Gutt escrita por Ennaz


Capítulo 5
4 Marotos 4 Malucos


Notas iniciais do capítulo

Dessa vez estou escrevendo a nota inicial depois de começar a escrever o capítulo. Isso porque eu não sabia o que escrever. Mas agora eu tenho. Eu tinha pedido sugestões para o nome do meio da Lílian. Nomes que começassem com D. Alguns me enviaram as sugestões e escolhi um dos nomes que me enviaram. Eu escolhi o nome que melhor tinha a ver com a garota. Mas por enquanto o significado da letra D será um mistério. Em algum momento, eu irei revelar o nome. E veremos qual é a do nome.
Há um detalhe a ser ressaltado. Para que a fic funcione do jeito certo eu preciso esquecer que Pedro é um traidor. Por que ele ainda não é um traidor. Ele é amigo deles. Portanto, ele deve ser retratado como tal. Porém, eu procuro não modificar a personalidade e os traços dos personagens de JK. Por isso, acho que podemos esperar algumas coisas de Pedro.
A mesma regra vale para os pensamentos de cada personagem. Eu preciso pensar neles como indivíduos com opiniões diferentes de cada um, inclusive das minhas. É um exercício que estou praticando nessa fic para poder melhorar a minha caracterização de personagens. Cada personagem ser diferente um do outro é algo muito atraente. Como não posso usar imagens, preciso usar as palavras para diferenciá-los do resto. Não apenas na descrição de suas aparências, como também na hora de mostrar o que pensam e o que sentem. Ou seja, eu preciso esquecer as minhas opiniões na hora de escrever as opiniões dos personagens. Posso colocar um personagem para ter opiniões iguais as minhas, mas não a todos. Um ou dois, já é o suficiente.
Há uma razão para eu estar escrevendo isso para vocês nessa nota. E ela se encontra neste novo capítulo. Aliás, eu prometi mais drama nesse capítulo para vocês. Bom, drama até que tem, mas não era bem isso o que estava planejando. De qualquer forma há drama. O que planejava ficou para o próximo capítulo. Aliás, de novo, eu coloquei umas coisas que não existiam na história original. Por isso, não estranhem.



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Sabemos onde estiveram na noite passada.

Ass.: E.C.H., J.J.H. e L.D.E.

P.S.: pegamos os doces.

E não vão querê-los de volta se não quiserem ser delatados.

P.P.S.: O Harry usa óculos? Ass.: L.D.E.

P.P.P.S.: Sirius. Peguei sua cueca. Ass.: E.C.H.

Capítulo 5

4 Marotos 4 Malucos

- Quem pegou minha cueca? – Sirius perguntou furioso ao ler o bilhete, enquanto Tiago morria de rir num canto.

- E.C.H., J.J.H., L.D.E. – leu Cosmo para depois responder – Esmeralda Cara Hughes, Jade Jane Hughes e Lílian D. Evans.

- A Evans tem um nome do meio? – perguntou Tiago extremamente interessado – Eu não sabia. Qual é?

- Não sei, eu nunca perguntei.

- Credo, Tiago, você está fedendo, vai tomar um banho. – mandou Sirius. E Tiago riu.

- Ainda nem trocou o uniforme.

- Vai pagar mico quando descer para tomar banho. De uniforme em pleno sábado é mico na certa.

- Eu ainda não tomei banho, também. – disse Harry.

- Ih! São iguais até nisso, não tomam banho.

- Não é verdade, eu só ainda não tive chance de tomar banho.

E todos riram.

- O que me lembra de que Harry vai precisar de roupas limpas – pensou Tiago em voz alta – Pedro, empresta suas roupas. Você é o mais baixinho, vai dar menos trabalho ajustá-las.

- Hã?

- Mas o Pedro é o mais gordo. – argumentou Sirius – se pegar emprestada a roupa do Cosmo vai dar menos trabalho.

- Ouh!

- Mas o Harry é quase da altura do Pedro. Acho que as roupas do Pedro dão menos trabalho para ajustar.

- No momento, me sinto insultado.

E riram novamente.

Tiago pegou um conjunto de roupas do amigo maroto e o seu próprio conjunto de sábado e saiu com Harry. A última coisa que ouviu foi a pergunta de Sirius:

- Mas por que diabos a louca da Esmeralda pegaria minha cueca? Não, espera... já dei a resposta.

Ainda rindo, Tiago desceu a escada em caracol.

Como Tiago previra: ajustar as roupas de Rabicho para o tamanho de Harry quase não deu trabalho. Tudo que precisou foi usar o feitiço de ajuste de vestes, ensinado por sua mãe, nos lugares certos e estava pronto. Ele gostara da experiência de cuidar de alguém daquele jeito. Era estimulante. E sua afeição pelo garoto parecia aumentar a cada vez que o fazia. Nem se importava se os outros lançavam olhares estranhos para eles. Algo, porém, o consternava. Harry era muito magro e pequeno. Tiago sabia que os membros da família Potter eram naturalmente magros, não desenvolvendo muita gordura, nem muitos músculos. Mas não eram tão magros quanto o menino. Não achava que fosse o normal do garoto. Quando as roupas ficaram do tamanho de Harry, viu que ele ficara encantado demais com elas.

Será que ele nem ganhava roupas decentes? Sem dúvida; ele teria uma bela conversinha com aquela irmã da Evans.

Afastando os terríveis pensamentos de sua cabeça. Tiago bagunçou o cabelo molhado de Harry dizendo:

- Vamos dar um passeio pelo castelo? Acredito que sem os óculos você não tenha visto as maravilhas desse lugar.

- É. – o garoto sorriu. Aliás, ele estava usando seus óculos.

Ao saírem do banheiro se depararam com os marotos e Cosmo os esperando. Juntaram-se a eles e saíram para o salão comunal. Todos olhavam para Harry, afinal, quando se via um garoto de seis anos em Hogwarts? Enquanto caminhavam pelos corredores, Tiago percebeu que o menino não gostava de receber tantas atenções assim, pois parecia sempre querer se esconder entre os marotos e abaixava a cabeça. Um traço que Tiago tinha certeza que não foi herdado dele. Para relaxá-lo, Tiago mostrou os quadros para Harry que ficou muito surpreso e maravilhado ao verem se mexendo. O menino levou um susto ao ver um fantasma pela primeira vez, mas não ficou com medo.

E quando conheceu Nick-Quase-Sem-Cabeça, foi gentil e educado com o fantasma. Ora? Quem era gentil e educado com fantasmas? Tiago até tinha respeito por Nick-Quase-Sem-Cabeça. Mas ele não era gentil com o fantasma. Ah, espera. Lílian Evans sempre era gentil e educada com fantasmas, até com Pirraça, o poltergeist.

Cosmo desapareceu no meio do caminho para o Salão Principal. E reapareceu no Salão, almoçando na companhia das garotas. Eles tinham acordado na hora do almoço. Tiago e Harry se sentaram ao lado da Evans, que os cumprimentou e falou dos óculos do Harry. Pedro atacou o purê de batata e o assado de frango com Cosmo. Remo se desculpou com a Evans por deixá-la sozinha com a monitoria da Grifinória. Sirius foi direto para Esmeralda e perguntou:

- O que aconteceu com a minha cueca? Cadê ela?

- Combatendo o crime. – ela respondeu displicente, como se uma cueca combatente do crime fosse comum.

- O que?

- Eu também não faço ideia do que aconteceu – dizia ela – só sei que eu pretendia fazer sua cueca cantar “brilha, brilha, estrelinha” enquanto dançava hula hula, era pra ser a Incrível Cueca Hula Hula. Mas por alguma razão ela adquiriu um complexo de super-herói e agora combate crimes pelas propriedades da escola; e ouvi rumores que ela esteve em Hogsmead. Tô falando. Aquela cueca é doida.

E eles ouviram alguém gritar por socorro enquanto uma voz grave exclamava:

- Eu, o Super Cuecão, te ensinarei uma lição, vil vilão!

- Aparentemente eu também lhe dei a habilidade de fazer rimas. Viu? O Super Cuecão é um poeta.

- Ta... – aí Sirius se aproximou da loirinha – Por um acaso isso é alguma vingança pelo que falei da Evans? Se for, tudo bem. Eu peço perdão e aceito a brincadeira.

- O que? Não. Nós te perdoamos naquele momento. Você é um amigo muito querido por nós.

- É – Jade se juntou a conversa – a Lil não se sente ressentida por isso. Não é, Lil?

- Hã-hã, de jeito nenhum. Eu entendo que estava com a cabeça cheia.

- Ah? Sério? – Sirius parecia admirado – não está com raiva de mim?

- Não.

- Então por que roubou minha cueca? – ele perguntou para Esmeralda.

- Queria um brinquedo. Agora, a razão por eu ter pegado a sua cueca, não faço ideia.

Lílian começou a rir repentinamente. Nem Tiago, nem ninguém entendeu o motivo. Até as gêmeas a olharam esquisito.

- Com licença, tia Lílian. – Harry a chamou, ficando envergonhado, ela controlou suas risadas e olhou para o menino – eu queria perguntar... você... você... você acha que... acha que eu viajei no tempo?

- Contou a ele? – ela perguntou para Tiago, que respondeu:

- Digamos que ele está começando a entender.

- Hum... Harry, por que acha que viajou no tempo?

- Pelo que... pelo que falam... antes da mão me levar no tornado, eu tenho certeza que era oitenta e seis. Mas agora não é mais... é o ano de setenta e seis, não é? O passado? Dez anos no passado?

- Você entendeu isso sozinho?

- Er... sim... estou errado?

Tiago observou que Lílian pensava seriamente na resposta que daria ao Harry. Ele mesmo não sabia o que poderia contar ao garoto. E ficou apreensivo. Aí Lílian respondeu:

- Harry... não posso negar que você está certo. Você viajou dez anos no passado. Como e por que aconteceu? Ainda é um grande mistério que estamos tentando resolver.

- Então... então... – ele ficou muito vermelho – você... é a... minha mãe?

A pergunta saíra num sussurro, mas Tiago pode ouvi-la. Ficou com vontade de rir quando a garota ficou mais vermelha que Harry.

- Por que-por que acha isso? Como chegou a essa conclusão?

- Nos desenhos que o meu primo vê... algumas vezes, os mocinhos viajam no tempo e encontram ou seus pais mais jovens, se iam pro passado, ou seus filhos, ou eles mesmos mais velhos, se iam pro futuro. Se eu fui pro passado, eu encontrei meus pais? Você é a minha mãe, só que mais jovem?

- Er... sim... eu acho que sou... e... aparentemente você vai nascer em...

- Quatro anos. – disse Remo, que aparentemente divertia-se com a conversa.

Lílian paralisou. Tiago se segurou para não rir.

- Quatro anos?

- É, Lil, ainda não fez as contas? – perguntou Jade.

- Se Harry tem seis anos – Esmeralda disse – e veio de oitenta e seis. Quando acha que ele nasceu?

- Mil novecentos e oitenta... em quatro anos a partir de agora!

- Ah, não, espera aí – Esmeralda se curvou para Harry – quando é seu aniversário, Harryzito?

- Trinta e um de julho.

- Trinta e um de julho. Lil; são três anos e dez meses arredondados para o Harryzito nascer.

- Eu não acredito que num período de tempo tão curto eu namorei, noivei, casei e tive um filho com o Potter! – ela se escandalizou. Os marotos e as meninas riram. Cosmo já havia desaparecido.

- Não fale assim, ruiva, até parece que casar comigo é um pesadelo.

Tiago observou o rosto de Lílian ficar vermelho e inflar enquanto ela fazia biquinho. Sentiu vontade de beijá-la, mas se segurou.

- Nunca esteve tão certo. – disse ela – mas... porque casaríamos tão cedo?

- Acho que a resposta é um nome que todos temem dizer.

- Você-sabe-quem? – disse Jade.

- O próprio.

- Verdade, há muitos casais casando jovens – Esmeralda falou – eles temem morrer antes.

Eles ficaram em silêncio, o assunto trazendo o frio sentimento de insegurança. Até que Harry perguntou curioso:

- Quem é você-sabe-quem?

- Ele não sabe? – perguntou Pedro – toda criança sabe.

- Mas o Harry não cresceu em meio aos bruxos, Pedro. Você sabe disso.

- O Harry não cresceu? – perguntou Sirius. Ele não sabia de toda a história do garoto.

- Não... – respondeu Lílian – ele tem sido criado por minha irmã, no tempo dele.

- Sua irmã? Você tem irmã?

- Sim, a Lil tem uma irmã – respondeu Esmeralda.

- Ela não gosta da Lílian por ela ser bruxa.

- E ela não.

- Ela odeia os bruxos. – disse Lílian.

- E ela cuida do Harry? Ela sabe que ele é um bruxo? – Sirius perguntou confuso.

- Vai saber... mas ela aparentemente está descontando toda a amargura que ela tem de mim no Harry... – ela escondeu o rosto com o cabelo, ao abaixá-lo e apoiar a cabeça na mão, e soltou um suspiro – não queria que as coisas ficassem assim.

Ela ficou naquela posição, em silêncio. Tiago temeu que ela começasse a chorar, por isso disse o que lhe veio a cabeça:

- Não se preocupe, vamos reverter a situação.

Lílian o encarou e ele sorriu otimista.

- Vamos descobrir o que causou nossa morte no tempo de Harry e tentar revertê-la. Assim poderemos criar Harry. Você vai lhe dar dicas sobre como se dar bem em poções e eu vou ensiná-lo a jogar quadribol.

Ela deu um pequeno sorriso para ele.

- O que é quadribol?

A pergunta de Harry causou um desagradável arrepio em Tiago.

Lílian se encontrava sentada à sombra de uma árvore ao lado de Esmeralda, Jade, Remo e Pedro. Observava Tiago e Sirius ensinando sobre quadribol a Harry e a voar numa vassoura. Até Lílian teve de admitir que ficara muito empolgada ao ver o menino voar pela primeira vez como se já o tivesse feito muitas vezes antes. Tiago, então, sua alegria não aparentara ter limites. Eles se divertiam falando sobre as regras do jogo e os melhores jogadores que já existiram. Tiago se divertia em prever que Harry seria o melhor de todos.

- Sabe, eu estive pensando – disse Esmeralda enquanto mexia com seus brinquedos, Jade lia algum livro de humor ao seu lado – em nos chamar de Malucos.

- Hã? Malucos? – estranhou Lílian.

- Eu, Jade, você e Cosmo: Os Malucos.

- O que? Que nem os Marotos? – perguntou Jade. Remo riu enquanto lia seu livro.

- É. Só que somos malucos, e não marotos.

- Eu não sou maluca! – Lílian protestou.

As gêmeas se olharam e riram. O que a fez perceber que elas não pensavam assim.

- Você é que pensa.

- Você que não nota.

- Ela é que nem o Remo dos marotos, não é?

- Não é tão maroto, mas mesmo assim apronta de vez em quando com eles.

- A Lílian é maluca, só que não tanto quanto a gente.

- Assim como Remo é maroto, só que nem tanto quanto o resto dos marotos.

O ser citado riu mais um pouco, com Pedro o acompanhando.

- Aí eu e Jade somos as versões malucas de Tiago e Sirius.

- E Cosmo seria a versão do Pedro.

- Só porque ele não parece se encaixar, mas quando for ver...

- Ele seria o único garoto, certo?

- Ah, de qualquer forma eu só estava pensando. Não precisamos fazer isso.

Mas Lílian ficou pensando se ela era ou não maluca. Ficou em silêncio por um tempo até que perguntou:

- Vocês realmente acham que eu sou tão maluca quanto Remo é maroto?

- Duas loiras – cantou Esmeralda.

- Uma ruiva e um verdinho – acompanhou Jade.

- Só podem ser malucos! – as duas finalizaram juntas.

E riram.

- Lílian?

Severo Snape se aproximou. Sua expressão dura e a postura ereta indicavam que estava pronto para lutar se fosse provocado. Felizmente, os únicos que poderiam causar problemas estavam muito distantes e entretidos demais para notá-lo.

- O que foi? – ela perguntou secamente, levantando-se. Cruzando os braços.

- Queria falar em particular com você.

- Não temos nada sobre o que falar em particular, Snape. Não até você abrir mão das artes das trevas e parar de andar com... eles – ela indicou um grupinho de alunos da Sonserina que se encontrava a certa distância. Eles eram conhecidos por serem perfeitos candidatos a comensais e Lílian não gostava disso – enquanto isso, tudo que quiser falar comigo, você pode dizer na frente dos meus amigos.

Ele passou os olhos em Remo e Pedro, que os observava apreensivos.

- Até posso aceitar que seja amigo das maluquinhas – disse ele, no que as gêmeas protestaram – mas você ser amiga do Lupin e do Pettigrew? Lil. Você se encontra muito equivocada se pensa nos marotos como seus amigos. Além do mais, eu a tenho visto andar com o Potter desde que aquele garotinho apareceu no salão. Lil, já parou para pensar no que aquele garoto pode ser. Ele é a cópia do Potter, ele pode ser um produto das trevas feito pelo Potter-

- O Harry não é um produto das trevas, Snape, ele é-

- Não! – as gêmeas taparam sua boca e a puxou para o chão, onde juntaram as cabeças.

- O que foi? Por que fizeram isso?

- Não é bom que você conte sobre o Harry – Esmeralda sussurrou urgente.

- Como assim?

- Olha, o Harry é um caso excepcional de magia, ou qualquer outra coisa. Ele veio do... – Jade lançou um olhar desconfiado para Snape e continuou – você sabe de onde. Se Snape souber ele pode contar para... aquele carinha do mal.

- Vocês acham que ele contaria, mesmo sabendo... mesmo sabendo o que o Harry é... pra mim? – Lílian perguntou sentindo-se magoada.

- Eis a questão, Lil.

- Não fazemos ideia.

- Ele está andando com as pessoas erradas.

- O que infelizmente o torna uma pessoa errada para falar sobre isso.

- Acha que... aqueles ali ficariam calados se soubessem... do segredo do Harry?

- Eles correriam para contar para aquele carinha do mal.

- Disso nós temos certeza.

- E se aquele carinha soubesse do segredo do Harry...

- Acha que ele não fará nada para por as mãos nele, alguém que pode ter respostas sobre... você sabe...

- Seu destino...

Aquilo machucava. A magoava de verdade. Mas elas estavam certas. Contar aquilo para seu antigo amigo de infância, nas atuais circunstâncias, era perigoso. Altamente perigoso. Por isso ela se levantou novamente e o encarou com um olhar feroz, dizendo:

- Quem é o Harry, não lhe interessa.

- Então vai protegê-los? O Potter e o Black? O que eles fizeram para merecer algo de você? O Black a chamou de algo pior e mais baixo que sangue-ruim. Por que está andando com ele? Por que o protege?

- Porque eu conheço os motivos que levou Sirius a me tratar daquela maneira – ela dissera o nome do maroto só para provocar – assim como conheço os seus motivos, Snape.

- Motivos? Eu já os disse. Foi sem querer, sem intensão-

- Sabe? Ninguém fala o que lhe vem a cabeça sem ter pensado nisso antes. E se você me chamou de sangue-ruim, foi porque em algum lugar na sua cabeça você começou a pensar assim de mim.

- O que? Por que pensa isso?

- Porque é um fato da vida. Ninguém faz o que faz, ou diz o que diz sem ter pensado naquilo antes.

- E por que o Black recebeu seu perdão? Se ele a tratou daquela maneira, foi porque já pensava aquilo de você, não é? Não é assim?

- Eu já disse que as circunstâncias foram diferentes. Sirius já admitiu que estava errado e veio se desculpar comigo.

- E eu não fiz a mesma coisa?

- Não, não fez. Você só queria me manter por perto. Por quê? Eu não sei. Você ama as artes das trevas e as suas ambições mais que qualquer outra coisa. A prova disso se encontra no fato de que você não abriu mão de nenhuma dessas coisas por mais nada. Nem por mim. Não se pode fazer duas coisas opostas. Ou é uma. Ou é outra. Escolha qual. Enquanto não puder fazer isso, é melhor que vá embora. Eu já escolhi o meu lado.

Por um tempo, que Lílian não pode calcular, ambos se encararam. Ele suplicava. Ela endureceu seu olhar.

- Algum problema? – Tiago e Sirius provavelmente tinham percebido a presença do sonserino e vieram ao socorro dos grifinórios.

- Evans, se ele estiver lhe perturbando, é só dizer que eu o mando para longe – Sirius colocara a mão no bolso da varinha – eu lhe devo uns vinte anos de serviço escravo pela forma que te tratei ontem.

- Não se preocupe, Sirius – ele levantou a sobrancelha, certamente por ouvi-la o chamar pelo nome – ele já estava indo embora.

- Não ouviu, Ranhoso? Você já está de saída, vai, vai, – disse Tiago o dispensando com as mãos.

Snape deu um passo para trás e continuou os encarando. Talvez ele estivesse pensando entre ir ou ficar e enfrentá-los. Mas era burrice enfrentar sete grifinórios, estando sozinho. Então Lílian calculou que ele iria embora, mas talvez ele se tornasse burro de repente e ficasse. Severo Snape insinuava ir embora quando Harry fez algo muito estranho.

- Au!

O menino pôs a mão em sua cicatriz de repente. Se curvando, como se sentisse uma dor tão intensa que lhe roubava as forças. Lílian ficou assustada e se abaixou ao lado dele, perguntando:

- Harry, o que houve?

- A minha cicatriz... está doendo... doendo muito...

- Doendo? Doendo como?

- Está doendo...

- Vou levá-lo para Madame Pomfrey – disse Tiago pegando o garoto no colo.

- Vou com vocês.

E os dois correram de volta para o castelo. Tiago carregando Harry. E Lílian em seu encalço.

Na enfermaria, Madame Pomfrey não soube dizer o que estaria causando tal dor em Harry. Nem os motivos para uma cicatriz que aparentemente provinha de um acidente de carro estar doendo tanto. Aquilo fez Lílian pensar que a forma da cicatriz não era a única coisa incomum nela. Madame Pomfrey deu uma poção ao Harry para que ele dormisse, depois que nenhuma poção contra dor pareceu funcionar. Mas ele ainda aparentava estar sofrendo. Preocupados, nem Lílian, nem Tiago se apartaram do lado dele.

- O que está acontecendo a ele? – perguntou Lílian, assistindo o cenho de Harry franzir-se diversas vezes durante o sono.

- Não sei dizer...

Ele pôs a mão na testa de Harry. Finalmente, o garoto pareceu se acalmar. Seu sono ficava mais tranquilo.

- Ainda bem que acabou... já não aguentava mais vê-lo assim – disse ela, aliviada.

- Agora é só esperar ele acordar.

- É...

Mais uma vez o silêncio se abateu sobre eles. Lílian passou a observar Tiago, intrigada, ou encantada, com a dedicação daquele adolescente de dezesseis anos para com um garotinho. Perguntou-se se aquela dedicação duraria por mais tempo? Decidiu esperar para ver.

- Tiago.

Os dois se sobressaltaram. Cosmo aparecera.

- O que foi?

- Chegou uma carta para você – o verdinho entregou um envelope de pergaminho e foi embora, desejando que Harry melhorasse.

Tiago leu o remetente e seu rosto expressou preocupação mais uma vez.

- É algo da sua casa?

- Hum?

- Remo me disse que seus pais estão muito doentes. É algo sobre eles, a carta?

- Mais ou menos. A carta é da minha prima, que está com meus pais.

- Você tem uma prima?

- De segundo grau. É a parente mais próxima que eu tenho. Fora os meus pais.

- Hum... se ela é sua prima de segundo grau, então um dos pais dela é seu primo, não?

- Na verdade são os dois. O pai dela era meu primo por parte de pai. E a mãe a minha prima por parte de mãe.

- Ah, é? Que curioso.

- Nem tanto, meus tios dos dois lados já tinham planejado o casamento entre eles.

- Hã...

- Sim. Foi um casamento arranjado. Mas há uma explicação. – ele disse risonho.

- Eu não disse nada.

- Mas sei que pensou.

- Tá, e qual seria a explicação?

- Parece que o meu tio, pai do meu primo, possuía a habilidade de ver o futuro.

- É sério? Na sua família há videntes?

- Parece que sim, mas são tão raros que é quase lenda. É como se nascesse um a cada geração, ou a cada era quando fosse necessário. Pelo menos era assim que meu tio falava. Não sei se ele estava certo, mas o fato é que ele aparentemente previu que meus primos deveriam se casar e gerar filhos. Então ele fez um acordo com o pai da minha prima. Felizmente, meus primos se apaixonaram um pelo outro quando se conheceram. Acho que meu tio sempre soube que eles se apaixonariam... era um casal que se amava muito...

O olhar de Tiago tornou-se distante e refletivo. Era como se ele lembrasse de coisas distantes... será que eles morreram? Perguntou-se a ruiva.

- Bom, é melhor eu ler a carta.

Ele abriu o envelope e pegou o pergaminho. Ele leu em silêncio. Um sorriso terno e gentil surgiu enquanto lia cada linha da carta. Lílian ficou encantada. Não sabia que Tiago Potter era capaz de sorrir daquele jeito. Ela nunca tinha reparado aquele sorriso nele. Nem naquele olhar de quem observa algo ou alguém muito precioso para ele. Imediatamente sentiu uma pontada de ciúmes do pergaminho. Nem ela recebia um olhar tão gentil. Eram sempre os odiosos olhares maliciosos, arrogantes e provocadores. Por que ele não a olhava daquele jeito? Um sentimento mesclando tristeza e amargura começou a surgir em seu peito. Uma risada de Potter pôs fim as suas reflexões.

- Ela está vindo. Virá amanhã.

- Sua prima de segundo grau? – ele aparentemente não percebeu que o tom dela tornara-se sutilmente mais seco.

- Hum-hum. Ela vai começar a estudar aqui em Hogwarts. Era para ela estar comigo no Expresso de Hogwarts no dia primeiro, mas... terríveis circunstâncias a impediram de vir. Eu quase não vim, também. Era tanta coisa que estava acontecendo... mas meus pais me convenceram. Disseram que era o meu sexto ano, um ano crítico para a minha formação. Ela, por outro lado, teve permissão para adiar a sua vinda. Precisava de um tempo.

- Seus primos morreram, não foi? Os pais dela.

- Mortos por comensais. Na casa deles. Ela escapou por pouco. Mas viu a morte dos dois. Suspeita-se que ele tenha descoberto uma informação crucial sobre os comensais, ou até mesmo sobre Voldemort. Então por isso os mataram. E depois tentaram matá-la, mas ela escapou.

Ele olhou para Harry, que ressonava no leito. Afastou a franja da testa do garoto e passou o polegar em sua cicatriz. Com o olhar aflito, fez uma pergunta que Lílian não sabia se era para ela ou para o além:

- Será uma sina?

Lílian o observou em silêncio por mais um tempo, e disse na falta de resposta melhor:

- Talvez o Harry goste de sua prima.

Tiago riu. Lílian desviou o olhar para Harry. Por isso não viu quando Tiago lhe lançou um olhar mais terno e mais gentil que ele lançara ao pergaminho momentos atrás.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Por onde começar? Já sei, a prima de segundo grau de Tiago. Como todo fã de Harry Potter deve saber, ela não existe no livro, e, por favor, não há videntes na família Potter. Não até onde a JK revelou. Ela é uma PO, personagem original (ou OC, em inglês), que eu criei para outra fic, que tem usa história de videntes na família Potter, aliás. Mas essa fanfic não vingou, sequer saiu da sinopse. Mas eu gostei tanto dessa personagem que eu quis usar em outra fanfic. Daí, eu vi a oportunidade nessa daqui. Eu a tinha criado para se tornar a força diferencial que mudaria completamente o rumo da história da família do Harry na outra fic, não sei se ela terá a mesma força nessa daqui. Ela vai aparecer no próximo capítulo. Espero que gostem dela.
Parece que o capítulo acabou do nada? Tem um motivo. O capítulo estava maior. Eu o cortei pela metade, a segunda metade se tornou no capítulo 6. O capítulo estava tão grande, mas tão grande, que achei melhor cortar. O melhor momento que achei onde seria bom cortar foi nesse (Dei uma melhorada na última frase, eu não escrevi aquilo antes, não). Onde a apresentação da nova crise da Potter Family ainda está fresquinha na mente de vocês com um novo drama o acompanhando. E ainda a promessa de uma nova personagem.
Acho que finalmente estou começando a entender a relação Tiago-Lílian. Assim como os dois personagens. Para quem não entendeu, aí a minha explicação sobre Tiago: ele é um rapaz de dezesseis anos que se encontra se perguntando quem ele é de verdade. Após uma morte tão perto na família, a terrível doença de seus pais... o fim da vida, a realidade da morte se encontra mais... real e palpável. E aí... quem não começa pensar? Ainda tem o Harry e um futuro onde ele morre. Ele e Lílian. Quem não começaria a se questionar sobre o que quer da vida se encontrando nessa situação? E essas dúvidas, esse novo jeito dele pensar nas coisas, ou a nova mente que se encontram nascendo nele, ou as mudanças que estão ocorrendo nele, acabam influenciando a sua relação com Lílian.
Com este novo entendimento sobre eles, a história irá se desenrolar de forma, diferente, talvez. É um exercício literário, para a habilidade de escrever histórias, livros... talvez meus livros originais se tornem bem mais atraentes e interessantes graças a essa fic. Porque eu sonho em escrever livros e publicá-los. Mas nunca achei que tivesse a habilidade refinada o suficiente. Mas agora, acho que posso dizer que meus livros sairiam melhores que quando eu os escreveria anos atrás. Bom... é com essa reflexão que os deixo por enquanto. Nos encontramos no próximo capítulo.