— Sasukeee... — Após a debandada de Naruto, Sakura se virou para Sasuke, pedindo explicações. Seus olhos pareciam soltar faíscas.

“Ah, Naruto, quando colocar minhas mãos em você...” — Sasuke pensou, quando se viu sozinho com uma Sakura extremamente irritada. Engoliu em seco quando percebeu que ela omitiu o kun. Preferiu continuar mantendo sua postura fria, apesar de tremer por dentro.

— O que foi, Sakura?

— Como assim o que foi? Por que você e o Naruto estão cheios de... de... — Sakura respirou fundo e fechou os olhos, tentando se controlar. Imaginava Naruto e Sasuke em termas, sendo atacados por kunoichis beijoqueiras e aproveitando muito tudo aquilo. Logo depois veio à sua mente a imagem dos dois em uma cascata de águas cristalinas, cercados de mulheres de biquínis. — Marcas de beijos? E por que você está todo molhado?

— Isso? — Sasuke, olhou seu próprio corpo, tentando aparentar indiferença. Não sabia o que dizer, então resolveu ser monossilábico, afinal sempre foi uma ótima política para ele. — Hum...

— Uchiha Sasuke! — Sakura deu um passo em sua direção apertando os punhos. — Não vai me responder?

“Ferrou, meu nome completo!”

Ele pensou em se afastar, mas por sua experiência em batalhas, sabia que não devia demonstrar medo. Funcionava com cães raivosos e animais selvagens também. Quando lhe disseram que a garota havia ficado assustadora, não acreditou, mas agora via que era verdade. Pensou em falar a verdade, mas no seu caso não ajudaria muito, só livraria a cara de Naruto. Como dizer que ele foi agarrado e beijado quando pediu desculpas por quase matar alguém? Nesse caso, ficaria ainda mais enfurecida por não ter sido para ela. Rapidamente, pensou em duas saídas honrosas: ou voltava ao velho hábito de dizer que ela era irritante, ou...

Optando pela segunda alternativa, e vendo que Sakura abria a boca para dizer mais alguma coisa, puxou-a bruscamente pela cintura e colou seus lábios aos dela. Não pensou em mais nada na hora, apenas em fazê-la esquecer das perguntas que viriam a seguir. A princípio, a garota ficou rígida em seus braços, com os olhos arregalados, mas aos poucos foi cedendo.

Quando isso aconteceu, Sasuke foi pego totalmente de surpresa com o que se passou dentro dele. Seu estomago contorceu-se e gelou, mas não era uma coisa desagradável. Uma sensação de aconchego apossou-se dele, de volta para casa. Sem entender muito bem por que, lembrou-se de Itachi e cenas de sua infância ao lado do irmão e da mãe vieram-lhe à mente. Porém quando sentiu Sakura agarrar seus cabelos com as mãos e puxá-lo para mais perto, outra sensação, não tão agradável o fez afastar-se bruscamente.

Ele a fitou com os olhos arregalados e sem que mais nenhuma palavra fosse dita, mesmo de costas, deu um pulo e desapareceu das vistas de Sakura, através dos telhados. Correu tanto que chegou à floresta que cercava Konoha. Dessa vez sabia exatamente o que tinha sentido, e não gostou nem um pouco: sentiu-se vulnerável. Não entendia por que, mas sabia que não teria defesas contra aquilo se acontecesse de novo. Enquanto corria, pensou em encontrar Naruto. Era Sasuke quem precisava conversar agora, mas parou imediatamente ao completar o pensamento. Como poderia dizer que beijou a garota por quem ele nutria uma paixão desde a infância? Socou uma pequena árvore com tanta força que ela se dividiu em duas.

Cansado dessas emoções confusas, sentou-se por ali mesmo, decidido a pensar em outras coisas. Retirou o livro de Jiraya de uma bolsa entre suas vestes e percebeu que ele estava úmido. Bufando, amaldiçoou Karin por mais esse inconveniente. Com a mente aturdida como estava, resolveu tirar um cochilo e esquecer tudo aquilo.

Acordou sentindo coisas sendo atiradas nele e sentou-se assustado. Olhou em volta e viu Naruto, a uma distância segura, com um punhado de pedras na mão. No momento não entendeu por que ele se mantinha distante, mas logo se lembrou de que antes do acontecido com Sakura, o estava perseguindo e com muita vontade de socá-lo. No entanto agora, essa vontade já tinha passado. Levantou-se devagar e viu Naruto dar um passo atrás como se fosse fugir. Deu um sorriso de lado e disse:

— Não quero mais te matar, dobe. Fique tranquilo!

— Sei que não quer mais me matar, mas espancar é outra história... — Naruto olhava desconfiado para Sasuke. Seria um plano para pegá-lo desprevenido?

— Não farei nada. Quer parar com isso? Vamos voltar ao alojamento, já está tarde.

— Precisamos jantar antes. — Naruto se aproximou, ainda ressabiado. — Chouji nos chamou para comer churrasco e disse que vai pagar.

— Não estou com fome... — Sasuke disse com um ar ausente.

Naruto aproximou-se mais e observou a expressão pensativa de Sasuke. Normalmente o moreno não demonstrava emoções, mas não era bem o que estava acontecendo ali. Parecia que ele tentava esconder alguma coisa.

— Vamos logo. — Naruto o puxou pelo braço e saiu andando. — No caminho você me conta o que aconteceu.

— Como sabe que aconteceu alguma coisa? — Sasuke o olhou assustado.

— Se eu não tinha certeza antes, agora tenho, sou ne*?

Realmente Naruto não era mais o mesmo, e Sasuke ficou desapontado consigo próprio. Como pode cair em uma armadilha tão... simples? Preferiu não falar nada no momento, mas o loiro não era conhecido exatamente por sua paciência e após alguns metros andando em silêncio perguntou:

— Sorede... vai me contar ou não?

Pensando bem nas consequências do que fez, Sasuke achou melhor contar logo. Era possível que alguém tivesse visto o beijo, já que fora idiota o suficiente para fazer aquilo no meio da rua e em plena luz do dia. Ou pior: a própria Sakura poderia contar. Nem queria pensar na reação de Naruto se isso acontecesse. Não propriamente a reação, afinal, conhecendo o loiro, sabia que ele sorriria e fingiria estar tudo bem, mas por dentro, quem poderia dizer? Talvez os bijuus... Respirou fundo e decidiu soltar a bomba de uma só vez: um corte rápido doía menos. Inspirou-se das palavras do próprio Naruto no dia anterior.

— Eu a beijei.

— Nani? — Achando que não ouvira direito, Naruto parou e pressionou os dedos sobre os ouvidos, num movimento rápido.

— Você ouviu: eu a beijei.

— Dare? Beijou quem, teme? — Agora estava mesmo espantado.

É, havia se esquecido disso. Estava com a cabeça tão obcecada pelo assunto que não levou em consideração o fato de que Naruto não faria a menor ideia do que estava falando. Pressionou a têmpora, onde acabara de sentir uma pontada de dor. Que ótimo! Era só o que faltava, uma dor-de-cabeça. Percebeu que era a tensão que o estava deixando assim. Olhou para Naruto com uma expressão de quem estava esperando levar um soco assim que acabasse de falar.

— Sakura...

— Sou ka? — Naruto o olhou admirado. — E como foi?

— Doudesu ka*? — A preocupação com a reação do amigo passou rapidamente. Agora estava indignado. — Eu aqui, preocupado em contar e você... você... — As palavras faltaram e Sasuke se calou. Virou-se e continuou andando irritado.

— Matte ‘ttebayo! — Naruto correu um pouco e o alcançou. — O que você queria que eu fizesse, teme?

— Shirimasen*! — Ele nem parou de andar para responder, mas estava tão nervoso que gesticulava de maneira nada característica, fazendo o loiro olhá-lo confuso. — Ficar nervoso? Gritar? Me bater? Liberar todos os bijuus para acabarem comigo? Um Rasengan também seria uma boa opção...

— E por que eu... ah! — Finalmente entendeu onde Sasuke queria chegar. Colocou as mãos nos bolsos e continuou caminhando ao lado do outro de cabeça baixa. Nessa altura já haviam entrado na vila. Pensava em por que não havia reagido como o esperado. — Não entendo também. Antigamente isso teria me deixado louco com você...

— Eu sei. Na época do time 7 você teria me atacado sem nem pensar se eu te contasse uma coisa assim. — A irritação já estava passando, afinal era melhor saber que Naruto não estava sofrendo por mais uma atitude idiota de Uchiha Sasuke. — Tem certeza de que ainda a ama?

— Eu... — Naruto estava confuso. Devia estar com raiva de Sasuke por beijar Sakura. Não devia? Achava que sim, mas não sentia nada do que um dia imaginou. Será que ainda a amava? Na verdade a única coisa que sentia no momento era essa confusão estranha e curiosidade para saber de Sasuke como foi o beijo. — Acho que não tenho certeza...

— Que tipo de resposta idiota é essa? — Sasuke o olhou impaciente. — Nem se pode dizer que é uma resposta!

— Anou*... melhor pensar nisso outra hora. — Sacudindo a cabeça para espantar a confusão, Naruto olhou para o outro e deu um sorriso enorme. — Vai me contar como foi ou não?

 Sasuke o olhou com as sobrancelhas levantadas e diminuiu um pouco o ritmo com que andava. Sacudiu a cabeça e voltou a andar normalmente quando comentou:

— Você é mesmo estranho... — Resolveu então fazer uma confidência. — Sabe... quando você me contou que Sakura havia dito que te amava, eu senti raiva, muita raiva. Tive vontade de te bater. Não sei porque, mas tive.

— Isso tem um nome, Sasuke. — Naruto deu uma risadinha. — Ciúmes.

— Nani? — Sasuke ficou pensativo e encarou a lua que já estava alta no céu. — Acha que o que senti foi... ciúmes?

— Danzen*. Disso eu entendo. — O loiro também ficou pensativo. — Era o que eu sempre sentia quando a Sakura-chan dizia que você era perfeito e eu um baka...

— E agora não está sentindo isso? Eu até a beijei...

— Ii kara*, ‘ttebayo! Não precisa ficar repetindo essa parte. — Fez uma careta. — Não é porque não estou com ciúmes agora que você precisa provocar!

— Não era essa a intenção!

— Eu sei, mas fala logo como foi!

Pensando em todas as sensações que teve, ficou se perguntando por onde começar. Foi uma reação forte, mas não parecia ter sido tão boa quanto a que Naruto descreveu que teve com Hinata. E ainda teve aquele sentimento de estar exposto...

— Eu... não foi muito bom pra ser sincero. — Viu Naruto olhá-lo intrigado. — Eu me senti fraco. Como se nem meu Susano’o pudesse me defender de nada naquele momento. Não foi realmente desagradável, porém não é uma coisa que queira repetir.

Ao pronunciar essas palavras, sentiu a mentira que havia nelas. Queria sim, repetir, mas estava com medo. Não gostava de se sentir fraco e muito menos desprotegido. Foi boa a sensação de abraçar e beijar Sakura, mas ainda assim...

— Sasuke... foi seu primeiro beijo? — Com curiosidade, o loiro o olhava como se quisesse ver sua alma.

— Hum... — Não queria admitir uma coisa dessas para o amigo. Naruto provavelmente cairia na risada. Vendo que essa resposta não satisfaria o outro, que ainda o estava encarando, soltou um suspiro e apenas confirmou com a cabeça.

— Sou ka... — Naruto estava sério e pensativo, mas depois deu uma risadinha. — Pelo menos nisso consegui ganhar do incrível Uchiha Sasuke! Tive algumas horas de vantagem...

— Nanda yo?* — O moreno o fitou com uma sobrancelha erguida. — Então ontem com a Hinata foi...

— Hai. Eu também me senti como você disse, vulnerável... Mas não me incomodou, Não com ela. Deve ser uma coisa normal, e você só precisa aprender a confiar mais nas pessoas para se sentir confortável com isso. Essa vida que levamos não ajuda muito, mas não é tão difícil.

Sasuke pensou nisso. Talvez fosse realmente uma questão de confiança. Ele não era de confiar em ninguém, mas isso não se aplicava aos seus companheiros de time.

— Eu confio em você, dobe.

— Ei! — Naruto o olhou com ar de deboche. — Mas não venha querer me beijar, dattebayo!

— Baka! — Sasuke sentiu seu rosto esquentar. — Quero dizer que eu deveria confiar na Sakura também, não acha?

— Provavelmente, mas nossos casos são diferentes. Eu sei que a Hinata daria a vida por mim, enquanto a Sakura...

— Quis me matar para te salvar. É, é diferente mesmo. — Nesse momento, mesmo sem permissão, amargura infiltrou-se na voz de Sasuke, deixando Naruto triste. Não queria que o amigo se sentisse assim, mas sabia que era verdade.

— A gente colhe o que planta, teme. — Naruto tinha um pequeno sorriso nos lábios. — Você sabia que não seria fácil, mas não deve desistir por isso.

— Está me dizendo para tentar... ficar com a Sakura?

— Maa na... — Percebendo que ficaria feliz em vê-los juntos, Naruto entendeu que realmente não a amava mais. Não da mesma forma que antes. — Acho que se fosse outra pessoa eu me importaria, mas não você.

— E por que isso? — Sasuke não entendia o que se passava com Naruto. Será que ele era tão altruísta a ponto de ficar feliz vendo a garota que amava com seu melhor amigo? Não devia ser isso...

— Não sei. Eu sinto que ainda amo a Sakura-chan, mas...

— Naruto... — Sem saber bem como se explicar, o moreno pensou que talvez soubesse a razão para isso. Naruto nunca teve uma família, mas ele sim. Além de considerá-lo também um irmão. — O que você faria se... sei lá, um dia eu me apaixonasse por uma garota e você descobrisse que ela quer ficar comigo apenas por interesse ou para brincar com meus sentimentos?

— Eu ia querer matá-la, dattebayo! Mas por que...

— E se isso acontecesse... com o Sai?

— De jeito nenhum eu deixaria isso acontecer!

— E com a Sakura?

— Eu iria matar o cretino! Mas, Sasuke, o que...?

— Eu faria o mesmo por você, Naruto. — Sasuke achava que agora estava começando a entender melhor essa coisa de tipos de amor e a diferenciá-los. Essa conversa o estava ajudando também. — Outro exemplo agora: se a Sakura se apaixonasse... deixe-me ver... pelo Shikamaru... — Fez uma careta. Era apenas um exemplo, mas não o agradou dizer isso. — E você soubesse que ele também a ama... o que sentiria?

— Não posso ter certeza, mas acho que... ficaria feliz por eles.

— Certo. E se a Hinata se apaixonasse... pelo Kiba?

Naruto parou e uma raiva incandescente cresceu dentro dele. Nem queria imaginar uma coisa assim. Seus olhos se encheram de imagens de Hinata, sua doce Hinata com aquele... cachorro! Mas de jeito nenhum que isso poderia acontecer! Sem perceber soltou um rosnado muito parecido com o de Kurama e seus olhos ficaram vermelhos, causando um arrepio em Sasuke.

— Foi o que pensei. — Satisfeito ao ver a reação de Naruto, Sasuke também percebeu a diferença entre os sentimentos que seu amigo demonstrava. — Você se apaixonou pela Hyuuga. Ainda ama a Sakura, mas como uma irmã.

Ouvindo as palavras de Sasuke, Naruto se acalmou imediatamente. Seria possível que realmente houvesse se apaixonado por Hinata? Claro que tudo o que ela fez e sempre demostrou por ele seria mais que suficiente para isso, mas se era assim... Lembrou-se que quase se transformou em Kurama quando achou que Pain a havia matado, e a dor que sentiu ao imaginar que ele mesmo pudesse ter feito isso foi quase insuportável. E depois o que sentiu ao descobrir que ela ainda estava viva... chegou a chorar de alívio. Quando a encontrou durante a guerra e pode salvá-la daqueles malditos Zetsus, não foi só alegria por saber que ela estava a salvo... ficou feliz só por vê-la, olhar em seus olhos.

Ele voltou a andar pensativo. Sasuke o acompanhava em silêncio, sem querer interromper o raciocínio do loiro. Será que acertara ou estava fazendo suposições fantasiosas? Esses sentimentos eram quase que totalmente estranhos para ele, mas entender Naruto e ajudá-lo a decifrar os próprios sentimentos o estava fazendo perceber que não era realmente alheio a isso. Talvez ainda tivesse salvação afinal. Foi tirado de seus pensamentos pela voz de Naruto fazendo a última pergunta que esperava, já que imaginava que ele estivesse mergulhado nos próprios sentimentos:

— E o que você sente pela Sakura-chan? Você me disse como se sentiu com o beijo, e não o que sente por ela.

— Realmente não sei, dobe...

— Bem, você já me disse que sentiu ciúmes. Ela mexeu com você de alguma outra forma?

— Eu senti como se... estivesse em casa. Não foi parecido com o que você disse que sentiu com a Hinata.

— Eu também não entendo muito dessas coisas, mas pode ser que seja diferente para cada pessoa. A maneira de sentir, eu quero dizer. Mas temos tempo para tentar entender. — Pararam em frente à churrascaria preferida de Chouji. — Vamos comer agora. Amanhã teremos que nos reunir com a Sakura-chan para combinar os preparativos da missão, já que partiremos logo ao amanhecer no outro dia.

Sasuke percebeu uma certa melancolia na voz do amigo. Apesar de dizer que tinham tempo, sabia que seria difícil para ele se separar de Hinata agora se descobrisse que estava realmente apaixonado. Colocou a mão no ombro de Naruto enquanto entravam e disse em tom baixo, para que só ele ouvisse:

— Não se preocupe. Ela te ama há anos. Tenho certeza que irá te esperar.

— Arigatou, Sasuke. — Naruto o olhou com um sorriso triste no rosto.

Em silêncio, seguiram até a mesa onde Chouji os esperava, mas ele não estava sozinho. Junto estavam Shikamaru, Kiba, Shino, Neji, Rock Lee e Sai. Haviam juntado duas mesas para que coubessem confortavelmente. Estranhando todos estarem presentes, Naruto e Sasuke se aproximaram, o loiro animado, o moreno apreensivo.

— Yo, minna! — Como sempre sorridente, Naruto cumprimentou a todos. — É algum tipo de reunião? Pensei que seriamos apenas nós, Chouji!

Todos cumprimentaram Naruto enquanto os dois recém-chegados se sentavam lado a lado. Naruto sentou-se ao lado de Sai e de frente para Kiba, sentindo uma queimação nas entranhas ao se lembrar das hipóteses de Sasuke. O moreno sentou-se ao seu lado de frente para Shino. Não achou uma boa combinação, sabendo o quanto o Aburame podia ser sensível quando se tratava de lembrarem-se dele, mas ficou espantado quando Sasuke, sentando-se ao seu lado disse, como forma de cumprimento:

— Shino.

Mesmo Shino ficou surpreso, mas pareceu bem feliz que Sasuke se lembrasse dele. Deu um olhar acusador para Naruto, que apenas revirou os olhos.

Sentados do outro lado da mesa, estavam Chouji e Shikamaru. Ao lado de Sai, sentavam-se Lee e Neji. O clima ficou um pouco estranho quando os dois chegaram, ninguém parecia muito à vontade, então Chouji resolveu se manifestar, por fim respondendo a pergunta de Naruto:

— Eu convidei os nossos amigos para se reunirem aqui para comemorarmos a volta de um shinobi de Konoha pela qual lutamos durante muito tempo, principalmente o Naruto. Viemos comemorar a volta de Uchiha Sasuke!

Ao ouvir isso, Sasuke ficou estático. Não sabia se seria bem recebido, mas Chouji juntar todos ali para comemorar sua volta parecia um pouco demais. Provavelmente nem havia informado aos outros o motivo da reunião, assim como não disse ao Naruto. Olhou Chouji com uma expressão que juntava susto e descrença.

— Antes que pergunte, todos sabiam o motivo da reunião. Só não disse ao Naruto porque queria fazer uma surpresa para vocês dois.

Mesmo Naruto não podia acreditar que todos haviam se juntado para comemorar o retorno de Sasuke. Olhou para o amigo, que também o olhava com uma expressão que para os outros devia ser difícil de decifrar, mas o loiro sabia que ele estava incrédulo. Para encorajar Sasuke, deu um sorriso confiante.

— Okaeri nasai*! — Shino foi o primeiro a se manifestar, erguendo seu copo. — Todos somos amigos do Naruto, mas é bom saber que o mais importante está de volta.

— Okaeri nasai! — Todos levantaram seus copos e brindaram junto com Shino.

Sasuke ainda estava completamente sem reação. Vendo isso, Naruto o cutucou e fez um sinal indicando que deveria dizer alguma coisa. O Uchiha pigarreou, mas não parecia encontrar sua voz. Sabia que faziam isso mais por Naruto do que por ele, mas ainda assim estava emocionado.

— Sasuke... — Naruto resolveu ajudar o amigo. — Sei que ainda é difícil de acreditar, mas todos aqui lutaram para trazê-lo de volta, e não só por mim, por mais que você pense assim.

— A-arigatou... — O Uchiha finalmente conseguiu dizer alguma coisa, mas sua voz estava embargada.

— Yare yare. — Shikamaru encarou Sasuke. — Todos aqui concordam que você voltou para o lugar de onde nunca deveria ter saído... Não fique tão surpreso.

— É isso mesmo, Sasuke-kun. — Sai deu um sorriso esquisito para Sasuke. — Mesmo que uma vez tenham decidido te matar...

—SAI! — Naruto, Chouji e Kiba gritaram juntos.

— Problemático... — Shikamaru apoiou o rosto na mão olhando Sai.

Mesmo ao ouvir isso, Sasuke não ficou aborrecido. Depois de tudo o que fizera, era mais que compreensível. O papo seguiu normalmente e todos tentavam integrar Sasuke à conversa quando era possível. Perguntavam normalmente sobre o tempo em que passou com Orochimaru, como se fosse algo normal a se fazer e parecendo sinceramente curiosos sobre os treinamentos que fizera. Não era fácil falar sobre isso, mas era uma coisa que fazia parte de sua vida. Conversaram e riram durante algum tempo, alguns escandalosamente, como Naruto, Kiba, Chouji e Lee, mas isso não foi problema já que Sasuke se via acompanhado por Neji e Shino em seus sorrisos discretos.

Pela segunda vez naquele dia, Sasuke se sentiu em casa.