Gutt escrita por Ennaz


Capítulo 1
Um Garotinho de 6 anos


Notas iniciais do capítulo

O que? Mas já, nota? Não tenho anda pra falar aqui não, somente que quem quiser ler deve ler. Eu, hein. Por que diabos usamos h nessa coisas?
Aliás, ta 13, mas não vai haver besteira, pelo menos não muita. Eu acho.



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O tempo, como ele funciona? Seria um linear? Ou um ciclo? Será que cada decisão que tomamos cria uma nova linha no tempo? Uma bifurcação? Tudo se repete? Ou será que tudo vai como deve ir? Bom... existe algo, ou alguém, que simplesmente brinca com o tempo. Para ela, o tempo é imutável, e igualmente flexível e manipulável. Sim, ela. Pois ela é ela. Uma figurinha pequena, do tamanho de uma criança. De rosto levado. Um sorriso brincalhão sempre presente em sua face pálida sem cor. Ah, como ela gostava de brincar com a vida dos mortais. Criar uma dimensão nova e caótica a todo o momento. Pois o que ela cria é apenas reflexo do real e verdadeiro. Para tudo há um “e se?”. A diversão dela é por em prática esse “e se?” e torná-lo real, mesmo que isso cause caos.

Seu novo alvo eram três pessoas. Três bruxos, na verdade. Dois de um tempo. O terceiro do outro. Ligados pelo sangue e pelos sentimentos. No ano cristão de 1986 vivia um de seus alvos. Já no ano de 1976, viviam seus dois alvos. Sorrindo antecipadamente pela confusão que causaria na vida dos dois mais velhos, ela moveu sua mão como se graciosamente espantasse uma mosca. E pronto, o caos fora arquitetado.

Capítulo 1

Um garotinho de seis anos

 Harry era um garotinho de seis anos que acreditava que devia estar fazendo tudo errado. Afinal seus tios ainda não o deixaram dormir no quarto que seu primo Duda usava para guardar seus brinquedos velhos. Ao invés disso, ele dormia no armário embaixo da escada. Certamente ele tinha feito algo muito errado para receber esse longo castigo. Só não conseguia lembrar o que para poder consertar. Mas enquanto não lembrava, ele fazia de tudo para os tios o perdoarem. Fazia tudo o que mandavam. Mas ás vezes ele esquecia e fazia uma besteira que só piorava a situação. Como na vez em que ele roubou um pedaço da torta de chocolate que estava guardado na geladeira enquanto todos dormiam durante a noite. Ele estava com muita fome porque não tinha conseguido comer com o Duda devorando tudo antes que Harry pegasse algo.

O garoto pegara a torta, porque foi a primeira coisa que alcançou. Como ele poderia saber que aquele doce tinha sido feito pela tia Petúnia para uma reunião especial de pais e mestres na escola dos dois garotos do dia seguinte? Claro que a tia, ao abrir a geladeira e encontrar a torta com um pequeno pedaço faltando, deu um ataque na manhã seguinte. Harry ficou calado e muito nervoso, torcendo para que a tia não descobrisse. Mas ela veio o culpando logo de cara. E só para ter provas, resolveu mexer no armário de Harry, encontrando uma manchinha de chocolate no cobertor de cor escura do sobrinho. Harry ficou de castigo no armário por um mês, só saindo para ir à escolinha e para ir ao banheiro. Ele nunca mais fez aquilo de novo. Afinal, ele queria se mudar para o quarto dos brinquedos do Duda algum dia.

Nuvens cinzentas passavam por sobre a Little Whinging naquela manhã, e a Rua dos Alfeneiros parecia estar sob o centro. E o mais curioso, parecia haver um pequeno turbilhão nas nuvens estacionado sobre o nº 4. Mas quem parava para pensar o que aquilo significava, afinal? O fato da previsão do tempo ter errado ao dizer que aquele dia faria sol em toda a região era apenas aborrecedor. Tia Petúnia alheia ao turbilhão sobre sua casa, apenas se aborrecia por não poder por as roupas para secar no varal. Teria que usar a secadora, um gasto de dinheiro que teria evitado se a mulher do tempo tivesse acertado. Já Harry, que se encontrava em casa por que era sábado, observava admirado aquele turbilhão estranho girar e girar sobre a sua casa. Se perguntando por que aquilo estava acontecendo.

Ele sabia que todas as suas ideias teriam sido rebatidas por seu tio Valter com um grito e uma cara vermelha. Pois todas elas eram absurdas, e tio Valter abominava coisas absurdas, como a magia, por exemplo. Tia Petúnia também as odiava. Não sabia por que, mas ela odiava. Sentado sobre a grama do quintal, observando as nuvens girarem, ele não percebeu que as nuvens se aproximavam do chão. Não percebeu que começava a ventar cada vez mais forte. Foi só aí que todos os passantes prestaram a devida atenção ao vórtice. Que se transformava em cone a medida que descia. Eles mal podiam acreditar. Aquilo era um tornado?

O vento se fortalecia levantando poeira ao redor de Harry. Coisas que normalmente não eram levadas pelo vento, começaram a girar. Mas o garotinho não estava com medo. Estava maravilhado com o que via. Uma mão. Uma enorme mão pálida e sem cor surgiu no meio do vórtice de nuvens. Ninguém de fora a viu. Somente Harry. A Sr.ª Figg, uma senhora que cuidava do agroto quando seus tios e primo saíam, veio correndo pelo quintal vizinho e gritou:

- Harry, saia daí, é perigoso, pode ser magia das trevas!

Ele não entendeu o que ela quis dizer com aquilo. Magia das trevas? Mas seus tios viviam dizendo que magia não existe. E o que significava magia das trevas? Mas antes que qualquer um fizesse ou dissesse algo, no instante que tia Petúnia surgia na porta para o quintal e observava abismada, a mão e a coluna de nuvens desceram sobre Harry e o levaram.

Petúnia Dursley se surpreendeu ao se ouvir gritar desesperada por Harry.

Em 1976 havia um grupo em Hogwarts denominado Os Marotos. O grupo era composto de quatro rapazes. Todos de dezesseis anos. A começar pelo menos impressionante do grupo, Pedro Pettigrew. Um rapaz baixinho e gordinho com cara de rato. Ele era o mais feio e o menos inteligente do grupo. Mas era astuto e de alguma forma sempre parecia saber das coisas. O outro maroto era o menos maroto dos quatro. Seu nome era Remo Lupin. Este era estudioso e responsável, tanto que fora escolhido Monitor em seu quinto ano. Seu cabelo e olhos eram castanho-claros. Ele tinha um segredo que apenas os marotos e os professores envolvidos conheciam, e ele esperava que continuasse desse jeito.

O terceiro maroto do qual vamos falar, sem dúvida, era o mais encrenqueiro e irresponsável do grupo. Seu nome era Sirius Black. Ele tinha cabelos negros compridos que gostava de deixar desarrumados e olhos acinzentados que costumavam passar sentimentos de vaidade e orgulho. Ele vivia grudado ao seu melhor-amigo e quase irmão, Tiago Potter, o líder dos marotos. Este último podia ser quase tão irresponsável e encrenqueiro quanto o amigo, mas havia momentos que ele era sensato. Mas esses momentos eram poucos. Mesmo assim, ocorria nele uma lenta mudança de comportamento. Seus momentos de sensatez estavam se tornando mais frequentes, mesmo que ainda nem tanto como muitos, especialmente os professores, gostariam que ocorressem.

Era uma manhã ensolarada em Hogwarts quando os marotos despertaram de seu sono. A irritante e estridente campainha do despertador encheu o quarto até então silencioso. Tiago Potter, que dormia na cama ao lado do despertador, estremeceu em seu sono. Agarrando-se ao travesseiro com força, como se ele fosse uma âncora que o manteria sonhando, se esforçou para continuar a dormir. Mas o despertador continuou bravamente em sua tarefa de acordar o maroto para mais um dia de aula. Um travesseiro voador, proveniente da cama logo ao lado, o atingiu, mas foi rebatido. Uma espécie de proteção mágica tinha sido levantada ao redor do relógio. Obra de Remo Lupin.

Sabendo que não teria chance, Tiago se levantou sonolento, afastando a cortina de sua cama de dossel. Esfregou os olhos, bocejou e se espreguiçou. Dirigiu-se a cama ao lado, de onde viera o travesseiro. Afastando as cortinas, encontrou seu amigo Sirius enrolado e encolhido embaixo das cobertas tentando voltar a dormir. Esfregando a cabeça com a mão, bagunçando ainda mais seu rebelde cabelo negro, lamentou a tarefa de ter de acordar seu amigo preguiçoso. Resignando-se e bocejando, foi em frente:

- Almofadinhas... almofadinhas... vamos lá, cara, está na hora de acordar. Temos Transfiguração daqui a cinco minutos...

- Hummm... eu não quero ir a aula... – choramingou Sirius.

- É... mas se quiser ser auror, vai precisar ir a aula.

Sirius choramingou mais uma vez e Tiago o deixou na cama para se arrumar. Chamando o amigo de vez em quando, trocou seu pijama pelo uniforme da escola e foi escovar os dentes. Tentou se arrumar o melhor possível, de acordo com a sua percepção de arrumado. Sempre pensando naquela ruivinha que queria tanto impressionar. Lamentou que seja uma tarefa tão difícil de se realizar. Já arrumado e mais animado e desperto, foi verificar a cama do amigo. O encontrando na mesma posição de antes.

- Sirius! Acorde logo, droga! – e o jogou no chão, ao puxar a coberta.

- Você não precisava me derrubar da cama, sabia? – reclamou Sirius quando ambos andavam pelos corredores da escola a caminho do Salão Principal.

- Se eu não o fizesse, você não acordava até o almoço.

- Nem sei por que você faz tanta questão de assistir a aula de transfiguração, somos tão bons nisso que até já somos animagos. E desde o quinto ano.

- Não fale isso alto. Se alguém ouvir isso ficaríamos muito encrencados.

Sirius deu de ombros, ainda mal-humorado.

Já no Salão Principal, eles foram saudados por duas garotas.

- Bom dia, meninos! – exclamaram as duas extremamente animadas para uma manhã, mesmo que fosse de sexta-feira.

As duas eram irmãs gêmeas. Tinham cabelo loiro, olhos verdes e eram baixinhas. Uma se chamava Jade e a outra Esmeralda. Jade mantinha o cabelo cacheado na altura dos ombros, e Esmeralda tinha o cabelo curto na altura do queixo. Elas eram maluquinhas e Tiago gostava de mantê-las por perto porque eram amigas muito próximas de Lílian Evans e sempre o mantinham informado sobre a vida da ruivinha.

- Prontos para mais uma aula de transfiguração, meninos? – Esmeralda perguntou como uma animadora pergunta para um bando de crianças durante uma festa.

- Estamos prontos, capitã! – respondeu Jade, mais animada que uma criança.

- Eu não ouvi direito!

- Estamos prontos, capitã!

- Oooooh! Transformar abacaxi numa casa do mar!

- McGonagall se transforma num gato!

- Ou virar um hipogrifo do seu avesso!

- McGonagall se transforma num gato!

- Ou então uma raposa que vira um garoto!

- McGonagall se transforma num gato!

- Ou uma raposa que vira garota!

- McGonagall se transforma num gato!

- McGonagall se transforma num gato!

- McGonagall se transforma num gato!

- McGonagaaaaaall se transforma num gaaatoooooooooo!

Tiago trocou olhares com Sirius, esperando a musiquinha estranha acabar. E quando elas finalmente fecharam a nota, Tiago perguntou ao se sentar:

- Bom dia, meninas, como andam as coisas, alguma novidade?

- Novidade? – piscou Esmeralda. – Jade, tem novidade?

- Novidade? Hum... não.

- Se é o que você quer saber, Tiaguito, a Lilizita se encontra nesse exato mesmo momento cumprindo com seu dever de monitora da Grifinória, cuidando para os pirra- quer dizer, os alunos mais novos e os mais antigos não causem problemas.

- E não há nenhuma novidade, tudo continua igual a ontem.

- E a anteontem.

- E no dia antes de anteontem.

- E no dia antes do dia antes de anteontem.

- Ok, ok, já entendi. Tudo continua normal.

- Ah, vocês precisam ouvir essa – disse Jade, muito animada – eu e a esmeralda estávamos vindo pra cá, para comer, e vocês não sabem o que aconteceu quando viramos o corredor-

- Vai contar isso? Não!

- Quando viramos o corredor essa garota jogou a cabeça pro lado errado e bateu a cabeça na parede com tudo.

- Não!

- Eu, espantada com o ocorrido, perguntei: “o que sucede, filha?”, aí ela disse:

- Não!

- “Não sei o que me deu, virei, mas a minha cabeça foi para o outro lado”! Mas não acabou aí-

- Não!

- Quando viramos outro corredor, a Esmeralda virou a cabeça pro lado errado e bateu a cabeça de novo!

- Não!

- Ainda mais espantada por isso ter acontecido pela segunda vez em poucos segundos, eu disse: “O que é que tá acontecendo contigo, mulher, tá brigando com o seu cérebro? Ele resolveu se vingar por tê-lo batido?” aí ela disse:-

- Não!

- “Não sei o que deu em mim, parece que sempre que eu mudo de direção, minha cabeça discorda”, vocês ouviram isso, como é que pode uma coisa dessas? Você está virando o corredor, e é de conhecimento geral que o corpo e a cabeça entrem num consenso quando vão virar o corredor. Mas não, o corpo e a cabeça dela resolveram discordar. Como é que pode? – e a garota começou a rir de se acabar enquanto a irmã choramingava.

Tiago não sabia se a história era engraçada ou só doida, mas que Sirius se encontrava todo encolhido ao seu lado, com o corpo estremecendo todo, tentando não rir, isso sim ele sabia.

- Er... já comeram?

- Sabe que ainda não – a que choramingava voltou ao normal.

- Estávamos esperando por vocês, vocês se transformaram nos nossos amigos de transfiguração prediletos – respondeu Jade, com um grande sorriso encantado.

- Ah... é?

Tiago sentia vontade de chorar.

- Eu to dizendo, meu sangue foi envenenado, e os parasitas saíram de mim – Esmeralda, a gêmea de cabelo curto, contava sua história para Tiago e Sirius enquanto eles seguiam para a aula de transfiguração – mas sabe o que é mais incrível?

- Hã?

- O veneno não me afetou, continuei normal!

- Ah, isso é bom.

- Afinal, o que seria de Hogwarts sem Esmeralda Hughes para alegrar a gente? – comentou Sirius, bem-humorado.

- Oi!

- Iaaaah!! – as gêmeas gritaram assustadas, e se abraçaram.

Tiago nunca teve de admitir que também pulou de susto. E nem precisou perguntar para saber que Sirius também se assustara. Logo atrás deles surgira um garoto da mesma idade das gêmeas. Seu nome era Cosmo.

- Cosmo! Você nos deu um tremendo susto, garoto!

- Foi mal, tias!

Sim, o garoto com a mesma idade das duas era sobrinho delas. Pelo que Tiago soube, as gêmeas eram as irmãs mais novas numa família de quinze irmãos. A irmã mais velha delas, aparentemente tivera um filho um mês depois que as duas nasceram. Consequentemente, os três cursam o mesmo ano juntos, e na mesma casa, a Grifinória. Porém, Cosmo não era o sobrinho mais velho das gêmeas. A mesma irmã que tivera Cosmo, também teve Abe, o sobrinho um ano mais velho que as gêmeas. Este, inclusive, se encontra cursando o sétimo ano de Hogwarts ao lado de seu tio da mesma idade, William. Ambos excelentes batedores no time da Grifinória de quadribol.

- Como foi que você surgiu tão de repente? – perguntou Sirius, abismado.

- É, cara, você surgiu do nada. – Tiago complementou. Mas o garoto só fez rir abertamente para eles.

Cosmo Boothman era um rapaz que se destacava na multidão, embora sua estatura só fosse superiora a de Rabicho. Ele chamava a atenção pelo cabelo verde brilhante que ele mantinha em pé; embora Tiago não concordasse, algumas garotas o consideravam bonito. Era um rapaz estranho que sempre tinha os pensamentos mais estranhos e malucos. Até mais que as suas tias, Esmeralda e Jade. Porém, maior mistério que o envolve é o seu hábito e capacidade de desaparecer num lugar e reaparecer no outro num piscar de olhos. Tiago e Remo juram terem visto Cosmo em dois lugares ao mesmo tempo dois anos antes. Rabicho achou tê-lo visto se dirigindo para a aula de aritimancia naquele mesmo dia e hora. Sirius suspeita que ele tenha um vira-tempo em sua posse desde o terceiro ano, quando os sumiços começaram, mas nenhum dos marotos jamais encontrou o objeto entre as coisas de Cosmo. Aumentando ainda mais o mistério.

- Estão indo para transfiguração, imagino. – disse o verdinho.

- Ah, claro, você faz com a gente, esqueceu? – Tiago respondeu.

- Não. Claro que não. Não é incrível que façamos todas as aulas juntos?

- É meio difícil não fazer uma aula contigo, já que é possível usar apenas dois dedos para contar o número de aulas que você não faz. – comentou Esmeralda. E Cosmo riu.

Na aula de transfiguração, Tiago e Sirius foram os destaques como de costume. Cosmo e as gêmeas não ficaram muito atrás, cada um realizando um feito extraordinário a sua maneira. Ao término da aula Tiago foi ficando mais animado, pois Lílian Evans frequentava a de feitiços com eles, que era a próxima. Planejando com Sirius a próxima aventura marota, Tiago arrumou suas coisas e se dirigiu para a sala de feitiços. As irmãs Hughes e Cosmo se juntaram a eles, pois também faziam a mesma aula. Não deu muita bola para o comentário de Esmeralda Hugues á respeito de nuvens cinzentas estarem surgindo de todos os lados do horizonte. Um fato que fora observado com muito interesse por sua irmã e sobrinho.

- Parece até um evento sobrenatural. – um comentário de Cosmo que Tiago não absorveu, pois Lílian Evans surgia no corredor.

Ela vinha acompanhada de Aluado e Rabicho, alcunhas para Remo Lupin e Pedro Pettigrew. Ambos marotos, mas os menos encrenqueiros. Remo e Lílian discutiam algo sobre a monitoria quando Tiago se aproximou. Afinal ambos eram monitores.

- Hoje é a vez da nossa patrulha, mas se você não puder fazê-la eu não me importaria de chamar outra pessoa para me acompanhar, Remo. – dizia ela.

- Não se preocupe, Lil, hoje não há nada que possa me atrapalhar como monitor.

- O que, ele pode te chamar de Lil, e eu nem de Lílian? – Tiago provocou, bem-humorado, querendo ver a carinha que ela faria.

- Ah, Potter, não encha a minha paciência, por favor – ela fechou a expressão, fazendo Tiago rir.

- Não se preocupe, não vim lhe aborrecer. Apenas quis dar um oi para a menina mais bonita que existe. – disse ele, passando a mão no cabelo e engrossando a voz automaticamente.

- Oh, é? Cadê ela? – Lílian fingiu procurar no horizonte, fazendo Tiago rir.

- Qual é? Você sabe que estou falando de você. Não gosta que lhe digam que é bonita?

- Hum... confesso que gosto, mas não concordo que sou a mais bonita. Tem gente que é mais bonita que eu como, por exemplo, a Esmeralda e a Jade – e abraçou as duas meninas enquanto elas riam gostosamente.

Tiago e Remo riram enquanto Sirius revirava os olhos, aborrecido e Pedro acompanhou os dois primeiros de forma mais discreta.

- Ah, Lil, deixa eu te conta essa história que aconteceu com a Esmeralda hoje cedo.

- Ah, o que, a história do corredor de novo não. Você já contou pro Tiago e pro Sirius-

- Isso me lembra que eu ainda não contei pro Cosm- ué, cadê? – Jade girou no lugar, olhando para todos os lados, repetidamente, procurando o sobrinho. Como de costume, ele desaparecera sem que percebessem. – Ah, deixa pra lá, c’est l avie, depois eu conto pra ele. Lil, a história começa assim...

- Nãããooo!!!

- A gente estava passando pelo corredor quando tivemos que...

Tiago não sabia dizer se foi por educação ou se Lílian foi sincera quando quase morreu de rir da história do corredor e da cabeça. Mas quando viu Sirius se encolher todo num canto tentando não rir e quase morrendo, e Remo e Pedro rindo também, embora o último ria até de uma vassoura dançando tango com um bruxo, se perguntou se o problema era com ele. Talvez ele não estivesse vendo a história do ponto de vista correto para achar a graça. Todavia, suas dúvidas foram jogadas pra longe quando reparou de verdade nas nuvens no horizonte. Elas eram assustadoras e pareciam vir de todas as direções. O mais sinistro, porém, é que elas viam. Todas viam para o castelo. Elas não seguiam todas juntas nem para o leste, nem para o oeste, ou sul, ou norte.

As que vinham do leste iam pro oeste. As que vinham do oeste iam para o leste. E o mesmo ocorria com as que vinham do norte e do sul. Iam para o sul e para o norte, respectivamente. Abismado, Tiago não conseguiu conter a expressão:

- Mas que inferno está acontecendo?

Todos pararam para olhar. Suas risadas morreram. Um frio subiu-lhe a espinha quando os comensais da morte lhe assaltaram a mente num momento fugaz. De repente ele começou a suar frio. Suas axilas coçaram. Seu coração deu um salto e o estômago pareceu se encher de gelo.

- Eh... é melhor a gente ir pra aula, não acha? – começou a dizer, Esmeralda, nervosa. Sua irmã coçava loucamente atrás da orelha. Um tique nervoso que nunca era um bom sinal.

- É... vamos. – Lílian os puxou de lá, seguindo na frente. Seu rosto estava pálido-esverdeado.

Tiago achou que a mesma ideia que passara em sua mente, também passou na de Lílian Evans. E de repente começou a temer mais. Num ataque, nem ele, nem seus amigos seriam os primeiros alvos, seria ela. De repente sentiu seu estômago afundar mais ainda. E o pensamento de que devia tomar jeito veio a sua cabeça pela centésima vez desde as férias.

Enquanto acompanhava os outros para a sala de feitiços, Tiago foi acometido por uma escuridão repentina. Um breve momento. Um breve instante. Foi o suficiente para ver a escuridão e um sorriso sem cor. De repente se viu de joelhos em frente a sala de feitiços. Seus amigos, as gêmeas e Lílian o encaravam preocupados.

- Tiago, você está bem? – Remo perguntou, se encurvando. Pondo uma mão em seu ombro.

- Ah, o que? O que aconteceu?

- Não sei. Você caiu de repente. – disse Sirius – Do nada.

- Está se sentindo mal? – perguntou Lílian verdadeiramente preocupada com ele. Algo que o animou estranhamente. O fato de que a ruivinha se preocupava com ele o animava de algum jeito. Significava que ela não lhe desejava mal. Era animador. Por isso não conseguiu conter um sorriso.

- Não. Não estou. Desculpa por preocupar vocês, acho que eu só tropecei, ou sei lá. – se levantou, tentando mostrar que estava bem, mas eles continuaram a fitá-lo preocupados, por isso tentou desviar as atenções deles para outra coisa. Viu Cosmo vir de um corredor completamente nada a ver com o caminho que tomara inicialmente com eles e disse – como foi que o Cosmo chegou aqui tão rápido?

Foi tiro e queda. Todos se viraram para o verdinho.

- Mas que diabos de cara que ele está fazendo? – questionou Esmeralda aborrecida – parece que acabou de acordar de um sono revigorante.

- Ah, olá pessoal, é bom vê-los aqui também. Ah, tia Esmeralda, se eu fosse você me lembraria de virar a cabeça junto com o corpo quando virar o corredor.

- Ah, oh, arrr! Como é que você sabe?! – a loirinha se desconjuntou toda, aproximando o rosto a milímetros ao do sobrinho.

- Ora, eu vi – riu o outro.

- Oh, puxa, deve ter sido muito engraçado – Lílian juntou-se a conversa.

- E foi.

- Queria ter visto.

- Quem sabe, aconteceu duas vezes. Pode acontecer uma terceira vez.

- Não pode nada!

E Lílian riu da cara da amiga.

Na altura em que o prof. Flitwick dispensou a turma, as misteriosas nuvens cinzentas já se encontravam repousando sobre Hogwarts. Era hora de almoço, e Tiago e os demais marotos, acompanhados pelas gêmeas e Lílian, desceram para o Salão Principal para almoçar. Cosmo já realizara seu habitual número do desaparecimento para reaparecer no Salão Principal sem dar pistas de como o fez num espaço de tempo tão curto. Pois quando o encontraram na mesa da Grifinória, ele já estava na metade de seu rosbife. O céu que era exibido no teto encantado do salão estava ainda mais assustador do que visto lá de fora. Os alunos o tempo todo olhavam para cima, assombrados. Parecia que as nuvens estavam girando bem acima deles. Jade coçava atrás da sua orelha sem parar, e Esmeralda batucava seus dedos na mesa e cantarolava baixinho de forma ansiosa.

- Cara, esse clima está literalmente tenso – comentou Sirius. No que Tiago concordou. Era possível sentir a pressão que o ar exercia sobre eles. Respirar já estava difícil.

O que estava acontecendo?

Foi quando Pedro pegava sua terceira feijoada que tudo aconteceu.

Na verdade as nuvens já estavam girando mais rápido um tempo antes. Mas foi naquele instante que as coisas ficaram ainda mais assombrosas. As nuvens começaram a girar numa velocidade assustadora e um vórtice se abriu no meio delas. Porém, mesmo que a visão fosse a do inferno, o que causou pânico foi que começou a ventar dentro do salão, logo abaixo do vórtice. Parecia que realmente, não havia mais teto. As nuvens formaram um funil. As coisas dentro do salão começaram a voar. Objetos cada vez mais pesados começaram a girar e o vento rugia cada vez mais alto.

- Um tornado? – Tiago ouviu Lílian perguntar incrédula por sobre o barulho do vento e do chocar das coisas. Ele institivamente a abraçara para protegê-la.

- Mas que tornado mais estranho é esse – Esmeralda se encontrava nos braços do sobrinho e de Remo, enquanto Jade estava com Sirius, e comentou – ignora até o teto.

O funil de nuvens já atravessara o teto como se ele não existia quando Alvo Dumbledore surgiu pelas grandes portas-duplas, acompanhado por Minerva McGonagall, Horácio Slughorn e outros professores. As varinhas em punho. Certamente esperavam o pior como comensais da morte, ou até mesmo Voldemort, que de alguma forma tenha encontrado uma forma de passar pelas barreiras mágicas da escola. Algo que duvidava, mas temia. O funil de nuvens, vento e louça dourada continuou a descer, e no caso dos objetos, a subir. Realmente, parecia demais com um tornado. E todos temiam o estrago que ele causaria. Tiago já se sentia sendo puxado para o cone de vento e nuvens. Até que elas tocaram o chão, ficaram por alguns segundos, girando, e cessaram.

Desaparecendo no ar como se nunca tivessem descido. Tudo que se encontrava voando pelo salão caiu estrondosamente no chão. Um prato atingiu Rabicho na cabeça. Alguns copos bateram nas costas de Tiago, ao despencarem. Uma pesada faca teria se fincado na cabeça ou ombro de Lílian se o rapaz tivesse usado a própria mão para apará-la. O preço para tal ato de heroísmo foi o objeto ter se fincado na costa de sua mão.

- Au!

- Ah, ai, Potter, céus! Isso deve estar doendo muito. – Lílian pegou em sua mão ferida.

- Acho que depois dessa Dumbledore vai ter de trocar as facas para as sem ponta- au! – tentou fazer uma piada, quando Lílian, um tanto hesitante, tirou o objeto de sua mão, lhe causando dor.

- Desculpe. Oh, não.

A mão começou a sangrar.

- Não se preocupe, a Madame Pomfrey pode curar isso num segundo. Já sofri acidentes bem piores que esse.

- Eu sei... mas pelo menos fique com isso até lá.

E ela amarrou o lenço que ela tinha num dos bolsos na mão dele. Uma mancha vermelha logo atravessou o tecido.

Tiago, maravilhado, não conseguiu deixar de sorrir para a garota a sua frente. E, envergonhado, agradeceu.

- Ah, gente, deem uma pausa no momento love de vocês e venham dar uma olha no que as nuvens cuspiram aqui no salão – disse Esmeralda sem desviar o olhar de algo que se mexia entre as mesas.

Tiago também olhou, procurando o que havia de anormal que todos encaravam. Demorou um pouco para perceber o que era, pois a figura era mais ou menos da altura das mesas. Por um breve momento achou que se tratava de um elfo-doméstico perdido. Talvez o misterioso tornado tenha sugado um deles diretamente das cozinhas. Não achou uma ideia tão absurda assim diante do fato do tornado ter atravessado o teto. Mas nada do que pensou, e tivesse pensado, o prepararia para o que viu. Quando finalmente percebeu que não era um elfo-doméstico, mas um garoto, ficou chocado. Um garotinho. Idêntico a ele de quando tinha menos de oito anos de idade se encontrava andando por entre as mesas do salão. Uma pergunta gritou em sua mente: quem era aquele moleque?

Continua...


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Notas finais do capítulo

Primeiro de tudo essa é uma fic que simplesmente me deu vontade de escrever. Não sei se vou conseguir termina-la, não tenho tantas ideias assim para ela. Até que tenho, mas nem tantas. Aceitaria algumas sugestões de ideias. Irei adaptá-las como gostaria de vê-las acontecendo. Aliás, sobre a cena da faca, eu descaradamente a exagerei. Por que, você me pergunta? Porque eu simplesmente adoro esse tipo de cena., ora. E a parte do lenço, também, é clichê. Mas e daí, gosto dessas cenas e quis por. Então, ela apareceu nessa fic. Sobre a criatura levada que está causando problemas para eles, ela sou eu, meu alterego (sei lá como se escreve). Eu queria causar muitas confusões. Eu tenho muitos e se?s de Harry Potter. Muitos. Não sei quando irei postar o próximo capítulo disso aqui, mas espero postá-lo logo. É só me dar vontade. Ah, como sou ridícula.
Aliás, não sei quem sabe, mas eu também escrevo Crônicas de Hogwarts I. Tá eu dei um belo hiatos nele, mas sabe, bom, nem eu sei o que aconteceu. Passei a fazer alguma coisa que me fez esquecer a fic. E quando lembrei já tinha um tempo e perdi algumas ideias que tinha na cabeça. Lendo a fic para ver se as ideias voltavam percebi uma bela discrepância no comportamento de Alvo Potter. Sem falar uns errinhos bem bonitos que eu cometi. Daí decidi reescrever os capítulos. Mas aí essa fic, o Gutt, me assaltou a mente e tomou algum lugar do meu cérebro que me fez pensar nela com mais frequência que as demais. Bem, é isso aí. Espero que tenham, ou tenha gostado dessa fanfic, ou desse capítulo. O capítulo um de Gutt. Aliás, Gutt, de acordo com o Google tradutor, é menino em norueguês. Dei esse nome por causa do Harryzinho de seis anos. E Menino em português fica ridículo, então, é Gutt. Ah, sou tão ridícula.
Nos vemos quando der.
Eu já ia esquecendo. Eu tenho certa dificuldade na hora de escrever e incluir alguns personagens, como, por exemplo, nesse capítulo, acho que dei mais ênfase ás gêmeas e ao sobrinho que aos marotos. Mas é que eles roubam a cena com muita facilidade. E as gêmeas são meninas. tenho mais facilidade com elas que com os meninos. De qualquer forma, gostaria que falassem a respeito de como eu escrevi o capítulo. Sei que eu tenho o hábito de ser um pouco repetitiva com as palavras. Não sei se isso é um defeito, ou pode ser considerada uma marca, como um dia já me disseram. Escrevam falando o que acharam. Falem dos personagens novos. Das gêmeas e do Cosmo, e não, ele não é o Cosmo dos Padrinhos Mágicos. Agradeceria muito que me dissessem o que acharam deles.
De verdade, até a próxima. Quando eu conseguir.
Que vocês sejam abençoados com a misericórdia e a piedade. E que presenteiem aos outros com a misericórdia e a piedade. Até o próximo encontro. :)