A Winter Night escrita por Olivia Hathaway


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Gente gente gente preciso contar uma coisinha para vocês! Lá no final vocês vão ver :D



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Paris, Março de 1953 - Dimitri Belikov


"Vim me encontrar com o Sr. Zeklos" expliquei ao garçom em um francês perfeito "Diga a ele que meu nome é Edgar Fairfax"

"É um belo nome" uma voz feminina disse de repente. Olhei para o lado e vi uma mulher morena de olhos verdes me analisando por inteiro. "É inglês, senhor Fairfax?"

"Sim" respondi rispidamente. Por mais que fosse uma mulher bonita, alta e preenchida de curvas, eu não queria sua companhia. Não esta noite.

No entanto, ela parecia não perceber isso. Se aproximou de mim e jogou o cabelo para o lado, abrindo um sorriso que me lembrava um gato que estava prestes a saborear um canário. "Um inglês muito bonito, se me permite dizer. Adoraria fazer companhia para o senhor... "

"Sou casado" menti. Onde estava o garçom?

Ela mordeu o lábio pintado de vermelho. Sua mão percorreu meu casaco de couro. "Hm... e o que um homem casado está fazendo em um lugar como este? Não vejo sua aliança"

Eu já estava perdendo a paciência. As investidas daquela mulher estavam me irritando e eu não queria ser grosso com ela. Olhei para ela. "Queira me desculpar, mademoiselle, mas quero ficar sozinho essa noite"

Antes que ela pudesse responder, o garçom apareceu. Ele me indicou a mesa onde estava Ivan.

"Não tinha um lugar melhor?" perguntei assim que me sentei na mesa. "Isso aqui parece um prostíbulo"

"Mas é um prostíbulo, em partes" Ivan Zeklos sorriu e tomou um gole da bebida que havia em seu copo. "É bom te ver de novo, Dimka"

"Digo o mesmo a você, pequeno aviador"

Ivan e eu éramos amigos de infância e por pouco não lutamos juntos na guerra. Ele tinha um problema em uma das válvulas do coração que o impediu de ingressar no exército. Entretanto, ele conseguiu entrar para o partido. E foi graças a ele que consegui fugir da Rússia.

"Sabe, eu ainda não estou acreditando que você está mesmo aqui, totalmente a salvo" disse. "Se você soubesse o quão furioso Dashkov anda com a sua fuga, teria pena dos seus antigos colegas"

"Eu sei que ele está" encarei o copo de vidro vazio que estava na minha frente. "Afinal, eu matei seu único filho e feri seu orgulho"

Eu não me orgulhava daquela morte, mas ela era necessária. Primeiro porque Yuri Dashkov era perigoso e segundo, porque tinha um prazer doentio pela morte. Quando ele matava algum opositor, fazia questão que fosse uma morte lenta e dolorosa. E se esse opositor tivesse uma esposa e filhos, ele também os matava da mesma maneira.

"E me parece que ele também começou sua vingança"

Encarei os olhos dourados de Ivan. "Você conseguiu localizá-lo?"

Ele balançou a cabeça "Não. Mas encontrei algumas pistas de que aquilo foi obra dele" Ivan se abaixou e puxou uma maleta. "Aqui estão algumas anotações que meu detetive fez. Na verdade, ele já está vindo aqui"

Ele mal terminou de falar quando um homem loiro e bigodudo, usando um casaco xadrez se aproximou de nós. "Sr. Fairfax, é um imenso prazer finalmente conhecê-lo. Sou o detetive Martin"

Nós nos cumprimentamos e ele se sentou.

"Estive vasculhando o interior de Portugal cinco dias atrás, como foi o combinado" ele abriu a maleta e puxou uma pasta. "E como suspeitaram, o Sr. Hathaway foi assassinado, assim como sua esposa"

"A esposa também?" não sabia como me sentir. Já sabia que Nicholas tinha sido assassinado, mas a esposa?

Esse também é o estilo de Viktor, você deveria se lembrar.– uma voz sussurrou na minha cabeça.

Pensei em como Rose ficaria quando descobrisse a verdade. Eu já tinha conseguido magoá-la o suficiente, tentando apagar da sua cabeça a teoria de que seu irmão havia sido assassinado, mas não consegui. Ela era teimosa demais, mesmo que aquilo fosse para o seu próprio bem. Se ela soubesse que sua cunhada também estava morta, aí que o grande problema surgiria: ela acabaria atraindo a atenção de Viktor. Esse era um risco que eu não queria correr de maneira alguma, mesmo que eu fosse a caça da história. Porque se Viktor decidir ir até ela, será para silenciá-la.

E eu não permitira isso. Não deixaria arrancarem de mim outra pessoa com quem eu me importava. Não dessa vez. Ainda mais porque era Rose.

"A casa estava vazia, com os móveis todos revirados e papéis espalhados pelo chão" explicou. "Eles não foram nada discretos, mas não encontramos nenhuma pista de onde está o corpo de Marie"

Nesse momento, o garçom apareceu com uma garrafa de vodca e encheu o copo de Ivan. Pedi para que enchesse o meu também. Porque sentia que aquela noite iria ser longa.

"Você não foi seguido?" perguntei depois de ter tomado um gole da bebida. Martin balançou a cabeça.

"Não, mas encontrei dois homens que pareciam também investigar o caso" respondeu. "Nada com o que se preocupar, eram apenas dois turcos. Acredito que trabalhavam para o pai dela"

Não o pressionei mais, já que a observação fazia sentido. Aqueles homens deveriam mesmo trabalhar para os Mazur, e também queriam respostas para a morte misteriosa de um dos filhos.

"Fiz uma lista com os prováveis próximos alvos" disse Martin, entregando-me algumas folhas. "E a mais provável é a irmã mais nova dele, Rosemarie Mazur Hathaway"

Olhei para a ficha de Rose, já esperando por aquilo. Havia uma foto colorida dela anexada, em que ela usava o cabelo solto - exatamente do jeito que eu amava - e tinha um daqueles sorrisos verdadeiros que exibiam seus dentes perfeitamente alinhados. Era quase como se ela quisesse se exibir para o fotógrafo.

"Ela é linda! E caramba, é americana!" Ivan soltou um assovio baixo. "Isso sim, é o que chamo de mulher fatal!"

Revirei os olhos e tomei a ficha de Ivan. "Não estamos aqui para falar de como ela é bonita ou não. Precisamos descobrir se ela pode vir a ser o próximo alvo de Viktor"

"Ah por favor, vai me dizer que não achou ela bonita?" provocou. "Admita Dimka. Podemos estar em serviço, mas ainda somos homens!"

"Eu não disse que não a achava bonita" Olhei para a foto novamente. Não, Rose não era apenas bonita. Ela era magnífica. E eu não me referia apenas á beleza física. A essência de Rose era o que eu chamava de perfeição; a energia pura e crua que ela emanava e controlava a faziam ser única.

Ignorando essas emoções, analisei os dados que Martin coletara, mesmo conhecendo a maioria. Sabia que ela era de New York, que era enfermeira e filha de um rico comerciante turco com uma escocesa e que tinha um irmão mais velho. Mas não sabia detalhes da sua antiga vida na América.

E aquela ficha trazia aqueles detalhes, tanto que não consegui esconder minha surpresa quando descobri que ela havia ficado noiva. O noivo era um milionário dos EUA, dono de uma empresa de siderurgia do país. Essa revelação me deixou desconcertado, e eu não sabia o que pensar naquele momento. O que teria levado ao fim do relacionamento? Traição?

"E então, cavalheiros?" Martin puxou um charuto de uma caixinha e o acendeu. "Qual o próximo passo?"

"Honestamente, eu acho que Viktor não vai procurá-la" falou Ivan. "Até porque ela é herdeira da indústria do pai, que é uma das mais famosas e importantes dos EUA. Sua morte iria atrair a atenção da mídia e atenção é a última coisa que Viktor quer"

"Eu pensei a mesma coisa" respondi silenciosamente. "Mas com outros motivos. Rose não se comunicava muito com o irmão, e a última vez que eles trocaram correspondências foi no começo do ano passado"

"E como é que você sabe disso?" questionou Ivan, estreitando os olhos.

Decidi que estava na hora de abrir o jogo, pois Ivan achava que eu estava em Londres, e não em uma pequena cidade no interior da Inglaterra. Infelizmente, mentir para ele foi a única maneira de garantir minha segurança e a de Rose, caso interceptassem os telegramas e os telefonemas que dei a Ivan desde que soube de sua visita a França.

"Coincidentemente o endereço que fui é a casa que Rose Hathaway mora" expliquei. "Eu não sabia na época, mas mesmo assim acabei ficando"

"E eu que achava que eu era louco" havia sarcasmo na voz de Ivan. "Mas você, o cara totalmente racional e esperto, conseguiu me superar"

"Ivan, entenda que se eu deixá-la e Viktor aparecer lá, ela será morta" tentei explicar, mas sabia o que ele pensava naquele momento: eu estava quebrando minhas próprias regras.

Se eu tivesse sido racional logo no começo, a teria deixado no mesmo dia em que me recuperei e partido para a América. No máximo, eu teria dito a ela para esquecer da minha presença. Mas não fiz nada disso.

Eu caí nas armadilhas que minhas emoções tramaram para mim. Fui fraco, um sonhador. Achei que estaria seguro naquela cidadezinha, que jamais me encontrariam lá. Baixei minha guarda e passei a construir uma nova vida.

Enquanto isso Viktor estava percorrendo o mundo, me procurando. Matando pessoas inocentes para conseguir minha localização.

"Você poderia partir agora e deixar instruções para ela caso ele aparecer por lá" falou Ivan. Ele me olhava atentamente, totalmente sério. "Ou até deixar alguém para vigiá-la"

"Eu não posso" fechei os punhos, sendo tomado por uma impotência que contrariava tudo o que eu fora naquele momento.

Ir embora agora só complicaria mais as coisas. Por mais que as chances de Viktor aparecer por lá ainda fossem pequenas, eu não deixaria Rose. Eu tinha prometido a ela que não a deixaria.

Lembrava-me exatamente desse episódio, que ocorreu alguns dias depois da morte de Nicholas. Estávamos jantando na casa da amiga dela, Vasilisa Dragomir, quando a encontrei chorando no corredor.

*flashback*

Eu a puxei para mim, envolvendo meus braços em torno daquele pequeno corpo. Ela encostou sua cabeça no meu peito e pude ouvir seus soluços. Nunca a vira tão quebrada e frágil como naquele momento. E ver Rose daquele jeito era de partir o coração. Afaguei seu cabelo em um gesto de consolo e deixei que chorasse.

Eu não queria que ela sofresse, não suportava vê-la daquele jeito. E isso mexeu comigo. Porque se houvesse uma maneira consertar isso, de trazer seu irmão de volta, eu pagaria qualquer preço. Iria aos confins do inferno apenas para trazer de volta aquele brilho que habitava seus olhos negros, que gritava desafio e prometia todos os tipos de emoções.

Queria voltar a ver aquele brilho que a tornara a mulher mais intrigante que eu havia conhecido em toda a minha vida.

Mas, como era impossível trazer Nicholas de volta, eu iria atrás dos responsáveis e iria fazê-los pagar pelo que fizeram. O sofrimento deles como vingança pelo que trouxeram a Rose.

A raiva e o desejo de sangue derramado que senti naquele momento lembrou-me da que senti quando encontrei Viktoria e minha noiva mortas, naquela fábrica. Fui envolvido por um ódio que durou meses até eu saber controlá-lo e a procurar a fonte principal que causara tudo isso.

"Eu sei exatamente como se sente" falei baixinho, tirando uma mecha do seu cabelo. Era um cabelo macio, como uma pluma. Eu o achava lindo.

Ela levantou a cabeça e nossos olhos se encontraram. Havia tanta tristeza neles, tanto sofrimento... Eu queria apagar aquilo. "O que quer dizer?"

Lembrei de onze anos atrás, quando encontrei o corpo de Viktoria, estraçalhado por uma bomba. "Eu perdi minha irmã mais nova em um bombardeio"

"Sinto muito" murmurou.

"Demora um pouco para se acostumar com a... dor. Para aceitar tudo isso" expliquei. Meu próprio peito doía com a lembrança. "Você precisa ser forte"

"Eu não sei como suportar isso" sussurrou. "Não sei se conseguirei ser forte o bastante"

Envolvi seu rosto com meus dedos e fitei seu rosto. Senti-me nocauteado, pois mesmo naquele estado, Rose era linda. "Você é forte" eu disse. "E vai conseguir superar isso. Porque você é uma das pessoas mais fortes que conheço. E eu estarei aqui para te ajudar"

"Você promete que não vai me deixar?" seus olhos castanhos perfuravam os meus, intensos. "Já perdi tanta gente com quem me importava... eu não quero perdê-lo também"

"Eu não vou a lugar algum" respondi, sem ao menos hesitar. Porque isso e minhas próximas palavras eram a verdade. "E sempre estarei lá para você. Não vou deixar você"

Senti aquela estranha conexão se tornando cada vez mais forte, prendendo-me a ela. Ela remexeu meus sentimentos novamente, exigindo algo maior. Algo que eu nunca tinha experimentado antes e que me surpreendeu pela intensidade.

E então ela quebrou essa conexão, se afastando de mim.

"Ah meu Deus, eu ensopei seu suéter" ela colocou uma mão na boca, sentindo-se envergonhada. "Me desculpe"

Eu sorri, ainda atordoado com tudo aquilo. "Não foi nada"

Ela limpou as lágrimas e arrumou a saia xadrez. "Eu acho que nós deveríamos voltar. Lissa deve estar precisando de ajuda na cozinha"

*fim do flashback*

Esse era o outro problema, eu percebi de repente. Essa estranha atração. Havia algo em Rose que me prendia àquela cidade. A ela. E lá no fundo, eu acabei de perceber mais uma coisa, aquilo que não consegui reparar naquela noite: que Rose Hathaway iria ser a minha ruína.

"Você precisa" a voz do detetive me fez voltar a realidade. Os dois me olhavam, e Ivan parecia estar me estudando.

"Já disse que não posso" respondi "Não adianta insistir. O irmão dela já morreu por minha causa, não posso aceitar outra morte. Vou esperar Viktor aparecer e me preparar para isso"

"Você está louco!" exclamou Ivan. "Literalmente pedindo para morrer!"

Fechei os olhos e respirei fundo. Ivan não cederia tão fácil, disso eu sabia. Também discutiria sobre meus motivos. E perder o controle naquele momento não era uma boa ideia.

"Pode parecer suicídio, mas eu não vou sair daquele lugar" falei, minha voz saindo firme. "E há uma pequena chance de Viktor aparecer lá, e quando isso acontecer, eu estarei preparado. Mas partir e me esconder em outro lugar está fora de questão"

Era difícil para Ivan aceitar aquilo, mas eu sabia que ele entenderia e não iria me contrariar mais. Ele tinha razão quando disse que aquilo era suicídio, mas ainda sim eu arriscaria e faria essa jogada mortal.

Eu precisava arriscar. Pois somente assim eu conseguiria a cabeça de Viktor Dashkov e protegeria Rose.

Nota: Coloquei o nome do Victor Dashkov com k mesmo, pois seria seu nome em russo. Espero que vocês não achem isso um problema.


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Notas finais do capítulo

Então o que eu queria dizer é: SOU CALOURA DE MEDICINA!! o/o/ fiquei sabendo que passei sexta, por isso minha vida deu uma bagunçada legal e não postei. Só alegria haha entretanto, estamos vendo se ainda irei fazer cursinho, pois as aulas só vão começar em agosto (acho que no final das contas ainda vou acabar fazendo o cursinho), então a minha vida está uma com um baita "?" HSUASHUAHSUA
Então peço desculpas pela demora pra postar, pelo capítulo estar focado demais na Rose e nos sentimentos do Dimitri. Também enrolei pra postar porque não estava conseguindo encaixar o flashback :S Prometo que não estarei mais tão aérea assim no próximo capítulo!
Digam-me o que acharam desse capítulo,por favor!
Obs: não podia deixar de fora um super bem vindo para minhas novas leitoras: Roxy, nathy_spimpolo,Maria Souza e marcelammota21 ♥♥♥

beijos e até o próximo capítulo!