A Winter Night escrita por Olivia Hathaway


Capítulo 4
Capítulo 3 - Parte II




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Março de 1953

“Sabe de uma coisa?” tirei minhas luvas ensopadas de sangue e pus. Tinha acabado de ajudar Nathan com um paciente que tinha uma inflamação na perna. “Acho que vou aceitar essa ideia”

Lissa sorriu, satisfeita consigo mesma. “Oba! Então quando sairmos vamos lá fazer nossa matrícula. É do lado do prédio onde Elisabeth mora”

De vez em quando Lissa aparecia com algumas idéias malucas. Hoje foi um desses dias. Ela havia me entregado um panfleto que dizia que vagas estavam disponíveis para aulas de balé.

Mas, hey, pelo menos não era um convite para se juntar ao clube da costura ou algo do tipo.

Eu tinha feito balé quando era menor, mas abandonei no momento em que fugi de Edimburgo. Eu até gostava, pelo menos achava melhor do que aprender piano ou qualquer outro instrumento musical. Mas nunca tive muito talento para o balé. Preferia outros tipos de dança.

“Quem mais vai?”

Ela puxou uma cadeira e sentou de frente para mim. “Sydney, Elena e Sophie”

“Será que o marido de Sophie a deixaria participar?” perguntei. “Você sabe como ele é”

Robert Wood era um comerciante e marido de Sophie. Desde a primeira vez que eu o vi, quando fui a sua loja comprar um abajur, eu soube que se tratava de um homem super conservador. E autoritário. Ele tinha me censurado por eu estar usando calça na ocasião, fato que eu respondi com um simples dar de ombros e um “estamos no século XX, amigo”. Isso o irritou, mas ele teve que se controlar para não perder a clientela.

Algum tempo depois Lissa e eu a encontramos no banheiro, chorando. Lembro-me que fiquei chocada ao ver muitos hematomas espalhados pelo corpo dela. Sophie nos contou que ele a espancara porque ela tinha conseguido perder o bebê, com apenas dois meses de gestação. Ele estava desesperado para “produzir” um herdeiro e ela estava com dificuldades para engravidar. Quando eu disse que iria denunciá-lo, ela ficou histérica. Disse que isso só pioraria o relacionamento deles e que ela acabaria sozinha. Apesar dos maus-tratos, ela não o largaria. Isso era o típico casamento de interesses.

“Acho que ele não irá deixar” falou. “Ainda mais que ela está grávida novamente”

Por essa eu não esperava. “Sério?”

Ela assentiu e cruzou as penas. “Descobriu ontem. Nunca a vi tão aliviada”

Eu fui até a garrafa térmica e coloquei um pouco de café num copo. Não estava tão quente, o que era um alívio. Tomei um longo gole. “Se ela acha que vai consegui convencê-lo...”

A porta se abriu e Nathan entrou. Ele parecia cansado. “Olá meninas”

“Nate, você olha como se alguém o tivesse atropelado” Lissa disse. Ele abriu um sorriso sarcástico.

“E você parece que ainda não sujou as mãos hoje. Poderia levar alguns frascos de morfina para a sala de cirurgia? Só tenho uns três”

“E que escolha eu tenho?” ela se levantou e deixou o papel com o endereço do estúdio dobrado em cima da minha mesa. Ela me lançou um último olhar. “Não esqueça”

“Não vou” avisei. Lissa desapareceu.

Nathan coçou o cabelo louro. “Ainda tem um pouco de café aí? Preciso recuperar minhas energias”

Enchi um copo para ele. “Ainda vai precisar da minha ajuda hoje?”

Ele mordeu o lábio superior, pensativo. “Acredito que não. Raymond vai me ajudar agora à tarde. Você pode tirar o resto do dia de folga”

Eu dei um beijo em seu rosto. Ele tinha pele de bebê, apesar de ter quase quarenta anos.“Obrigada”

Peguei minha bolsa com minhas coisas e estava para sair quando ele me chamou novamente. Olhei para trás. Aqueles olhos verdes me encaravam com certo divertimento.

“Antes de você ir, tem um paciente para você dar uma examinada. Acho que você já sabe quem é”

Fechei a cara. “Ah não. Por que tem que ser eu e não você? Afinal, sou apenas uma enfermeira”
“Porque eu estarei indo comer um lanche” explicou, o sorriso se tornou maior quando eu gemi em frustração.

Larguei minha bolsa e praticamente me arrastei até a enfermaria. Havia um homem, seu nome era Carter Moore, que praticamente toda semana aparecia na enfermaria com algum tipo de dor. E na maioria das vezes era apenas fingimento. Acho que ele sofria com falta de atenção, e olha que ele era jovem e um pouco atraente. Lissa, Nathan e os outros funcionários sempre o empurravam para mim. Era sempre eu que o atendia. Todos se divertiam as minhas custas, provavelmente se perguntando como eu aguentava. E para falar a verdade, minha paciência estava se esgotando com cada visita semanal que ele fazia.

O encontrei deitado num dos leitos, com a mão na cabeça. Ele fez uma careta de dor quando fechei a porta.

“O que aconteceu dessa vez, Sr. Moore?”

“Estou com uma dor de cabeça horrível. Desde manhã não me sinto bem”

Toquei sua testa para ver se não estava com febre, mas ele parecia normal.

“Você não tem febre” falei. “Vou te dar uns comprimidos de aspirina”

Peguei um frasco com alguns comprimidos no armário e entreguei a ele. Carter os guardou cuidadosamente no bolso do casaco.

“Obrigado. Eu já lhe disse que a senhorita está linda hoje?”

Reprimi o impulso de revirar os olhos. “Menos, Sr. Moore”

Ele pareceu ofendido. “Estou apenas declarando um fato, Srta. Hathaway. Você é uma das mulheres –“

“Tenho que ir” cortei a conversa. Não estava com saco para ouvir cantadas hoje, ainda mais vindo dele. “A enfermeira Sage irá acompanhá-lo”

Não deixei que respondesse. Saí da sala o mais rápido o possível e peguei minhas coisas.

***

Entrei na cabine telefônica e teclei o número de casa. O telefone demorou um pouco para funcionar, mas logo estava chamando. Fui atendida no terceiro toque.

“Margareth? Sou eu, Rose” a voz que me respondeu não era a de Margareth, e sim a de um homem. Dimitri.

“Desculpe, Rose. Mas Margareth está ocupada na cozinha” disse ele. Por mais que ele estivesse morando na minha casa há mais de um mês, eu ainda não tinha me acostumado com sua voz. Toda vez que Dimitri falava, eu me sentia envolvida por aquele sotaque.

“Ah, sem problemas” falei. “Só queria avisar que vou voltar mais tarde pra casa. Preciso resolver umas coisas”

Uma pausa breve. “Vai querer que eu a busque?” Sempre um cavalheiro.

“Não vai ser necessário. Eu vou buscar o carro agora” meu carro estava fazendo manutenção desde cedo e eu tinha ido com Lissa para o hospital. A oficina ficava apenas a poucas quadras de onde eu estava. “Vejo você mais tarde, camarada”

Ouvi um leve bufar. Dimitri odiava quando eu o chamava de camarada. E foi exatamente por isso que eu não abandonei o apelido. Eu amava provocá-lo, especialmente porque ele fazia aquela coisa legal de arquear a sobrancelha.

Quando cheguei ao estúdio, encontrei Lissa me esperando na porta.

“Achei que você não viria” disse ela assim que começamos a subir as escadas. “Por que demorou?”

“O mecânico conseguiu furar o pneu do carro. Então até trocá-lo...” expliquei. “Bem, você já sabe o resto. Estou atrasada?”

“Um pouco” ela olhou no seu relógio. “Uns quinze minutos”

“Merda”

A mulher da recepção me olhou chocada. Eu a ignorei. Lissa perguntou a ela onde estavam fazendo os exames e ela gesticulou para uma portinha marrom no final do corredor. Bati na porta. Alguns segundos depois, uma mulher vestindo tutu, abriu a porta. Ela sorriu quando nos viu.

“Sejam bem vindas. Tiveram sorte, pois ainda não começamos” disse ela.

“Minha amiga se atrasou um pouco” explicou Lissa. A mulher se afastou para que pudéssemos entrar. Sydney e Elena já estavam lá, junto com três garotas que eu não conhecia. Sophie não estava.

“Acho que o marido não deixou a vir” comentei baixinho com Lissa. Ela assentiu.

Ficamos ao lado de uma garota baixinha de cabelos loiros cacheados. Ela tinha aparência de uma boneca. A instrutora, que se apresentou como Daniella Forrester, explicou como funcionariam as aulas. Faríamos aulas mais leves, três vezes por semana, sempre a noite. Na quinta iríamos fazer um exame para avaliar como estávamos, o que eu já esperava.

Depois ela pediu que nos apresentássemos. Soube que a garota que parecia uma boneca se chamava Mia Rinaldi e era filha do dono do único supermercado da cidade. As outras duas se chamavam Mary Thomas e Verônica Murray, respectivamente. Mary era viúva e professora de primário, enquanto Verônica era esposa do dono do bar Raposa Vermelha, Harry Murray.

“Mande lembranças ao Harry” falei para Verônica, assim que Daniella nos liberou. Tinha conhecido Harry quando ele quebrou a perna, seis meses atrás. Era um sujeito engraçado e gentil, e toda vez que eu ia a seu bar comprar alguma bebida ele me dava um desconto. Verônica assentiu e foi até seu carro.

Lissa se aproximou. “Esqueci de te falar, Nathan te deu o dia de folga amanhã”

“Sério?” felicidade tomou conta de mim. Fazia tempo que eu estava implorando por uma folga na semana. “Mas tenho certeza que ele vai cobrar trabalho em dobro semana que vem”

Lissa sorriu, radiante. “Eu o fiz prometer que não faria isso”

“Oh Liss!” Puxei-a para um abraço apertado. “ Você é a melhor amiga do mundo!”

“Eu sei!” ela se afastou, ainda sorrindo. “E é por isso que nós vamos fazer compras amanhã!”

"Tudo bem. Eu faço esse sacrifício por você" falei irônica e ela me deu um tapinha no meu ombro. Eu ri.

***

Coloquei a chave na fechadura, e a rodei, ouvindo um som de gargalhadas ecoarem no interior da casa. Uma das vozes era grossa, e ao mesmo tempo aconchegante, já a outra era extremamente feminina e um pouco gasta por causa da idade. Dimitri e Margareth. Mas o que realmente me atraiu, após a caminhada e todos os preparativos para a minha volta ao balé, foi o cheiro que vinha da cozinha.

Era algo novo - não me lembrava de ter visto Margareth cozinhando algo que tivesse tal tempero antes. E ao mesmo tempo em que era estranho, o cheiro era completamente envolvente, me fazendo salivar, tanto que assim que entrei dentro de casa, meu principal comentário foi:

“Sinto cheiro de comida. Por favor, me digam que realmente é daqui, e não do vizinho”

Em resposta, Dimitri e Margareth riram juntos, enquanto ela confirmou que era a nova culinária que ela havia aprendido junto com Dimitri no tempo em que eu estivera fora.

“São pães russos pretos” explicou. “Eu já provei, Rose. Apenas fizemos essa nova fornada para que você também pudesse experimentá-los. É uma delícia!”

“Aposto que sim” Sorri para eles, enquanto retirava o cachecol e pendurava em um cabide que estava na parede, junto com meu chapéu.

“Como foi no estúdio?”

“Bem” respondi “Me matriculei novamente e acertei todos os últimos detalhes. Quinta feira tem os testes e semana que vem já começam as aulas”

“Rose dançava balé quando era pequena” Margareth contou a Dimitri, apoiando a mão em seu joelho. Para algumas pessoas, tal ato poderia ser repreendido como íntimo demais. Mas Margareth tratava Dimitri como se fosse filho dela. “Ela era uma das melhores da turma, mas com o tempo foi parando de praticá-lo devido ao trabalho e todos os preparativos para a guerra. Espero que agora ela realmente volte a dançar, sem que se descuide ou então relaxe novamente. Ela era realmente uma graça”

“Espero que ela volte a dançar definitivamente, então. Adoraria vê-la praticando qualquer dia desses” Dimitri respondeu. Eu corei com o olhar profundo que ele me lançou.

Por mais que eu gostasse de Margareth e me preocupasse com ela, algo no modo como ela contava minha infância para Dimitri me incomodava. Eles pareciam até mesmo velhos amigos, sendo que haviam se conhecido hoje.

“Farei as aulas na parte da noite” comentei, quando uma pergunta me atingiu. “E por mencionar, Dimitri, o que você faz todas as manhãs?”

“É um projeto para Charles” Ele respondeu em questão de segundos, como se estivesse na defensiva, tentando omitir algo. Deixei que aquilo passasse, mesmo que Dimitri morasse sob o mesmo teto que eu, não era um direito cobrar explicações sobre sua vida.

“Que bom” Tentei parecer completamente convencida disto para ele, sorrindo amigavelmente. “Bom, o papo está ótimo, mas posso saber quando os tais famosos pães ficarão prontos? Não é por nada, mas meu estômago está me dizendo que minha bateria está na reserva” brinquei.

“Já devem estar prontos!” Margareth cantarolou, parecendo agradecida por tê-la lembrado antes que eles queimassem. Em um pulo, levantou-se do sofá e se encaminhou para a cozinha, sendo seguida por mim e Dimitri.

Logo ela colocou a luva na mão direita, e em seguida abriu o forno, retirando dali uma fornada de pães pretos. A primeira vista, eles não pareciam totalmente agradáveis, mas naquele momento eu aceitaria comer até mesmo pedra.

Assim que ela repousou a forma na mesa, sobre um descanso, eu peguei um dos tais e dei a primeira mordida sem me preocupar em como eles estavam fervendo – e como consequência, queimei minha língua em ambos sentidos. Primeiramente, porque o pão estava extremamente quente, e em segundo plano porque era um dos melhores pães que eu já havia comido na minha vida.

Enquanto eu terminava com aquela pão, Margareth avisou que voltaria logo, caminhando até o segundo andar. Encarei seus movimentos. Pelo o que minha memória guardava e processava, não havia nada que ela pudesse pegar naquele andar – a não ser que ela quisesse mostrar a Dimitri algo pessoal. Provavelmente algo meu.

E foi exatamente isso o que aconteceu. Em meio a uma e outra mordida do terceiro pão que eu comia, ela apareceu com um álbum de fotos encapado, cuja capa era uma estampa floral rosa.

“Aqui Dimitri” Ela gesticulou para o álbum que segurava. “O álbum que eu havia comentado com você, sobre quando a Rose era um bebê” E com isso o entregou o álbum, me fazendo engasgar.

Eu poderia sentir meu rosto se aquecendo devido aos olhares preocupantes que me lançavam – e logo Margareth correu até a geladeira, trazendo um copo d’água para que eu pudesse tentar retirar o bendito pedaço que estava agarrado em certa parte da minha garganta, e que se recusava a simplesmente cair até o estômago, assim como os pedaços anteriores.

Dimitri distribuiu tapinhas leves pelas minhas costas, até que enfim eu consegui respirar aliviadamente, e tomar o último gole do copo de água.

“Obrigada” Agradeci a ele, que me olhava, ainda preocupado.

“O que houve, Rose?” Margareth perguntou.

“Eu me engasguei” Constatei. Lancei-lhe um olhar de aviso ao me lembrar do que ela tinha em mãos segundos atrás “E mantenha esse álbum longe de alcance. Agora”

Em resposta, ela me olhou como se eu fosse uma garotinha travessa, e gesticulou para que ela e Dimitri voltassem para a sala.

“Venha, vamos deixá-la comer em paz. Rose teve um dia cansativo” Uma parte de mim pensou que nada poderia acontecer agora que estavam lá, mas então me lembrei que ela ainda estava segurando o álbum, e pelo o que havia presenciado desde que cheguei em casa, ela poderia muito bem estar contando a ele todas as minhas travessuras.

Foi então que peguei um pão e fui até eles, na sala de visitas. Encostei-me na porta e fiquei apenas observando os dois enquanto uma parte minha dizia que era para eu pegar aquele álbum e sair correndo e a outra, para deixá-los verem até que a primeira parte vencesse.

“Quando Rose começou a fazer balé?” Dimitri perguntou, segurando duas fotografias na mão.

“Foi uma história engraçada” Margareth soltou uma gargalhada. “Ela veio morar comigo quando tinha apenas 12 anos, devido a guerra e tudo mais. Ela já fazia balé nesta idade, então apenas foi transferida de escola. Mas ela não se parecia nada com as outras garotas, até mesmo porque a prima dela também praticava. Ela nunca fez algum regime para que sua roupa ficasse melhor, ou se dedicou tanto a ponto de passar horas ensaiando no quarto. Era uma garota comum, até que um dia começou a me pedir ajuda com os ensaios extras. Tudo por causa de uma peça que teria, em que ela gostaria de ganhar o papel da Odette em ‘Lago dos Cisnes’. Já havia ocorrido outras peças naquela época, mas logo eu soube o motivo. Ela estava tendo sua primeira paixão por um garoto da mesma idade, e ele havia sido escolhido para ser o Príncipe”

Ao ouvir aquele relato, eu não sabia quem apanharia primeiro. A mim mesma - por ter me matado tanto naqueles treinos, a ponto de ficar semanas de dieta, praticando exercícios com uma frequência que poderia prejudicar a mim mesma, apenas por um beijo. Se fosse nos dias de hoje, eu apenas puxaria o garoto pelo colarinho, e selaria nossos lábios. Mas, infelizmente, na época eu não era tão inteligente – ou Margareth, por estar contando tais coisas a Dimitri. Ou pelo fato de eu ainda não ter arrancado aquele álbum deles.

Ou talvez porque você queira que Dimitri saiba alguma coisa sobre você – uma voz interior sussurrou para mim. – Para que ele a conheça um pouco e não fique preso ao estúpido papel de amigo da irmã do seu amigo.

“No final, ela conseguiu. Estava graciosa na apresentação, poderíamos notar o olhar de admiração de todas as suas colegas de classe... Mas era uma pena que ela não acreditasse naquilo, estava tão nervosa, coitadinha... Não parava de perguntar sobre sua roupa, seu penteado. Foi o dia em que ela mais foi ao banheiro verificar se a maquiagem para a peça estava no devido lugar, sem borrão ou falha alguma. Também foi o único em que ela agiu como uma verdadeira menina, assim como as outras. Depois que beijou o garoto, voltou a ser aquela mesma pessoa”

“Não gostava mais do garoto?” Dimitri perguntou, lançando-me um olhar divertido. Cruzei os braços na defensiva.

“Não. Ela reclamou que ele não beijava bem. Não para ela” E com isso os dois riram. Resisti ao impulso de bufar.

“E essa foto?” Dimitri perguntou. Cruzei os dedos da mão livre, torcendo para que não fosse a ‘foto-pesadelo’.

“Ah, ela tirou em um evento em que comparecemos. Todas as crianças da escola tinham que usar roupas clássicas do tema, como a saia xadrez, a meia até as canelas, enfim. Roupas escocesas, para entrar no clima da apresentação”

Ah, não! Era a tal foto.

“Isso explica a gaita de fole escocesa” Dimitri comentou.

“Essa é uma das fotos que ela mais odeia” Assenti. “Estava emburrada porque seu rosto ficou completamente redondo no dia. Coisas de menina”

Margareth comentar que meu rosto havia ficado “completamente redondo” era um elogio e tanto para mim, considerando que eu cheguei a confundir meu rosto com uma bunda ao vê-la no mural da escola, após a apresentação.

Era por tais razões, que eu acreditava que o passado deveria ficar escondido.

“Ah, também tem essa aqui” Logo as gargalhadas aumentaram, e antes que pudesse raciocinar com clareza, eu já estava na frente deles, puxando o meu álbum das mãos de Dimitri.

“Ok, acabou a diversão” Cruzei os braços, ainda sustentando o álbum. “Já chega de verem fotos de Rose Hathaway com seus doze anos e comentar fatos da sua vida”

Margareth me lançou um olhar desaprovador.

“Rose, por favor, não seja mal educada na presença dos visitantes” Ela me repreendeu. Antes eu teria pedido desculpas, mas agora só conseguia pensar em um ótimo jeito de fazer com que ela parasse com tal cena.

“Pare de revelar a minha vida para os outros” rebati, irritada. “Se está atrás de algum motivo para conversar, conte sobre a sua infância. Ou então deixe Dimitri contar sobre a dele. Mas me tirem dessa conversa, cujo não estou nem mesmo participando” Apertei a ponte do nariz. “Apenas parem de falar sobre mim”

E com isso subi as escadas, a fim de tomar um banho. Sequer tinha olhado para eles. Mas eu sabia que tinha perdido o controle e dito bobagens. Margareth não merecia isso.

Assim que entrei no meu quarto, enfiei o álbum em algum lugar do meu guarda-roupa e fui para o banheiro. Só foi no meio do banho que tomei a decisão de que iria pedir desculpas a Margareth e a Dimitri pelo meu comportamento. Nunca fui uma pessoa que se desculpasse constantemente por causa de seus atos, mas dessa vez era preciso.

Saí do banho e imediatamente vesti minha camisola de seda e um robe. Olhei para minha cama e estranhei que Maggie não estava lá, como de costume.

“Maggie?”

Olhei embaixo da cama, dentro do meu guarda roupa e nada dela.

“Vamos Maggie” Chamei mais uma vez, já me sentindo impaciente. “Apareça”

Nada. Gato estúpido.

Saí do meu quarto para procurá-la. Mas quando passei pela porta do quarto que Dimitri ocupava e vi que a luz ainda estava acesa, eu tomei uma decisão. Iria pedir desculpas. Mas antes, eu precisava da ajuda dele para encontrar Maggie.

Antes que eu perdesse a coragem, bati na porta.

Alguns segundos depois, ela foi aberta.

E eu me vi de cara com o peito nu de Dimitri.


PS: se encontrarem algum erro (ou alguma cena fora de ordem) me avisem!


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Notas finais do capítulo

Bom,vou deixar vocês imaginarem o resto haha
Queria agradecer a minha "irmãzinha" Dani pela ajuda nesse capítulo haha e por ter opinado a capa da fanfic!
Queria agradecer os comentários que recebi até agora,vocês são demais! ♥ só espero que não sumam,viu?
Bjs e até o próximo capítulo ;*