Gutt escrita por Ennaz


Capítulo 3
Mais 1 problema para Sirius Black


Notas iniciais do capítulo

Algumas pessoas disseram o que eu estava achando também. Estou apagando os marotos, não é? Mas descobri que existem três motivos para isso estar acontecendo. Um deles é porque eu não tenho muito facilidade para criar cenas marotas, mas quando se trata de cenas malucas, aí é outra história, eu sou muito boa nisso, por isso as gêmeas e o Cosmo estão funcionando muito bem. Eles são malucos. O segundo motivo é que ainda estou no terceiro capítulo, e eu instintivamente os foquei mais na Potter Family do que nos outros. Incluindo os marotos nos outros. O terceiro motivo talvez seja porque eu ainda não dei a oportunidade deles agirem como marotos. E pensando nisso faz-me lembrar de um quarto motivo... que tem a ver com algo que irei contar mais tarde nessa mesma fic.
Também me perguntaram se o Cosmo era metamorfamago. Bom. Eu não sei. Pra mim, ele só pinta o cabelo de verde. Mas quem sabe? Ele guarda tantos segredos... (9 ̙9)┐
E para terminar essa nota... peço desculpas àqueles que se sentiram de alguma forma pressionados ou ofendidos com a minha última nota pedindo por comentários mais longos. Mas eu só peço desculpas pela forma que eu escrevi, que pode ter soado irritado, ou até ameaçador (acredito que não estava ameaçador, mas quem sabe?). Mas eu ainda estou querendo comentários mais consistentes, só uma frase fica meio chato. Mas eu também vou me esforçar para merecer comentários mais longos. Então, fica a dica. A nota termina por aqui, e aproveitem o capítulo 3. (o˽o)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/292724/chapter/3

- Desculpem, é que... eu não consigo acreditar... a minha irmã... ela... realmente... maltrataria meu filho?... e se fosse o filho dela... se fosse ela e o marido dela a morrer?... e se o filho deles ficasse órfão?... eu cuidaria dele... eu cuidaria dele de verdade... eu cuidaria dele com carinho, porque... ela é minha irmã... ele teria um quarto e uma cama macia para dormir. Ele não... ele não dormiria num armário embaixo da escada... ele não dormiria...

- Lil?

Eles ainda não tinham visto. Mas Esmeralda, Jade e Cosmo, e os marotos se encontravam esperando por eles no corredor. Não se sabia o quanto eles tinham ouvido da conversa, mas Tiago, completamente sem ação, pediu ajuda aos amigos com um olhar. Ele não sabia se as gêmeas tinham entendido sua expressão, ou se aquilo era uma reação natural entre garotas. Mas Esmeralda e Jade se aproximaram completamente assustadas com as lágrimas de Lílian e procuraram saber o que aconteceu. Como elas não conseguiram uma resposta clara da ruiva, elas a levaram de lá, provavelmente para o quarto delas onde ficariam horas a consolando.

- Tiago, o que aconteceu com a Lílian? – perguntou Remo, muito preocupado.

- Você fez alguma coisa que a deixou chateada? – Sirius perguntou.

Pedro estava muito nervoso. Já Cosmo parecia calmo, como se já soubesse a resposta. Ele apenas sorriu reconfortador e deixou Tiago agir a sua maneira.

Harry se aproximou dele, e perguntou muito preocupado:

- Por que aquela moça estava chorando?

Tiago nunca soube de onde viera a resposta. Mas ele jamais dirá que era mentira.

- É porque ela é um anjo. Que no momento se encontra muito magoado. – ele se curvou para olhar o garoto nos olhos, sorriu e passou a mão na cabeça dele de forma carinhosa. Harry, encantado pelo gesto, sorriu corado. Seus olhos verdes brilhavam de... felicidade?

Capítulo 3

Mais 1 problema para Sirius Black

Tiago, os marotos e seu filho vindo do futuro chamado Harry, seguiram os corredores e subiram escadas até o retrato da Mulher-Gorda. Remo deu a senha: Sopa de enguia. No salão comunal, os muitos alunos já presentes pararam para olhar Harry, que se escondeu atrás de Tiago. Alguns cochichos comentavam o quanto Harry era parecido com o maroto. O rapaz se sentiu aflito. O que eles estariam pensando? Avistou Cosmo que parecia estar sentado a horas no centro da sala, cercado por pergaminhos e livros e tinteiros e penas. Quando os marotos passaram por ele, o verdinho levantou as vistas e disse:

- Acabei de ver a Lil passar chorando com as minhas tias. Aconteceu alguma coisa?

- Você não sabe? Estava lá com a gente. – respondeu Remo.

- Ah, estava? Então não perguntei o que estava acontecendo. Quem é esse garoto? Ele é a sua cara, Tiago. Mas os olhos dele são iguais aos da Lil, já reparou? Que estranho.

- Isso não é bem um assunto a ser tratado aqui.

- Ok, então, vamos lá pro quarto discutir. Aprende-se muito sobre a arte de guardar segredos quando se observa as garotas com genuíno interesse. – o garoto comentou risonho.

Tiago não costumava experimentar esse tipo de sentimento em relação ao colega, mas, naquele momento, ele quis muito socar a cara dele. Aquela mania irritante dele estar sempre rindo o... irritava. Porém, por mais que a vontade fosse grande, Tiago não o socou. E os garotos foram para o dormitório.

- Então... o Harry é seu filho? – Remo espantou-se, pálido.

Sirius estava mudo em seu canto. Analisando Harry com muita atenção. O que deixou Tiago apreensivo. Parecia que o amigo não estava gostando muito da história.

- Cara, que loucura mais louca é essa? – disse Cosmo, achando mais graça que outra coisa.

- Como foi que aconteceu? – perguntou Pedro.

- Bom, Pedro – Sirius se aproximou do amigo gordinho, um sorriso soturno abrindo-se em seu rosto, um olhar malicioso e perigoso se fez presente, fazendo Tiago temer – tudo começa quando um homem e uma mulher se sentem atraídos um pelo outro e aí eles-

- Não precisa explicar isso, Almofadinhas, eu já sei de onde vem os bebês – disse Pedro, em pânico – mas eu queria saber como o Tiago tem um filho?

- Rabicho, pelo mesmo processo.

- O que?

- Sirius, o que você está insinuando? – Tiago se sentia ultrajado.

- Não estou insinuando nada, estou sendo claro – ele o confrontou – quem diria, não é? Você é pai há... desculpe, moleque, mas qual é a sua idade, mesmo?

- Seis... – respondeu Harry num fio de voz, com medo de Sirius.

- Seis?! Seis! Há seis anos, você teve um filho com uma garota e guardou segredo?

- Sirius você já fez as contas? Há seis anos eu tinha dez anos eu nem-

- E aos dez anos você já aprontava muito, não é? Eu sinto pena da sua mãe, que, doente, fraca e de cama ainda vai ter que aguentar o choque quando souber que há seis anos seu filho teve um filho com alguma garota desconhecida. E aquela história, como era mesmo? “Sirius, vamos maneirar esse ano e sermos menos marotos para não preocuparmos os meus pais” não foi isso que você me disse? Preocupado que as nossas brincadeiras matem seus pais mais rápido do que eles JÁ VÃO MORRER?

- Sirius, você está indo longe demais – Remo tentou intervir, mas quando Tiago ouviu o seu amigo falar aquilo de seus pais, não se segurou mais:

- Você é idiota, é? Ouviu o que disse? Meus pais não vão morrer!

- Ah, eles vão sim. Tenho certeza que vão, assim que eles ouvirem do seu filho secreto eles vão morrer... e de desgosto. E aí sim você poderá dizer que a culpa foi sua!

E dizendo isso, Sirius partiu, fechando a porta do quarto com força ao passar. Tremendo de raiva e arfando, Tiago se sentou na cama e se encurvou. As mãos passando por sua cabeça, os cotovelos apoiados em suas pernas. Ele não queria ver a cara de ninguém, apenas... ele não sabia o que queria fazer.

- Tiago, eu odeio ser chato nessas horas, mas – Cosmo quebrou o pesado silêncio que se abatera no quarto – você ainda não explicou o que está acontecendo. Como você tem um filho que veio de um tornado de nuvens?

O maroto levantou seus olhos, fitando, meio sem foco, o verdinho na cama ao lado. Remo e Pedro encaravam-no preocupados e perdidos. Ele não queria explicar, bom, ele queria explicar, mas não naquele momento. Estava muito nervoso e queria se acalmar para poder esclarecer as coisas. Mas sentiu que era urgente, por isso começou:

- Por algum motivo misterioso que nem Dumbledore pode explicar: Harry é meu filho com a Evans, que veio do futuro.

- Do futuro?

- Seu filho com a Evans?!

- Isso é que é chocante. – Cosmo se referiu à última sentença de Rabicho.

- É – continuou Tiago – de algum jeito, aquele tornado serviu como um túnel do tempo que trouxe o Harry de mil novecentos e oitenta e seis para o nosso tempo, em mil novecentos e setenta e seis.

Mais uma vez o quarto ficou em silêncio, cada um assimilando as informações que mais o chocaram. Até que Harry contou:

- Foi uma mão branca que me pegou e me levou do quintal da tia Petúnia.

- Uma mão branca? – Remo se intrigou.

- Sim. Uma mão branca no meio das nuvens que giravam e desciam. A Sr.ª Figg quis que eu fugisse da mão, mas eu queria muito saber de quem era aquela mão, então eu não fugi.

Remo puxou um pergaminho e uma pena de seu bolso e começou a escrever. Harry observou-o bastante curioso e interessado nos objetos, e perguntou:

- O que é isso que você está usando? É uma pena?

- Ah, sim... Harry, é uma pena.

- E está fazendo o que com ela no papel?

- Estou escrevendo.

- Escrevendo? Com uma pena? Mas penas não escrevem?

- Como assim, penas não escrevem?

- Não. Penas são a pele dos pássaros e não escrevem.

- Ah, é? Se não escreve com penas, o que você usa para escrever, Harry?

- Ah, um lápis. Ou uma caneta. Mas meus tios não me deixam usar caneta, eles acham que eu posso querer riscar a parede de casa. A tinta da caneta não sai. Já o lápis eu posso apagar com uma borracha.

- Caneta?

- Lápis?

- A tinta não sai? – estranhou Pedro.

- São objetos trouxas – disse Cosmo.

- Trouxas? – perguntaram os três marotos em coro.

- Nunca fizeram Estudo dos Trouxas?

- Não.

- Ué, que estranho, jurava que eu tinha os visto na aula, ou será que foi em outra... bom, de qualquer forma, o que o Harry disse, caneta, lápis e tinta que não sai, são coisas trouxas.

- Trouxa? – Harry perguntou – o que é trouxa?

Os quatro rapazes trocaram olhares espantados.

- Você não sabe o que é trouxa, Harry? – perguntou Tiago. O menino fez que não. – Bom, trouxas são as pessoas que não são bruxas. É como nós, bruxos, as chamamos.

- Bruxos? – Harry franziu seu cenho – bruxos são aquelas pessoas malvadas que fazem maldades com as princesas como a bela adormecida?

- Hã? Bela, o que?

- Bruxos são pessoas malvadas que fazem maldades com princesas? – Pedro amedrontou-se.

- E o que é bela adormecida? – perguntou Remo.

- Não sabe? – riu Harry – É a princesa que ficou dormindo depois de furar o dedo numa agulha. Ela só acordou com o beijo de um príncipe, cem anos depois.

- Ela dormiu por cem anos só porque furou o dedo numa agulha?!

- Sim. Uma bruxa má amaldiçoou a bela para que dormisse depois de furar o dedo numa agulha com dezesseis anos. Isso só porque a bruxa não tinha sido convidada para a festa que os reis deram para a princesa.

- Só por isso a bruxa amaldiçoou a menina? – Tiago não percebera, mas ele tinha ficado intrigado com a história e queria ouvir mais – e o que aconteceu depois?

- Os reis mandaram queimar todas as rocas de fiar. Eu não sei o que são, então não me perguntem. Seria na agulha das rocas que a princesa tinha que furar o dedo para dormir por cem anos.

- E os reis conseguiram impedir que a filha deles furasse o dedo e dormisse?

- Não, não conseguiram.

- Por que não?

- Porque quando a princesa estava fazendo dezesseis anos, a bruxa apareceu para ela disfarçada de velha com uma roca de fiar. A bruxa disse para a princesa tentar usar a roca e a princesa fez o que a bruxa disse e...

- O que aconteceu?

- A princesa furou o dedo na agulha e dormiu. As fadas madrinhas da princesa encontraram ela e fizeram com que todos do reino dormissem junto com ela e a colocaram numa cama na torre mais alta do castelo. E depois fizeram espinhos nascerem em todo o castelo para que ninguém entrasse até depois de cem anos.

- E por que elas fizeram isso?

- Não sei. Só sei que depois de cem anos veio um príncipe de um país distante. As fadas o fizeram passar pelos espinhos e encontrar a princesa dormindo. Ele deu um beijo nela e ela acordou e todos do castelo também acordaram. E a história termina com eles felizes para sempre.

- Ah... que história estranha.

- Mas eu gosto mais de Cinderela.

- Cinderela? Outra princesa atormentada por uma bruxa?

- Ah, não. Ela só é uma menina sem pais atormentada pela madrasta. Ela é órfã, assim como eu...

Tiago percebeu Remo retesar-se quando Harry disse que era órfão. Ele ainda não tinha contado essa parte da história.

- ... e ela tem uma madrasta que tem duas filhas. Elas maltratam a Cinderela o tempo todo. Riem dela, porque ela passou a ser uma criada na casa delas. Assim como eu, meu primo Duda e os amigos deles estão sempre me perturbando, e batendo em mim. E meus tios estão sempre me dando trabalhos para fazer em casa, não consigo brincar. Mas a Cinderela nunca reclamava ou sentia raiva da madrasta e as irmãs e por isso ela foi recompensada com a ajuda da fada madrinha que fez ela se casar com o príncipe do reino e ser feliz pra sempre. E é por isso que eu me esforço para ser bonzinho, para que uma fada madrinha me ajude a ser feliz pra sempre. Mas tio Valter diz que fadas não existem. E que magia não existe. Mas... eu quero ser recompensado por isso algum dia.

Quando o menino terminou seu relato, o silêncio mais uma vez caiu sobre o quarto. Cada um absorto em suas ponderações.

- Parece que você está vivendo com trouxas – disse Cosmo com um sorriso irônico, pouco comum em seu semblante – E trouxas bem trouxas, no velho sentido bruxo da palavra que significa: saber de nada.

- Isso é ser trouxa, saber de nada? – perguntou Harry.

- É. O Cosmo explicou bem. – disse Tiago.

- Então eu sou trouxa? Porque, de acordo com meus tios, eu não sei de nada.

- Ah, o que? Não. Não é isso que eu quero dizer. Você não é trouxa. É um bruxo.

- Um bruxo?

- É.

- Um bruxo mau?

- Ah, não. Os bruxos não são maus. Nem todos são maus. Na realidade, há mais bruxos bonzinhos que maus.

- Tem bruxo bom?

- Sim, você é um bonzinho. Eu sou um bruxo bonzinho – Remo riu nessa parte – já o Aluado, nem tanto.

- Se eu não sou tão bonzinho assim, então você é muito mau, Pontas.

- Mas bruxos não existem. Tio Valter sempre diz que eles não existem.

- Ele estava errado. Magia e bruxos existem e eu vou provar pra você.

E Tiago puxou sua varinha.

- Aqui, está vendo? Uma varinha mágica autêntica. Mogno, vinte e oito centímetros, flexível. Excelente para transformações. Tem algo em seus bolsos que eu possa usar, Harry?

- Hum... isso aqui – ele pegou uma embalagem de um doce – a tia Esmeralda, da escola, me deu. Ela é bem legal comigo. Só que não foi legal com o Duda. Quando ele pediu um doce pra ela porque ela tinha me dado, ela disse que ele não precisava porque já estava gordo.

Tiago trocou um olhar divertido com Cosmo.

- Então, por isso, a tia Petúnia vai tirar nós dois da escola. Porque a tia Esmeralda não foi legal com o Duda.

- E por acaso essa tia da escola é loira?

- Sim.

- Tem olhos verdes.

- Sim... ela tem olhos verdes. Eu sei disso, porque eu também tenho olhos verdes.

- Ela é baixinha?

- Baixinha? Não sei... acho que ela não é a tia mais alta da escola.

- Estão achando que é a Esmeralda? – perguntou Remo.

- Eu não acharia estranho se soubesse que meus amigos estão vigiando meu filho órfão, mesmo que de longe. – disse Tiago, trazendo, de forma inadvertida, um clima pesado e triste. Querendo dissipar aquele ar cinzento, decidiu retomar o assunto inicial – Harry me dê o papel.

O menino o fez.

- Aqui, está, vendo, uma embalagem de... caramelo da Dedosdemel? Agora eu tenho certeza que era ela-

- Era um doce muito gostoso.

- É, eu sei, já comi muitos desses – ele pôs a embalagem sobre a cama. – está vendo o papel?

- Sim – assentiu o menino.

Tiago apontou a varinha e recitou um feitiço. O papel se mexeu e se transformou numa andorinha. Harry ficou maravilhado.

- Como você fez isso?

- Magia. Sou um bruxo. E você também é.

- Eu sou? Como sabe?

- Sabe a história das canetas que explodiram na sua escolinha trouxa?

- As canetas explodiram sozinhas.

- Na realidade, foi você quem as fez explodir.

- Hã? Eu as fiz explodir?

- É.

- Mas eu não fiz nada. Não disse nenhuma palavra como você fez. Nem mexi minhas mãos ou pensei em fazer as canetas explodirem.

- Você só estava nervoso. Acontece de vez em quando com os bruxos, principalmente com os mais jovens. Se ficamos muito nervosos acabamos realizando o que chamamos de magia involuntária. E para uma criança bruxa é motivo de comemoração quando ela realiza sua primeira magia involuntária.

- Então... eu sou um bruxo?

- Sim, você é um bruxo, Harry.

- Hã... – ele parecia muito admirado consigo mesmo.

Eles ouviram batidas na porta. Pedro, que estava mais perto, atendeu. Tiago se levantou imediatamente. Era Lílian Evans quem batia. Seus olhos estavam vermelhos, mas ela parecia melhor do que antes.

- Eu vim aqui apenas para saber se já levaram o Harry para jantar. – disse.

E Tiago se sentiu um idiota. Ele havia esquecido.

- Ah... na verdade não...

Ela arfou irritada.

- Olha, eu não sei se você está a fim, ou não de jantar. Eu não estou a fim, mas o Harry precisa comer, então vou levá-lo.

- Ah, não está a fim, Lil? – Remo interveio – Não se preocupe, eu levo o Harry. Cosmo e Pedro também devem estar com fome, então vamos juntos, certo?

- Já estava esperando há um tempo para irmos jantar – disse Pedro.

- Fique aqui e converse com o Tiago-

- Mas eu – ela tentou argumentar, mas Remo continuou.

- Lílian, você e o Tiago precisam conversar sobre o Harry. É bom que estejam sozinhos para esclarecer algumas coisas. Eu levo o Harry. Harry?

- Vamos jantar?

- Sim, vamos, Harry.

- Está bem... – o garoto pulou da cama, mas parou e olhou para Tiago e perguntou – posso ir com eles?

- Hã? Pode. Pode sim.

Harry sorriu animado e saiu com Remo, Pedro e Cosmo. O último acenou para Tiago e Lílian antes de sair e fechar a porta.

O silêncio caiu novamente sobre o quarto. Até que Tiago, retomando seu antigo ar maroto, disse:

- E então? Sobre o que você quer conversar comigo, princesa?

O rosto de Lílian ficou vermelho enquanto a garota emburrava e inflava a bochecha. A boca formando um biquinho. Tiago adorava aquela expressão.

- Pare já com isso. É só... sobre o Harry. Só podemos falar do Harry.

- Pois é, né? Nem fizemos nada e já temos um filho. Au! Na boa, se você me socar assim toda vez que eu falar uma besteira, vou perder a costela.

- Então pare de falar besteira.

- Não dá, falar besteira faz parte do meu ser. Você se casou comigo, vai ter que aturar- Au! De novo? O que está acontecendo?

- É exatamente isso que eu quero deixar claro.

- O que? Que eu falei besteira?

- Não. Isso você faz o tempo todo. Estou falando do nosso suposto futuro juntos.

- Ah, é... temos um futuro juntos e- tudo bem, já calei!

- Só porque um tornado estranho trouxe o nosso filho do futuro para cá não quer dizer que verdadeiramente iremos nos casar-

- O que, quer pular o casamento pra parte do filho- au! Foi mal...

- O que eu estou querendo dizer, Potter, é que não quer dizer que vamos nos casar. Nem que no nosso futuro teremos um filho. Isso ainda não foi decidido e nem aconteceu. E, se depender de mim, jamais acontecerá.

- Está dizendo que o Harry não vai existir?

- Não! Ele vai existir.

- Então vamos ter um filho juntos.

- Não! O Harry vai existir, mas apenas num futuro alternativo em que nós dois de alguma forma nos entendemos e o tivemos.

- Futuro alternativo? – aquilo era loucura, na mente dele, mas tanta coisa louca havia acontecido naquele dia. Por que não um pouco mais?

- É, futuro alternativo. Algo contra?

- Não... nenhum...

- Bom, era só isso que eu queria dizer.

E mais uma vez o silêncio encheu o quarto novamente até que Tiago perguntou:

- E como vamos cuidar do Harry? Tem as aulas, e acho que não podemos levá-lo para assistir às aulas conosco.

- Podemos... podemos pedir aos nossos amigos para cuidarem dele. Não assistimos a todas as aulas juntos.

- Até que pode dar certo, apesar de me dar um pouco de arrepio. – disse ele pensando nas gêmeas e no Boothman. – Mas tem outro problema nisso.

- E seria?

- Todos fazemos DCAT e Feitiços. Durante essas aulas não teremos ninguém com deixar o Harry.

- É... tem razão... ah, já sei! O Hagrid!

- O que? O Hagrid? – espantou-se, Tiago.

- É. Tem algo contra?

- Não é que eu não goste ou desconfie do grandão é só que... o Hagrid não é lá tão cuidadoso assim para cuidar de uma criancinha. E o Harry pode se engasgar com seus biscoitos. – ele entrou em pânico.

- Potter, não se preocupe, ele não vai matar o Harry – mas ela fez uma cara de quem pensava melhor – Bom, mais tarde nós pensamos nisso. Essa conversa me animou tanto que até fiquei com fome. Quer descer para jantar? Eu te espero se arrumar.

- Oh? Bom, por mais que isso me anime, eu vou ter que declinar ao convite. Eu ainda não me sinto bem o suficiente para comer algo sem achar que vou vomitar.

- Ah... então... a gente se fala.

Ela se despediu e saiu.

Tiago desabou sobre a cama. O mundo parecia girar tanto que ele se sentia tonto e enjoado. Tantos problemas. Em tão pouco tempo.

Quando Lílian entrou no Salão Principal, logo sentiu um frio olhar atravessá-la como navalha. Ao seguir a sensação, encontrou olhos assassinos a fitando da mesa da Sonserina. Inacreditavelmente era Sirius Black. Que por alguma razão misteriosa preferira sentar-se à mesa de seus colegas mais odiados a sentar-se à mesa da Grifinória.

- É impressão minha, ou o Black está querendo me matar? – perguntou ela, ao se juntar aos amigos (e ao Harry), na mesa da Grifinória.

- Provavelmente... – Remo falou em seu copo.

- Oh, Lil, você não nos disse que esse garoto era seu filho! – exclamou Jade.

- Por favor, fale isso baixo. – Lílian pediu em pânico – Mas eu não contei a vocês, como souberam?

- O Remo nos contou. – responderam as gêmeas em coro.

- Ah, então o Potter foi logo contando que me conquistou e teve até um filho comigo, não foi? – Lílian se dirigiu a Remo, magoada.

- O que? Não! Não compreenda mal, por favor, eu já estou cansado de malentendidos por hoje!

- Malentendidos?  - criticou Esmeralda – mas que jeito velho de falar. É mal-entendido.

- A verdade é que o Tiago só explicou que o Harry é o filho de vocês que veio do futuro através do tornado, mas só isso. Ele não disse nada além disso.

- Ah, bom... assim fica melhor.

- Tia – Harry puxou a manga da veste de Esmeralda – você é muito parecida com a tia Esmeralda lá da minha escola.

- Ah, é?

- Achamos que seja realmente você – riu Remo.

- Hum... e em que escola estamos falando? Porque definitivamente não é Hogwarts. Vou ser professora?

- Uma escola trouxa para crianças – disse Cosmo – primeira série, eu acho.

- E por que eu estaria numa escola trouxa?

- Para ficar de olho no Harry.

- E por que eu estaria de olho no filho dos outros? Provavelmente, a essa altura eu já estaria muito ocupada com meus próprios filhos para cuidar.

- Bom... – Remo ficou pesaroso – Lil... você ainda não contou pra elas sobre... a situação do Harry?

- Ainda não consegui – disse ela, perdendo a fome novamente – eu ainda nem consegui aceitar direito...

- Aceitar o que?

- O que você não contou pra gente?

- Posso contar, Lil?

Lílian abaixou a cabeça, a mão na testa e os cotovelos na mesa.

- Conte...

Houve um silêncio momentâneo, no que Remo escolhia bem as palavras. Até que ele disse á gêmeas:

- O Harry... ele é órfão...

Demorou um tempo para as duas assimilarem as informações. Quando o fizeram, elas ficaram pálidas e encararam Lílian com os olhos arregalados.

- Não...

- Lílian... você... não pode ser...

Ela sentiu que voltaria a chorar a qualquer momento, mas segurou firme e disse:

- Em algum momento... em algum futuro... eu morri... e deixei um filho órfão e sozinho... quem está cuidando dele, agora, é minha irmã, Petúnia-

- Mas ela te odeia.

- Eu sei... e é por isso que... essa é a parte mais triste... ela não cuida dele. Ela só o abrigou e mais nada. Se ela dá comida a ele, deve ser só para que ele não morra de fome e ela não tenha um processo judicial nas mãos. Ela nem o trata bem, nem como parente. O Harry é quase... um cachorrinho... um elfo-doméstico para a Petúnia.

- Lil... eu sinto muito...

Por um instante, houve silêncio. Sendo quebrado pelo comentário da Esmeralda:

- Agora eu entendo porque estou de olho no Harry numa escola trouxa... e essas roupas parecem que foram doadas por pessoas mesquinhas – ela puxou a manga da blusa do menino – por que você está usando essas roupas, Harry?

- São as roupas velhas do meu primo Duda.

- Ela nem compra roupas decentes para ele, aposto que tem dinheiro suficiente para comprar um armário inteiro. – Lílian já não estava mais triste, estava irritada e ficando furiosa cada vez mais.

Assim, ela pegou o purê de batata mais próximo e o jogou com força no prato. O purê fez um barulho esquisito ao se chocar no prato de metal. Depois do purê ela pegou um pedaço de carne que quase quicou para fora do prato. E começou a comer como se o purê e a carne fossem os culpados por tudo aquilo. Desde o tornado até sua irmã sendo tão má para o Harry. Os outros devem ter ficado com medo de falar perto dela, pois ficaram em silêncio enquanto comiam. Ao término do jantar, eles saíram do salão. Talvez devessem ter se demorado mais. Ou saído mais cedo. Pois se assim o fizessem não se deparariam com Sirius duelando no meio do saguão com Severo Snape que sibilava:

- Você e aquele seu amigo Potter fizeram alguma coisa com ela, não foi? Eu a vi chorar. – e jogou um feitiço que foi rebatido.

- Eu não sei porque você está tão irritado, Ranhoso, afinal ela é apenas mais uma sangue-ruim pra você, não é? – respondia Sirius rebatendo mais um feitiço.

- Cala a boca, Black. Você não sabe de nada!

- Parados os dois! – Lílian se meteu no meio; felizmente nenhum feitiço a atingiu. Usando toda a raiva que sentia da irmã, gritou para os dois garotos – eu não quero nem saber o motivo da briga. Apenas guardem as varinhas e saiam daqui antes que eu tire vinte pontos das duas casas!

- Ora, cala a boca sua-

A palavra que Sirius usou em seguida (que eu de jeito nenhum escreverei aqui) deixou não só Lílian, como a todos tão chocados. Mas tão chocados. Que eles ficaram mudos e não fizeram nada além de deixar o maroto sair dali fumando pelas orelhas e ventas de tão furioso.

- Eu não acredito que ele disse aquilo pra mim – Lílian se jogou na cadeira da sala abandonada mais próxima que encontraram após a cena do saguão. Cosmo já tinha desaparecido e ninguém sabia onde ele estava ou onde apareceria. Então, agora, apenas Remo e Pedro compartilhavam da companhia das meninas e do Harry. Muito nervosos diante de uma Lílian ainda mais nervosa que dizia:

- Ele está furioso comigo? O que eu fiz para ele?

- Por que ele te chamou de-

Lílian tampou a boca de Harry antes que ele terminasse a pergunta.

- Não, Harry, não repita essa palavra. Nunca diga aquela palavra. Entendeu?

O menino fez que sim.

- Óimo. Agora, alguém pode me explicar o que está acontecendo com o Black? Sei que nunca fomos muito amigos, mas ele nunca me tratou desse jeito.

- Você quer a verdade? – perguntou Esmeralda numa voz etérea, bem próxima de seu ouvido.

- É a verdade que você quer? – Jade falou do mesmo jeito no outro ouvido.

- Vocês sabem a razão? – quis saber, Lílian.

- A verdade...

- Está com ele.

E apontaram para Remo. Que em pânico, começou a tentar explicar:

- Eu juro... juro que não fiz por mal...

- Ta... o que foi que você não fez por mal?

- Eu tentei explicar a situação para o Sirius, mas ele só ouviu a parte que você é mãe do Harry com o Tiago. O resto ele nem quis ouvir. Ficou furioso.

- Ele acha que eu e o Potter... Harry tem seis anos! Há seis anos eu tinha dez anos, sequer sabia da existência do Potter!

- Tiago disse a mesma coisa para o Sirius.

- O Black brigou com o Potter?

- Hã! O que ele disse pra você não foi nada perto do que ele disse para o Potter- digo, para o Tiago.

- Mais ainda assim não é motivo para me tratar daquele jeito.

- Você está certa, Lil. Está completamente certa. – disse Remo – mas o Sirius, ele... está com a cabeça cheia de problemas. Têm os problemas dos Black com alguns parentes dele se tornando comensais. Apesar dele não dizer nada, eu sei que ele está com medo que o Régulo siga pelo mesmo caminho da Belatriz. Ainda tem os pais do Tiago que estão muito doentes, os dois até tinham concordado em diminuir as marotagens para não causarem problemas para os Srs. Potter...

- Hã... então foi por isso que três semanas se passaram e nada dos marotos serem marotos. – disse Esmeralda.

Remo a ignorou e continuou:

- E agora com esse tornado e o Harry, ele deve estar muito irritado e confuso nesse momento. Na cabeça dele, o Tiago arranjou um grande problema para os Srs. Potter. Sei lá, tente pensar como o Sirius e entender o que ele está sentindo. Que tipo de reação você espera de um casal que descobre que o filho adolescente é pai, e ainda por cima desde os dez anos e não sabia? É nisso que ele está pensando agora.

- Oh, é muito desagradável – Jade respondeu num tom sombrio, que nela, ficava mais sombrio que em qualquer outra pessoa.

- Vocês falam como se tivessem vivido isso na pele. – observou Pedro.

- Oh, não, nós não.

- O que, dez anos a gente jogava tomates no telhado da tia Xaviera – contou Esmeralda.

- Vocês jogavam tomates no telhado da casa da sua tia?

- A gente ainda joga.

- Ela deixa.

- Nossa tia não se importa com os tomates podres no telhado dela. Ela diz até que gosta do cheiro. Mas, continuando a história. Não foi a gente que.... engravidou. – Esmeralda estremeceu com o pensamento. Apesar de serem as mais velhas, elas ainda eram as mais inocentes nesse ponto. Para elas, apenas ficar ao lado do namorado é o suficiente.

- Só estávamos no meio dos feitiços cruzados...

- E nos dois lados.

- Se lembram da nossa irmã Rochelle?

- A que saiu antes de terminar o sexto ano? – disse Remo – Lembro-me dela por causa dos boatos. Diziam que ela estava grávida e que não sabia de quem era o pai.

- Pois é; ela estava grávida e sabia muito bem sabido quem era o pai. – Esmeralda rebateu irritada.

- Quem?

- Quem mais? O único namorado dela, ué? O Luke Shoemaker.

- Mas ela não era a que ficava com todos os garotos da escola?

- Foi o idiota que inventou e espalhou essa história para que ninguém acreditasse nela. Ele não queria assumir.

- Hã... então foi por isso que vocês ficaram pregando várias peças nele até ele se formar?

- Não só por isso.

- Essa foi a razão principal.

- A outra razão foi porque ele chamou a Batch Fazenda, a nossa casa, de hospício! –Esmeralda completou ultrajada. – E que ele não queria estar ligado a nossa família porque somos uma família de loucos!

- Ninguém chama a nossa casa de hospício. E nem fala que a nossa família é de loucos.

- Só a gente. E vou te contar aquele lugar parece realmente um hospício. Temos até um tio que toca violino no telhado.

- Se eu o ouvir tocar Der Hoelle Rache de novo, eu juro que o derrubo do telhado. Espero que pelo menos ele já tenha trocado para a Marcha dos Sacerdotes quando voltarmos no Natal. Eu até gosto dessa música.

- Acho que ele vai estar tocando Noite Feliz.

- Pelo menos já vai ser uma mudança.

Mesmo que estivesse acostumada com as loucuras das gêmeas Hughes, Lílian não pode deixar de se impressionar com suas revelações sobre a família. Imediatamente ficou curiosa para saber como era a casa delas, mas também passou a temer o dia em que a conheceria. Apesar de tudo, seu humor melhorou muito.

- Vocês são duas figuras. – riu por fim.

- Com licença, mas já posso voltar pra casa? – perguntou Harry com cara de sono – Está escuro e os meus tios vão ficar muito irritados comigo.

Lílian olhou para Harry, e depois buscou ajuda aos amigos com um olhar. Eles não fizeram nada a não ser incentivá-la a falar alguma coisa. Resignada, Lílian procurou as palavras certas para fazê-lo compreender que ele não poderia voltar pra casa tão cedo. Sem causar-lhe pânico.

- Ah... Harry... infelizmente você veio parar muito longe da sua casa. Você... não vai poder voltar até que o prof. Dumbledore encontre um jeito de te mandar de volta. Você entende?

Harry a analisou profundamente. Como se repassasse cada palavra proferida por ela para que pudesse entender o que estava acontecendo. Um ato que surpreendeu muito a jovem. Era normal que uma criança de seis anos fizesse aquilo? Por fim, Harry abaixou a cabeça e respondeu:

- Entendo...

Ele manteve a cabeça abaixada por um tempo. Ninguém ousou falar mais nada esperando pela próxima ação do menino. Ele então deu um suspiro resignado e coçou a cabeça com energia deixando seu cabelo já rebelde bastante arrepiado. Lílian viu que Remo e os outros seguraram o riso enquanto Harry dizia muito preocupado:

- Mas será que os meus tios vão entender? – ele levantou seus olhos verdes cheios de preocupação para Lílian e continuou – se eles não acreditarem em mim eles vão ficar muito irritados e me deixarão de castigo por muito tempo.

Lílian sentiu seu coração pesar. Não soube o que dizer para acalmá-lo. Enquanto tentava pensar numa boa resposta, viu-o bocejar e sua cabeça pender um pouco para frente.

- É melhor deixar a nossa conversa para mais tarde.

- É, afinal já está ficando tarde – Jade olhou para o relógio em sua torre. Já era quase nove horas, deveriam estar no Salão Comunal há meia hora.

- O Harry vai dormir com vocês, não é? – Lílian perguntou para Remo, se referindo aos marotos.

- É... acho que é a única solução do Harry.

- Pode ficar de olho nele pra mim?

- Hã? Eu? Não basta o Tiago?

Lílian fechou a expressou instantaneamente.

- Não confio nele. E no Black menos ainda, depois do que ele me disse. Só confio em você e no Pedro para olharem o Harry. Será que podem me fazer esse favor de cuidar dele?

Remo e Pedro trocaram olhares aflitos, mas assentiram.

- Muito obrigada. – Lílian agradeceu.

Depois disso, eles saíram da sala e rumaram direto para a Torre da Grifinória. No Salão Comunal, Lílian e as meninas se despediram de Harry e os demais e subiram para o dormitório das garotas. No quarto das garotas com a placa do sexto ano, elas eram as únicas.

- Duvido que você não tenha reparado que o Harry fez igualzinho ao Tiago quando ele coçou a cabeça. – Jade provocou a ruiva enquanto trocava o uniforme por uma camisola verde.

- É... eu reparei que ele fez igual, feliz? – Lílian vestiu seu pijama cor salmão e se jogou na cama, extremamente cansada – Eu não acredito que isso esteja acontecendo mesmo...

A falta de comentários de Esmeralda fez as outras duas olharem para ela. A loirinha de cabelo curto lançava um olhar distante para as camas vazias do quarto. Jade e Lílian trocaram olhares franzidos antes da primeira jogar um travesseiro na irmã, dizendo:

- Acorda, está pensando na morte da bezerra, é?

- Não! Estava pensando na Cole e na Mason. Elas desapareceram durante o verão e é preocupante.

- É, não é? – Lílian concordou.

- É, mas não adianta nada ficarmos pensando nelas – rebateu Jade – não sabemos nada do que aconteceu a não ser o que saiu no Profeta Diário. Que elas e as famílias estão desaparecidas. Assim, podemos supor o pior, ou que elas foram ameaçadas por Voldemort e os comensais e agora se encontram fugindo, ou que decidiram tirar longas férias juntas com as famílias numa ilha qualquer perdida no mapa.

E as três ficaram em silêncio. Até que Esmeralda declarou jogando o travesseiro de volta na irmã:

- Você está terrível e dolorosamente certa, irmãzinha. Eu vou dormir – e se deitou, se enrolando na coberta, de modo que parecia um casulo.

Lílian suspirou como se expirasse todas as suas preocupações e frustrações. Se espreguiçou um pouco e se deitou. Após apagar as velas com um aceno de varinha, desejou boa-noite ás garotas, que responderam.

Tiago despertou com o seu estômago roncando, uma bruta dor no pescoço e com a mão onde deitara a cabeça completamente dormente. Sem falar que babara enquanto dormia, a saliva havia secado e colado em toda a sua face, e no cecê bravo que vinha de suas axilas. Ele não se sentia nada glamoroso, muito menos maneiro. Era uma terrível e péssima noite para Tiago Potter. Primeiro porque ele dormira demais durante a tarde e segundo porque ele sentia que havia perdido uma coisa muito importante naquele dia. Só não conseguia pensar o que foi. Instintivamente olhou para a cama de Sirius, encontrando-a vazia e arrumada. Sinal de que ele sequer deitara nela até o momento.

Por que, diabos, aquele cachorro ficaria andando pela Hogwarts durante a noite sem chamá-lo para a aventura? Perguntou-se antes de se lembrar de que ambos haviam brigado. E brigado muito feio. Tão feio que Tiago nem queria olhar na cara dele depois daquilo. Mas qual foi mesmo a razão pela briga? Então ele finalmente reparou numa cama a mais naquele quarto, localizada exatamente entre a cama de Tiago e a do Sirius. Ao contrário da cama do último, essa estava desarrumada como se alguém tivesse dormido nela. Ou tentado dormir nela por horas até desistir e se levantar para dar um passeio noturno. Mas quem estava dormindo nela? Quem mais estava dividindo o quarto com os marotos além do Cosmo?

Um sentimento de urgência e pânico se apoderou de Tiago assim que ele se lembrou daquele garotinho de olhos verdes, chamado Harry que viera naquele estranho tornado de nuvens. Ele poderia achar que tinha sido um sonho. Podia mesmo, aquela experiência tinha sido surreal demais pra ser considerado real. Mas o cecê, o uniforme ainda no seu corpo e a dor no pescoço não lhe deixavam se enganar. Aquilo havia acontecido mesmo. Ele ganhara um filho vindo diretamente de mil novecentos e oitenta e seis cujo paradeiro no momento era desconhecido por Tiago. Este, em pânico, afastou as cortinas de Remo com violência fazendo-o acordar sobressaltado e dar um terrível grito ao ver sua cara, e perguntou:

- Onde está o Harry?!

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, eu expliquei mais cedo do que esperava. Não sei quantos entenderam. Talvez alguns discordem com que fiz com o Sirius. Mas eu expliquei no capítulo o porquê dele ter reagido daquela maneira. Ao meu ver, dentro da situação que eu criei para o Sirius, a cabeça dele estaria girando com os pais do Tiago muito doentes, os Black se unindo à Voldemort, e o medo constante de um ataque do dito-cujo, ainda surge um problema chamado Harry que para os olhos de Sirius pode causar um agravamento no quadro clínico dos Srs. Potter, à quem ele ama como seus pais de verdade. Não sei quantos de vocês entenderam essa parte do capítulo, por isso estou explicando nessa nota. (-_-)
De qualquer forma, eu nunca pretendi criar uma história com apenas o Tiago e Lílian brincando de casinha com o Harry. Não, não, não. Histórias bonitas são formadas com um bom casamento entre cenas bonitas, cenas engraçadas e cenas de conflitos (cenas bonitas incluem cenas tristes e as cheias de emoção). Eu enxergo que cenas bonitas são consequências das cenas de conflito, e as cenas engraçadas servem para aliviar a tenção. O Harry só surgiu para causar confusão, o que certamente trará conflitos. Lembram-se do ser do tamanho de uma criança que gosta de criar confusão? Ela apenas jogou uma gota no copo para vê-lo transbordar. Eu entendo que Sirius não surtaria e se revoltaria com o Tiago e com a Lílian se Harry tivesse surgido num tempo de águas tranquilas. Porém Harry veio numa época de águas turbulentas e de muita tempestade.
Talvez alguns parem de ler a fanfic porque não gostaram do que coloquei. Então vocês não lerão essa nota. Para aqueles que leram o capítulo até o fim e se encontram lendo a nota, deixe um comentário dizendo o que achou. Se exagerei alguma coisa, pode dizer. A propósito, eu já disse que não sou muito boa com cenas marotas? Bom, independentemente disso, no próximo capítulo eu irei me arriscar e escrever um capítulo cheio de marotagem, mas claro que dentro do contexto. Eu não vou colocar nada que fuja demais do enredo, estou me esforçando para não fugir do foco da história.
Eu não sei se isso acontece com vocês, mas eu costumo subestimar muito o raciocínio de crianças pequenas. Parece que elas não entendem, mas quando vamos ver, elas sabem até mais que nós a respeito de algumas coisas. Elas possuem uma mente simples, é verdade, mas ainda podem ser muito espertas e inteligentes. Talvez por isso o comportamento do Harry pode vir a mudar a medida que eu o for escrevendo. Um fator que pretendo usar é que as crianças costumam fazer como os mais velhos fazem. Elas são verdadeiros espelhos de nós, os mais velhos. Principalmente dos pais, ou daqueles que os criam. No caso do Harry ele vive uma terrível realidade em que ele é obrigado a aprender e entender as coisas na velocidade que seus tios exigem dele, senão ele apanha ou fica de castigo no armário embaixo da escada.
Se ele derrubou suco no tapete, é bom que ele aprenda rapidamente para não fazê-lo uma segunda vez, senão o castigo será duplamente severo em relação ao primeiro. No caso de uma criança que não apanha e só recebe avisos pacientes, ela teria que derrubar o copo umas três vezes até aprender a melhor maneira de segurar um copo para evitar derrubá-lo. Ou seja, Harry precisa ser uma criança esperta e inteligente para poder... digamos... sobreviver aos tios. Não é verdade?
Bom, parece que a nota ficou gigante. Quem tiver sugestões de cenas marotas, diga-as no comentário, ou enviem-nas por MP. Eu já mencionei que não sou muito boa com marotices, mas que sou muito boa com loucuras na nota inicial. Por isso lhes peço sugestões de marotices. Quais foram as peças mais divertidas que vocês já pregaram em alguém? Digam-nas. Eu me esforçarei para adaptá-las ao mundo bruxo e ao estilo maroto. Perdoem-me se fui grosseira e mal-educada em algum momento. m(_ _)m
Nos vemos no próximo capítulo. (^3^)*/
Enquanto isso eu já vou escrevendo o próximo capítulo. (o˾o)ф