Chegaram em frente a um prédio baixo e sem aparência de prisão, parecendo mais um hotel.

— É aqui. — Sasuke parecia inquieto e suava. Percebendo isso, Naruto escondeu um sorriso divertido. Nunca imaginou Sasuke agindo daquela forma por encontrar alguém. Por esse motivo, teve certeza que a pequena vingança que planejava pelos comentários debochados de Sasuke sobre seus problemas com mulheres, daria mais do que certo. Lembrou-se mais uma vez do que ouviu após sair do Ichiraku para encontrá-lo.

“Ao encaminhar-se para o local onde Sasuke estava, inesperadamente, encontrara Kakashi, que estava distraído com um dos livros da série Icha-Icha, como sempre. Nem viu Naruto vindo em sua direção.

— KAKASHI-SENSEI! — Naruto gritou de propósito, querendo assustar Kakashi, no que foi muito bem sucedido.

— Ah, Naruto! — Após o sobressalto, o jounnin se recompôs e cumprimentou Naruto, tentando disfarçar a surpresa. — Para onde vai?

— Vou encontrar Sasuke. Quero que ele me acompanhe para conversar com Karin.

— Hum. Poderia ser interessante ver isso... — Vendo que Naruto não entendeu o comentário, Kakashi explicou: — Fiquei sabendo que essa garota nutre uma paixão platônica por Sasuke. Os guardas da prisão me contaram que tinha uma foto dele e ficava falando com ela o tempo todo. Pensavam que ela era maluca. — Kakashi não segurou o riso ao completar: — Parece que havia vezes em que falava toda melosa, mas depois se transformava completamente, a jogava no chão e pisava sobre ela. Depois voltava a abraçá-la pedindo desculpas... Fico imaginando a cena. Mas o que mais poderia se esperar de uma Uzumaki, da yo ne?

— Kakashi-sensei! — Naruto o olhou com uma expressão de repreensão pela brincadeira, mas logo um sorriso malicioso apareceu em seu rosto. — Só não vou ficar chateado por esse comentário porque me deu uma ótima ideia. Ja ne!

Naruto saiu correndo para encontrar Sasuke, ainda formulando um plano para quando encontrassem Karin. Se Sasuke continuasse com as brincadeiras sobre sua vida amorosa, com certeza o colocaria em prática!”

Ainda antecipando sua pequena vingança, Naruto deu um sorriso mal disfarçado e se encaminhou para a entrada, sendo seguido relutantemente por Sasuke.

Infelizmente, uma grande confusão parecia tomar conta do local, fazendo com que o loiro esquecesse seus planos instantaneamente. Correu em direção à porta e assim que a abriu, viu o que parecia ser uma grande quantidade água batendo na parede ao seu lado.

Uma garota de óculos e cabelos vermelhos estava encolhida, próxima a uma parede do outro lado da sala, enquanto um rapaz enorme, de cabelo laranja, cheio de marcas pelo corpo gritava, aparentemente para a poça de água próxima à porta:

— SHINE*!

Ao ouvir o grito, e sem perceber as pessoas que entravam, a garota ruiva levantou-se e correu para uma porta no fundo da sala, atravessando-a.

Naruto observava toda a cena atônito, e ficou ainda mais ao ouvir uma voz, que aparentemente saía da poça de água:

— Já disse que te odeio, Juugo?

— Nanda ka*? — Fukusaku, que estava até então em silêncio no ombro de Naruto, aparentemente tão chocado com a cena quanto ele, perguntou em um tom estridente.

— Ochitsuke*, Juugo! — Sasuke passou por Naruto e olhou nos olhos do rapaz alto. O loiro percebeu que ele estava com o Sharingan ativado. Após as palavras do Uchiha, o outro pareceu paralisar e as marcas que tinha pelo corpo foram se retraindo e lentamente sumindo. A poça de água aos pés de Naruto começou a se levantar do chão e tomar forma, enquanto dizia:

— Valeu, Sasuke. Já não sabíamos mais o que fazer.

Observando a pessoa que se formava a partir da poça, Naruto imaginou que aquele devia ser Suigetsu. Olhou-o com maior curiosidade enquanto ele falava, já que seus dentes o lembraram muito Kisame, o ex-parceiro de Itachi, apesar de serem mais delicados.

Suigetsu percebeu que era observado pelo loiro ao seu lado e resolveu se apresentar, já que Sasuke não aparentava que fosse fazê-lo:

— Olá, sou Suigetsu. Você deve ser Uzumaki Naruto.

— Er... olá. — Naruto apertou a mão do garoto e sentiu que era fria e úmida. Acenou com a cabeça em direção ao sapo que permanecia em seu ombro. — Este é Fukusaku-sama. Como sabe quem eu sou?

Dando uma risadinha travessa, Suigetsu observou Sasuke, que conduzia Juugo e o fazia sentar-se no chão, encostado à parede, já que todos os móveis da sala estavam destruídos. Só então respondeu:

— Todos têm falado de você ultimamente... mas Karin o descreveu. — Ele olhou o loiro com curiosidade. — Mas o que faz aqui com o Sasuke?

Naruto deu de ombros antes de responder:

— Ele é meu melhor amigo. Porque não deveria?

Por um instante Suigetsu parecia que ia se desmanchar. Literalmente. Olhando de olhos arregalados para Naruto, todo seu corpo começou a respingar, até que ele conseguiu se controlar o suficiente para dizer alguma coisa.

— Amigo... Sasuke... melhor... você... — Parecia incapaz de formar uma frase coerente.

— Ahn... você está bem? — Pensando que o outro podia estar passando mal, aproximou-se e tocou Suigetsu no ombro, mas deu um pulo para trás com uma careta ao sentir a consistência de sua pele: parecia uma lesma em que houvessem jogado sal. Secou rapidamente a mão na calça.

— COMO ASSIM MELHOR AMIGO DO SASUKE? — O grito de Suigetsu pegou a todos de surpresa. Naruto deu mais um pulo com o susto, Sasuke e Juugo se viraram para ele. — Desde quando isso está acontecendo?

Naruto o olhava de olhos arregalados. Sasuke, que ainda estava agachado ao lado de Juugo levantou-se e se virou para o rapaz.

— Desde sempre. — Sasuke respondeu, cruzando os braços, arrancando um sorriso de Naruto e um par de olhos arregalados de Suigetsu.

— Demo... — O Jerii Bouzo*, como Naruto passou a chamá-lo mentalmente, encarou Sasuke inconformado. — Eu nem sabia que Uchiha Sasuke tinha amigos... muito menos um melhor amigo!

— E desde quando Sasuke falou alguma coisa de sua vida pra gente, Suigetsu? — Juugo também se levantou e postou-se ao lado de Sasuke, falando calmamente. — Está parecendo até uma namorada ciumenta.

— FICOU MALUCO, JUUGO? Isso é coisa pra Karin!

Naruto começou a rir e para espanto de Suigetsu e Juugo, até Sasuke esboçou um sorriso. Discretamente o ruivo grandalhão se afastou dele, olhando desconfiado. Mas o sorriso de Sasuke logo sumiu. Ouvir o nome de Karin o fez lembrar-se do que tinham que fazer ali.

— Fukusaku-sama, este é Juugo, de quem falamos antes. — O moreno apresentou. — Naruto, vamos resolver isso logo para podermos... — engoliu em seco antes de completar, numa voz hesitante, que em nada lembrava Uchiha Sasuke — falar com a Karin...

Juugo olhou diretamente para o sapo durante alguns instantes, como se não estivesse entendendo nada, mas disse educadamente:

— Prazer. — Virou-se para Sasuke e perguntou: — O que falaram sobre mim?

— Já que eu não posso me responsabilizar por vocês para que permaneçam na vila, Naruto se dispôs a fazer isso... — Se interrompeu ao ver seus dois ex-subordinados olhando admirados para Naruto.

— E por que você faria isso, Uzumaki Naruto? — Juugo perguntou diretamente ao loiro.

— Porque Sasuke me disse que gostaria de fazer isso, mas não pode, já que é um... ahn... é...

— Criminoso. — Sasuke completou calmamente, como se não se importasse com o rótulo.

— Sou da*. — Naruto acabou concordando, apesar de não gostar.

— Se o herói da vila e das cinco nações vai nos apoiar então não teremos mais problemas! — Suigetsu comentou, já entusiasmado, mas ao ver a expressão de Sasuke, perguntou, hesitante: — Ja nai*?

O moreno encarou Juugo diretamente antes de responder:

— Jitsu wa*, eu o contei sobre seu problema, para que ele soubesse exatamente onde está se metendo ao aceitar essa responsabilidade. — Vendo que Juugo abaixou a cabeça ao ouvir suas palavras, completou: — Naruto pensou em uma maneira de ajudá-lo. Não sabemos ainda se dará certo, mas é por isso que Fukusaku-sama está aqui, já que foi mestre dele e de Jiraya quando dominaram o Senjutsu.

Naruto viu um brilho de esperança aparecer nos olhos de Juugo, mas desaparecer logo em seguida. Não entendeu o motivo, até o grandalhão dizer em voz baixa:

— Eu sou muito perigoso. Não quero machucar Fukusaku-sama.

— Você não conseguiria, mesmo que tentasse. — Naruto respondeu rindo e viu Juugo olhá-lo incrédulo. Realmente o tamanho do velho sapo não impunha muito respeito, mas sabia muito bem se defender. — Daijoubu. Converse um pouco com Fukusaku-sama enquanto resolvemos um assunto com a Karin. Nee, Sasuke?

A única reação do moreno foi emburrar e olhar para o outro lado, mas mesmo aquela pequena cena fez com que Suigetsu o olhasse curioso, já que nunca o vira demonstrar qualquer tipo de emoção além de ódio. Ficou ainda mais curioso quando viu Naruto disfarçar um sorrisinho malicioso. O que estava acontecendo afinal? Decidido a descobrir, perguntou diretamente ao loiro:

— Sorede*, posso acompanhá-los?

— Hai! — respondeu Naruto.

— IIE!— Gritou Sasuke ao mesmo tempo. — Naruto... — A voz dele continha um apelo que não passou despercebido a Suigetsu. Nunca o tinha ouvido falar assim com ninguém, o que o deixou ainda mais perplexo. Karin havia contado que Sasuke quase a matara, mas não imaginava o que estava acontecendo para que ele agisse assim. Não era típico dele. Porém preferiu não perguntar nada e apenas observar o rumo dos acontecimentos. Aparentemente seriam bem interessantes. Mais uma vez dirigiu-se apenas a Naruto:

— Quer que os leve até ela?

— Ikisho! — Naruto respondeu e pôs-se a seguir Suigetsu, que já se encaminhava em direção à porta pela qual vira a ruiva desaparecendo. Com um suspiro, Sasuke os seguiu. Fukusaku e Juugo ficaram na sala e se acomodaram em um dos cantos para conversar.

A porta dava em um pequeno corredor que terminava em uma escada estreita. Subiram a escada com Suigetsu na frente e chegaram a outro corredor, dessa vez mais largo e com duas portas de cada lado.

— Chotto matte. — Dizendo isso, Suigetsu afastou-se e entrou por uma das portas. Sasuke e Naruto se entreolharam, mas nada disseram. O outro voltou logo em seguida, mostrando uma chave. — Para o caso de Karin não querer abrir a porta. Ela faz isso às vezes, depois dos ataques de Juugo.

Continuou seguindo o corredor, até a última porta, do lado oposto à que entrara. Bateu duas vezes e não obteve resposta.

— Karin, você tem visitas. — Disse alto, enquanto batia mais forte na porta.

Ouviram alguns sons abafados dentro do quarto e logo depois a porta foi aberta de supetão.

— QUE VISITAS SUIGETSU? — Ela gritava com uma expressão de irritação. — Quem nessa cidade viria me visitar...

Parou de repente ao ver Sasuke parado ao lado de Suigetsu. Não viu Naruto, que discretamente dera um passo atrás, ficando parcialmente escondido de seus olhos pelo Uchiha. Karin fez menção de fechar a porta novamente com uma expressão de pânico em seu rosto, mas foi impedida por um movimento rápido de Naruto, que empurrou o moreno em direção à porta. Sasuke perdeu o equilíbrio e caiu sobre Karin, que começou a gritar apavorada. Aproveitando a confusão, o loiro bateu rapidamente a porta, ao mesmo tempo em que tirava a chave das mãos de Suigetsu e a girava na fechadura.

Suigetsu viu todos os movimentos de Naruto com as sobrancelhas levantadas. Depois da porta trancada, novamente o sorriso malicioso tomou conta das feições do loiro.

— Nande yo...?

— Shimpai na*. — Naruto deu um sorriso perverso. — Ele precisa aguentar as consequências de seus atos!

Dizendo isso, encostou uma das orelhas na porta, gesto que foi imitado por Suigetsu, mas nem precisavam de todo esse trabalho, pois os gritos de Karin recomeçaram logo em seguida, acompanhados do barulho de várias coisas se quebrando na parede.

— Fique longe de mim, Uchiha! Veio terminar o que não conseguiu da última vez?

— Karin, não é nada disso! Se acalm...

— NÃO ME PEÇA PRA FICAR CALMA! — Esse grito foi acompanhado pelo barulho alto de vidro se quebrando e uma considerável quantidade de água escapando por baixo da porta.

— Karin! — A voz de Sasuke saiu alta e ofegante. O barulho de alguém se movendo rápido e esbarrando em alguma coisa. Uma pessoa se debatendo. — Gomenasai*! — O som de alguém se debatendo parou subitamente, ao mesmo tempo em que um sorriso apareceu no rosto de Naruto e Suigetsu arregalou tanto os olhos que pareciam que pulariam das órbitas a qualquer momento. — Eu vim me desculpar por quase ter te matado. Você pode parar de me atacar e ouvir?

No momento, Naruto achou que já era o suficiente e se afastou da porta, encostando-se do outro lado do corredor. Daria um pouco de privacidade para que Sasuke pudesse se entender com a garota, mas não fez questão de puxar Suigetsu junto. Sentia que seria bom que aqueles dois conhecessem o mesmo Sasuke que ele. Ficou apenas observando as expressões que o garoto encostado à porta fazia. Variavam entre descrença, curiosidade e diversão. Quando viu espanto nas feições do outro, seguido de um olhar em sua direção, sentiu que logo chegaria sua vez de falar com Karin. Soltou um suspiro e se preparou para o que viria. Presumindo-se que Sasuke não o matasse logo que saísse do quarto, claro!

Após dez minutos de conversa, a porta foi aberta lentamente por Karin. Ela tinha uma expressão estranha, como se estivesse sonhando. Assim que viu Naruto, ficou olhando-o por uns instantes, mas se recuperou logo e deu um pulo, agarrando-o pelo pescoço e enlaçando as pernas em sua cintura.

— Ôe! — Naruto quase foi ao chão com o impacto. Tentou falar entre os beijos que Karin dava em seu rosto: — Maa, maa... Yamero* ‘ttebayo!

Ela o soltou, desceu de seu colo e segurou seu rosto tão apertado que um bico se formou em Naruto.

— Hontou desu ne? Você é mesmo meu otooto*? — Karin tinha lágrimas escorrendo por seu rosto e um sorriso nos lábios.

— Uh... não é bem isso... — Sem saber mais o que fazer, virou-se irritado para Sasuke, que observava a cena com um meio-sorriso perverso. — O que disse a ela, teme? — Sua voz saiu distorcida, pois Karin ainda apertava suas bochechas.

— Só disse a verdade. A parte do irmão, foi ela que presumiu...

— Não importa! Ureshii!* — Karin voltou a agarrar o pescoço de Naruto com tanta força que quase separou sua cabeça do corpo. — Nunca tive uma família antes! E pensar que é logo você!

— Itai! — Naruto segurou os braços de Karin e a afastou. — O que quer dizer com isso? Por que disse que logo eu?

Antes de responder, Karin o segurou pela mão e entrou no quarto, empurrando-o para que se sentasse na cama. Olhando em volta, Naruto percebeu que era um quarto bem simples e pequeno, mas que tinha alguns objetos espalhados em cima de um gaveteiro que servia também de mesa. Aparentemente o que ela havia jogado em Sasuke era um vaso que continha algumas flores, já que o chão encontrava-se cheio de água, cacos de vidro e flores destruídas. Olhou melhor para o moreno e reparou que ele tinha marcas de batom espalhadas pelo pescoço e a gola rasgada da camisa branca, além de estar com os cabelos e boa parte da roupa molhados. A ruiva sentou-se ao seu lado na cama e segurou suas mãos.

— Eu posso sentir o chakra das pessoas, sabe? Quando me trouxeram para Konoha daquela vez... — ela lançou um olhar para Sasuke antes de continuar — eu senti em você um chakra tão bom e quente... apesar... — ela estremeceu um pouco — também senti algo estranho e cheio de ódio, mas era uma sensação tão fraca comparada com o resto. Vi as brincadeiras e a conversa entre você e seus amigos e me senti bem. Quando chegamos à vila, vi que era um lugar tão bom e agradável quanto você e tive vontade de ficar aqui. Acho que, de alguma forma, foi a primeira vez que tive realmente vontade de pertencer a algum lugar. Mas algo em você mudou. Seu chakra está diferente. Não sinto mais aquele ódio, mas ainda posso sentir aquela coisa diferente... não sei explicar... parece que há vários tipos de chakras diferentes dentro de você agora... mas isso é impossível, ja nai? Está ainda mais agradável do que antes.

Ouvi-la falar de seu chakra daquela maneira estava deixando Naruto constrangido, mas engoliu essa sensação para continuar a conversa. Ficou feliz também por saber que ela não sentia mais aquele ódio que antes ele abrigava, pois tinha certeza que pertencia à Kurama.

— Você sabe que sou um Jinchuuriki, não sabe? — Viu que ela o olhou espantada. — Eu era o Jinchuuriki da Kyuubi.

— E não é mais? Como isso é possível? — Olhou para Sasuke. — Nos disseram que quando se extrai o bijuu o portador...

— Na verdade, ele ainda está aqui. Acompanhado de mais... — Naruto hesitou um pouco antes de completar, afinal nem mesmo a Sasuke falara sobre o que Bee havia feito durante a reunião dos Kages — sete.

— Nani? — Karin estava com os olhos arregalados. Ela os fechou e se concentrou, como se quisesse sentir novamente seu chakra. — Isso é incrível! Esses são os bijuus? — Ela abriu os olhos e encarou Naruto, que apenas assentiu. — Nunca imaginei uma coisa assim.

— O que quer dizer? — A pergunta partiu de Sasuke, que curioso, observava a cena ao lado de Suigetsu.

— Esse chakra... é incrivelmente poderoso. A primeira vez que o senti, foi quando me trouxeram para cá, como disse, mas era tão diferente. Era... frio e cheio de ódio. Mas agora parece que tem o mesmo calor que o de Naruto. Tem paz. E esperança.

Naruto não pode deixar de abrir um sorriso ao saber disso. Os bijuus estavam em paz agora e voltaram a ter esperança. Não iria desapontá-los. No entanto, resolver seus assuntos com Karin agora era a prioridade.

— Eu vou falar com Tsunade baa-chan. Quero que fique na vila. — Virou-se para Suigetsu que estava em silêncio. — Você também. Estão dispostos a ficar aqui como shinobis de Konoha?

— É claro! — Karin respondeu com um sorriso. — Sasuke disse que terão que partir em breve, mas estou disposta a ficar aqui e esperar meu otooto!

— Eu também. — Suigetsu olhou para Naruto de um jeito estranho. — Por que está fazendo isso?

— Porque acho que os laços são importantes, e independente de como tenha sido, vocês os criaram quando foram uma equipe. Não conheço os motivos de cada um, mas ficaram ao lado de Sasuke todo esse tempo. De certa forma cuidaram dele e como eu não estava lá para fazer isso, sou grato a vocês. — Olhou para Sasuke antes de completar: — E quero que meu melhor amigo pare de querer romper seus laços! São eles que nos trazem força para seguir em frente.

Os outros três ficaram em silêncio após as palavras de Naruto, pensando sobre elas.

Suigetsu sabia que nunca havia tido o que o loiro chamava de laços, não antes de entrar para a Hebi. Mesmo seu irmão não fora realmente um laço. Mal o conheceu, e mesmo que quisesse restaurar os espadachins da névoa, perguntou-se se não era para pertencer a algum lugar, como havia dito Karin. Se fosse esse o motivo, parecia que tinha encontrado o lugar certo.

Os pensamentos de Karin a levavam por conclusões parecidas com as de Suigetsu, mas com pequenos diferenciais: ela sabia que nunca teve verdadeiros laços e sentia falta disso. Quando Sasuke disse que ela também era uma Uzumaki, que pertencia ao mesmo clã de Naruto, sentiu como se houvesse encontrado uma família. Aquele rapaz era uma pessoa iluminada, isso ela podia dizer só de olhá-lo, e talvez essa luz pudesse guiá-la para longe da escuridão que viveu desde que se juntou a Orochimaru.

Sasuke apenas pensava em como havia sido estúpido, fugindo tanto tempo de Naruto.

Karin abraçou Naruto, dessa vez de maneira mais calma e disse apenas uma palavra, que transmitiu o que todos ali sentiam:

— Arigatou.

Depois de corresponder brevemente o abraço de Karin, Naruto levantou-se e se espreguiçou.

— Bem, vamos ver o que Fukusaku-shishou e Juugo resolveram. Ainda preciso falar com Tsunade baa-chan sobre vocês.

Os quatro saíram do quarto de Karin e foram para a sala, onde encontraram Juugo sozinho, junto a uma mochila. Ele estava parado ao lado de uma janela aberta e um passarinho repousava sobre sua mão levantada.

— Juugo? — Sasuke chamou a atenção do rapaz, que se virou com um pequeno sorriso nos lábios. — Onde está Fukusaku-sama?

— Ele voltou ao Monte Myoboku para preparar as coisas. — Juugo respondeu, em voz baixa. — Vou ficar lá durante um tempo, não sei ainda quanto, mas pelo menos até adquirir controle sobre meu poder. Nem sabia que isso era possível, mas Fukusaku-sama me examinou e disse que talvez nem seja tão difícil.

— E depois? — Naruto olhou para Juugo e fez a mesma pergunta que já havia feito a Suigetsu e Karin: — Está disposto a ficar e ser um shinobi de Konoha?

— Se conseguir me controlar e deixar de ser uma ameaça, sem dúvida. — Alternou seu olhar curiosamente entre Naruto e Sasuke, parando enfim no último. — Agora que sei que tem amigos, me aceitaria como um deles quando voltar, Sasuke?

Aquela pergunta, feita de maneira tão inocente e espontânea, pegou o Uchiha de surpresa. Vendo que todos o encaravam, pigarreou para disfarçar o constrangimento e respondeu, sério como sempre:

— É claro, Juugo.

— E você, Uzumaki Naruto?

— Você já é, Juugo. Espero que aproveite o treinamento com Fukusaku-shishou.

— Arigatou. — Dizendo isso, Juugo desapareceu numa nuvem de fumaça, o que surpreendeu a todos ali, menos Naruto, que conhecia bem aquilo.

— Não se preocupem. Isso foi apenas uma invocação reversa. Ele já deve estar no Monte Myoboku agora. — Naruto disse, ainda olhando para o local onde estivera Juugo. Virou-se para Sasuke. — Vamos?

— Hai. — Sasuke olhou para seus ex-companheiros e disse, como forma de despedida: — Só tentem não se matar.

— Ja ne. — Já seguindo Sasuke, Naruto gritou sobre o ombro: — Eu volto para me despedir antes de viajarmos, Suigetsu, Karin nee-chan!

Assim que saíram de lá e se afastaram um pouco, Sasuke parou e chamou, com uma voz cavernosa:

— Dobe...

— O que foi, teme? — Naruto virou-se para Sasuke e viu que ele estava com o Sharingan ativo. — S-sasuke?

— Você me paga!

Naruto havia quase esquecido do que fez antes, mas aparentemente Sasuke não. O loiro deu um passo para trás para se afastar, mas viu Sasuke vindo em sua direção com os punhos fechados, pronto para socá-lo até que sobrasse apenas uma massa disforme. Virou-se e correu, como não corria há muito tempo, sendo perseguido pelo Uchiha. Pulou pelos telhados de algumas casas e o grito de Sasuke chamou a atenção de muitas pessoas pela rua:

— Eu vou acabar com você, dobe!

Pulou em uma rua para continuar correndo, mas deu de cara com a última pessoa que queria encontrar naquelas circunstâncias.

— S-sakura-chan!

— O que aconteceu, Naruto? Porque está cheio de... — Parou de falar ao ver Sasuke aterrissar ao lado de Naruto, em situação ainda pior. — Mas o que aconteceu com vocês? Por que está todo molhado, Sasuke-kun? E essas marcas... O QUE VOCÊS ANDARAM APRONTANDO?

Ambos ficaram estáticos com o grito de Sakura e engoliram em seco, mas apenas Naruto gelou dos pés à cabeça. Sabia que a garota nunca socaria Sasuke, mas ele...

Entreolharam-se e perceberam de quais marcas Sakura devia estar falando. Naruto já havia reparado, mas se esqueceu de que as marcas dos beijos de Karin não deviam estar apenas em Sasuke. Para que as coisas não ficassem ainda piores para ele, virou-se e correu, não dando a nenhum deles a chance de reagir.