Se Eu Fosse Você escrita por Gio


Capítulo 15
Just Take a Picture, Baby parte final


Notas iniciais do capítulo

Eu não morri, ok? Aqui está, depois do natal, masok.
Mas eu caprichei, viu?
Enjoy! ;)
XOXo



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- Alguém pode me explicar a necessidade de se ter uma lente para luz, para escuro, para perto, para longe, para o ar livre, interior de casas, desfocado no segundo plano, desfocado no primeiro plano, desfocado no terceiro plano, foco no rosto, no corpo, na paisagem, em mais de uma pessoa e em alimentos banhados pelos raios prateados do luar... Quem tira foto de alimentos banhados pela luz do luar? – irritou-se Leo.

                - Olha Valdez, achei a lente perfeita para você: Animais quadrúpedes de pequeno porte.

                - A sua está aqui. Desfocada no rosto pra esconder a feiura.

                - A maioria dos garotos não acha isso.

                - Mas eu não sou a maioria dos garotos. E a maioria dos garotos aqui tem namorada, então, você não tem moral nenhuma pra se dizer desejada. – ele revidou.

                Reyna baixou a cabeça, por um momento a raiva foi substituída pela tristeza, fato facilmente notado pela perda do brilho perverso em seus olhos.

                Leo sentiu que pegara pesado. A filha de Belona sofrera rejeições por tanto tempo que já não tinha nada além de rancor guardado em seu coração.

                - Ei, - ele chamou. – desculpa. Eu não deveria ter falado aquilo.

                - Já estou acostumada. Não ligo. As pessoas me rejeitam há tanto tempo...

                - Quer falar sobre isso?

                - Não. Pelo menos não agora.

                - Tudo bem. Quando quiser é só chamar. Ou mandar uma mensagem de Íris, sei lá.

                Reyna levantou as pontas dos lábios, num sorriso fraco.

                - Tudo bem, chega de assuntos tristes. Precisamos começar logo essas fotos. – ele avisou.

                Reyna assentiu com a cabeça, e um tanto quanto hesitante, seguiu o garoto até o pseudo estúdio fotográfico.

                - Cinco fotos de cada um, e cinco juntos. Foi o que ela disse. Leo, se importa de ir primeiro? A sua pose de cigana é inenarrável. Você simplesmente me conquistou com ela. – Reyna brincou, para o alívio de Leo.

                - Tudo bem, mas só porque você admitiu que meu corpo te seduz. Ou seria o seu corpo? Dane-se, vamos logo ao que interessa. Tire logo a foto que eu farei a pose.

                Reyna deu um sorriso e o focalizou com a lente sépia da câmera. De uma hora para outra, o cenário branco se tornou um acampamento cigano, com direito a trailers e fogueiras.

                Num impulso, a menina quase soltou a câmera, mas então, focou-se no trabalho novamente.

                - Diga X, mas por favor, faça uma pose decente. – ela pediu.

                Leo sorriu malicioso e se sentou num banco de madeira. Esticou as pernas para frente, cruzou os braços ao redor no corpo, arqueou uma sobrancelha e mordeu o lábio inferior.

                - Por favor, menos Leo, essa foto vai para o calendário do Olimpo, e eu não quero ficar eternizada com esta... esta pose.

                - Melhora se eu não morder a boca?

                - Sim, e como. Agora anda logo. Ainda faltam quatro fotos e eu quero acabar isso antes que o ensaio se torne depravado.

                - Depravado?

                - Sim, obsceno e tal. Melhor acabar antes que Afrodite resolva que ficamos melhor sem fantasias.

                - Você ficaria.            

                A garota enrubesceu na hora.

                - Desculpe. – ele antecipou. – Vamos logo antes que você perca a paciência.

                Ela assentiu, um tanto quanto irritada pelo rubor que encobria toda a sua face, da raiz dos cabelos até as orelhas.

                Leo finalmente se endireitou, cruzando as penas, apoiando os braços na extensão do banco e sorrindo de um modo perverso, bem ao estilo Reyna.

                Ela ligou a câmera, no mesmo efeito sépia e o fotografou. Por incrível que pareça, a foto ficara boa, mesmo levando em conta as mãos tremidas da menina.

                - Próxima. – ela avisou.

                Leo se levantou, ficou na frente do banco, levantou os pés, virou-se de lado, dobrando o joelho esquerdo, e por último pôs as mãos na cintura. Jogou a cabeça para trás e deu sinal para a garota clicar.

                Pronto. A foto estava feita.

                - Gostou? Eu incorporei meu lado mexicano-cigano. Madame Cassandra está de volta.

                - Só falta uma placa no nosso quarto: Madame Cassandra – Lê mãos, búzios, tarô, borra de café. Traz seu amor de volta em uma semana. Ligue grátis! – ela brincou.

                - Se quiser, pra você a consulta – ele brincou. - Se esse meu lado funcionasse, eu já teria trazido meu amor para mim há muito tempo. – acrescentou mentalmente.

                - Terceira pose. Vai lá Leo, Arrasa! – ela brincou.

                Dessa vez, Leo ficou de costas. Deixou os braços soltos e virou a cabeça para frente, e olhando por cima dos ombros, deu um sorriso sincero com os olhos cerrados. Exatamente como ela faria.

                Reyna clicou-o mais uma vez. Já estava no fim, e logo chegaria sua vez.

                - Mais uma.

                Leo se sentou na borda direita do banco, e jogou o corpo na parte de cima, apoiando-se nos lados. Sorriu de leve.

                Reyna bateu foto.

                - Última. – ela avisou.

                Leo, que já estava sem criatividade para poses, diga-se de passagem, sentou-se no banco e cruzou os braços, olhando para a esquerda de modo a procurar algo ou alguém.

                Último flash e seria a vez de Reyna.

                Pronto.

XXX

                Leo se sentia nervoso por assumir um papel daqueles. Tirar fotos no corpo de Reyna era algo extremamente difícil.

                Mas ao decorrer da tarefa, tudo ficou mais fácil. De certo modo, era a pessoa mais familiarizada com as diversas expressões de Reyna, tirando os sorrisos que ela nunca mostrava.

                Mas de fato, sabia imitar seus olhares tanto ameaçadores quanto perversos, o que facilitou em partes as fotos.

                Entretanto, a expressão corporal era difícil. Fazia apenas um dia que estava em um corpo feminino, e não entendia como fazer poses sexys sem parecer vulgar. Ele tentava ao máximo imaginar como ela ficaria.

                Bastava pensar em seus sonhos.

                Sim, ele sonhava com ela.

                Não, ele não se sentia bem com isso.

                Pelo visto Reyna aprovara, e seu sorriso satisfeito não negava. E ela parecia feliz com o resultado.

                - Ficou boa a minha atuação? Dei um ar mais desinibido pra você, o que achou? – ele falou, chegando por trás da garota.

                - Você me assustou. – ela devolveu com a voz inalterada. – sim, ficaram legais, se responde sua pergunta. O que me preocupa é em relação ao fato de que eu não poderei dizer o mesmo em relação as minhas fotos. O “modelo” não e tão bom. – ela implicou.

                - Em compensação, o fotógrafo é mais talentoso.

                Reyna deu de ombros e o entregou a câmera.

                - Quando quiser. – ele avisou.

                Reyna assentiu e começo a pensar como faria a primeira pose.

                De fato sua roupa era ridícula. Calças bufantes e uma blusa branca de botões e mangas compridas. Um lenço na cabeça e sapatilhas.

                Mas olhando por outro lado, Leo até que não ficava tão mal. Tinha os traços de um cigano; a pele bronzeada e o cabelo cacheado. O sorriso divertido e malicioso.

                Primeira pose. A mais difícil.

                Tentou algo que Leo provavelmente faria.

                Sentou-se no banco com as penas. Apoiou os cotovelos na coxa e sorriu. O sorriso mais “Leo” que pôde.

                O garoto clicou e o flash disparou.

                - Nossa, eu esperava menos. Como conseguiu fazer aquilo? É o meu sorriso Leo Seduzência level Máximo.

                - Agradeço ou te dou um soco?

                - Voltou ao normal, já esperava isso. Apenas continue assim, as fotos sairão boas.

                Reyna assentiu relutante. Próxima pose, agora faltavam apenas 4.

                Suspirou. Sua carga de lembranças Leoísticas acabaram há tempos. O que mais ele fazia?

                “Ele era chato, implicante, egocêntrico, gentil. Não, psiu Reyna. Calada. Gentil uma vírgula. Concentre-se.”

                Respirou fundo mais uma vez. Ideia.

                Encostou-se no banco, quase deitando. Apoiou os braços na parte detrás e virou a cabeça para o lado. Forçou um sorriso e mordeu o lábio inferior.

                Exatamente como Leo fazia todas as vezes que sentava-se ao lado dela.

                Flash.

                Pronto.

                Relaxou os músculos da face.

                Mas logo os enrijeceu de novo. Ainda tinha 3 fotos à fazer.

                - Anda Reyna, nós não temos o dia todo. Pense em mim, talvez facilite.

                Ela bufou de irritação.

                Seu subconsciente (o qual sempre dizia a verdade, mesmo que isso a irritasse profundamente) lhe dizia que pensar nele apenas a desconcentraria.

                Excelente.

                “Então Reyna, pense logo numa daquelas caretas horrendas que ele faz. Aqueles trejeitos egocêntricos. Anda!”

                Ideia.

                Apoiou a mão esquerda na nuca, deixando a direita solta. Pôs o pé no banco e sorriu maliciosa, tal como ele sempre fazia.

                Flash.

                Enfim, mas uma. Faltavam apenas duas.

                Resolveu mudar.

                Tirou o lenço da cabeça, e do modo mais Leo possível, arrumou os cachos.

                Antes que pudesse terminar a pose, Leo a clicou.

                - Você realmente presta atenção em mim, heim. – ele implicou. – Como sabe que eu faço isso?

                - Eu não presto atenção em você. Apenas tentei ser o tão prepotente que você é. E pelo visto funcionou. O mundo faz sentido novamente. – ela ironizou.

                - Última foto. Faz um esforço por mim, vai.

                - Agora que eu não faço mesmo.

                - Então se esforce pra acabar com isso. Ainda temos as fotos juntos.

                - Você não precisava me lembrar disso.

                - Eu tinha que te dar um incentivo.

                - Excelente esse. Eu preciso de tempo para elaborar seus trejeitos.

                - Aham. Eu espero. – ele ironizou, sentando-se.

                Ela já estava tão impaciente quanto uma pessoa poderia estar. Cruzou os braços de frustração. Fora a prepotência e a implicância, Reyna não conhecia mais nenhuma face do garoto tão cheio de personalidades.

                E seu conhecimento de expressões falhara justo na hora que mais precisava.

                Por favor?

                Ideia.

                Apoiou o punho no queixo e sorriu, olhando para o lado.

                Leo a fotografou.

                Enfim! Tinha acabado.

                Ou não. Ainda restavam as fotos juntos.

                Foi quanto um bilhete se materializou, fazendo um sonoro pop.

                - Afrodite? – ele falou, lendo os pensamentos dela.

                O bilhete era curto e claro.

                “Vocês tem 10 segundos pra decidir: Ou se beijam ou fazem mais 20 fotos juntos. É pegar ou largar.“

                - Pegar. – Leo gritou, e antes que a garota pudesse manifestar reação, a puxou pela cintura e roubou-lhe um beijo.

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Sem notas finais hoje, poisé, a minha internet tá caindo toda hora e eu não quero arriscar.

XOXO


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Notas finais do capítulo

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