Devagar, sentindo uma dor enorme por todo o corpo, ele tentou abrir seus olhos. Ouvia várias vozes que não conseguia identificar, falando palavras incompreensíveis em tom urgente. Decidiu ficar um pouco mais com os olhos fechados e tentar entender onde estava e o que havia acontecido. Aos poucos, fragmentos do que acontecera foram passando por sua mente confusa.

A guerra.

Seus amigos e o mundo shinobi* em perigo.

Um genjutsu* totalmente surreal sendo explicado por um homem mascarado.

Uchiha Obito...

E depois a estátua criando vida. Killer Bee, Kakashi-sensei e o sobrancelhudo-sensei lutando a seu lado para que o maior pesadelo do mundo shinobi não fosse concretizado. E de repente ele... sim, Uchiha Madara. Que deveria ter sido derrotado pelos cinco Kages... Mas o que havia acontecido depois? Por mais que tentasse não conseguia se lembrar.

Decidiu que estava na hora de encontrar algumas respostas e resolver que, finalmente, abriria os olhos. Mas uma voz, mais distinta que as demais ao seu redor, se fez ouvir.

— Ei, gaki*, já acordou?

Essa voz... Ele conhecia bem, já que ela o acompanhou praticamente desde o instante de seu nascimento. Não apenas a voz, mas o ser ao qual ela pertencia.

— Kurama...  — Murmurou, abrindo os olhos e fazendo força para sentar-se.

Ele estava em um local que, tinha certeza, era dentro de si, mas diferente do lugar onde anteriormente ficava presa a Kyuubi. Era um local onde várias cores se fundiam, porém a predominante era o branco, um branco brilhante que transmitia uma sensação de paz, por todos os lados e também sob seus pés, quase como se fosse um globo. Conhecia esse lugar, pois foi onde seu pai o levou na primeira e única vez em que se encontraram. Olhou ao redor e lá estava Kurama, deitado a seu lado sobre as patas dianteiras e o encarando com um sorriso, que pelas feições da fera, era ainda mais assustador que sua habitual cara de mau-humor.

— Yo, Kurama... Você sabe o que está havendo? Não consigo me lembrar de muita coisa... O que está acontecendo?

— Naruto... Antes que eu te diga qualquer coisa, porque não dá as boas-vindas a seus novos hóspedes?

— Novos... hóspedes? O que quer dizer?

Sem falar nada, Kurama apenas apontou para um lugar às costas de Naruto. Ao se virar, levantou-se com um pulo. Viu a alguma distância seus mais recentes conhecidos, Ichibi, Nibi, Sanbi, Yonbi, Gobi, Rokubi e Nanabi o olhando em silêncio. Os sete bijuus. Lembrou-se então da reunião que aconteceu em um lugar que não sabia bem onde era, e de cada um deles lhe dizendo seu verdadeiro nome. No momento, porém, não era capaz de se lembrar com clareza de todos, pois mesmo onde estava, sua cabeça continuava confusa e latejando. Resolveu então fazer a única pergunta que seu cérebro aturdido foi capaz de formular no momento:

— O-o que estão fazendo aqui?

— Deixe de ser mal-educado, gaki, isso é jeito de tratar quem te ajudou tanto? — disse Yonbi, fazendo com que Naruto se lembrasse de seu encontro anterior e de seu nome.

— Er... gomen, Son, mas...

— Pare de ser tão rabugento, Son... O garoto está confuso, o que é normal, depois de ter absorvido tanto poder, o que poucos shinobis aguentariam sem morrer. — Disse Matatabi, a Nibi, de uma maneira calorosa, olhando com certo carinho para Naruto, o que o deixou ainda mais confuso.

— O que quer dizer com “absorvido tanto poder”? E como podem todos vocês estarem dentro de mim? O que aconteceu com Obito e Madara? E com o Juubi*? Ele não havia despertado? Ei, espera aí! E a guerra? O que estou fazendo aqui, conversando com vocês, enquanto meus amigos estão lá fora em perigo? Preciso acordar e ir ajudá-los! Preciso...

— CALA A BOCA, NARUTO! — Gritou Kurama, fazendo com que Naruto voltasse sua atenção a ele.

— NÃO ME MANDE CALAR A BOCA, SUA RAPOSA BAKA*! Não sei ainda o que está acontecendo, mas preciso ajudar os outros, tenho que acordar e acabar de uma vez com essa guerra, como vou...

— A guerra já acabou, Naruto... — Disse Matatabi calmamente, fazendo com que Naruto se calasse e olhasse para ela espantado.

— C-como assim acabou? N-nós perdemos? E-eu... falhei?

— Claro que não, baka, caso contrario nenhum de nós estaria mais aqui. Por que não desiste e deixa que eu pense por nós dois de agora em diante? — Perguntou Kurama de maneira insinuante.

— Só por que você quer... — Disse Naruto baixo, porém ainda olhando para Matatabi.

Percebendo que ele esperava uma explicação, todos os bijuus olharam para Son Goku, fazendo com que este soltasse um suspiro exasperado por terem jogado aquela tarefa para ele. Son ficou calado ainda alguns segundos olhando para eles, mas quando Naruto fez menção de recomeçar a falar, ele disse rápido:

— Tudo bem, eu explico!

Naruto sentou-se novamente, dessa vez apoiando as costas em uma das patas de Kurama, que soltou um “humpf”, mas não se afastou. Isso fez com que ele se sentisse um pouco melhor, pois parecia que a recém-adquirida confiança entre eles continuava valendo.

— Bem, o que quer saber? — Perguntou Son olhando diretamente para Naruto.

— Tudo, ‘ttebayo! Não estou conseguindo me lembrar de quase nada do que aconteceu... Lembro que Madara apareceu, mas depois... Tudo parece em branco!

— Certo, mas eu preferiria que você tentasse se lembrar do que houve primeiro, por conta própria... — Vendo que Naruto abria a boca para dizer alguma coisa se apressou em completar: — Feche os olhos e concentre-se!

Naruto suspirou, mas assim fez. Fechou os olhos e se concentrou como se estivesse reunindo chakra da natureza para entrar no modo Sennin.

Após alguns minutos sua mente encheu-se de imagens confusas. Concentrou-se ainda mais. Então, assim como um quebra-cabeça vai sendo montado, esses fragmentos de imagens começaram a fazer sentido, porém o que ele via era, no mínimo, perturbador.

“A luta contra Obito e Madara. A chegada dos exércitos da aliança. O aparecimento dos Kages, mas sem Tsunade. Sakura e Shizune tratando dos ferimentos de Kakashi e Guy enquanto seus amigos assumiam a luta contra Obito e ele se concentrava em Madara.

Estava perdendo, Madara era muito forte. E então...”

Concentrou-se mais, fazendo com que sua cabeça, que já latejava, sofresse uma pontada concentrada de dor. Apertou os olhos, mas não desistiu. Mais imagens se formaram.

“Um jutsu de Madara e o impacto que poderia tê-lo matado se não estivesse protegido pelo chakra da Kyuubi. Mais um ataque, e dessa vez não conseguiria desviar, ainda estava atordoado... E então alguém surgiu à sua frente, o protegendo...

Por um instante sentiu seu coração se apertar com uma sensação de déjà vu*, mas logo pode perceber que não era quem ele pensava à sua frente... Ao contrário, era a última pessoa que ele poderia esperar.”

Abrindo os olhos e perdendo completamente a concentração apenas murmurou:

— Sasuke!

Agora estava ainda mais decidido a se lembrar de tudo o que havia acontecido. Fechou novamente os olhos e se concentrou ainda mais no caleidoscópio de imagens que sua mente lhe apresentava.

“Sasuke lutando contra Madara. Susano’o contra Susano’o. Ele se juntou à luta. Sasuke e ele lutavam como uma equipe, como se nunca o houvessem deixado de ser. Mas não era o bastante. Não conseguiriam derrotá-lo.

Os exércitos atacavam o Juubi, tentando pará-lo. Muitos shinobis feridos e vários mortos espalhados pelo campo de batalha. Um sentimento de fúria e impotência.

Então, aquele poder. Começou devagar, iniciando-se em seu peito, mas rapidamente se espalhando por todo seu corpo. Parecia que não era apenas ele que sentia. Várias exclamações de espanto dos shinobis da aliança. Madara e Sasuke o olharam. Madara com curiosidade, Sasuke com espanto.

Uma pergunta dirigida a Kurama e a simples resposta — “Deixe fluir”. — E ele deixara. Voltou a atacar Madara com força total, dessa vez com mais sucesso. Durante os ataques, algo diferente. Concentrou esse poder diferente em seu ataque. A surpresa. Katon* – Rasenshuriken. Mas como era possível? Não podia manipular o fogo... Ou podia? Madara desviou e onde o ataque acertou uma cratera de quase 200 metros de diâmetro surgiu. Não era possível. Era quase tão poderoso quanto a Bijuu Dama*. Passado o espanto, Sasuke voltou a atacar Madara ao seu lado.

Kakashi voltara à luta e parecia que junto a seus amigos conseguiriam derrotar Obito. Os Kages haviam se juntado à batalha e atacavam o Juubi junto com os aliados.

Em algum momento Sasuke foi atingido e caiu desacordado, com um ferimento horrível no peito. Sentiu medo. Agora que ele voltara, não podia morrer. Voltou a atacar Madara com todas as suas forças. Não se cansava. Apenas queria que aquilo acabasse logo para ter a certeza de que o amigo ficaria bem. Usando todo esse novo poder que emanava dele, direcionou um ataque a Madara, fazendo-o tombar. Nesse momento, sem entender de que maneira tinha esse conhecimento, soube o que fazer.

Com um grande ataque conjunto, os aliados causaram um estrago tão grande na Gedou Mazou que o Kohaku No Johei* ficou visível entre os escombros da estátua. Parecia que o Juubi não estava completo, já que seu corpo ainda reagia como a estátua. Foi até lá usando o Hiraishin no Jutsu* e tirou-o de lá antes que seu poder pudesse ajudar a regenerar o corpo do monstro. Por um instante pensou em destruí-lo, porém ainda poderia ser útil. Pediu que um de seus clones passasse certa mensagem a Kakashi e colocou seu plano em prática. Não entendia como sabia, mas tinha certeza que poderia fazê-lo. Viu de longe Kakashi olhá-lo preocupado, mas logo em seguida voltar à batalha, ajudando nos ataques à Obito com vigor redobrado.

Naruto sabia que não podia demorar, pois o jutsu dimensional de Kakashi não poderia ser utilizado muitas vezes. Retirou a tampa do Kohaku No Johei e concentrou todo seu chakra para apenas um propósito. Fez alguns selos numa rápida sequência e colocou uma mão sobre o pote e outra direcionada a Madara. O pote começou a sugá-lo, mas Madara resistia utilizando todas as suas forças. Concentrou ainda mais chakra, sentindo seu corpo queimar e um líquido quente e viscoso escorrer de suas narinas. Sangue. Nunca havia usado tanto poder para um único propósito, mas conseguiu. Madara foi selado. Naruto colocou a tampa, ainda ouvindo os gritos e maldições de Madara, e logo em seguida caiu de joelhos. Sentia todo seu corpo dormente, mas sabia que ainda não podia se render ao cansaço.

Levantou-se e, utilizando o que restava de seu chakra, foi até onde estava Obito, que parecia bem ferido agora. A velocidade foi menor do que era capaz, mas foi o suficiente para pegar Obito desprevenido, pois no momento desviava-se de um ataque de centenas de kunais. Ele não podia usar o jutsu dimensional, pois Kakashi faria com que as armas o acertassem.

Naruto formou uma pequena Katon – Rasenshuriken e o acertou em cheio pelas costas. Foi pequena, pois além de a distância ser suficiente para matá-lo, não queria ferir seus amigos que estavam por perto, mesmo assim a explosão jogou todos os que estavam próximos a, pelo menos, vinte metros de distância. Todos os seus clones que ainda estavam lutando sumiram. Muitos shinobis que estavam no campo de batalha olharam assustados para onde havia ocorrido a explosão, com receio de que o pior houvesse acontecido, mas Naruto já estava de pé, dando a mão a um Kakashi ferido e abalado a seu lado, para que se levantasse. Os dois se dirigiram ao Kohaku No Johei, e Kakashi, utilizando o chakra que Naruto o havia pedido para poupar, enviou aquele pote, com Madara selado, a uma dimensão que agora apenas ele podia alcançar.

Olhando em certa direção, Naruto viu que Sakura já estava ajoelhada ao lado de Sasuke e se encaminhou para lá. A iryo-nin* chorava, com as mãos cheias de sangue, mas parecia concentrada. Ele percebeu que ela não desistiria por nada.

Com o pouco de força que recuperou quando seus clones se desfizeram, Naruto encaminhou-se, então, para a estátua destruída, Gedou Mazou. Precisava fazer aquilo, afinal, foi uma promessa.

Concentrou o que ainda lhe restava de chakra e ouviu um grunhido de reclamação. Sabia que era Kurama. Ele ainda estava um pouco fraco, mas também tinha certeza que o ajudaria no que ia fazer. Era como um jutsu inverso ao que usou para selar Madara. Usou-o na estátua e logo ouviu gritos; vários, centenas. Sons de armas sendo empunhadas e avisos de alerta. Estava cansado, mas reuniu toda sua força para avisar aos shinobis em pânico para não se preocuparem.

Os bijuus estavam livres. Os sete.

Eles se reuniram a sua volta, acompanhados dos olhares curiosos e também apreensivos de todos os shinobis da aliança que estavam em condições de notarem algo ao seu redor. Apesar do aviso de Naruto, nenhum baixava a guarda. Mas os bijuus pareciam não se importar. Nem Naruto. Eles disseram qual era a ideia e contaram sobre a profecia do Rikudou Sennin*.

A princípio assustado, ele lembrou-se do que era ser um Jinchuuriki, de toda a tristeza e sofrimento que isso acarretava. Não desejava isso para mais ninguém. Aceitou seu destino. Liberou novamente o selo que antes prendia Kurama. Cada bijuu entendeu sua mão fechada em punho, como antes haviam feito. Naruto tocou cada uma e sentiu como se todas as células de seu corpo fosse irromper em chamas, mas resistiu. Ao tocar a última, que era Nanabi, simplesmente perdeu os sentidos. Estavam todos dentro dele agora.”

Abriu lentamente os olhos e encarou os bijuus. Então era isso. Não era apenas Jinchuuriki de Kurama agora, mas de todos eles.

Por um instante imaginou como seria sua vida dali em diante, já que ser Jinchuuriki de apenas um bijuu já era, como diria Shikamaru, problemático, imagine-se então de oito.

Mas não era hora para isso, precisava de respostas.

Encarou Son Goku, determinado a ter respostas para as questões que o atormentavam desde que se lembrara da batalha, e fez a primeira que mais o atormentava:

— Como fui capaz de usar o Katon? Meu elemento sempre foi Fuuton*... Sei que alguns shinobis podem dominar um segundo elemento, mas nunca treinei pra isso... Nem mesmo tentei!

— O Rikudou Sennin sempre pode combinar todos os elementos — disse Son — então...

— Mas eu não tenho esse poder, desde o Rikudou Sennin, nenhum shinobi teve... — Interrompeu Naruto, mas sem dar importância a esse comentário, Son completou:

— ... obviamente também podia utilizar cada elemento em separado.

Sem entender muito bem onde Son queria chegar com esse comentário, Naruto perguntou:

— Mas o que o poder do Rikudou Sennin tem a ver comigo? Eu nunca tive nenhum poder além de meu próprio e de Kurama, nunca fui um shinobi que se destacasse por habilidades que nasceram comigo, sempre precisei trabalhar duro para chegar aonde cheguei, o que...

— Acredito que sua linhagem seja mais avançada do que sempre imaginou, — interrompeu Shukaku com ar pensativo, fazendo Naruto arrepiar-se, pois se lembrou de quando enfrentou Gaara durante o ataque a Konoha — afinal, você pertence ao clã Uzumaki, que originou-se de descendentes do Rikudou Sennin, e sempre foram especialistas em selamento, quanto ao clã Namikaze...

— Matte* ‘ttebayo! — Interrompeu Naruto, lembrando-se de mais uma pergunta que o atormentava. — Foi por isso, por causa de meu clã, que soube o que fazer quando... Foi por isso que soube como selar Madara?

— Na verdade a ideia foi minha. — Disse Kurama. — A passei a você durante a luta, não sabia como fazer aquilo, mas sabia que você conseguiria...

— NANI*? Como assim? Como poderia saber que eu conseguiria? — Naruto estava ainda mais aturdido do que no momento em que fez o jutsu. — Aqueles selos... Nem imagino de onde tirei aquilo!

— Está em seu sangue, em seu espírito. Como você acha que os primeiros jutsus foram criados? Não havia ninguém para ensiná-los. Digamos que foram criados usando o mesmo que você naquele momento... Instinto? Se é que podemos chamar assim... O que você acha Son? — Perguntou Kokuo, o Gobi, falando pela primeira vez.

— Acho que essa é a melhor explicação para isso... Mas sabe, Naruto? Também não temos todas as respostas. Temos que seguir nossos instintos quanto a isso tudo, e os meus me dizem que a hora chegou. — Son disse, olhando seriamente para Naruto, que após esse comentário, sentiu sua cabeça completamente vazia de pensamentos.

— Que hora? — Perguntou Naruto após alguns instantes. Essa conversa não estava fazendo sentido nenhum para ele.

— Quando estava próximo da... — Kurama começou, dando uma pequena pausa como se pensasse melhor no que diria — de nos deixar, o Rikudou Sennin nos revelou sua profecia. Como contamos antes, ele nos disse que chegaria o momento em que estaríamos todos juntos novamente, como um, mas disse também que quando esse dia chegasse, nos seria mostrado um novo caminho, um caminho justo. E que nesse caminho descobriríamos o que é o verdadeiro poder.

— Durante todos esses anos aguardamos um sinal de que isso fosse acontecer, mas acho que, com o tempo, perdemos todas as esperanças de esse dia chegar, e com ela, todos os sentimentos bons que faziam com que ficássemos juntos, como o sábio queria quando nos criou. — Disse Shukaku.

— Até agora. — Son falou, ainda encarando seriamente Naruto, deixando-o um pouco desconfortável. Seu desconforto foi ainda maior quando percebeu que todos os bijuus pareciam emocionados quando falavam do Rikudou Sennin.

— C-certo... vocês estão agora, quase todos, juntos aqui, mas ainda assim eu não entendo exatamente onde eu entro nessa história. — Naruto disse confuso. Só de imaginar que o Rikudou Sennin havia feito uma profecia onde ele se encaixava, se enchia de orgulho, mas não sabia o que deveria fazer quanto a isso.

— Parece que você deverá ser a pessoa a nos mostrar esse novo caminho, Naruto, e terminar algo o que o sábio não teve tempo de completar. — Matatabi, novamente o olhando com certo carinho, opinou.

Essa declaração deixou Naruto completamente sem fala. Ele apenas abriu a boca e encarou cada um dos bijuus para tentar descobrir onde exatamente estava a piada. Ele, completar o que o Sábio dos Seis Caminhos não conseguiu? Logo ele que sempre foi visto como o maior cabeça-oca da história de Konoha? E não só de sua vila, diga-se de passagem. Por todos os lugares onde passou sempre foi chamado de idiota, e agora isso? Claro que sempre acreditou que realizaria seu sonho de ser Hokage, de um jeito ou de outro, mas isso era muito diferente. Muito maior.

Então lembrou-se da profecia do Oogama Sennin* a Jiraya. Isso já era muito maior do que ser Hokage e proteger sua vila e as pessoas que amava. Fechando os olhos, respirou fundo.

— Yosh’! — Falou com mais determinação do que usara até então, encarando cada um dos bijuus. — Vou precisar da ajuda de vocês para isso.

Kurama deu uma gargalhada fazendo Naruto olhá-lo com irritação, mas antes que ele pudesse reclamar, a raposa disse:

— Esse é o Naruto que eu conheço! Mas você sabe qual é esse objetivo que o Rikudou Sennin não alcançou?

— Pelo menos isso eu posso responder, dattebayo! E você também pode, já que sabe da profecia do Ero-Sennin e conheceu o Rikudou Sennin! — Respondeu Naruto, agora já animado.

— E qual seria esse objetivo, gaki? — Perguntou Kurama.

— Mostrar a vocês o caminho certo é apenas uma parte desse objetivo e não deixar que continuem sendo usados como armas pelos shinobis e possam ser livres novamente será uma consequência. — Naruto estava sério.

— Aonde quer chegar com isso, Naruto? — Kurama também o encarava com seriedade, já que o fato de serem usados pelos shinobis como armas sempre foi o maior problema dos bijuus.

— O meu objetivo, ou melhor, o nosso objetivo, e que também era o desejo do Rikudou Sennin, é trazer a paz ao mundo shinobi!

Naruto foi encarado por todos os bijuus de forma estranha. Lembravam-se de que realmente esse sempre foi o maior objetivo de seu criador, seu mestre, seu pai. O sábio os tratava como filhos, ensinando o certo e o errado, e sempre falando de seus sonhos. Mas com o passar dos anos, centenas de anos, todos acabaram por perder as esperanças e, como havia dito Shukaku, todos os sentimentos bons que o sábio lhes havia ensinado, foram corroídos por ressentimento, ira e ódio. Serem capturados e usados pelos shinobis como armas apenas alimentou esse ódio. Agora, diante de si, tinham um rapaz, pouco mais que um menino, fazendo nascer no coração de cada um, uma centelha de esperança. E se deram conta: sim, tinham um coração, e ainda capaz desse sentimento.

— Naruto! — Kurama o chamou em um tom baixo, como se estivesse reprimindo algum tipo de emoção. — Se você conseguir cumprir o que está se propondo, talvez um dia eu fique grato ao Yondaime* por me selar em você...

Ouvir isso de Kurama deixou Naruto com um sorriso enorme no rosto. Respondeu com a voz um pouco rouca e em tom baixo, devido ao aperto que sentia na garganta:

— Farei com que seja grato ao Yondaime! É uma promessa!