Gutt escrita por Ennaz


Capítulo 8
Segredo entre primos


Notas iniciais do capítulo

*Enigma: Reposta*
Na verdade eram vinte garotas da Sonserina. Tirando aquela que elas estavam torturando. Eram vinte garotas malvadas da Sonserina. Dez ladeavam a Garnet. Três cuidavam da porta. Mas havia mais seis garotas em pontos estratégicos no banheiro.
*Fim do Enigma*
***Atenção***
Reeditei o capítulo 7. Agora ele está maior. Mais explicativo. Mais instigante. E mais envolvente. Quem leu o capítulo 7 a partir dessa data 13/12/2012, saiba que leu o capítulo reeditado.
***Fim do Comunicado***
A verdade é que eu sei desenhar. Sim. Eu geralmente consigo desenhar garotas muito bem. Ás vezes demora, mas eu acabo desenhando minhas personagens do jeito que eu queria que elas ficassem. Meu maior desafio são desenhar os garotos. Mas eu tinha pegado o jeito um tempo atrás. Estranhamente eu acabei perdendo um pouco da manha. Vai entender. Talvez eu não esteja praticando como deveria. Pois bem. Mas não era isso que eu queria falar com vocês. Estou pensando em mudar a sinopse da fic, mas sei lá...
Desisti de tentar nomear os capítulos com números. Isso me limita muito.



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- Ah, não... enfermaria de novo não... – lamentou Kate.

Eliane sentiu vontade de rir. Até que viu seu baralho de animais espalhado pelo chão do banheiro. Herdara o baralho de seu avô. Uma herança específica para ela, que incluía a mensagem: “Espero que o baralho lhe sirva, da mesma maneira que me serviu”. Jamais entendeu o significado da mensagem. Brincara diversas vezes com as cartas, mas ela sempre pegava a carta da coruja. Jamais gostou da coruja; ela batia as asas em meio ao céu noturno. Pois a sua associação à morte sempre lhe assaltava a mente quando a via. Parou de mexer no baralho. Mas sempre o mantinha por perto. Agora que ele se encontrava espalhado pelo chão do banheiro, temia olhar para a coruja novamente.

Estranhamente, todas as cartas estavam viradas para baixo. Apenas uma delas se encontrava virada para cima: a carta do tubarão; ele nadava de forma solene dentro do mar. O tubarão era um animal que também representava a morte. Mas também a transformação através da morte. O significado xamânico daquele animal, o “morrer para viver”, estava claro em sua mente. Significava, deixar a antiga vida para trás para viver uma totalmente nova. Ora! Não era isso o que estava acontecendo com Eliane? Intrigada, a garota ajoelhou-se para recolher as cartas. A começar pelo tubarão.

Capítulo 8

Segredo entre primos

- O meu dedo ficou um roxo inchado do tamanho de um pomo de ouro. Na hora doeu muito e achei que tinha quebrado-

- Ela chorou muito – Jade interrompeu a história de sua irmã.

- Não chorei. Mas doeu muito.

Esmeralda continuou a contar a história da vez em que bateu o dedo anelar na madeira maciça de uma cadeira com muita força. Sirius a ouvia divertido, pois era para ele que ela contava. Jade a interrompia de vez em quando. Contando algum detalhe que Esmeralda tinha esquecido. Tiago não as ouvia realmente. Ele observava Harry jogar xadrez de bruxo com Pedro. Remo ensinava as jogadas ao garoto. Mas também não era no Harry que ele se concentrava. Era nas conversas alheias em toda a sala comunal. Volta e meia Tiago trocava olhares significativos com Sirius. Ele também escutava as conversas. Não que fossem fofoqueiros. Mas porque eles esperavam ouvir falarem sobre um assunto específico: uma privada que explodiu.

Eles tinham colocado fogos filibusteiros dentro de um vaso no banheiro masculino do quarto andar. Ansiavam para ouvir alguma história de alguém sentar no vaso e ser arremessado por uma explosão e água e dejetos nojentos. Sabia que não demoraria muito. Era só uma questão de tempo. O buraco da passagem se abriu e por ele entrou um furacão; Bertha Jorkins veio correndo até Tiago e os outros. Arfando, disse:

- Vocês não sabem o que acabou de acontecer no banheiro do quarto andar!

- O que aconteceu? – Tiago perguntou, escondendo sua satisfação por mais uma marotice sua ter dado certo.

A garota lambeu os lábios, como se a notícia a deliciasse, e respondeu:

- Explodiram dois vasos no banheiro feminino do quarto andar.

É isso aí... ah? Espera! Andar certo, banheiro errado. E como assim dois vasos?

- Como assim dois vasos? – Sirius verbalizou a pergunta de Tiago.

- Eu não sei o que aconteceu. Só sei o que vi. E aquela sua parente, Eliane Potter, ela é sua parente não é? Bom, então. Só sei que ela tem algo a ver com isso. Tudo que vi foi ela sendo escoltada pela Prof.ª McGonagall e a Evans até a Ala Hospitalar junto com as garotas da Sonserina. E algumas delas foram levadas em macas. Estão dizendo que foi briga. E quando eu entrei no banheiro vi dois vasos destruídos. Parecia que um deles tinha sido arremessado em cima do outro. E, ah! Aquela prima de vocês, Kate Emer, também estava junto e se encontra na Ala hospitalar também.

Em nenhuma época de toda a história de Hogwarts alguém repetirá a façanha de Tiago Potter, e as gêmeas Hughes. Eles correram da sala comunal da Grifinória à Ala Hospitalar, em menos de trinta segundos.

- O que aconteceu?

- O que houve?

- KATEEE!!!

- Silêncio! – ralhou Madame Pomfrey.

Os três entraram quase arrancando as portas da enfermaria. Desesperado, Tiago procurou por Eliane. O que viu, jamais esquecerá: contou dezoito garotas da Sonserina. Metade desacordada. Metade desperta. Todas em leitos hospitalares. Perguntou-se o que teria acontecido. Encontrou uma ruiva, mas não quem viera ver. Era Lílian Evans. Ela tentava ajudar Madame Pomfrey a cuidar de todas as garotas, mesmo que as próprias não a quisessem. Correu até ela, perguntando:

- Onde está a Eliane?

- Onde está Kate? – as gêmeas tinham o seguido.

- Oh! – ela arfou, quase derrubando a poção que carregava, tinha levado um susto – Ai... elas estão pra lá. Achamos que seria melhor mantê-las afastadas das outras. Só por segurança...

Tiago correu para o canto mais vazio da enfermaria. Na direção que Lílian apontara. As gêmeas o seguiram. Encontraram as duas, e a amiga delas que Tiago achava que se chamava Xinavane, em leitos vizinhos. Eliane e Xinavane, estavam sentadas. Kate, a prima das gêmeas, estava deitada e parecia passar mal, embora não aparentasse estar ferida. Já as outras duas era outra história. Eliane segurava um pano ensanguentado na nuca. A Xinavane segurava um pano no olho e tinha um lenço amarrado no braço que parecia cobrir outro corte. Enquanto as gêmeas correram até Kate. Tiago se adiantou até Eliane.

- O que aconteceu? – perguntou.

- Er... as garotas da Sonserina são bem perigosas...

- Pelo visto, elas são. Mas não são dezoito garotas da Grifinória que estão na enfermaria.

Então a garota abriu um sorriso sapeca.

- Posso ver sua cabeça?

Eliane assentiu e se virou. Afastou o cabelo. Tiago sentiu aflição quando viu um calombo com um ferimento ensanguentado que coagulava. Ele o compararia com um vulcão que tinha acabado de expelir lava e agora esfriava.

- O que aconteceu? Pode me contar?

- Bom...

- Com licença – Lílian se aproximou deles. Eliane se calou na hora – não se preocupe, só vim aplicar a poção cicatrizante, vai acabar logo.

Claramente a contragosto, Eliane deixou que Lílian passasse a poção. Tiago ficou observando as duas enquanto Lílian trabalhava. Ainda mais a última. Achava que elas eram parecidas e que poderiam se dar muito bem se Eliane desse uma chance. Provavelmente o passeio ajude na aproximação das duas.

- Prontinho – disse Lílian quando o ferimento se fechou deixando apenas um monte liso – infelizmente eu não sei como tirar o galo. Vai ter que esperar a Madame Pomfrey vir.

- Ora, é só um galo – argumentou Tiago.

- Mas muitas garotas – Lílian rebateu – e um cara que se encontra com um foguete filibusteiro preso no traseiro.

Tiago riu divertido enquanto Lílian lançava um olhar penetrante nele.

- Puxa... em todos esses anos eu nunca vi tantas garotas da Sonserina na Ala Hospitalar ao mesmo tempo – Sirius comentava ao se aproximar deles. Harry vinha logo atrás com Remo e Pedro – foi você quem fez isso a elas, Raio de Sol?

- Na verdade-

- KAATEE!!

- KAATEE!!

- KAATEE!!

Agora imagine vinte e oito pessoas histéricas entrando numa enfermaria cheia de gente ferida gritando o nome de alguém. Foi o que Tiago viu. Vinte e oito pessoas, de onze a dezessete anos, entraram gritando pelo nome de Kate. Madame Pomfrey ficou furiosa, mas ela não conseguiu conter a invasão. Todos os parentes correram até aquela que deveria ser Kate e se juntaram às gêmeas numa histeria coletiva. Um gritava:

- Acudam! Acudam! Ela está morrendo!

Outro respondeu:

- Seu idiota, ela só está passando mal!

- Acudam! Acudam! Ela está passando mal!

Tiago viu um garoto baixinho, de cabelo loiro-escuro e cheio, andar tão rápido quanto uma preguiça até o leito de Kate. A cara dele era muito engraçada. Parecia que ele era sonâmbulo e estava andando dormindo. Viu um grupo de alunos da Sonserina entrar na enfermaria também. Tiago reconheceu uma garota no meio deles; Néia Manchotta. Ela era a monitora da Sonserina e cursava o sexto ano. Ele a viu encaminhar-se para uma garota da Sonserina que Tiago achava ser do quinto ano. Ele desviou o olhar da cena para Lílian que agora cuidava de um ferimento no supercílio da garota chamada Xinavane.

Havia muitas garotas, não é? E o cara com o foguete no traseiro. Ele riu ao se lembrar disso. Queria ver como estava o cara. Ele puxou os marotos e disse para Harry:

- Por que não fica um pouco com a Eliane e conversa com ela? Tenho certeza que irá se divertir.

- Ah... está bem... – o menino respondeu um tanto incerto. Tiago imaginou que ele havia percebido a hostilidade de Eliane em relação a ele.

- Espere com ela, ok?

- Tiago, o que você está pensando? – perguntou Sirius ao ser arrastado.

- Nada.

Ele puxou os marotos até a enfermeira. Ela não estava com uma cara muito boa.

- Madame Pomfrey. Eu e os meus amigos gostaríamos de ajudá-la, também.

- O que?! – seus amigos ficaram espantados.

- Ah, é? Então vão embora. Muita gente atrapalha.

- É sério, Madame. Nós podemos ajudá-la. Podemos aplicar as poções e o Remo sabe alguns feitiços simples para tirar galos e hematomas.

- É. Eu sei sim – respondeu Remo, que parecia muito contente – finalmente vou poder recompensá-la de alguma forma pelo trabalho que eu tenho lhe dado nesses anos.

- Então se querem ajudar...

E ela listou uma boa quantidade de tarefas para cada um. Para Pedro e Sirius ela ordenou que eles cuidassem de trazer e levar os materiais que ela usasse. Tiago e Remo ficaram encarregados de administrar as poções cicatrizantes e os feitiços para curar hematomas. Enquanto isso, ela cuidava do cara com o foguete no traseiro. O que foi uma pena, porque Tiago queria ver. Pelo menos ele tinha uma desculpa para ficar perto de Lílian e conversar com ela. Porém, o que mais compensou, foi a oportunidade de ouvir a quintanista da Sonserina contar a sua versão da história.

Tiago acreditava que boa parte era mentira. Mas o comentário que a monitora fez foi impagável.

- Ah, então três primeiranistas da Grifinória nocautearam nove e feriram oito garotas da Sonserina do primeiro ao quinto ano? Puxa! Estou impressionada! – dissera a garota, mas ela terminou com um comentário intrigante – mas eu não estou entendendo porque a Cenedesi aparenta estar tão abatida e fraca se ela sequer estava brigando.

O que aquilo significava? Pensou em perguntar para Eliane quando tivesse a oportunidade.

Enquanto isso. Harry não sabia como começar uma conversa com a prima do seu pai. Ela não parecia gostar dele. Aliás, ele sabia que ela não gostava dele. Era como a sua tia Petúnia que, por razões desconhecidas, o detestava. Pensou que, como aprendera a conviver com os Dursley, ele teria que arranjar uma forma de conviver com a prima do seu pai. Da melhor maneira possível. Ele ficara a observando. Procurando um jeito de começar uma conversa. Mas ela estava de costas para ele. Como tia Petúnia fazia quando não queria reconhecer sua presença.

Independentemente de como a prima de seu pai o tratava, Harry gostava dela. Ele se sentia ligado a ela porque... ambos tinham perdido seus pais. Mesmo que Harry agora estivesse convivendo com os seus pais, mesmo que mais jovens, ele sabia como era ficar sem os pais. Ele queria dizer a ela que a entendia. Mas seu pai o tinha proibido de falar que era órfão. Para qualquer um. Principalmente para sua prima de terceiro grau. Ele perguntou o porquê. Seu pai explicara:

- Ela agora está apegada a mim. Me vê como um irmão mais velho e um segundo pai. Se ela souber que você é órfão, ela vai descobrir que em algum futuro... eu morri. No momento... esse tipo de descoberta seria capaz de... de deixá-la extremamente triste.

Harry compreendera o que seu pai queria dizer. Sua prima não seria capaz de aguentar...

- Cordeiro... – disse ela, interrompendo os pensamentos de Harry.

- O que?

- O cordeiro. Você – ela se virou, mostrando uma carta onde se via o desenho de um filhote de ovelha dormindo num prado durante o nascer do sol. Lírios balançavam na brisa ao lado do cordeirinho. Via-se uma cerca ao fundo e um lago com algumas flores flutuando sobre a água – é um cordeiro. Você é um cordeiro.

Harry desviou sua atenção para os olhos da prima de seu pai. Ficou surpreso, assombrado e maravilhado. Os olhos atrás dos óculos, eles estavam brilhando. Na cor do ouro.

- Há vários símbolos nesta carta que indicam qual seu propósito – o brilho em seus olhos se intensificou – a nenúfar flutuando no lago é símbolo de um coração puro. O cercado representaria proteção. A aurora que rompe a escura noite. Será que você nasceu para trazer luz? E os lírios? Os lírios costumam serem símbolos da pureza, mas... considerando o nome de sua mãe, será que é ela? Ela está ao seu lado. Está sempre ao seu lado. E o cordeiro? Em várias culturas o cordeiro é símbolo de sacrifício. Um sacrifício que não luta contra a sua morte, contra o seu sacrifício. Quando chegar a hora, será que você sairá do cercado por livre e espontânea vontade para que o matem?

Então Harry começou a ter muito medo. O que ela estava querendo dizer com aquilo? Que ele ia morrer? Que ele ia se deixar ser morto? Como ela podia dizer aquilo? Como ela podia saber?

Um sorriso surgiu em sua prima de terceiro grau. O sorriso de alguém que se diverte. E Harry temeu mais ainda. Ela disse:

- Essa nossa curta conversa deve ficar em segredo – e o brilho dourado em seus olhos se apagou. Agora eles eram apenas castanho-dourados.

Harry continuou a encará-la apavorado. A garota piscou como se estivesse confusa. Sentou-se ereta.

- Por que está me olhando assim?

Ele não respondeu. Continuou a olhá-la assustado.

- Está com medo? Eu que estou com medo, não me lembro de ter me virado para você – e ela viu a carta em sua mão – o cordeiro... eu gosto e ao mesmo tempo não gosto dessa carta. Ela significa sacrifício, sabe? Mas... afinal, como me virei sem saber?

Como é? Ela não sabia? Não se lembrava?

- Você... não se lembra? – Harry perguntou num fio de voz, muito assustado.

- Do que? De me virar? Não.

- Nem do que me disse sobre o cordeiro?

- Acabei de falar do cordeiro. Ele significa sacrifício. Não de sacrifício em si. Mas de sacrificar-se por um bem maior. Abrir mão de algo muito importante e valioso pela felicidade de outra pessoa. Considerado um grande sacrifício. O cordeiro significa isso.

- Mas e... a cerca... os lírios e as flores no lago?

- Eles tem significado? Sempre me concentrei nos animais, não no cenário. Mas... agora que você falou... eu devia olhar para as paisagens nas cartas para ter uma ideia melhor?

- Ideia do que?

- Ah... meu avô achava que-

Ela parou e olhou para ele com os lábios franzidos e se virou. Dando as costas para ele. Harry percebeu que ela continuou a mexer com as cartas dela. Parecia rir algumas vezes. O garoto não tentou falar com a garota depois disso. Abaixou a cabeça e começou a brincar com o boneco que tinha trazido. Tio Remo veio até a cama de sua prima de terceiro grau e fez com que o galo na cabeça dela diminuísse até sumir com magia. Harry gostou muito de ver aquilo. Significava que ele não teria que suportar dias com um machucado dolorido na perna nunca mais. Bastava um pouco de magia.

Finalmente, após as amigas da prima de terceiro grau de Harry foram curadas. A menor tomando uma poção contra enjoo. E a outra tendo seus hematomas curados e apagados. As três primeiranistas da Grifinória foram liberadas. O pai de Harry pediu para que ele fosse levado com a prima até a sala comunal, onde ficaria aos cuidados da tia Esmeralda e tia Jade. Na sala comunal, a prima de terceiro grau de Harry o deixou sozinho com as tias gêmeas, para se juntar com as amigas e outro garoto num canto afastado da sala onde eles ficaram conversando de cabeças próximas. Como se guardassem um segredo.

Harry ficou muito tentado a se esgueirar até o cantinho deles e ouvi-los, mas a tia Esmeralda o ensinava a jogar xadrez para passar o tempo enquanto a tia Jade observava e complementava com dicas. Então não pode sequer tentar. Uma hora depois, seu pai, tio Sirius e tio Pedro entraram na sala comunal. Disseram que tinham sido dispensados e que somente tio Remo e sua mãe eram suficientes para ajudar depois que metade das garotas foi liberada. Eles se juntaram a Harry e as tias. O garoto ficou muito contente quando seu pai começou a falar de táticas de xadrez para ele. O ensinando a jogar.

Sua prima chegou no meio de seu jogo de xadrez contra tio Pedro e tomou o lugar do último. Ela não facilitava. O vencia sem dó nem piedade e parecia se divertir com isso. Harry não gostou muito disso. Acabou quando ela saiu correndo no meio de sua quinta partida, dizendo que tinha se esquecido de dar comida ao bolota. Não entendeu o que aquilo significava. Cansado de jogar xadrez ele decidiu jogar snap explosivo com tio Sirius. Sua noite terminou depois que sua mãe e tio Remo chegaram da Ala Hospitalar. Ele se despediu de sua mãe que subiu com as amigas para o dormitório delas. Depois Harry subiu com seu pai e os tios e foram dormir.

Era uma sala escura. Pequena. Estava empoeirada e as paredes estavam manchadas com mofo. Uma enorme cobra se enrolava aos seus pés. Mas não tinha medo dela. Pelo contrário. Ele a queria ao seu lado. Às suas vistas. Estava sentado numa poltrona. Esperando a chegada de alguém. Alguém que ele tinha muita vontade de matar.

Não esperou muito. Em poucos minutos alguém abriu a porta á sua frente. Dois homens encapuzados jogaram outro homem encapuzado na sala e fecharam a porta em seguida. Deixando-os sozinhos. O homem que entrara se manteve abaixado a sua frente. Com a cara no chão. Sentiu irritação ao olhar para ele. Como se ele tivesse falhado numa tarefa simples que tinha lhe dado. Uma tarefa que ele sabia que não era difícil.

- Zoltan – sua voz sibilou – você era um servo tão leal e dedicado a mim. Acreditei que você cumpriria com esmero qualquer ordem que eu lhe desse. Mas não... você não o fez dessa vez... sabe como isso me deixa irritado, não sabe?

- Milorde, eu juro que-

- Olhe para mim, olhe em meus olhos e diga o que tem a dizer. Vou compensar todas as suas maravilhosas obras feitas em meu nome com uma chance de me explicar o que aconteceu. Use essa chance e tente me convencer de que não devo matá-lo...

O encapuzado levantou sua cabeça. Seus olhos azuis como gelo podiam ser vistos através dos olhos de sua máscara.

- Milorde, eu lhe juro que matei aquela garota. Juro que deixei a garota morta.

Então a cena mudou. Ele agora via um corpo jogado no chão de madeira num corredor. Uma garota. Bem jovem. Entre seus onze e doze anos. Usava um pijama amarelo com desenhos de sóis. Seu cabelo ruivo estava espalhado no chão, como um leque aberto. Cobrindo seu rosto. Jogado ao seu lado, havia um par de óculos de armação vermelha e aro retangular. As lentes estavam quebradas. Tinha certeza que ela estava morta. Não respirava. Estava imóvel. Estava morta. Morta.

A cena voltou à sala de paredes mofadas. Sorriu para o homem mascarado a sua frente.

- Está me dizendo a verdade. Você a matou. Ou acreditou que a matou. Talvez tenha sido negligência sua que ela tenha sobrevivido. E eu não posso ignorar negligências. Por sorte você é um servo muito leal e valioso para mim. Então não o matarei, mas o punirei. Lembre-se de minha misericórdia – apontou a varinha para o mascarado – Crucio!

O homem soltou um berro enregelante enquanto se contorcia completamente.

Harry acordou sobressaltado. Suava frio. E sua cicatriz doía. Virou-se para a cama de seu pai. Já estava com a mão na cortina quando parou. Esse era um dos sonhos que o Prof. Dumbledore não queria que ele contasse a ninguém, nem aos seus pais. Sempre que Harry tivesse um sonho como esse, era para contá-lo imediatamente ao Prof. Dumbledore. Mas era noite e Harry não sabia chegar ao escritório do diretor sem se perder. Resolveu descer para a sala comunal e tentar pensar numa solução. Desceu com cuidado para não fazer barulho. A sala não estava vazia como ele pensou que estava.

A prima de segundo grau de seu pai se encontrava num dos sofás próximos à lareira. Mesmo temeroso Harry se aproximou dela. Viu que ela brincava com um gatinho muito novo. Parecia uma bola de pelos de tão peludo e gordinho. Ele era castanho claro nas costas e branco na barriga. Com rajados no pelo na cor castanho-escuro, ou preto.

- Oi...

Ela não respondeu. Continuou a brincar com o gato.

- Qual o nome do seu gatinho? – Harry tentou de novo.

Dessa vez ela olhou rapidamente para ele. Voltou a brincar com o gatinho, e respondeu:

- Bolota. Ele foi o último presente da minha mãe. Mas isso não te interessa.

E se virou para que Harry não a encarasse. O robe que ela vestia abriu revelando as pernas do pijama. Harry sentiu seu coração disparar. O pijama era amarelo e tinha desenhos de sóis.

- Eu vi você em meu sonho.

A declaração de Harry teve efeito imediato na garota. Ela o olhou nos olhos, com o cenho franzido. Parecia irritada e ao mesmo tempo confusa.

- O que? – ela quis saber – sonhou comigo?

- Sim... e você... estava morta.

Ela abraçou o gatinho. Empalidecendo.

- Mas que tipo de sonho foi esse?

- Um muito estranho.

- Que sonho foi esse que você teve?

A princípio, Harry hesitou. Não era para ele contar esses sonhos a ninguém, exceto ao Prof. Dumbledore. Mas como o sonho mostrava sua prima, achou que ela podia saber. Então contou. Quando terminou, ela tremia abraçando-se aos joelhos.

- Vo... você está bem? – Harry perguntou muito preocupado. Ele não devia ter contado o sonho. Mas agora era tarde.

- Não conte isso a mais ninguém – ela disse.

- Mas... mas o Prof. Dumbledore quer que eu conte todos os sonhos que eu tiver quando minha cicatriz dói.

- Sua cicatriz doeu?

- Estava doendo muito quando acordei. Então... eu tenho que contar ao professor.

Os olhos dela faiscaram ao pousarem na cicatriz em forma de raio de Harry.

- Não gosto dessa cicatriz – disse por fim – mas... por que precisa contar ao professor?

- Não sei. Acho que ele acredita que esses sonhos podem ajudá-lo.

- No quê?

- Ele não me disse.

- Hum... então... por que vamos esperar?

- Vai contar a ele?

- Preciso de alguém que me diga o que isso significa. E talvez o professor saiba explicar... o que aconteceu – ela se levantou e já andava em direção ao dormitório dos meninos, quando parou no meio do caminho, ela se virou para Harry e perguntou – sabe onde Tiago guarda a capa da invisibilidade?

- Capa da invisibilidade?

- É. Um pano que te deixa invisível. Já viu um?

Então era isso? Aquele manto que os escondeu do zelador. Se chamava capa da invisibilidade? Então...

- Eu sei onde está. Vou pegar.

- Ah, mas-

Harry não a ouviu. Subiu a escada apressadamente, tomando cuidado para não fazer barulho. Entrou no quarto na ponta dos pés, indo direto para a cama de seu pai. Puxou o malão de debaixo da cama dele e o abriu. Lá estava a capa da invisibilidade. Harry a pegou e sentiu como se pegasse em água. Virou-se para o espelho mais próximo e jogou a capa por cima de seus ombros. Maravilhou-se ao ver sua cabeça flutuando no ar. Depois cobriu a cabeça e desceu a escada em caracol. Viu sua prima olhar para a escada o esperando. Ela não o via. Então teve uma ideia divertida.

Ele desceu a escada e deu a volta nela. Quando estava atrás da prima, ele tirou a capa enquanto dizia:

- Estou aqui.

Ela levou um susto. Bolota também. Tanto é que agora ele se encontrava agarrado ao topo da cabeça dela quando instantes antes ele estava no chão aos seus pés. Harry começou a rir, tomando o cuidado para não rir muito alto.

- Engraçadinho... – ela puxou a capa e os cobriu, depois de deixar o Bolota no chão.

Sua prima liderou a fuga para os corredores. Já tinham descido algumas escadas e atravessado corredores e passagens quando ela parou e perguntou para Harry:

- Sabe onde fica a sala do diretor?

- Não exatamente.

- Ah, droga. Se ao menos houvesse um mapa.

- Existe um.

- O que? Eu só estava brincando.

- O mapa é do papai e dos seus amigos.

- Seu pai? Tiago e os marotos?

- Sim. Mas não sei com quem está. Ás vezes está com o papai, outras está com tio Sirius, ou com tio Remo, ou com tio Pedro. Não dá para saber.

- Oh... e eles te mostraram esse mapa? – os olhos dela começaram a faiscar e Harry começou a ter medo de novo.

- Não. Eu só os vi mexer nele. Parece que ele também mostra onde está as pessoas.

- Ah... ok... então parece que estamos perdidos.

- Mas eu sei que a sala do professor fica atrás de um dragão de pedra.

- Dragão de pedra?

- É. Ele falou uma palavra e o dragão de pedra se moveu e mostrou uma escada que sobe para a sala do diretor.

- A senha. Ele falou a senha.

- Acho que foi isso.

- O que ele disse?

- Chiclete.

- Chi-

Uma gárgula ao lado deles se moveu. Harry a reconheceu imediatamente.

- Era esse dragão de pedra!

- Que incrível coincidência...

E os dois subiram a escada circular tirando a capa ao entrar na sala.

Não havia ninguém na sala do diretor. As velas estavam apagadas. A única fonte de luz era uma ave em seu poleiro no meio da sala. Ela dormia com a cabeça enfiada embaixo de sua asa. Suas penas rubras luziam e emitiam calor. A cauda era longa e as pontas das penas encurvavam-se ligeiramente para cima. As penas nas pontas das asas eram douradas. Seu pescoço era longo e elegante como o do cisne na história do patinho feio. Harry não se lembrava de ter visto aquele pássaro antes na primeira vez que entrou na sala do professor. Provavelmente o pássaro se encontrava em outro lugar naquela hora.

- Já sabia que o Prof. Dumbledore não dormia na sala dele. Seria ridículo pensar isso. Mas achei que o quarto dele fosse ao lado e tivesse uma porta por aqui. Acho que me enganei – sua prima postou-se ao seu lado – nunca viu uma fênix?

- Fênix? – Harry maravilhou-se – não. Nunca vi uma.

Após alguns segundos de silêncio.

- Nem eu.

Os olhos da fênix se abriram. A ave levantou sua cabeça e fixou seus olhos nos de Harry.

- Com licença, dona Fênix – a prima de segundo grau do pais de Harry deu um passo a diante – poderia chamar o seu dono? Nós dois temos uma coisa muito importante a falar para ele.

Para a surpresa de Harry e de sua prima, a fênix abriu suas enormes asas e voou janela a fora.

- Você sabia que ela ia responder? – perguntou á sua prima de terceiro grau.

- Eu só estava brincando – ela respondeu.

Indecisos com o que deveriam fazer. Eles acabaram esperando. Talvez o professor viesse. Ou a fênix só tinha saído para dar um passeio ou fazer um lanchinho. Harry não saberia dizer. Não conhecia os hábitos de uma fênix. Já estava pensando em voltar para o seu quarto e dormir quando ouviu a gárgula se abrir lá embaixo. As velas se acenderam magicamente. Sua prima jogou a capa sobre eles. A fênix voltou voando pela janela e pousou em seu poleiro. E o Prof. Dumbledore entrou na sala. Ele vestia um robe azul estrelado por cima de suas vestes de dormir.

Sua prima e retirou a capa. O Prof. Dumbledore não pareceu surpreso em vê-los surgir do nada. Aliás, ele parecia contente em vê-los.

- Há que devo a honra por essa visita noturna dos senhores?

Harry trocou um olhar ansioso com sua prima. E ela respondeu:

- É algo muito, muito importante, Prof. Dumbledore. Tem a ver com um daqueles sonhos que o Harry tem com a cicatriz doendo. E ele só me contou porque.... porque eu apareci no sonho dele.

- Hum... que tal um pouco de chá enquanto conversamos.

Um bule veio flutuando de um armário acompanhado por um jogo de chá. O Prof. Dumbledore se sentou à sua mesa. Harry e sua prima de terceiro grau foram servidos pelo bule. E a pedido do professor, o menino começou a contar o que tinha sonhado. Ao final do relato, o professor ficou muito pensativo. E então ele fez a mesma coisa que fizera com Harry no dia em que se conheceram e naquele dia em que a sua cicatriz doeu pela primeira vez. Tocou sua varinha na têmpora de Harry e pediu que o garoto pensasse no que tinha visto. E então puxou um fio prateado que surgira do nada para colocá-lo num frasco.

- Quanto ao seu caso, Srta. Potter – o professor se voltou para a sua prima – confesso que o seu caso é mais um excepcional com o qual eu me deparo. Dois no mesmo mês? Estou surpreso e muito intrigado. Não compreendo o que pode ter acontecido na noite em que seus pais foram mortos. Ainda não compreendo o que aconteceu a senhorita. Mas talvez eu consiga algumas pistas se me permitir coletar um pouco de sua memória, também.

Então era isso que o professor estava fazendo com o Harry? Coletando sua memória? Mas... como se fazia isso? Harry estava admirado. A magia era capaz de algo assim? Harry amava o mundo bruxo cada vez mais.

- Si-sim... – sua prima respondeu ao professor. E ele coletou sua memória: um fio prateado.

Depois disso, Harry e sua prima foram dispensados e eles voltaram para a torre da Grifinória. Desviaram de Filch e de Pirraça. O polthergeist estava causando uma grande confusão num corredor: jogava tinta nos quadros enquanto os próprios reclamavam e protestavam, tentando fugir para os quadros vizinhos. Harry se despediu de sua prima na sala comunal da Grifinória. Ela pegou seu gatinho e Harry subiu para o seu quarto com a capa do pai. Já de volta ao quarto, procurou guardar a capa da maneira que tinha a encontrado. Colocou o malão de volta no lugar e se deitou para dormir. Desta vez pegando no sono.

Quando Tiago acordou cedo pela manhã teve a impressão de que alguém mexera em seu malão. Verificou-o e percebeu que sua capa não estava do jeito que ele costumava guardar. Naturalmente desconfiou de Sirius. Mas resolveu não falar a respeito. Em lugar disso se preparou para o seu dia de aula. Acordou Sirius; foi um sacrifício. E desceu com ele e com Remo para o café da manhã. Deixando Harry dormindo na companhia de Pedro. Parou somente para ler os comunicados no mural do saguão. Apenas uma notícia o fez se sentir animado: o capitão Alfred Thomas tinha marcado o primeiro treino do time de quadribol desde os testes. Finalmente ele ia começar a jogar quadribol depois do recesso de verão.

- Mas... Tiago... – disse Remo enquanto Tiago e Sirius comemoravam a volta ao campo – o treino foi marcado nesse sábado.

- É. Legal, não é?

- Bom... se você acha legal, tudo bem. Mas... você já não tinha planos para esse sábado?

- Planos? Que planos?

- Você esqueceu?!

Tiago pulou de susto. A pergunta tinha sido feita num tom desnecessariamente alto e bem atrás deles. Aquilo não foi legal. Era Lílian que tinha chegado acompanhada pelas gêmeas. E ela não parecia estar muito feliz.

- Argh! Eu não acredito que você esqueceu! – ela gritou nervosa e vermelha de irritada.

- Ah? O que? Esqueci o que? – entrou em pânico. Todos os seus alarmes em sua cabeça soavam para tomar muito cuidado.

- Argh! Eu não acredito! Você realmente esqueceu! Você é realmente grrrr... ah! Não quero vê-lo na minha frente nunca mais!

E saiu batendo pé e bufando. Tiago jurou ter visto vapor saindo das orelhas dela.

- O que? O que aconteceu?

- Ah... não se preocupe – disse Esmeralda num tom desanimado pouco comum nela. Ela e sua irmã não aparentavam estar bem. Até os cabelos tinham perdido seus cachos e pareciam sem brilho e sem vida.

- A Lil só se encontra naquele período, sabe? – Jade continuou tão desanimada quanto a irmã – e a gente também...

- Que período? – ele se sentiu confuso. Percebeu que Sirius e Remo tinham entendido.

- Tiago, você não sabe? Aquele período – agora Remo estava rindo. Sirius também ria. E Tiago odiava aquela sensação de que não estava entendendo a piada que todos entendiam e achavam graça.

- Eu não faço a menor ideia do que estão falando.

- Ah, minha nossa, Tiago, você não sabe do que as garotas disseram?

- Não. Não mesmo. Do que estão falando? – ele se dirigiu as meninas, que começaram a rir também.

- Tiago por um acaso você nunca percebeu que sua mãe tinha períodos em que ela ficava estranha, mais irritadiça, mais sensível, mais tudo?

- No caso da minha mãe só faltava ela explodir o mundo – comentou Sirius.

- Hã? Não. Ela sempre foi normal e tranquila. Nunca teve mudanças de humor esquisitas como essas.

- Ai, ai... Remo, Remo – Sirius se apoiou no amigo – você se esqueceu de um detalhe. Quando o Tiago nasceu, a Sr.ª Potter já tinha passado pela menopausa.

- Anh! É! Verdade!

E todos começaram a rir ainda mais.

- Desculpe Tiago, tinha me esquecido disso.

- Eu não estou entendendo nada, droga! Me explique, estou boiando completamente aqui! – ele perdera a calma. Mas só fez os outros rirem ainda mais.

- Ainn... – as gêmeas gemeram apertando a barriga.

- Não estou me sentindo bem – choramingou Jade.

- Nem eu... hoje está muito forte...

- Coitadas – Remo condoeu-se – vou levá-las a Ala Hospitalar.

- ‘Brigada, Remo, você é um amor.

- É tão gentil que até me faz ter vontade de chorar de emoção.

E os três partiram.

- O que está acontecendo com elas? – preocupou-se Tiago.

- Relaxa. Elas vão ficar bem. Aliás, se eu fosse você me concentraria em tentar me lembrar do que esqueci.

- Hã? Do que eu esqueci?

- Não sei. De acordo com Remo tem algo a ver com algum plano seu nesse sábado. E acho que não é o treino.

Tiago olhou para o pergaminho fixado no mural. Leu o enunciado e percebeu finalmente.

- Ah, não! O treino foi marcado no mesmo dia do passeio! – exclamou. Como ele pode ter esquecido?

- Cara... boa sorte com a patroa.

Continua...


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
Não aconteceu muita coisa nesse capítulo. Mas está dentro do esquema. Depois do capítulo 7 eu finalmente criei uma tabela com todo o planejamento da fanfiction. Gutt está todo planejado. Portanto o que vocês virem a partir de agora nessa fanfic, acredite, está tudo dentro do esquema.
Se há uma coisa que me deixa muito confusa, é usar os porquês. Nunca sei qual devo usar nas frases. Preciso dar uma olhada num site que ensina gramática sempre que fico em dúvida.
Sabe o Bolota? O gato da Eliane. Pois é, ele existe. É um gatinho que tenho aqui em casa. Ele não é meu, meu. Mas é meu. Do pessoal daqui de casa. A gente cuida, eu cuido dele, geralmente eu só dou a comida, meus irmãos limpam os dejetos dele. Na verdade tenho três gatos aqui em casa. É uma história longa e até engraçada. Tudo começou com uma gata de rua e grávida que apareceu na nossa vila. Acabou que meus irmãos, que adoram animais, deram um carinho na cabecinha da gata e a gata gostou daqui de casa. E quando chegou a hora a malandra deu a luz embaixo da escada na varanda que a gente divide com a nossa tia.
São duas casas, minha tia mora em uma e eu moro em outra. A gata então teve sete filhotes. Aí, nós tentamos mandá-la para algum abrigo para cuidarem da gata, mas ninguém arranjou o lugar. Nós, que somos moles, cuidamos da gata e dos filhotes e arranjamos donos para cinco dos filhotes ao longo das semanas que passaram. Acabamos ficando com dois filhotes. Um pra minha tia, e outro pra mim. A gata-mãe, a gente chama a mãe gata de gata-mãe, acabou meio que adotando a minha casa como sua casa, e agora ela vive aqui com a filhote dela que pegamos. Tá né. Queríamos levá-la pra castrar. Mas demoramos. A gata ta grávida de novo. Somos moles, já disse que somos moles. Vamos deixar a gata ter os filhotes.
Aí nisso esperando a gata dar cria... minha prima chega em casa com outro gato. Uma confusão. Ficamos cuidando do gato. Mas ele é muito fofo. Parece uma bola de pelos. Eu o chamo de Bolota. A descrição do Bolota da Eliane é o mais próximo que eu consegui descrever o meu Bolota. Só não tive a oportunidade de descrever o miado dele; um miado fraco como se ele estivesse rouco. Ás vezes nem dá para ouvi-lo miar. Mas quando ele quer alguma coisa e a gente não dá na hora ele começa a miar muito alto. Muito alto mesmo. Mas ele é um fofo. E aí, a história dos gatos continua. Quando ou se houver conclusão, eu conto para vocês.
Bom. Eu não tenho mais o que falar. Nos vemos no próximo capítulo.
Perdoe qualquer erro.