Se Eu Fosse Você escrita por Gio


Capítulo 7
O Primeiro Itinerário


Notas iniciais do capítulo

Mais um, desculpem a demora!
Enjoy! ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/292510/chapter/7

– Leo, eu tenho a impressão de que tem alguém nos observando. – avisou Reyna.

– Deixe de ser idiota Ice Quenn, não tem ninguém aqui além de você e eu. – ele respondeu.

– Isso é bom ou ruim? – ela pensou.

– Depende do ponto de vista. Até que é legal, nós dois aqui sozinhos, de manhã, sabe?

– Você é realmente desprezível, Valdez.

– Sério, presta atenção por favor, se conseguir, é claro. – ele implicou.

– O tempo no seu corpo vai me trazer sequelas graves.

– Engraçadinha. Mas eu falo sério. Que eu me lembre, Afrodite disse que caso todo aquele Pseudo Itinerário fosse cumprido, nós teríamos direito à uma recompensa, e eu daria nesse momento qualquer coisa para passar cinco minutos no meu corpo.

– Mas eu me recuso a fazer tudo aquilo.

– Mas temos que fazer. Caso contrário, vamos passar mais tempo nesta excruciante tortura.

– Por favor Valdez, eu não quero.

– Estou começando a acreditar que você está gostando de tudo isso.

– Preferia ter cada parte do meu corpo cortada com uma gilete mal afiada.

– Reyna, a questão não é essa. Pense comigo, os Itinerários só vão piorar ao longo dos tempos, e cumprindo pelo menos os mais fáceis, nós alcançamos a pontuação recompensas mais rápido.

– Tudo bem Leo, você venceu. Começamos por onde?

– Na verdade já começamos. Quando você fez a trança no meu cabelo, uma tarefa já foi cumprida. Já temos 10 pontos. Que tal agora a segunda tarefa? Um ajudar ao outro a se servir para o café da manhã.

– Esse nem é tão ruim. Eu acho. Não se esqueça da parte em que teremos que nos mudar para um quarto. Juntos, tipo, o dia todo. É completamente torturante.

– Isso cada vez fica pior.

– O que fica pior, Reyna? – perguntou Jason, que resolvera aparecer após se interessar no assunto. (Obs: Ele falou com o corpo da Reyna)

– Nada Jas! – Respondeu Reyna/Leo.

– Nada mesmo brother. – respondeu Leo/Reyna.

– Leo, você me chamou de Jas? E Reyna, você me chamou de brother? O que houve com vocês? Tem algo errado?

– Sim! – Respondeu Leo/Reyna.

– Não! – Replicou Reyna/Leo.

– Em quem eu acredito? – perguntou o filho de Júpiter, completa e irrevogavelmente confuso.

– Em mim! – falou Reyna/Leo.

– Acredite nela! – respondeu Leo/Reyna.

– Você quis dizer nele? – tentou o pretor.

– Sim, foi exatamente o que ele, desculpe, ela quis dizer. – interveio Reyna/Leo. – Acredite em mim! Leo Valdez. Le-o Val-dez. – então, a menina no corpo do garoto começou a rir histericamente.

– Sério Leo, você não está bem. – falou Jason.

– Pelo contrário, ele está muito bem. Vamos Leo, temos coisas a fazer. – falou Leo/Reyna, arrastando seu corpo para longe do pretor.

Para Jason, nada daquilo era normal. Sabia o que era ser possuído por almas do mundo inferior, e com certeza Leo não estava assim. Reyna também estava estranha. Seus olhos já não tinham aquele brilho ameaçador que a tornava quem era. Uma verdadeira Filha da Guerra. A real Rainha do Gelo. Seu olhar agora era brando, como se ao invés de um lobo, fosse um filhote de cachorro brincalhão e fofo. De algum modo, tudo e nada faziam sentido, como se ao mesmo tempo em que alguma coisa séria acontecia tudo não poderia passar de uma brincadeira.

Mas Reyna nunca brincava. E Reyna nunca dava razão à Leo.

Nunca. Nem mesmo se...

Não, com certeza aquela era uma hipótese absurda.

Mas, resolveu investigar.

XXX

– Reyna, você ficou maluca? E se ele descobrisse? E o que foi, pelos deuses, aquele ataque histérico? – ele reclamou.

– Eu estava tentando te imitar. – ela respondeu. – Aliás, o que foi aquele “Acredite nela!”? Ficou louco?

– Argh Reyna! Estou cansado disso. Sério! É tudo confuso, eu mesmo não me entendo. Será que poderíamos contar para Jason?

– Não, nunca, never, jamé, nop, no. Nem pense nisso.

– Por quê?

– Seria uma vergonha. Eu não posso. Por favor.

– Então temos que arranjar algum modo de voltarmos logo para os nossos corpos. Mas de acordo com você, nada que envolva beijos, abraços e demonstrações de carinho. Fica difícil, né?

– O que quer que eu faça, Leo?

– Apenas siga aquela droga de Itinerário! Eu não quero isso tanto quanto você. Nós precisamos cooperar!

– Não acredito que vou dizer isso, mas você tem razão. Vamos para a droga da próxima tarefa.

– O que me lembra o fato de que teremos de arranjar alguma desculpa para estarmos tão... próximos durante este tempo.

– Você não está insinuando que..,

– Sim, é exatamente o que eu estou falando.

– Isso é vergonhoso.

– Isso ou passar a imortalidade habitando meu corpo.

– Tudo bem Leo. Mas antes que eu tome a decisão final, vamos completar o Itinerário de hoje. Amanhã eu respondo, por favor.

– Tudo bem, eu respeito seu tempo. Vamos?

– Vamos, já estou com fome mesmo. – ela deu de ombros.

XXX

Leo e Reyna entraram juntos e de mãos dadas no refeitório, arrancando olhares e viradas de cabeça a cada parte que passavam. As filhas de Afrodite riam e cochichavam, os filhos de Ares rolavam os olhos e os filhos de Hermes faziam piadas. Mas havia um quê de surpresa e desconfiança em cada reação. Ninguém esperava que os dois campistas que mais se odiavam ficariam juntos, de mãos dadas.

Reyna/Leo exibia um sorriso nervoso, como se tivesse medo do que fazia, enquanto Leo/Reyna parecia divertir-se com o pânico da menina.

– Eu tenho que te chamar de Reyna? – ela sussurrou.

– Obviamente. E eu devo te chamar de Leo. Isso é extremamente irônico. – ele murmurou de volta, sem prender o riso.

Os dois sorriram.

– O que você vai querer para comer... Reyna? – ela perguntou para seu corpo.

– Pode escolher... Leo. – ele travou ao chama-la por seu nome.

Cada um pegou um prato e serviu-se com coisas que sabiam que o outro gostaria. Leo/Reyna pegou uma maçã bem vermelha, um cupcake de chocolate e suco de uva, coisas que certamente fariam todos questionarem: Por que Leo Valdez está comendo isto?

Reyna/Leo serviu-se de frutas, iogurte e um bolo integral. Se Leo comeria em seu corpo, não poderia se dar ao luxo de engordar.

– Você não espera que eu coma isso, certo Reyna? – ele sussurrou.

– Sim, eu espero. Se você fizer que meu corpo engorde um quilo sequer, eu te mato. Acredite nisso.

– Eu odeio coisas integrais, e você deveria saber.

– Falando em coisas que deveríamos saber, como soube do que eu gostava para o café da manhã?

– Eu tenho que saber dos hábitos da minha arqui-inimiga. Ou ex aqui-inimiga, tanto faz. Senão, como colocaria pílulas de dor de barriga no seu café?

– Então foi você que fez aquilo? Eu te odeio Valdez! – ela resmungou, prendendo o riso.

– Eu precisava me vingar pelas roupas rosa. Você foi perversa, sabia?

– Foi engraçado.

– Tão quanto a sua dor de barriga.

– Vamos para as nossas mesas, todos estão olhando!

Dito isso, trocaram os pratos, jogaram uma oferenda e foram para as suas mesas.

O corpo de Reyna para a mesa 9 e o corpo de Leo para a mesa 5.

Os campistas estranharam e assim que os dois notaram o erro, sorriram sem-graça e rumaram para a mesa “certa”.

– Muito bem meu garoto! Você e ela estão mesmo namorando? – implicou Nyssa.

– Eu sabia que aquele ódio todo tinha alguma coisa errada. Eu percebia os seus olhares para ela. Quem implica ama, não é verdade? – replicou Jake Mason.

– Como você domou a Rainha do Gelo? – brincou Harley.

Reyna/Leo enrubesceu e sorriu sem graça.

“Então quer dizer que ele já gostava de mim? Suspeito...” Ela pensou com um meio sorriso nos lábios.

XXX

Do outro lado do salão, Leo/Reyna se sentava na mesa 5. Era estranho ver cada rosto o encarando (ou encarando-a, tanto faz). E amolando uma faca ao mesmo tempo.

Aterrorizador, talvez.

– Você e o projeto de faísca estão juntos mesmo, ou foi alguma aposta? Ganhou quanto, heim? – implicou Clarisse.

– Calada, La Rue. Você e Chris agem como bobocas quanto estão juntos. – replicou Mark, em defesa da menina.

Clarisse dignou-se apenas à olhá-lo ameaçadoramente e levantar a faca que amolava segundos antes. O garoto baixou os olhos e se escondeu.

Leo/Reyna soltou uma risada.

Sentou-se na cadeira e deu uma mordida no bolinho integral.

– Isso tem gosto de feno! – ele reclamou. – Reyna, eu te odeio.

– Como? – perguntou a garota que sentava à seu lado.

– Nada, eu... não disse nada. – ele/ela respondeu sem graça.

XXX

O café já havia terminado, mas o pseudo casal relutava em ir embora. Reyna/Leo principalmente não estava nem um pouco ansiosa com a ideia de cavalgar de pégasos.

As harpias de limpeza bicavam o chão, buscando as migalhas deixadas pelos campistas. Leo/Reyna levantou-se da mesa 5 e sentou-se ao lado da garota/garoto.

– Acho que devemos ir, antes que as harpias nos comam. E isso não seria legal. – ele falou.

– Não mesmo. – ela riu. – Estou extasiada com a ideia de cavalgar. É tão divertido... – ela ironizou.

– Divertido é, mas não com você. – ele replicou.

– Idiota. – ela respondeu.

– Você não se cansa disso?

– Nunca.

– Sabia que você está se xingando ao me chamar de idiota?

– Faz sentido. Vou ser mais específica. Leo, seu cérebro é idiota.

– Agora sim! Vamos, eu deixo você escolher o Pégaso.

– Eu escolheria mesmo que você não deixasse. Eu ainda mando, esqueceu?

– Possessiva...

– Ah Leo, eu ouvi na mesa 9 que você nutria sentimentos por mim bem antes disso. Creio que a implicância toda foi para chamar minha atenção.

– Frustrante saber como as pessoas inventam coisas. Boatos, eu os odeio.

– Não banque o cínico, eu sei que sou irresistível.

– Meu corpo é, mas qualquer coisa que contenha seu DNA não tem nenhum quê de atraente.

– Como se você fosse a representação da sensualidade... – ela zombou. – Olhe esses ossos aparentes, cabelos sebosos...

– Muitas garotas não acham isso.

– Creio que não. Anda bebendo?

– Contra fatos não há argumentos. Já reparou como as garotas olharam tristes quando nos viram de mãos dadas?

– Provavelmente estavam sendo solidárias diante à minha desgraça.

– Língua ferina que você tem, sabia? Destrói cada centímetro do meu ego.

– Ele não será muito afetado, não se preocupe quanto a isso. Seu ego deve ser tão grade quanto... não sei. Diga-me algo grande, por favor.

– Sua estupidez?

– Exato, seu ego é tão grande quanto a sua estupidez.

– Não foi isso que eu quis dizer.

– Não foi isso que eu esperava que falasse, senhor Valdez.

– Você é imprevisível, futura senhora Valdez.

– O que disse?

– Exatamente o que você entendeu. Vamos?

XXX

– Nós vamos ficar com o Pégaso caramelo. – avisou Reyna/Leo, assim que chegaram nos estábulos.

– Sério Reyna?

– Sim, eu gostei dele, me lembra Spiky. (N/A: Eu acho que se escreve assim.)

– Ainda sente falta dele?

– Foi meu primeiro e único Pégaso. O presente mais importante de toda a minha vida.

– Então tudo bem, nós vamos ficar com ele. Primeiro as damas, por favor.

– Eu ou você? – ela brincou.

– Não sei. Mas vá na frente, não tenho experiência com cavalos.

– Mesmo sendo um jegue?

– Você é completamente irritante.

– Sei disso.

– E encara esse defeito com naturalidade?

– Da mesma forma que você suporta seu egocentrismo.

– Suba no Pégaso e vamos logo, não temos tempo à perder.

Reyna/Leo riu e montou no cavalo alado, que bateu as asas alegremente.

Leo/Reyna subiu em seguida, desequilibrando-se no primeiro momento.

– Isso é desconfortável, Reyna. Não sei como aguenta.

– Costume, do mesmo jeito que você não se machuca mais ao tentar fazer esculturas com garfos quentes. Jake me fez fazer um pônei, sabia?

– E você conseguiu? – ele perguntou rindo, enquanto se ajeitava no Pégaso que levantava voo.

– Obviamente não. Disse que estava com tendinite e então eles me olharam estranho. – ela admitiu. – Mas e você, como foi seu café?

– Clarisse amolando facas e aterrorizando a todos. E não posso me esquecer da discussão amorosa.

– É sempre assim. Conte-me algo novo.

– Fora isso, nada. Só o fato de todos acharem que nosso namoro é uma aposta.

– E não é?

– Não se você não quiser.

– Só nessa sua mente doentia.

– Que no caso está no seu corpo inocente.

– Está se divertindo? – ela perguntou irônica.

– Não tanto como você, espero.

– Então você está completamente entediado.

– Algo por aí. – ele brincou. – Acho que já deu tempo, certo? Vamos descer, ainda temos coisas para fazer.

– Me sinto extremamente feliz agora.

_______________________________________________

Continua no próximo porque a pizza chegou. Eu ainda fico obesa, sério.

XOXO


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?