Autora POV

Ela estancou no lugar ao ver quem estava ali na sua frente, a poucos metros de distância, e gelou ao ouvir sua voz que tinha um tom exagerado de ironia.

–tava te procurando... minha branquinha.

–Juugo- a palavra sai como um sussurro, a voz fraca e baixa. Instintivamente ela coloca as mãos na frente do corpo, apertando os Pompons que segurava como se eles pudessem protegê-la.

– você tá mais linda do que nunca, branquinha- ele disse dando um passo na direção dela, o que fez Hinata recuar. Ao perceber que ela estava nervosa e até mesmo com medo, Juugo parou de avançar, virou a cabeça de lado e deu um sorriso sínico e maldoso.

Mesmo nervosa e com uma imensa vontade de sair correndo dali, cavar um buraco bem fundo e passar o resto de sua vida fazendo cosplay de Bin Laden... ela se permitiu analisa-lo, e percebeu que definitivamente, apesar de continuar incrivelmente lindo, ele estava mais “acabado” do que a uns meses atrás quando se viram pela ultima vez.

O cabelo ruivo antes sedoso e com um brilho único, agora estava seco e claramente mal cuidado, a pele estava ainda mais pálida, seus olhos que antes demonstravam uma certa pureza e transparência, agora estavam opacos e vermelhos, sinal de que não estava sóbrio, ele tinha fortes olheiras roxas debaixo dos olhos e seu corpo estava magro, mas não era um magro saudável, era magreza de doença, e Hinata sabia que ele estava doente, não só do vicio, provavelmente ele nem estaria se tratando da esquizofrenia, o sorriso sínico e falso dele dizia tudo, e ali, ela sentiu seus olhos marejarem, ela queria chorar, chorar por ele, por pena de ver a situação em que o cara que ela já considerou o amor de sua vida se encontrava, mas ela não se permitiria chorar na frente dele, não dele, Hinata engoliu o carroço que se formou em sua garganta e com a voz ainda fraca disse

–vejo que você ainda não morreu de overdose- ela disse irônica e com um sorriso forçado de lado

– eu disse que saberia me cuidar- ele falou ainda sem tirar aquele sorriso estranho dos lábios

–hum... sim, você disse- Hinata falou seria, dando as costas pro rapaz e saindo dali. E essa atitude tirou o sorriso dos lábios do Juugo, ele correu ate ela e segurou seu braço

– espera Hinata, vamos conversar- ele disse olhando pra ela, e por um pequeno instante, Hinata teve a sensação de que aquele ali era o Juugo que ela conheceu e pelo qual se apaixonou, mas assim como a sensação veio, ela se foi e Hinata puxou o braço que era segurado pelo rapaz

–não temos mais o que conversar Juugo- ela disse dando alguns passos pra trás afastando-se de dele

–nós temos sim- ele disse serio- e não adianta fugir Hinata, por que agora que eu te encontrei não vou te deixar até que tudo esteja esclarecido.

–tudo bem, você quer conversar?- ela fala se irritando- ótimo, vamos conversar. Quer falar primeiro sobre o que Juugo? Quer que eu te diga de novo o por que de ter terminado contigo? Sim, por que você estava tão chapado naquele dia que eu imagino que não deve lembrar nada do que eu te falei... nada do que você falou...- ela perdeu a voz na última frase e abaixou a cabeça pra enxugar a lagrima que desceu sem sua permissão

–Hinata...- ele disse soltando um suspiro e dando um passo a frente

–fica longe!- ela disse

–você foi embora e me deixou lá sozinho- ele tinha a voz triste e meio perturbada, sua cabeça estava abaixada- disse que iria me ajudar, mas foi embora

–Eu cansei Juugo, não podia ficar naquilo pro resto da vida, sem expectativa de mudança... doía saber que eu tinha te perdido para as drogas

–você não me perdeu por causa das drogas Hinata, me perdeu por que não soube aceitar que eu mudei e tô melhor assim. Minha cabeça agora é só minha

– não use sua esquizofrenia como desculpa pra sua covardia. Você foi fraco, fraco por não ter procurado ajuda pra se tratar, fraco por não ter contado nada ao seu pai por medo da rejeição dele- ela disse irritada

–você não sabe o que tá falando!- ele disse rangendo os dentes- não sabe o que é dividir seus pensamentos com alucinações. Não sabe o que é ter mil vozes gritando na sua cabeça, todas ao mesmo tempo! Não sabe o que é ser deixado de lado por seus amigos por que eles acham que você enlouqueceu- Juugo falou apertando os punhos fortemente- você pode não acreditar Hinata, mas eu tô melhor agora, as vozes diminuíram e...- ele falava olhando pro chão, mas foi cortado pela Hyuuga

–você tá louco em pensar assim- ela disse

–Hinata...

– Cala a boca que agora é minha vez de te falar – ela cortou ele-serio, você realmente acredita nisso que você tá falando? Por que...eu sinceramente não quero acreditar no que você me diz. A verdade Juugo, é que você inventa tudo isso pra ter uma falsa felicidade, isso não existe! Você... vive em um mundo, que vai te matar. A droga não te ajuda com as alucinações, elas pioram, e pioram ao ponto de você achar que está melhor com elas. Essas porcarias que você usa fizeram uma lavagem cerebral em você... elas te mudaram Juugo, te deixaram doente, ainda mais agressivo, e eu já perdi as contas de quantas vezes você já mudou de humor durante os últimos cinco minutos em que nós conversávamos.... Essas drogas, agravam. Todos os sintomas. Da sua. Esquizofrenia- essa ultima parte ela falou pausadamente, para dar mais ênfase- e isso não sou eu quem diz, todos os psiquiatras, psicólogos e pessoas da área da saúde que mexem com a mente humana sabem disso

–Hinata, você tá errada, você tá errada Hinata, não é assim que funciona, não comigo- ele balançava a cabeça- isso tá sendo bom, tá sendo bom pra mim... durante esse tempo que você esteve longe, foram essas coisas que me manteram lucido- ele ia continuar, mas Hinata o interrompeu

–lucido Juugo? Você estava drogado! Chapado!... estava fora de si!- ela falou saindo do serio, balançando as mãos com os Pom pons- não sei nem por que eu ainda me dou ao trabalho de te falar essas coisas... você não escutou quando nós estávamos namorando, por que escutaria agora que não temos mais nada em comum além de um passado obscuro que eu já fiz questão de esquecer?

–Hina...-ele dá outro passo na direção dela, que como antes, recua- sei que te fiz sofrer, que você passou por todas aquelas coisas pra ficar perto de mim. E apesar de achar que eu não preciso de ajuda, sou muito grato por tudo Hinatinha, me deixa feliz saber que você se importa comigo. Hinata você é tudo pra mim, tudo, sempre foi . você me ajudou e sempre esteve do meu lado depois que a minha mãe morreu, quando meu pai não sabia lidar comigo depois da morte dela... foi a única que não me olhava com cara de pena, e isso eu não vou esquecer nunca. Mas eu preciso, eu preciso que você me entenda, eu não tô doente branquinha, já estou bem melhor da esquizofrenia, tô quase curado já, e não importa os efeitos que as drogas tenham em mim, elas nunca poderiam mudar o que eu sinto por você, Hinatinha, não mudam o que você significa pra mim

– Juugo, não venha dizer o que eu fui pra você, não adianta, não vou mudar meu jeito de pensar. Nem tenta me convencer de que o que você faz é normal e sadio, por que não vai funcionar, agora se me der licença eu vou indo, não tenho mais tempo pra gastar contigo- ela fala dando as costas a ele, mas não vai muito longe, Juugo segura o pulso dela mais uma vez

–Hinata- ele fala e solta o pulso da Hyuuga ao receber um olhar negativo vindo dela. Ao se ver livre do aperto do ruivo Hinata se afasta novamente- você sabe que eu te amo Hinatinha, e quando você saiu daquele colégio... eu, eu só queria que você voltasse pra mim- ele disse a olhando nos olhos dando um passo em sua direção, fazendo-a recuar novamente- eu faço qualquer coisa pra te ter de volta... Tudo bem, eu me trato, podem me internar em uma dessas clinicas de reabilitação, eu não me importo, fico lá o tempo que for preciso desde que você me espere aqui fora... desde que quando eu sair de lá possa ficar com você

–desculpa, mas...eu não consigo esperar você Juugo, paguei muito caro para te esquecer... desisti de todos os meus planos pra ficar contigo, do seu lado, te apoiando só esperando que assim você criasse coragem pra sair daquele... mundo. Deixei pra trás tudo consegui, me afastei dos meus amigos e até da minha família. Eu fui até o fundo do poço pra tentar te salvar e quase fico presa la contigo- Hinata fala limpando as lagrimas com as costas da mão - e por isso, eu acho que eu tenho o direito de não querer que você entre na minha vida de novo, quero que você fique longe de mim, assim como eu pretendo ficar longe de você- ela ia voltar a andar, mas antes que ela fizesse qualquer movimento Juugo a empurra até um dos armários e prende-a com o seu corpo, impedindo que ela saísse-me solta Juugo

–eu sei que você ainda me ama branquinha- Juugo falou acariciando o rosto dela, limpando uma lagrima que caia e ignorando o que Hinata falava- sei que você ainda me ama, eu sei, eu sei, você ainda me ama branquinha- ele falava e passava a mão pela face da Hyuuga que tentava inutilmente se soltar e desviar seu rosto do de Juugo que aproximava-se mais a cada segundo

–me solta!- ela fala empurrando o rapaz com toda a sua força. Normalmente não surtiria efeito nenhum, isso se ele estivesse sobriu, mas como não estava, com o empurrão Juugo cambaleou pro lado e se segurou na parede pra que não caísse no chão- você tá louco Juugo, tem que ser internado sim, mas é em um manicômio!- ela disse se afastando

Juugo ia falar algo, mas é interrompido

–ei Hina-chan, tava te procu...- Naruto falava com a voz preocupada, mas ao ver com quem a Hyuuga estava, tanto sua voz, quanto seu olhar endureceram, era isso que ele queria evitar, que Hinata encontrasse Juugo sozinha. Mas tinha chegado atrasado- você tá bem?- ele pergunta se aproximando dela. Hinata só balança a cabeça aliviada pela presença do amigo ali

–olha se não é o Demônio Kurama- disse Juugo rindo maldosamente

–hum... Juugo- Naruto fala com um tom que era bem difícil de escutar em sua voz, indiferente, esnobe e frio. Ele vira-se pra Hinata e pega na mão dela e a puxa para irem embora- vem Hina, as meninas estão te esperando

–estávamos conversando Uzumaki-diz Juugo

–pois é, estavam... do passado de não está mais. Eu só te dou um aviso, fica longe da Hinata ou eu acabo contigo!- disse Naruto serio, o loiro exalava fúria, ele se virou saiu puxando Hinata delicadamente pra longe, deixando Juugo muito irritado.

.

.

.

–tá tudo bem?- Naruto pergunta quando eles chegam a porta da quadra. Ele se vira pra ela e toca seu rosto. Hinata não fala nada, não conseguiria falar nada sem desabar em lagrimas, então ela só balança a cabeça positivamente, mas Naruto sabia que era mentira, ele suspira e a puxa pra um abraço- ta tudo bem Hina, eu não vou deixar aquele cara chegar perto de você de novo, eu tô aqui com você, calma- ele sussurrava no ouvido dela e afagava seus cabelos

–você tinha sumido- ela fala fungando e o abraçando pela cintura- nas ultimas semanas, você teve andado distante, por que?

–por que eu sou um idiota!- ele disse beijando a cabeça dela

– também acho- ela falou fazendo Naruto soltar uma risada pelo nariz

–desculpa Hina, desculpa- o Uzumaki pede apertando o abraço

–tudo bem, esquece, agora vamos entrar que a Ino e a Tenten devem estar pensando que eu fugi pro Alasca pra morar com o papai Noel- ela disse se soltando de Naruto e pegando a sua mão, começando a andar em direção a quadra

– desde quando o Papai Noel mora no Alasca?- Naruto pergunta rindo

–ele passa as férias lá sempre- disse Samanta que escutou a pergunta do loiro

–e papai Noel tira férias? Ele tem tempo?- pergunta Itachi que estava junto a prima e aos amigos próximo as arquibancadas –bom, que eu saiba ele tem um ano pra fabricar brinquedos pra todas as crianças do mundo todo... e ele ainda tem tempo de tirar férias?

–claro que tem...e se duvidar ainda sobra tempo de dar uns pega na mamãe Marta- disse Samanta rindo de si mesma

– velhinho potente, viu!- disse Naruto

–esse tem o meu respeito- falou Itachi fazendo sinal de joinha com a mão

– ei, onde vocês estavam?- pergunta Sakura

– eu fui atrás da Hina- disse Naruto abraçado a uma bola

–e você Hina, tava onde?-pergunta a rosada

–eu... tava... atrás dos meus Pompons!- disse a Hyuuga balançando o objeto na frente do corpo-por que?

–por que o jogo começa em cinco minutos!- disse Ino pulando de um lado pro outro

–a gente precisa aquecer capitão!- disse Sai puxando Naruto pro meio da quadra. Hinata acompanha-os com o olhar e dá de cara com Juugo novamente, ele estava junto com seu time e encarava-a fixamente.

–vem Hina, vamos pra junto das outras meninas- disse Sakura puxando a amiga

–ei...- Neji segura o braço da prima e fala baixo pra só ela ouvir- não sei o que aquele cara fez pra você, mas sei que não quer mais ele por perto. Se depender de mim Juugo não chega nem a um quilometro de distancia de você, ok?

–obrigada Nii-san- Hinata falou abraçando ele e indo ao encontro das amigas

O jogo começou, o clima estava tenso entre os capitães, o nível de testosterona estava a mil, faíscas saiam de seus olhos a todo instante e eles procuravam sempre se provocar, o juiz já havia parado o jogo quatro vezes pra separar possíveis brigas entre o loiro e o ruivo. O placar estava empatado, 14X14. Naruto estava com a bola, ele batucava-a no chão (sim, como disse, manjo muito dos jogo de basquete) e desviava de Juugo, que tentava a todo custo pegar a bola.

Em um mínimo momento de descuido o loiro acaba perdendo a bola pra Juugo e na tentativa de recupera-la, Naruto vai pra cima de Juugo pelas costas e o ruivo aproveita pra maldosamente dar uma cotovelada no rosto do Uzumaki, que cai no chão pelo impacto com a boca sangrando. O Juiz para o jogo e Hinata e os outros correm para ver se o Uzumaki está bem

–tá tudo bem Naruto-kun?- pergunta a Hyuuga de joelhos no chão do lado de Naruto que estava sentado com a mão na boca

–desgraçado!- diz ele – se ele quer partir pra violência, então foda-se!- ele se levantou- vou acabar com ele- Naruto fala e cospe o sangue que estava em sua boca

–não Naruto-kun, não quero que arrume confusão com o Juugo, ele só tá te provocando por minha causa, isso é entre mim e ele e eu vou me certificar de que ninguém mais se machucará- disse Hinata decidida

– o que pretende fazer Hina?- ele pergunta preocupado. A Hyuuga não fala nada, ela só olha pra ele e vai em direção ao juiz.