Libertação escrita por FP And 2


Capítulo 2
Pimenta


Notas iniciais do capítulo

:D



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O dia seguinte foi ensolarado. Enquanto caminhava até o clã Hyuuga para buscar Hinata, Naruto imaginava que aquela noite seria perfeita para o que pretendia fazer. Ainda faltava algum tempo para o pôr-do-sol, e as ruas de Konoha estavam cheias de pessoas aproveitando o fim de tarde. Quando passou por uma rua mais movimentada, percebeu que começou a ser seguido, mas não se preocupou. Achou apenas incômodo. Por que aquelas garotas não voltavam a perseguir o Sasuke? E pensando nele...

— Yo, dobe! Aonde vai?

— Sasuke, que bom que apareceu! Preciso de um favor. — Naruto olhou por cima do ombro e viu que suas fãs agora só faltavam babar. A dupla – Sasuke e Naruto – era demais para elas. — Estou com um probleminha. — Ele acenou com a cabeça em direção às garotas que os olhavam. — Vou encontrar a Hinata agora e isso pode ser embaraçoso. Dê um jeito nelas, onegai?

— Vai encontrar a Hinata? — Sasuke olhou por cima do ombro de Naruto e viu que por mais que tentasse ajudar o amigo, algumas das fãs eram exclusivas dele. — Não se preocupe com isso. Vai ser bom que elas te vejam com alguma garota, quem sabe assim param de te seguir o tempo todo?

— É, você pode ter razão, mas não quero que a Hinata pense que...

— Ela não vai, dobe. Apenas aja naturalmente com ela. — Olhou Naruto com mais atenção e viu que ele parecia bem feliz. — Se acertou com ela?

— Quase, ainda faltam alguns detalhes. — Encarou Sasuke. — E você e a Karin? Está acontecendo alguma coisa?

— Ainda não sei. — Sasuke olhou para o céu pensativo. — Mas conversamos bastante ontem.

— É, eu vi, teme.

Sasuke deu um sorriso de lado.

— Arigatou. — Viu que Naruto ficou confuso e se explicou: — Por não interromper.

— Daijoubu1! Agora preciso ir. Ja ne, teme!

— Abayo2!

Naruto seguiu seu caminho, sem outros contratempos além dos que o seguiam. Chegou à entrada do clã Hyuuga e foi cumprimentado por Neji, que se encontrava parado no portão, aparentemente sem motivo.

— Yo, Naruto! O que faz Aqui?

— Vim buscar a Hinata.

— Finalmente se acertaram? — Neji o olhou sério, porém curioso. — Não brinque com os sentimentos dela, Naruto.

— Pode deixar, Neji, não pretendo fazer isso.

— Eu vou chamá-la. Acompanhe-me.

Seguiu Neji até dentro da casa principal do clã. Não tinha a intenção de entrar, mas já que aconteceu, se deixou levar. Deu logo de cara com o pai de Hinata, que saía por uma porta, acompanhado por outro membro do clã e Hanabi. O líder Hyuuga ficou surpreso ao vê-lo ali, ao passo que Hanabi apenas o cumprimentou com um sorriso e saiu da sala.

— Naruto? O que faz aqui? — Hiashi perguntou com um olhar desconfiado.

— Hiashi-sama. — Naruto engoliu em seco, afinal não imaginava qual seria a reação de Hiashi a ele sair com Hinata. — Vim buscar a Hinata.

Nesse momento, para livrá-lo de seu embaraço, Hinata apareceu ao lado de Neji.

— Otou-san, vou sair com o Naruto-kun hoje. — Virou-se para Naruto, corando e perguntou: — Vamos?

— Hai! Ja ne, Hiashi-sama, Neji! — Virou-se em direção à porta seguindo Hinata mas estancou ao ouvir a voz de Hiashi.

— Naruto!

Engoliu em seco mais uma vez e virou-se para o líder dos Hyuuga.

— Cuide bem da minha filha.

— Pode deixar, Hiashi-sama! — Com um suspiro de alívio, saiu da casa atrás de Hinata. — Yokatta3! Achei que seu pai ia fechar meus tenketsus4 ao saber que eu te levaria para sair!

Hinata deu uma risada suave, antes de responder:

— Isso não aconteceria. Ele gosta de você, Naruto-kun.

— Hontou ni?5 Não parece...

— Ele é assim mesmo. Não se impressione muito com o jeito frio dele, no fundo ele tem um bom coração.

— Fico aliviado em saber disso!

— Aonde vamos, Naruto-kun?

— É surpresa. Siga-me!

Ele pegou na mão dela, fazendo com que Hinata corasse muito. Já estavam no portão do clã agora, e suas fãs que haviam permanecido por lá soltaram exclamações desanimadas. Achou que Sasuke tinha razão no que disse, quando as viu virarem as costas e desaparecer.

Correu pelos telhados de Konoha e Hinata o seguiu sem problemas. Tomaram o caminho da saída da vila, o que deixou a garota curiosa. O que Naruto estaria planejando? Quando ele parou no meio da floresta e se virou para ela, corou.

— Daqui pra frente vamos de outro jeito. — Se aproximou dela e estendeu os braços. — Você confia em mim?

— C-claro, Naruto-kun!

Naruto a pegou rápido no colo, fazendo com que Hinata sentisse uma vertigem. O olhou corada.

— Feche os olhos!

Ela obedeceu e logo depois sentiu frio na barriga e uma sensação de queda, mas era diferente, como se estivesse caindo para todos os lados ao mesmo tempo. Tão rápido quanto começou, a sensação parou. Não havia durado nem um segundo.

— Pode abrir os olhos, Hinata-chan.

Abriu os olhos, mas nem sequer olhou em volta, pois se viu encarando os olhos de Naruto muito de perto. Corou novamente e ficou com a respiração ofegante. Ele a colocou no chão sem parar de olhá-la e permaneceu com as mãos em sua cintura. O pôr-do-sol estava quase começando agora, então ele a virou, afinal foi para isso que a levou até ali. Hinata finalmente olhou em volta e percebeu que estavam em um campo florido que havia nos arredores de Konoha, muito frequentado durante o dia, mas deserto àquela hora. Lembrou-se também que foi naquele lugar que uma vez dividiu um lanche com Naruto, durante uma missão, onde havia servido onigiriis6 com o rosto dele. Ficou constrangida com o pensamento. Será que ele se lembrava disso? De como era bobinha na época? Preferiu nem perguntar e apenas aproveitar aquele belo pôr-do-sol.

Ele passou os braços pelo pescoço de Hinata, e apoiou o queixo em sua cabeça. Nesse momento percebeu o quanto havia ficado mais alto que ela. Quando tinha treze anos, lembrava-se que tinham a mesma altura. E ainda ficava irritado quando o chamavam de baixinho! Deu uma risada baixa.

— Doushita7? — Hinata estava preocupada imaginando que ele estava pensando no mesmo que ela.

— Nai8. — Ele abaixou a cabeça e sussurrou em seu ouvido, antes de dar beijo em seu pescoço — Só estou feliz. Suki da9, Hinata-chan!

Ouvi-lo dizendo aquilo e mais o beijo foi demais para Hinata. Ela bem que tentou resistir, mas suas pernas fraquejaram e a visão escureceu por um instante. Não chegou a desmaiar, mas quando deu por si, estava deitada no chão, com a cabeça apoiada no colo de Naruto. O olhou e corou constrangida. Será que isso nunca ia parar?

— Parece que você realmente precisa de um tratamento de choque, Hinata-chan. — Ele disse isso com um sorriso malicioso. — Não queria mesmo ter planejado tudo à toa!

— T-tratamento de choque? — Hinata sentou-se e o viu tirar um pequeno pergaminho do bolso, que abriu no chão e liberou o que estava selado. Ao lado apareceu uma toalha estendida e sobre ela um prato com dangos, uma tigela cheia de cerejas e uma garrafa de sakê com dois copos. Havia também um buquê de delicadas flores e uma caixa de bombons. Ela ficava cada vez mais confusa.

Naruto pegou o buquê, ajoelhou-se a sua frente e o ofereceu a ela, que corou um pouco, mas deu um sorriso ao aceitá-lo.

— A-arigatou, Naruto-kun! — Ela cheirou as flores e percebeu que tinham um perfume delicioso, tão delicado quanto sua aparência. — São lindas!

— São as melhores e mais raras cultivadas pelos Yamanaka! — Ele deu seu melhor sorriso para Hinata. — Mas não são mais lindas que você!

Hinata já estava tendo problemas para respirar. Se continuasse assim não saberia como resistir, tudo estava sendo ainda melhor que em seus devaneios mais loucos. Apesar de achar que conhecia Naruto como ninguém, não sabia desse lado romântico. Talvez ele tivesse mudado muito nesses últimos três anos em que esteve fora, ou talvez não, e só estivesse sendo o que sempre foi: o número um em surpreender.

Ele pegou a caixa de bombons e também entregou a ela:

— Esses são também os melhores bombons que pude encontrar. Segundo a senhora que me vendeu, têm um sabor delicado e uma doçura incomparável. — Mais uma vez ele sorriu para Hinata. — Mas tenho certeza que não são mais doces ou delicados que seus lábios... — Disse isso já se aproximando de Hinata. Percebeu que ela estava totalmente sem reação, parecia que só tinha forças para continuar consciente, mas arriscou. Caso acontecesse o que ele temia, colocaria enfim o plano de Amai em ação.

Tocou o rosto da garota delicadamente com a ponta dos dedos, e juntou seus lábios aos dela. Não durou nem cinco segundos: ela desmaiou.

Naruto já esperava por isso, então a segurou firme junto ao corpo e riu. Era até engraçado o jeito como ela reagia a ele, mas pretendia acabar com isso o quanto antes, afinal seria difícil ficar com uma garota que não podia nem beijar. Esperou que acordasse encostado em uma árvore com ela nos braços e ficou olhando a lua que subia lentamente no céu. Apesar de não olhá-la, percebeu quando ela acordou pelo calor que sentiu no peito, onde o rosto dela tocava. Apertou os braços a sua volta.

— Okaeri10, itoshii11! — Ele murmurou a olhando com ternura.

— G-gomenasai, Naruto-kun! E-eu... eu... — Hinata respirou fundo para conseguir completar a frase. — A-acho que o tratamento de choque foi forte demais pra mim!

Ele percebeu que Hinata estava quase chorando e a abraçou.

— Não precisa ficar assim, Hinata-chan. — Deu uma risadinha. — Mas não sei do que está falando. O tratamento nem começou ainda!

— NANI? — Ela se levantou bruscamente de seu peito.

— Sou da12... Vai começar agora!

Agora Hinata estava realmente em choque. O viu juntar as mãos e fazer um selo que ela conhecia muito bem, e quando três clones apareceram ao redor deles, o máximo que conseguiu fazer foi soltar um gemido estrangulado, que mais parecia o guincho de um esquilo acuado.

— Não precisa ficar assustada, itoshii... — Ele a puxou, fazendo com que se deitasse novamente em seu peito. — Confie em mim.

Ainda assustada e quase surtando ao ver tantos Narutos a seu redor, Hinata observou de olhos arregalados dois deles se afastarem e voltarem segurando as coisas que antes estavam sobre a toalha. O primeiro ajoelhou-se a sua frente e com um sorriso entregou-lhe um copo de sakê. O Naruto original também recebeu um.

— E-eu não bebo, Naruto-kun!

— É só pra relaxar um pouco, Hinata-chan... Se você não conseguir relaxar esse “tratamento” não terá nenhum sentido! — Ele deu um gole em seu próprio copo e sorriu para ela. — Apenas um copo. É até melhor assim, você fica à vontade agora e o efeito passa rápido.

Ela bebeu o copo inteiro, a princípio estranhando um pouco o sabor, mas ao final até que não estava ruim. Bem rápido, começou a sentir um calor muito forte e a cabeça girar.

— Daijobu ka13? — Naruto perguntou, quando viu que a bebida já havia tido o efeito esperado.

— Hai... — Hinata sorria e estava lânguida em seus braços. — Nunca me senti assim antes... é bom. Mas estou com tanto calor! — Ela libertou-se dos braços de Naruto e retirou a bata que usava. Por baixo estava com uma regata preta e colada, que deixava sua cintura à mostra. Voltou a deitar-se no peito de Naruto sem precisar de convite, e isso o fez ver que ela estava como esperava.

— Vai ficar melhor! — Ele colocou as mãos na cintura dela, fez um sinal para seus clones e deu um beijo no pescoço da garota, fazendo-a se arrepiar.

Um dos clones ajoelhou-se em frente à Hinata e retirou suas sandálias, começando a massagear seus pés. Ela observava de olhos semicerrados e soltando leves suspiros. Os outros dois estavam um de cada lado, um tendo a seu lado o prato de dangos e o outro a tigela de cerejas. Cada um segurou uma de suas mãos e começaram a deslizar os dedos por seus braços, enquanto o original continuava beijando seu pescoço e acariciando sua cintura. Hinata sentia coisas que nem imaginava possíveis, mas como havia dito Naruto, ficaria ainda melhor.

Um dos clones pegou uma cereja e colocou em sua boca, logo depois voltando ao que fazia antes. Ficaram assim até que ela sentiu algo molhado em seu pulso e viu que o outro clone havia passado a calda de um dos dangos ali, para logo em seguida lambê-la. Hinata começou a fechar os olhos, mas Naruto disse em seu ouvido:

— Não feche os olhos, você precisa ver...

Ela obedeceu e passou a observar cada gesto dos clones, que a olhavam da mesma forma que Naruto a havia olhado antes de beijá-la. As coisas continuaram dessa forma por um tempo, até que Hinata começou a se mexer nos braços de Naruto, como se quisesse fazer alguma coisa.

— Pode fazer o que quiser, Hinata-chan... é pra isso que estamos aqui.

— Posso mesmo, Naruto-kun?

— Hai.

Hinata levantou-se lentamente, parecia estar bastante tonta ainda, então o Naruto original a ajudou, ficando atrás dela e a apoiando, ainda com as mãos em sua cintura. Sentia que era quase impossível tirar as mãos dali, como se estivessem presas.

Ela olhou com um sorriso travesso para os clones, que entendendo o recado, também se levantaram e a rodearam. Aquele sorriso espantou um pouco Naruto, que ficou se perguntando se não havia exagerado no sakê. Ela levantou as mãos e tocou o rosto de dois dos clones, que fecharam os olhos. Ela deslizou os dedos até o pescoço de um deles e passou as unhas ali. O clone fez uma careta e ela parou.

— É ruim?

— Iie. É bom até demais. — Respondeu o clone, ainda com cara de sofredor.

Ela continuou e fez a mesma coisa com o outro. Naruto estava se sentindo estranho com essa situação. Como podia sentir ciúmes de si mesmo? Não entendia, mas parecia que era o que estava acontecendo. No entanto resolveu não interferir e só ver até onde Hinata iria.

Repentinamente ela fez uma coisa que espantou não apenas Naruto, mas todos os clones também. Virou-se para o outro que ficara até então apenas observando e enfiou as mãos por baixo de sua camiseta. O clone soltou um arquejo, mas não se moveu. Naruto achou que as coisas já estavam indo longe demais e decidiu liberar aquele jutsu, mas antes que pudesse fazer isso, Hinata moveu as mãos por baixo da camisa do clone, fazendo alguma coisa que Naruto não conseguiu ver. O clone soltou um gemido.

Ele se apressou e liberou os clones, que sumiram numa pequena nuvem de fumaça, assustando Hinata. Quase se arrependeu disso, pois descobriu o que ela havia feito sob a camiseta do clone e muito mais. Sentiu uma dor torturante em determinado ponto de sua anatomia. Uma vontade de apertar essa parte se apossou dele, mas não podia fazer isso na frente de Hinata.

Sem saber mais o que fazer ajoelhou-se e apoiou as mãos no chão, tentando, sem sucesso acalmar aquela tortura. Havia se esquecido completamente dos ‘efeitos colaterais’ daquele tratamento. Fez uma careta e Hinata notou, ajoelhando-se a seu lado.

— Naruto-kun, o que houve? — Apoiou as mãos nos ombros dele, o que só piorou a situação de Naruto, que soltou um gemido torturado. — Você está com dor? — E lembrando-se do que o primeiro clone fizera se ofereceu: — Quer uma massagem?

Ao imaginar Hinata fazendo uma massagem onde precisava, Naruto quase morreu engasgado. Sabia que havia um rio ali perto e sem conseguir dizer nada apenas levantou-se e saiu correndo em direção a ele.

Hinata ficou observando Naruto se afastar sem entender nada. Ele corria como um desesperado e chegou a tropeçar duas ou três vezes. Chegando perto do rio, arrancou a camiseta com um único movimento e se jogou de cabeça na correnteza.

Mesmo estando mais relaxada, ela corou com aquela cena. Seguiu ainda um pouco cambaleante em direção ao rio e ficou observando enquanto Naruto afundava várias vezes na água fria. Não sabia o que havia acontecido para ele agir assim, mas imaginou que fosse alguma coisa que havia feito. Realmente se excedeu um pouco, e dessa vez não se arrependia. Sentia seu corpo quente de uma maneira que nunca havia acontecido antes... bom, talvez uma vez, mas era diferente. Imaginou que era por causa do sakê e resolveu entrar também no rio, mesmo porque, ainda não conseguira seu tão sonhado beijo, não de verdade.

Lentamente, foi se movendo pelas pedras que rodeavam a margem do rio. Naruto ficara imóvel de costas para ela, mas estava ofegante. Querendo fazer uma surpresa, se moveu ainda mais lentamente, fazendo o mínimo de barulho possível, e o que era inevitável, a correnteza abafava. Estando já em um local onde a água passava suave na altura de sua cintura, submergiu completamente, molhando também os cabelos. Quando voltou à tona, sentiu que os efeitos do álcool ingerido sumiram totalmente, então corou pensando no que fizera, porém não conseguia se arrepender de nada, e ainda sentia seu corpo quente, daquela maneira tão gostosa. Com um sorriso aproximou-se de Naruto e o tocou suavemente nas costas.

Ele deu um pulo com aquele toque, mas não se virou. Não estava ajudando em nada ela ter entrado naquele rio junto com ele, tinha certeza que se a visse toda molhada e tão perto dele, a situação pioraria e muito. Fechou os olhos e pediu a Kami-sama que lhe desse forças, mas suas preces não seriam atendidas naquela noite. Hinata começou a acariciar suas costas suavemente, chegando até a linha da cintura e subindo novamente, alcançando-lhe o pescoço. Sentiu piorar aquela dor incômoda e resolveu parar com a brincadeira. Virou-se bruscamente e lhe segurou os pulsos. Se arrependeu amargamente daquele movimento e deu um pulo para trás se afastando, como se ao invés de Hinata, houvesse de deparado com uma imensa cobra d’água pronta para dar o bote.

“Pelo amor de todos os Kages, como ela está... sexy!”

— N-naruto-kun? — Hinata deu um passo em direção a Naruto com uma expressão confusa, que mudou para mágoa, quando ele deu um passo para trás para manter a distância. — O-o que eu fiz de errado? — Ele a olhava hipnotizado. O cabelo estava todo jogado para trás, sem sua habitual franja, dando plena visão àquele rosto perfeito, onde gotas de água se espalhavam e brilhavam sob a luz do luar. A regata molhada se colava ainda mais perfeitamente a suas curvas e os braços expostos pareciam tão macios que era impossível não querer tocá-los. Ela parecia brilhar, assim como seus olhos cheios de lágrimas...

Espera... lágrimas?

“Kuso14, eu fiz de novo!”

A certeza do arrependimento não amenizou a sensação quando ele se aproximou dela e a abraçou, ainda mantendo uma distância segura entre seus corpos.

— Gomen, Hinata-chan. — Como poderia explicar o que se passava com ele? Ela era tão inocente. Apesar de sua inexperiência, Naruto sabia perfeitamente o que seu corpo pedia, afinal ser aprendiz de Jiraya não foi em vão. — Eu... eu...

Não pode terminar a frase, pois Hinata o abraçou pela cintura, colando seus corpos. Prendeu a respiração com os olhos arregalados. Agora não poderia mais esconder sua situação, nem que quisesse! Engoliu em seco, esperando que a reação da garota não fosse muito ruim.

— Não quer mais me beijar, Naruto-kun? — Hinata fez essa pergunta de maneira natural, erguendo o rosto para encará-lo. — Não precisa fugir, não sou tão inocente quanto pensa...

Aquilo foi demais para ele. Sem pensar em mais nada, enterrou uma de suas mãos nos cabelos da nuca de Hinata e a beijou profundamente, cheio de amor e luxúria. Para um ‘primeiro beijo’ oficial, não tinha nada de inocente e, para sua surpresa, ela correspondeu plenamente. Foi difícil de parar, mas ele usou toda sua força de vontade e separou seus lábios, ofegante. De olhos fechados encostou sua testa na dela.

— Hinata-chan... — Sua voz saiu mais rouca que o normal. Ficou assim um tempo, até que a sentiu arranhar de leve sua barriga e uma coisa veio a sua mente. — Matte15 ‘ttebayo! — Ele a afastou de si e segurou seus ombros a encarando nos olhos. — O que quis dizer com ‘ não sou tão inocente’...? — Dessa vez ela corou violentamente e desviou o olhar. O peito de Naruto se encheu de ciúmes. — Hinata...?

Naruto não queria acreditar numa coisa dessas. Será que sua amada havia... com outro? Não era possível, mas ele ficou tanto tempo longe. Sabia que não tinha o direito, mas se sentiu profundamente irritado. Virou as costas para ela e saiu do rio. Deitou-se sobre a grama da margem e colocou um braço sobre os olhos. Não se moveu quando sentiu algumas gotas de água caírem sobre seu corpo, sinal da aproximação de Hinata.

— Naruto-kun? — A voz de Hinata estava aflita. — O que eu fiz de errado agora?

— Quem foi, Hinata?

— Nani? — Então se fez a luz na mente de Hinata. Naruto estava com ciúmes, pensando que ela havia feito ‘aquilo’ com outro... A princípio se sentiu magoada, mas pensando melhor, o que havia dito realmente levava a essa interpretação. — Naruto-kun, como pode pensar que eu faria... isso? Você é o único para quem eu...

Lentamente ele a olhou e viu que ela estava corada.

— Mas então...? — Ele não sabia como completar a pergunta.

Em um movimento surpreendente para ambos, Hinata colocou uma perna do outro lado do corpo de Naruto, sentando-se de frente em seu colo, e aproximou os lábios do ouvido do garoto.

— Graças ao Jiraya-sensei...

— Ah, sim, graças ao Jiraya-sens... — Naruto sentou-se subitamente, levando Hinata junto. — NANI? — Várias coisas passavam-se por sua cabeça, cada uma mais desagradável que a outra. Será que aquele velho pervertido... Não, era impossível. Hinata não faria uma coisa dessas.

— IIE! Não é nada do que está pensando, Naruto-kun! — Hinata percebeu pelas expressões que seu amor fazia o que se passava em sua mente e resolveu se explicar melhor, antes que as coisas saíssem de vez de controle. — Eu li um livro dele!

— Masaka16! Você, lendo um daqueles livros? Não consigo vê-la nem mesmo tendo coragem de comprar um! — Ele a olhava com uma expressão de assombro. O que Hinata esteve fazendo durante sua ausência?

— Eu não comprei, Naruto-kun! — Ela corou ainda mais. — Eu... roubei. — Ela terminou essa frase num fio de voz. Era difícil confessar uma coisa dessas, mas era o jeito de esclarecer as coisas.

Ele não tinha nem mais palavras para argumentar. Apenas a olhava de olhos arregalados e boca aberta. Aquela era mesmo sua Hinata? A tímida, meiga e inocente Hyuuga Hinata? Amai disse que ela havia mudado, mas tanto assim?

Hinata respirou fundo, reunindo coragem para revelar seu segredo.

— Foi durante um treinamento com Kiba e Shino. Eles estavam treinando e eu só assistindo, quando vi um livro saindo da mochila de Kiba, que estava ao meu lado. Fiquei curiosa e o peguei. Vi que era da série Icha-Icha e fiquei ainda mais curiosa. Me lembrava que Kakashi-sensei vivia lendo aqueles livros e de ter visto outros rapazes lendo também. — Ela respirou fundo antes de continuar. — Num impulso o coloquei dentro da minha mochila, levei para casa e o li. Nunca tive coragem de devolver, mas eu o achei bastante... instrutivo. — Lembrando-se das sensações que teve quando o lia, corou. Depois disso vivia fantasiando com certas cenas do livro, mas protagonizadas por ela e Naruto. Nessa noite, teve uma amostra de como poderia ser e ficou com o corpo em chamas. Agora tinha certeza: não foi culpa do sakê.

As sobrancelhas de Naruto foram se levantando cada vez mais enquanto ouvia a explicação de Hinata e seu corpo reagia ainda mais intensamente. Deu-se conta da posição em que estavam, ela sentada em seu colo, de frente para ele, inconscientemente, ou talvez não tanto, brincando com os dedos em seu abdômen enquanto falava. Ela pareceu notar o que causava nele, mas não se afastou, ao contrário: o abraçou pelo pescoço e deu uma leve mordida em seu pescoço. Não conseguiu conter um gemido.

— Hinata-chan, você vai me matar! — Porém ela não parou. Continuou a dar beijos em seu pescoço e a passear suas unhas pelo seu abdômen e costas. Seu toque mostrava que ela era inexperiente, mas parecia estar disposta a aprender muito rápido. Pensando nisso, lembrou-se de que ele também não tinha experiência nessa área, não mais que ela, pois apenas havia lido alguns livros de Jiraya. — E-eu também não tenho experiência nessas coisas, Hinata-chan.

Ela se afastou de seu pescoço e deu um lindo sorriso para ele. O empurrou para que voltasse a deitar na relva.

— Então vamos aprender juntos, dattebayo! — Hinata disse baixinho em seu ouvido.

Naruto não pode deixar de rir com a frase, mas o humor não durou muito, pois tinha coisas muito mais interessantes em que se concentrar.


..............


Já havia se passado uma semana de sua primeira noite com Hinata, mas Naruto não conseguia tirar o sorriso do rosto. Mesmo nessa curta semana, aquela não havia sido a única vez e sempre era mais incrível. Sua namorada era a melhor mulher do mundo, em todos os sentidos. Pois é, agora o namoro era oficial e surpreendentemente parecia que os Hyuuga faziam muito gosto no relacionamento deles. A vida estava a ponto de se tornar perfeita, já que Tsunade acabara de informá-lo que pretendia se aposentar dentro de três meses, quando então ele assumiria o cargo de Rokudaime Hokage.

Se dirigia agora para o Ichiraku, onde daria a notícia a seus amigos, Sakura e Sasuke. Ao virar a esquina da rua de seu restaurante preferido, os viu em frente ao local, mas não estavam sozinhos. Karin, Rock Lee e Hinata os acompanhavam e pareciam conversar animadamente. Quando o viu, Sasuke deu um de seus sorrisos de lado:

— Yo, dobe!

— Como vai, teme?

Os outros se viraram para olhá-lo e tinham grandes sorrisos. Naruto se aproximou de Hinata, lhe deu um selinho e ela corou. Ficou feliz com isso, pelo jeito ela só se soltava mais quando estavam a sós, e isso era perfeito.

— Vamos? — Sakura o olhou com um sorriso e ele viu que aquela mágoa não estava mais lá. A garota estava de mãos dadas com Rock Lee.

— Chotto matte, dattebayo! Vocês estão... — E levantou o dedo mindinho18.

— Hai... — Ela sorriu para Lee que parecia que ia explodir de tanta felicidade, mas surpreendentemente não disse nada.

— Nós também, não é, Sasuke-kun? — Karin olhou sorrindo para Sasuke que apenas assentiu.

Naruto ficou feliz pelos amigos. Todos estavam se acertando, não do jeito que ele um dia havia imaginado, mas o importante era que estavam felizes. Ele seguiu os quatro para dentro do Ichiraku, de mãos dadas com Hinata e tomou um susto. O local estava lotado e as mesas haviam sido unidas. Todos os shinobis de sua geração estavam lá, até mesmo Temari, ao lado de Shikamaru. Ele nem sabia que ela estava em Konoha!

— Nanda19?

— Surpresa! — Ino gritou do meio da mesa. — Viemos comemorar a nomeação do próximo Hokage de Konoha!

— Sou na20!... Todos já sabiam? — Naruto estava emburrado. Queria fazer uma surpresa e o surpreendido fora ele.

— Você não achou que Tsunade-sama não me contaria, não é? — Sakura olhava para ele com um sorriso divertido. — Desse jeito pudemos preparar a comemoração!

Ao final, Naruto achou que a surpresa fora muito boa. Há tempos que não via vários dos amigos que ali estavam e foi uma ótima oportunidade para se reunirem. Estava muito feliz. Recebia os parabéns de todos, mas o mais especial, foi só para ele, dito num sussurro em seu ouvido:

— Você merece. — Hinata passou a mão em seu rosto carinhosamente. — Aishiteru21, Naruto-kun.

— Aishiterumo22, Hinata-chan. — Respondeu com um sorriso enorme. Agora era realmente para valer.


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Notas finais do capítulo

Sumário
1 Daijoubu tudo bem; sem problemas
2 Abayo até mais; te vejo mais tarde (dependendo da situação pode ser considerado rude)
3 Yokatta! expressão de alívio. Pode ser traduzida como que bom ou graças a Deus
4 Tenketsu ponto de circulação de chakra
5 Hontou ni? é mesmo?
6 Onigiriis bolinho de arroz
7 Doushita o que aconteceu; qual é o problema
8 Nai nada
9 Suki da te amo
10 Okaeri bem-vindo(a)
11 Itoshii forma carinhosa de chamar a pessoa amada
12 Sou da é; basicamente
13 Daijobu ka está tudo bem?; você está bem?
14 Kuso merda
15 Matte (yo) espere!
16 Masaka não pode ser; impossível
17 Rokudaime Hokage Sexto Hokage
18 O ato de levantar o dedo mindinho no Japão significa namoro
19 Nanda? o que?; o que é isso?
20 Sou na não! (no sentido de não pode ser)
21 Aishiteru eu te amo! (diferente de daisuki da/desu, essa palavra expressa amor mais duradouro e de maior compromisso, como casamento, por exemplo)
22 Aishiterumo eu também te amo! (com o mesmo sentido de aishiteru)