muito forte, e pessoas tão sérias e que tentam conter seus sentimentos a todo o custo, não sabem lidar muito bem com isso. — Deu de ombros. — Acredito que o motivo seja esse.

— E essa é a palavra do expert... — Murmurou o loiro.

— Sou ka! — Hinata ficou pensativa. — Eu nunca havia parado para pensar sobre isso, mas acho que está certo. Otoosan sempre foi tão fechado, eu jamais fui capaz de saber o que ele realmente sentia, porém quando se trata de Neji nii-san ele age assim com frequência.

— A ligação que eles têm é bem mais forte do que apenas de tio e sobrinho. — Naruto comentou, lembrando-se de toda a história que Neji contou a ele durante o exame chuunin, e do quanto tudo mudou desde então.

— Anou... — Karin interrompeu as divagações do loiro. — Ficarei aqui para ajudar Hinata a cuidar de Neji. Tenten está com ele agora, mas ela não é uma iryo-nin. — Dirigindo-se então à Hyuuga, completou: — Vamos?

— Hai! — A morena respondeu, olhando então para Naruto. Depois de tanto tempo, dormiria aquela noite longe do loiro e, mesmo que fosse por um bom motivo, sentia-se triste.

Percebendo o olhar desconsolado da namorada, o loiro a puxou e abraçou sussurrando em seu ouvido:

— Daijoubu, Hina-chan! Logo estaremos juntos de novo. Eu nunca mais vou sair de perto de você!

Corando um pouco, mas com a expressão mais animada, Hinata retribuiu o abraço, se despedindo com um sorriso feliz.

Trocando cumprimentos rápidos, Hinata e Karin voltaram para o clã Hyuuga, enquanto Sasuke, Sakura e Naruto seguiram em direção à casa do loiro, conversando animadamente.

— E então, Naruto, quando vai pedir a Hinata em casamento? — Sakura perguntou com um sorriso.

O susto fez o rapaz inspirar com uma rapidez desnecessária e, consequentemente, engasgar com a própria saliva. Tentou recuperar o ar, com as mãos no peito enquanto Sasuke lhe dava tapas nas costas com uma expressão divertida.

— O que foi, usuratonkachi? Quer dizer que nunca pensou nisso?

— Claro que pensei, baka! — Naruto respondeu ofegante. — E é justamente isso que me preocupa!

— E por quê? — A garota levantou as sobrancelhas, confusa.

— Como por quê, Sakura-chan? Além de sermos novos demais para isso, nem imagino como Hiashi-sama receberia a ideia!

Sasuke e Sakura se entreolharam incredulamente. Era incrível como Naruto poderia ser tão obtuso às vezes. Mesmo depois de todas as demonstrações de confiança de Hiashi, de permitir até que sua primogênita dormisse com ele no clã Uzumaki, ainda assim ele não havia entendido que fora aceito sem restrições pelo pai da namorada?

— Uma vez dobe, sempre dobe! — O moreno comentou, meneando a cabeça.

— Será que o problema dele tem alguma coisa a ver com o Kekkei Genkai? — A kunoichi deu um sorriso divertido, perguntando diretamente a Sasuke. — Ter tanta dificuldade em entender o que se passa na cabeça dos Hyuuga não é normal!

— Ou é. Afinal é o Naruto! — Respondeu Sasuke, entrando na brincadeira e arrancando um olhar indignado do amigo.

— Ei!

Os outros dois começaram a rir, mas Sakura logo parou e ficou encarando Sasuke como se este houvesse criado chifres.

— O que foi, Sakura-chan? — Naruto perguntou preocupado, vendo a expressão espantada da amiga.

— O Sasuke-kun... está... rindo!

Ao ouvir o comentário de Sakura, o moreno imediatamente se controlou e voltou à expressão estoica, porém levemente emburrado, fazendo, dessa vez, Naruto rir dele.

— Ele faz isso às vezes. — Disse Naruto ainda rindo. — Nunca tinha visto?

— Er... não. — Ela pareceu ficar chateada com isso, porém Sasuke e Naruto não a olhavam.

— Até o Kakashi-sensei viu. Já faz um tempo, mas viu! — O loiro parou de rir e encarou a amiga. — Sakura-chan, o que foi?

A garota estava vermelha e encarava Sasuke com raiva. O Uchiha se virou para ela e também percebeu que, mesmo sem entender o quê, havia feito algo errado.

— O que foi, Sakura? — Perguntou receoso.

— Você ainda pergunta o que foi? Eu nunca te vi rir de alguma coisa, nunca te vi feliz a esse ponto. Sei que normalmente eu não faço palhaçadas como o Naruto, mas você poderia confiar mais em mim!

— E o que confiar tem a ver com o fato de rir ou não? — O Uchiha estava atônito.

— Eu também sou sua amiga! E também sou divertida... não sou, Naruto? — Virou-se para o loiro fazendo uma cara ameaçadora.

— Diga, Naruto, o quanto é divertido quando ela faz essa cara! — Sasuke já estava irritado com aquela discussão sem sentido.

— Ei! Não me coloquem no meio da briga de vocês! — Naruto exclamou, dando um passo para trás diante das expressões assassinas de seus amigos. — Aliás... ja ne!

Utilizando toda sua agilidade, pulou para um telhado próximo e contounou o local em um largo círculo, parando sobre uma árvore de onde ainda podia observar Sasuke e Sakura discutindo. Não queria ser envolvido, mas assistir de longe poderia ser interessante. Quando viu o moreno puxar a garota bruscamente e beijá-la para acabar com a briga, abriu um sorriso e comentou para si mesmo:

— Nasceram um para o outro!


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Notas finais do capítulo

* Douse = nesse caso
* Iie = nesse caso, a palavra é usada como de nada. È uma maneira bem informai de se expressar
* Ki o tsukete = cuidado
* Soo = sim; é mesmo (informal)
* Tsukuyomi = para quem não se lembra, essa é a técnica de ilusão mais poderosa e perigosa do Mangekyou Sharingan. É aquela usada por Itachi, dando a ilusão que o sofrimento causado por ele dura várias horas, enquanto fora da ilusão apenas alguns segundos se passaram. Foi usada contra Kakashi e Sasuke, ainda no Naruto Clássico, deixando-os desacordados por dias.
* Yatta = exclamação de alegria que pode ser traduzida como "legal", "beleza", entre outras.