Naruto acordou com alguém cutucando-o, mas não era um toque normal. Era como um cutucão mental. Só não sabia ainda qual deles...

— Ei, gaki!

Agora descobriu. Aquela voz... Acordou, mas não abriu os olhos, não precisava disso.

— Shimatta... O que você quer agora? Nunca mais consegui chegar atrasado em lugar nenhum... Me deixa dormir!

— Anda logo, Naruto! Também queremos participar da festa!

Ele sentou bruscamente, irritado.

— Yoshi. Mas com uma condição... Vá acordar e amolar o Sasuke por pelo menos dez minutos! — Disse olhando para o nada, já que a voz estava dentro de sua cabeça.

— Daijoubu! Isso será um prazer... — Não podia ver sem se concentrar mais, mas pode sentir o sorriso maldoso na voz.

Deu um sorriso de lado, fez o selo para criar um clone, e um rapaz muito bonito se materializou ao lado da cama. Quando os bijuus controlavam os clones que agora criava, eles não ficavam mais com seu rosto, assumindo características próprias. Isso aconteceu ao longo do tempo, ficando cada vez mais diferentes dele, tanto que nem notara muito as alterações. Olhando o rosto do jovem à sua frente, percebeu o quanto lembrava Kiba, com aquelas presas salientes e as pupilas em fenda, apesar de ter o cabelo e os olhos vermelhos.

— Sabe, Kurama, eu queria muito te socar agora...

— Só por que te acordei? Devia ficar agradecido...

— Não é por isso. — Naruto olhava para as características superficiais de Kurama e lembrava-se de Kiba, e que agora ele estava namorando Hinata. Sua Hinata.

— Wakatta. É por causa daquele cara que está namorando sua namorada, não é? Acha que pareço com ele? — Aproximou-se de um espelho de corpo inteiro que havia no quarto e começou a fitar especulativamente sua imagem.

— Essa foi uma das frases mais estranhas que já te ouvi dizer... Mas agora cai fora e vai acordar o Sasuke! Sei que você está louco para perturbá-lo um pouco — O loiro disse, ainda emburrado.

— Sou da... — E um sorriso malicioso apareceu no rosto de Kurama. — Atormentar um Uchiha nunca é demais pra mim! — E saiu, tomando a direção do quarto ao lado, que estava ocupado por Sasuke.

Naruto ficou quieto para escutar o que se passaria. Não demorou muito e começou a ouvir ruídos abafados no cômodo ao lado, como se alguém procurasse alguma coisa, logo seguidos de um sussurro:

— Perfeito!

O loiro abriu um sorriso e começou a contar mentalmente: “Três, dois, um...”

— ARGH! Mas o que... KURAMA! — Naruto ouviu passos se aproximando rápido de sua porta e logo depois esta ser escancarada por Kurama, que entrou e se dirigiu para um dos cantos, se acabando de rir. Logo depois Sasuke apareceu na porta. Com os cabelos mais arrepiados que o normal e molhado da cabeça até a cintura. Algumas flores se embrenhavam entre os fios negros. Naruto, ainda sentado na cama se pôs a rir. — Não tem graça, Naruto!

— Kurama! — Naruto fez uma expressão zangada agora. — Você é pior que uma criança! — Sasuke olhou feio para o garoto raposa. — Foi rápido demais, eu disse pra atormentar ele por dez minutos! — O moreno agora dirigiu seu olhar irritado para Naruto, que havia voltado a rir.

— Ah, Kami! Meus pecados são assim tão grandes para ter que aturar esses dois? — Perguntou Sasuke olhando para o teto.

— Não reclame, Uchiha, você sabe que são... — Kurama saiu do canto onde estava e se aproximou do moreno, segurando-o pelo braço e o arrastando de volta ao seu quarto. — Agora vamos! Precisamos nos arrumar para a festa!

Ainda rindo, Naruto se levantou e olhou em volta do quarto mais atentamente. Quando subiu estava tão cansado que nem prestou muita atenção aos detalhes, percebendo apenas que a decoração era basicamente laranja e vermelha. Um futon vermelho, para casal, ocupava o centro do quarto e duas portas, além da que dava para o corredor, saíam dele. Entre as duas, uma pequena mesa baixa, enfeitada com um vaso laranja e vermelho que continha lírios. A porta que abriu dava para um banheiro de tamanho considerável, onde havia um ofurô no centro e um box com chuveiro no canto. Era basicamente branco com detalhes em preto, mas o ofurô era de madeira vermelha. A segunda porta dava para um tipo de armário, em que ele podia até entrar. Muitas roupas e prateleiras para guardar outras quinquilharias.

“Arigatou, Karin, Ino e... Hinata” — Pensou com um perto no coração. Não havia nada muito luxuoso, era até simplista, mas para ele estava perfeito.

Dirigiu-se ao banheiro e usou o chuveiro. Deixou a água cair na cabeça, como se quisesse limpar os próprios pensamentos, mas não estava adiantando. Quanto mais tentava se distrair, mais seus pensamentos voltavam-se para a última noite que passou em Konoha antes de partir... sua última noite com Hinata. Lembrou-se dos beijos, das carícias e do fogo que a garota demonstrara, e subitamente sua mão voou para o controle de temperatura do chuveiro e o mudou para frio. Seus pensamentos mudaram junto com a temperatura da água, e agora se perguntava se ela demonstrava aquele mesmo fogo com o namorado.

— Por quê, Hinata? — Ele sussurrou e deixou algumas lágrimas caírem.

— Ei, Naruto!

— Kuso, nem no banho vocês me dão sossego? — Ele fechou os olhos e deu de cara com Matatabi, que o encarava em sua forma de bijuu. — O que foi agora?

— Gomen ne. Eu só queria falar com você sobre o que está passando agora...

— Sem querer ofender, Matatabi, mas o que um bijuu pode entender disso? — Naruto não queria falar sobre aquilo, mas acabou se conformando. Olhou em volta e ficou mais tranquilo ao ver que nenhum dos outros estavam por perto.

— Talvez mais do que pensa, Naruto. — A gata respondeu calmamente e apoiou a cabeça em uma pata. — Posso não ser humana, mas já estive dentro de uma. Ela também amava. E não desistiu de conquistar seu amor, mesmo sendo uma Jinchuuriki. Se aquela garota Hyuuga te amava tanto quanto parecia, não acho que você deva desistir dela. Um amor assim não morre tão fácil... e mesmo que tenha esfriado, talvez você possa reacendê-lo. Você nunca desistiu de nada, por mais difícil que fosse, por que faria isso com uma coisa tão importante?

Naruto ficou pensativo por alguns minutos e logo depois um sorriso apareceu em seu rosto.

— Arigatou. Nunca pensei que receberia conselhos amorosos de uma bijuu. — Abriu novamente os olhos e o chuveiro agora lhe pareceu muito mais agradável. Seguiria os conselhos da gata e tentaria reconquistar Hinata. — Só não sei muito bem como fazer isso... Acho que preciso de ajuda, mas quem? O Sasuke entende tanto disso quanto eu... a Sakura? É, talvez...

Ainda pensando em uma estratégia para se aproximar de Hinata, saiu do banho e se arrumou para a festa. Colocou uma calça preta simples e uma camiseta também preta com detalhes em laranja. Deixou o hataiate sobre a mesa do quarto e deu uma última olhada no espelho.

— Está ótimo... quem diria que eu me acostumaria tanto a usar preto?

— Não se esqueça de nós! — Uma voz gritou dentro de sua cabeça.

— Ah é, gomen! — Fez mais sete clones. Eles olharam em volta e Son Goku comentou:

— Agora sim! Isso é um lugar apresentável... onde estão nossas roupas? Também queremos nos arrumar, sabia?

O loiro dirigiu-se à sua mochila de viagem que estava jogada no canto do quarto e pegou um pergaminho pequeno, liberando as roupas que estavam ali.

— Quem diria que vocês se tornariam vaidosos... — Resmungou. — Mas vão se arrumar nos outros quartos, certo?

— Yosh’! Será rápido... eu acho. — Respondeu Isobu, olhando duvidoso para Matatabi.

— Eu já vou descer, depois vocês podem ir, afinal, estamos em casa! — Naruto comentou, já deixando o quarto. Assim que saiu, deu de cara com Sasuke e Kurama, que saiam do quarto do moreno.

— Da próxima vez que me deixar de babá de bijuu eu te mato, Uzumaki Naruto! Ainda mais pegando minhas roupas emprestadas... — O Uchiha reclamou olhando-o emburrado, mas não estava nervoso de verdade. Com o tempo e a convivência havia até mesmo feito amizade com eles, especialmente com Kurama. — Vamos logo.

— Hai, hai.

Desceram as escadas e se depararam com os amigos jogados nos sofás e espalhados pela varanda. Muitos Uzumakis também estavam na casa, com copos de bebida e petiscos na mão.

— Pensei que seriamos só nós... — Sasuke comentou vendo os desconhecidos.

— Isso deve ser trabalho da Akemi-chan.

Terminaram de descer e foram logo abordados por Ino, que colocou um copo na mão de cada um.

— Finalmente acordaram! Agora a festa pode começar de verdade.

— Começar? Para mim parece que já está acontecendo há horas! — Naruto observou.

— Quem é esse e de onde ele saiu? — Ino fitou Kurama que descia logo atrás dos rapazes e seus olhos se arregalaram.

Antes que Naruto pudesse responder, Kurama se adiantou e segurou a mão de Ino, levando-a aos lábios e depositando um beijo.

— Sou Kurama, bela moça. É um prazer conhecê-la!

— V-você é um bijuu? — Ino o encarou de olhos arregalados.

— Hai!

— Era só o que me faltava, um bijuu conquistador... — O Uchiha disse, revirando os olhos.

— Comporte-se! — Naruto pediu simplesmente antes de se afastar. Avistara Hinata passando pela varanda aparentemente sozinha e se dirigiu para lá. Precisava falar com ela antes que Kiba aparecesse, mas foi interceptado por Temari.

Sem dizer nada, a loira o puxou para um canto isolado e olhou em torno. Naruto ficou espantado com aquele comportamento. O que a irmã do Kazekage estaria aprontando?

— Temari, o que...?

— Shh! Fale baixo, Naruto! Quero te falar uma coisa... — Ela se aproximou ainda mais e o loiro pode sentir o hálito de sakê. Pelo jeito ela já havia bebido bastante. — Eu fiquei a tarde toda prestando atenção nas coisas, e não acho que seja verdade...

— Do que está falando?

— Você sabe... é tudo mentira! Não sei por que estão fazendo isso, mas...

— Temari! Estava te proc... Naruto? — Shikamaru chegou ao canto para onde Temari havia arrastado o loiro e os olhou desconfiado. — O que estão fazendo aqui?

A garota se jogou no pescoço do namorado e o beijou, para depois se afastar e começar a rir.

— Nada não, meu preguiçoso! — Temari puxou Shikamaru, que ainda olhava desconfiado para Naruto, e disse por cima do ombro enquanto se afastava: — Preste atenção nos detalhes...

— Mas do que essa maluca estava falando? — O loiro ficou observando-a se afastar e balançou a cabeça. — Acho que ela já bebeu demais... Shikamaru precisa ficar de olho nela.

Voltou à varanda decidido a encontrar Hinata, mas ela não estava mais sozinha. Kiba estava parado ao seu lado e pareciam estar tendo uma discussão. Sem parar para pensar, saiu da varanda e se aproximou deles sorrateiramente e meio abaixado através do pátio, determinado a ouvir sobre o que conversavam, porém mais uma vez seus planos não deram certo.

— Naruto-sama! — Akemi veio correndo e parou em frente a ele, que se levantou disfarçadamente e fingiu admirar as estrelas, quando Kiba e Hinata se viraram para ele. — Onde está Sakura-san?

— Yo, Akemi-chan! Eu não a vi, creio que não chegou ainda... — Nesse momento avistou uma cabeleira rosa sumindo por um dos cantos da casa sorrateiramente. — Ou melhor, ela acabou de chegar! Ikisho!

Quando Naruto e Akemi se distanciaram correndo, Hinata se virou para Kiba e comentou com a voz triste:

— Viu como ele ficou feliz em vê-la?

— Hinata... ainda acho que você está vendo coisas onde não existem! Eles mal chegaram perto um do outro a tarde inteira! Por que está sendo tão teimosa?

— Eu não...

— Hinata! — Uma voz irritada e visivelmente alterada a chamou, interrompendo a discussão. — Precisamos conversar!

— Isso não é maneira de resolver as coisas! — Mais alguém se aproximou falando alto e chamando a atenção de várias pessoas em volta.

— Karin? — Hinata olhou espantada para a expressão de raiva da amiga.

— Por que você está fazendo isso com meu itoko?

— Karin, é melhor não se meter nisso... — Suigetsu, que chegou junto com ela, falou segurando seu braço.

— Urusai! — Exclamou soltando o braço e virando-se novamente para a Hyuuga. — Eu pensei que você fosse minha amiga, mas vejo que me enganei! Durante todo esse tempo acreditei que você ainda amasse o Naruto, e agora aparece aqui namorando com ele! — Apontou para Kiba quando disse isso. — Podia pelo menos ter me dito alguma coisa... — Começou a chorar e abraçou Suigetsu, escondendo o rosto em seu ombro. — Nunca mais fale comigo, Hyuuga!

Sem saber o que dizer, Hinata olhou para o rapaz que amparava Karin. Este fez um sinal para indicar que a ruiva já havia bebido demais e a puxou para o interior da casa. A morena virou-se para Kiba com lágrimas nos olhos.

— Não posso perder minha melhor amiga!

— Maa! É melhor vocês conversarem quando ela estiver sóbria... — Ele a puxou e fez com que encostasse a cabeça em seu peito, enquanto acariciava seus cabelos. As lágrimas da garota escorriam livremente.

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Enquanto essa cena se desenrolava, Naruto ajudava Akemi a procurar Sakura, que estava nitidamente tentando despistá-los.

— Sakura-chan! — Chamou em voz alta quando chegaram entre algumas árvores que havia nos fundos da propriedade. — Se quer brincar de esconde-esconde, Akemi-chan vai adorar participar! E você sabe que posso encontrá-la fácil, da yo ne?

Sakura se desencostou de uma árvore ficando visível, com um sorriso que não escondia nem um pouco sua irritação com o loiro. Parecia mais uma careta.

— Naruto... — Disse com os dentes cerrados. — E Akemi-chan...

— Sakura-san! — A garotinha gritou e se jogou sobre ela com um salto digno de um shinobi. Se Sakura ainda não estivesse bem próxima à árvore, teria caído de costas, mas o impacto foi o suficiente para que soltasse um audível ‘uff’.

— Será uma ótima kunoichi quando crescer, Akemi-chan! — Naruto comentou com um sorriso debochado.

— Acha mesmo, Naruto-sama?

— Danzen*. Você leva muito jeito. Não é verdade, Sakura-chan? — Perguntou inocentemente para a garota.

— H-hai! — Ela ainda recuperava o fôlego e colocou Akemi no chão. — S-será muito boa mesmo...

— SUGOI! — Gritou a garotinha a abraçando entusiasmada. Sua cabeça bateu na barriga de Sakura, que fez uma careta.

— E uma ótima maneira de treinar é continuar brincando de esconde-esconde! — Naruto comentou com um sorriso maldoso.

— Onegai, Sakura-san, onegai, brinque comigo, onegai? — Akemi juntou as duas mãos no peito e olhou suplicante para a kunoichi, que não conseguiu dizer não, além de imaginar que seria uma ótima maneira de fugir da entusiasmada pequena Uzumaki.

— Hai, vamos brincar... eu me escondo e você procura! Começamos... AGORA! — E saiu correndo para se esconder, não sem antes passar perto do loiro e dizer entredentes, para que apenas ele escutasse: — Eu vou te pegar por isso, Naruto, pode apostar!

Quando Akemi saiu em disparada atrás de Sakura, o loiro fez uma expressão maligna, e pensou: “Mas não essa noite, Sakura-chan...”

— Kage Bunshin no Jutsu! Henge*! — Dez clones apareceram e se transformaram em cópias da pequena Akemi. — Já sabem o que fazer!

— Yosh’! — Responderam os clones com a voz fininha como a da menina e saíram correndo.

Dando um sorriso satisfeito, Naruto se pôs a andar de volta para a casa.

— Agora... você será minha Hinata-chan! Me aguarde! — Quando chegou onde estavam Hinata e Kiba, viu uma cena que fez seu coração falhar uma batida; eles estavam abraçados, a cabeça da morena colada no peito do Inuzuka, e este acariciava carinhosamente seus cabelos. Enquanto Naruto olhava, o outro deu um beijo na testa da garota, que o abraçou ainda mais forte. — Hi-nata... — Sua voz saiu num sussurro estrangulado, que não foi ouvido pelo casal. Virou as costas e se afastou dali o mais rápido que podia sem chamar atenção. Entrou na casa e viu Sasuke e Kurama a um canto, com copos na mão, conversando com Guy e Kakashi. Desviou seu caminho e foi até a cozinha, voltando com mais um copo e quatro garrafas de sakê, juntando-se finalmente ao quarteto. — Yo! Vamos beber!

— Naruto? Daijoubu ka? — Sasuke olhou desconfiado para a animação forçada que seu amigo demonstrava e arregalou os olhos quando o viu virar o sakê num gole só e tornar a encher o copo.

— Gaki...? — Até Kurama o olhou estranho, mas também já havia bebido um pouco, então se entusiasmou: — Passe essa garrafa pra cá!

Os cinco acabaram se sentando no chão, com as garrafas entre eles e continuaram bebendo e conversando sobre os velhos tempos e contando aventuras que tiveram nas missões. Mas a festa continuava, e em vários lugares, coisas estranhas aconteciam.

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Sakura estava no segundo andar. Tentava de todas as maneiras se esconder de Akemi, mas de alguma maneira sempre era descoberta. Chegou a pensar que estava em algum tipo de Genjutsu, ou em um filme de terror bizarro. No momento, encontrou uma porta no final do corredor e abriu-a cuidadosamente. Parecia ser um tipo de biblioteca e ela se perguntou para quê uma, na casa do Naruto, mas enfim... Viu que estava aparentemente vazia e entrou, pensando em relaxar um pouco. Fechou a porta vagarosamente, mas quando se virou...

— AHHH!

— Te encontrei de novo, Sakura-san! — Akemi a olhava com um sorriso singelo.

A kunoichi abriu a porta e correu esbaforida pelo corredor, entrando num quarto sem olhar e trancando a porta.

— Está muito fácil, Sakura-san!

Virando-se devagar, deu novamente de cara com a menina, que a olhava feliz. Sentiu vontade de chorar, suas pernas fraquejaram e ela deslizou até o chão, com as costas apoiadas na porta.

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— O que estava fazendo com o Naruto? — Shikamaru perguntou, assim que arrastou Temari para um dos quartos de hóspedes.

A loira encostou-se na porta, com um copo e uma garrafa de sakê nas mãos. Deu um sorriso malicioso, fazendo as pernas de Shikamaru tremerem, já que sabia o que costumava vir logo depois daqueles sorrisos. Ela se aproximou lentamente e o moreno recuou, mas a garota não desistiu e deu mais um passo em sua direção.

— Ficou com ciúmes, Shikamaru? — Ela perguntou com a voz sensual.

— É claro que não! — Respondeu, mesmo engolindo em seco.

— Mas é o que parece... — Ela não deu chance para que ele escapasse. O rapaz havia recuado tanto que deu com as costas na parede. A loira se colou a ele e passou o braço que ainda segurava a garrafa por seu pescoço. — Sabe o que eu quero agora, Shikamaru?

— Nem imagino, Temari. — Se rendendo, ele passou os braços pela cintura da kunoichi de Suna e a puxou para mais perto, deixando seus lábios quase se tocando. — Por que não me diz?

— Beber! — Dizendo isso, ela deu um gole na garrafa, quase torcendo o pescoço de Shikamaru. Afastou-se do rapaz e deu um sorriso meigo para ele. — Quando estou em Suna preciso me comportar, afinal sou a irmã do Kazekage... por isso hoje, quero aproveitar!

Com o corpo em chamas devido às investidas da loira, Shikamaru soltou um gemido frustrado. Estavam tão perto... Mas se conformou e tirou a garrafa da mão dela, dando um longo gole.

— Ei!

— Vamos beber! — Puxou a loira para fora do quarto e a levou em direção à cozinha. — Aqui estamos mais perto das garrafas!

Sentaram-se em volta de uma mesa cheia de comida depois de Temari trazer mais duas garrafas e começaram a fazer o que se propuseram.

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— O que houve com ela? — Tsunade chegou acompanhada por Shizune e viu Kiba consolando Hinata. A garota se virou para a Hokage com os olhos vermelhos e soluçando.

— N-não foi nada, Tsunade-sama! — Ela respondeu, secando o rosto.

— Na verdade, ela está sofrendo por amor. — Disse Kiba, que estava cansado daquela mentira e também queria aproveitar a festa. Talvez se fizesse a Godaime dar um pouco de atenção e conselhos à Hinata, pudesse escapar.

— Kiba!

— Sou ka? — Tsunade olhou a desconsolada Hyuuga por um momento, antes de abrir um sorriso e responder: — Conheço o remédio perfeito para isso. Venha comigo!

— Demo...

— Sem reclamar, Hyuuga! Sei exatamente do que precisa.

A Hokage saiu puxando Hinata pela mão acompanhada de perto por Shizune, que pensava: “Isso não vai dar certo!”

Deixado sozinho, Kiba soltou um suspiro de alívio e resolveu beber um pouco para relaxar, antes de falar com Naruto. Estava decidido a acabar com aquela farsa de uma vez. Chegou à cozinha e viu Shikamaru e Temari, cada um com uma garrafa na mão. A loira dançava, mesmo sem música, enquanto o outro apenas a olhava, debruçado sobre a mesa com o cabelo enfiado em um prato de dangos e um sorriso bobo no rosto.

— Yo, Shikamaru! Posso me juntar a vocês? — Mesmo antes de receber a resposta, ele pegou um copo e o encheu da garrafa de Shikamaru.

— Hai, hai...

Percebendo que ali não teria nenhuma atenção, decidiu ir para a sala. Viu Kakashi, Guy, Naruto, Sasuke, Shino, Chouji e um rapaz de cabelos vermelhos que não conhecia jogados a um canto, cercados de algumas garrafas e pratos de comida. Tsunade estava sentada no sofá de três lugares com Shizune ao lado, ambas de copo na mão e uma bandeja de aperitivos em frente a elas, na mesa de centro. Ele estranhou não ver Hinata, mas apenas deu de ombros.

Em outro sofá, Karin estava sentada entre Suigetsu e Juugo, parecendo abatida e totalmente corada. Resultado do sakê, deduziu.

O terceiro sofá estava ocupado por seis rapazes que ele nunca tinha visto antes. Sentavam-se nos braços e também no encosto do sofá. Bebiam, conversavam, comiam e observavam o movimento das pessoas que entravam e saiam da casa como se fosse a coisa mais interessante que já tinham visto. Esquisitos, Kiba pensou.

Decidiu-se se juntar a Naruto e companhia, mas antes que pudesse fazer isso, viu uma garota descendo as escadas e parou imediatamente. Ela era alta e magra, com cabelos azul-elétrico amarrados em dois rabos-de-cavalo altos com uma franja charmosamente bagunçada, e quando olhou na direção de Kiba, o rapaz pode perceber que seus olhos eram da mesma cor e pareciam cintilar. Totalmente enfeitiçado pela beleza da moça, aproximou-se, enquanto ela terminava de descer as escadas.

— Yo. — Kiba cumprimentou sorridente. — Sou Inuzuka Kiba. Poderia me dar o prazer de sua companhia?

— Er... yo! — A garota o olhou duvidosa e franziu o nariz. — Você cheira a cachorro...

— Hai... — Ele alargou ainda mais o sorriso, como se o comentário dela fosse um grande elogio. — Sou treinador de cães shinobi.

— Finalmente, Matatabi! — Um dos rapazes desconhecidos no sofá exclamou. — Pensei que ia perder a festa toda para se arrumar.

— Estou aqui agora, não estou? — A bijuu se afastou aliviada.

Kiba ficou admirando a garota, mas tinha a impressão de já ter ouvido aquele nome, e associado a alguma coisa grande, pois lhe passava a sensação de poder. Queria abordá-la, mas havia seus outros seis acompanhantes como empecilho... Mas é claro, perguntaria para o Naruto, afinal era a casa dele, e a garota veio da direção dos quartos!

Aproximou-se dos amigos esparramados pelo chão e viu que a maioria deles já estava totalmente alcoolizada. Os únicos que pareciam em melhores condições eram Chouji e Shino. Os outros estavam escorados um no outro, e em alguns casos quase deitados no chão. Naruto, que era seu alvo no momento, estava encostado na parede e de cabeça baixa.

— Yo, Naruto! — Cumprimentou com um sorriso. Estava tão enfeitiçado e concentrado em descobrir quem era a misteriosa garota, que esqueceu-se completamente da farsa do namoro com Hinata, não entendendo por que foi olhado com tanta hostilidade. Ele se abaixou perto do loiro e disse, olhando Matatabi por cima do ombro:

— Quem é aquela garota linda sentada junto dos esquisitos ali? Gostaria de conhecê-la...

— NANI? — Naruto se levantou com um único movimento oscilante, esbarrando em Kakashi e fazendo-o cair de cara em um prato de onigiriis, por sorte quase vazio. Agarrou com apenas uma mão a gola da camisa de Kiba e praticamente o arrastou para fora, ainda gritando: — VOCÊ ESTÁ NAMORANDO A HINATA, SEU PULGUENTO, E QUER DAR EM CIMA DE OUTRA? EU VOU ACABAR COM VOCÊ!

— Ikisho, Kakashi! Vamos ver o fogo da juventude desses jovens explodir! — Guy se levantou, mal conseguindo parar em pé e levantou o Copy Ninja pelo colarinho do colete, ainda com um pedaço de onigirii grudado sobre o único olho exposto. Os dois seguiram Naruto e Kiba para o lado de fora, ligeiramente trôpegos.

Ninguém mais se deu ao trabalho de segui-los, mas Karin levantou-se e foi em direção à cozinha, dizendo alto, para o universo em geral:

— Preciso de mais bebida! — Quase caiu quando esbarrou na beira do sofá onde estavam os bijuus, mas Juugo a segurou e foi com ela. Suigetsu deu um suspiro, mas foi também.

Do lado de fora, Naruto parou e encarava Kiba furioso. Muitas pessoas se afastaram, mas ficaram olhando de longe, esperando ver um bom combate shinobi.

— Maa, maa, Naruto! Não é o que você está pensando... — Kiba tentava se defender, com as mãos levantadas na frente do corpo.

— S-seu... seu... cachorro! Como você tem coragem de fazer isso com a Hinata? — Naruto se deu conta de um pequeno detalhe nesse momento e passou a mão no cabelo, dando um passo para trás para manter o equilíbrio. — Aliás, onde ela está?

— Shirimasen! Eu a entreguei à Tsunade-sama...

Foi interrompido por uma falha tentativa de golpe de Naruto. O soco passou a uns vinte centímetros de seu rosto, e ele sequer precisou desviar, porém o movimento foi demais para o loiro, que girou no ar e caiu de costas.

— V-você melhorou, Kiba... — Ele disse, ainda no chão e vendo tudo girar. — Não sabia que usava Genjutsu.

— Eu não... ah, deixa pra lá! — Kiba se aproximou e levantou o loiro do chão. — Vem aqui, precisamos conversar!

As pessoas que assistiam aquela cena se decepcionaram e resolveram voltar para suas distrações anteriores, mas o mais desapontado parecia ser Guy, que gritou para um Kakashi quase dormindo em pé ao seu lado:

— Onde está o fogo da juventude desses rapazes?

— Hai, hai...

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Na varanda da casa, Kiba colocou Naruto sentado em um canto, com as costas na parede, e sentou ao seu lado. Para evitar outro ataque de fúria alcoólica do loiro, resolveu ser direto:

— Naruto, eu não estou namorando a Hinata!

— Ehh? — Ele piscou e tentou focalizar Kiba. De repente ele merecia toda sua atenção. — Como assim, não está?

— Não estou, só isso. Era uma farsa.

— Quer dizer que... — De repente, mesmo para sua mente entorpecida, as palavras de Temari começaram a fazer sentido... “é tudo mentira”. — Mas por quê?

— Isso eu acho melhor você descobrir sozinho... se for importante, claro.

Sem muitas forças para se mexer, Naruto ficou imóvel no mesmo lugar. Kiba permaneceu sentado ao seu lado, até que ouviu uma bagunça do lado de dentro da casa.

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— Você é um baaaka, Uchiha! — Kurama provocou, com a voz mole. — Por isso aquela... a do cabelo rosa... Sakura! Não quer mais saber de você.

— Urusai! — Sasuke respondeu, depois soluçou. — Não pedi sua opinião!

Eles ainda estavam sentados no mesmo canto da sala em que se encontravam antes. Cada vez mais garrafas se acumulavam em volta deles, e Kurama começou a provocar Sasuke, que já estava irritado por não ter visto Sakura durante a noite inteira. Já achava que estava tendo alucinações, pois algumas vezes teve a impressão de ver cabelos rosa desaparecerem por uma porta ou passarem sorrateiros por uma janela. Por que ela se esconderia na festa?

— Ela vai ficar com o Naruto, você vai ver só... — Disse o bijuu, com um sorriso sádico.

Sasuke levantou-se sem muita firmeza e avançou sobre Kurama, que deu um pulo para sair do caminho.

— Kuramaaa... — Sasuke olhava o bijuu que não o deixara em paz por um minuto durante a festa. Tentou ativar o Sharingan, mas bebeu tanto que nem sabia se havia conseguido.

— O que é Uchiha? Quer brigar? — Provocou Kurama com a voz engrolada e cambaleando um pouco.

— Parem com isso. — Disse Shino, que assistia a cena com sua voz calma. — Estamos dentro da casa.

— N-não se meta, Shino! — Disse Sasuke, com a voz falha e já desistindo de usar seu Doujutsu.

O Aburame deu um suspiro e decidiu entrar na briga. Se não podia impedi-los com palavras, teria que imobilizar os dois. Uma nuvem de insetos saiu de seus braços erguidos e se dirigiu até o bijuu cambaleante que estava em frente a uma das janelas, ao mesmo tempo em que Sasuke dizia:

— Katon: Gokakyu no Jutsu — Porém, devido ao estado em que se encontrava, o que era para ser uma grande bola de fogo, por sorte saiu mais como uma pequena ervilha de fogo, cercada por faíscas. — Nani?

O estrago não teria sido maior que alguns cabelos vermelhos de Kurama chamuscados, mas o deslocamento de ar causado pelos insetos de Shino, desviou o pequeno ataque para uma das cortinas, que começou um foco de incêndio.

A fumaça que se desprendia chamou a atenção de Might Guy, que naquele momento entrava pela porta gritando sobre o fogo da juventude.

— FOGO! — Ele gritou, e procurou ao redor por alguma coisa que pudesse apagá-lo. Não encontrando nada mais útil, arrancou o copo que Tsunade tinha nas mãos e jogou na cortina, enquanto dizia: — Deixem comigo!

— MEU SAKÊ! — Tsunade levantou-se com os punhos cerrados e foi em direção a Guy, mas parou, ao ver que a cortina explodiu em chamas.

Kurama saiu correndo de perto da janela, parando ao lado de Sasuke e dizendo:

— Olha o que você fez, Uchiha!

— Meus bichinhos... — Disse Shino ajoelhando-se no chão e olhando para os insetos que foram carbonizados na ação.

Ninguém parecia saber o que fazer, e apenas olhavam o fogo se alastrando, quando chegaram correndo Juugo, Suigetsu e Karin, que estiveram na cozinha.

— Ah, Kami! Façam alguma coisa! — Karin falou com as mãos na cabeça.

Sem pensar duas vezes, Juugo agarra Suigetsu pelo pescoço e diz calmamente:

— É com você!

— Nani? AHHHHHHHHHHHHH! — Gritou enquanto era arremessado em direção à cortina flamejante. Dissolveu-se antes de bater na parede, apagando imediatamente o fogo com um chiado, onde se podia ouvir sua voz fraca, dizendo: — Eu te odeio, Juugo...

A primeira pessoa a se recobrar do susto foi Tsunade, que lançou um olhar maníaco a Guy.

— Que você fez com o meu sakê? — Disse, já se aproximando dele. Com um olhar de pânico, o sensei sobrancelhudo correu porta afora, sendo perseguido pela Hokage. Shizune levantou-se e correu atrás dos dois gritando:

— Tsunade-sama!

Durante toda essa confusão, os outros sete bijuus permaneceram abaixados atrás de um dos sofás, com olhar de susto nos rostos.

— Esse pessoal é maluco! — Comentou Shukaku.

— Nem uma guerra é tão caótica quanto essa festa... — Matatabi disse enquanto se levantava, para logo depois exclamar: — Ah não! Aquele cachorro de novo não! — E correu em direção à cozinha com a intenção de escapar por outra porta e despistar Kiba.

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Hinata sentia-se flutuar. Estava sentada atrás do sofá onde estivera Tsunade desde que fora arrastada para tomar o ‘remédio’ receitado pela Hokage. Ao seu lado uma garrafa de sakê com apenas mais um dedo de bebida dentro. Deu um soluço.

— Preciso de mais...

Realmente aquele era um bom remédio. A fizera esquecer por um tempo a tristeza que sentia desde a manhã e ainda a fazia pensar em coisas que em momento nenhum passaram por sua cabeça anteriormente. Estava decidida a reconquistar seu amor. Naruto seria dela e de ninguém mais, e se aquela coisa cor-de-rosa tentasse impedir, tomaria um Jyuuken no meio daquela testa enorme.

Como se seus pensamentos a chamassem, viu uma cabeleira rosa meio desfocada materializar-se na sua frente. Pensou que estivesse vendo coisas.

— Hinata! Você precisa me ajudar... — Sakura olhou assustada por cima do ombro e voltou seu olhar para a morena. — Preciso saber onde está... e... e... Hinata?

A Hyuuga se levantava lentamente, apoiada no sofá e olhava para a outra já com o Byakugan ativo. Pensando que a morena iria ajudá-la a sair daquela enrascada, nem teve tempo de se defender.

— Jyuuken! — O golpe de Hinata acertou Sakura na altura do estômago, fazendo-a voar e cair no sofá onde estavam os bijuus, que depois do susto estavam voltando a se sentar, mas com a queda da garota bem no meio deles, pularam novamente por cima do encosto. — Você vai ficar longe dele!

— Você estava com o Kiba? — Uma voz irritada e levemente alterada perguntou por trás dela. — Não acredito nisso, Sakura!

— Nani? Sasuke-kun? — Sakura segurava o abdômen, sem fôlego. Realmente sua volta à Konoha não estava saindo como o previsto. — Mas eu nem cheguei perto do Kiba!

— Achei você, Sakura-san! — Akemi apareceu ao lado de Sasuke.

— AHHHHHHHHHHH! — Depois do golpe Hyuuga e de todos os sustos da noite, caiu desmaiada no sofá.

— Missão cumprida! — Disse um loiro sorridente entrando na sala. Akemi sumiu numa nuvem de fumaça.