Sonzai escrita por MsRachel22


Capítulo 9
Victims From Ourselves


Notas iniciais do capítulo

Aviso: cenas de luta fortes neste capítulo, caso não queiram ler, elas começam logo após esta frase "Finalmente havia conseguido o que queria: ação." e terminam nesta "O que você fez?!". Para encontrá-las, Ctrl+F.



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"Eu quero ouvir o que você tem a dizer sobre mim. Ouvir se você vai viver sem mim. Eu quero ouvir o que você quer... O que diabos você quer?"

I Remember

_____そんざい_____

A viagem fora longa e cansativa; parecia que seus músculos simplesmente rasgariam ao menor movimento e que seus ossos quebrariam ao mais brusco golpe. Os goles d’água que tomava com moderação pareciam pedaços de lixa em sua garganta, descendo rapidamente e arranhando seu pescoço.

Não adiantava o quanto tentasse se convencer de que ainda havia uma saída e que Konoha notaria sua falta, o nome Hyuuga não caia mais sobre seus ombros. Para o mundo shinobi ela era apenas uma valiosa moeda de troca e para sua família, uma radicalista destituída e, consequentemente, sem existência.

Ao cruzarem os portões da Nuvem, logo se ouviram os gritos animados e assobios de comemoração, como se estivessem desfilando em praça pública com o mais valioso dos troféus. Hinata ergueu a cabeça, sentindo os olhares analíticos e maliciosos seguindo-a.

Fora uma questão de poucos minutos e logo havia cedido quando o grupo de ninjas parara bruscamente. Arfava com rapidez enquanto seus olhos encaravam o selo sobre a corda, quaisquer tentativas de acumular chakra resultavam em exaustão e numa forte tontura. Havia tentado várias vezes, entretanto seu corpo havia cedido e com intervalos iguais seu chakra era retirado de seu corpo, restando apenas o suficiente para mover as pernas.

Burburinhos e olhares entusiasmados acompanhavam-na conforme era guiada até o prédio principal. As nuvens cinzentas ameaçavam encobrir totalmente os céus monocromáticos enquanto os minutos arrastavam-se. Tropegamente Hinata tentava manter-se de pé e acompanhar o ritmo ditado pelos ninjas à frente, e repentinamente haviam parado.

Houve um breve silêncio, que logo fora quebrado por palavras de reverência e cumprimentos formais.

– Uma Hyuuga da família principal?! Parece que hoje é meu dia de sorte... – o timbre baixo e quase elegante de Akane fez-se presente de imediato ao encarar a Hyuuga. – Onde a encontraram? – perguntou enquanto se aproximava e segurava o rosto de Hinata com certa força.

– Estava um pouco longe de Konoha. – rapidamente um rapaz informou. – Não foi tão difícil capturá-la... Eu realmente esperava mais, até para um Hyuuga.

Hinata trincou a mandíbula no mesmo instante e encarava o chão. O toque de Akane fazia sua mente disparar a mesma palavra repetidamente: perigo. Suas mãos tremiam enquanto Hinata sentia o olhar criticamente analítico da shinobi sobre si.

– Qual é o estado de seus olhos? – Akane questionou enquanto tentava encontrar alguma imperfeição nos olhos de Hinata.

– Ao que tudo indica, eles estão ótimos. – um deles ponderou rapidamente. – Ela não ativou o Byakugan até agora, estamos controlando seu nível de chakra desde o País do Fogo.

– Então, levem-na para a sala cirúrgica. – Akane ordenou sem conter sua expectativa. Encarou Hinata e sorriu-lhe de modo quase gentil. – Não se preocupe Hinata-sama... Você não vai sentir tanta dor. Eu acho.

Abruptamente, Hinata fora forçada a caminhar. Os lances de escada estavam a poucos passos de onde estava e o desespero começava a penetrar sua carne e inundar seus pensamentos. Seu corpo movia-se descontroladamente, numa vã esperança de poder livrar-se das amarras em suas mãos e correr para a saída.

Logo seus braços foram segurados e ela era levada até os primeiros degraus. Seu coração batia rápido demais enquanto movia suas pernas em qualquer direção e tentava ganhar algum impulso para sair dali. E num mísero segundo, Hinata havia cedido ao desespero e cometido o que sua mente classificava como um dos piores erros no momento.

O Byakugan estava ativado. E um sorriso nasceu nos lábios de Akane.

Rapidamente os ninjas a forçavam a subir os degraus e arrastavam-na até seu destino. Hinata observava os ciclos de chakra dos shinobis fluindo normalmente e enxergava os pontos de chakra paralisados de outros confusamente. As palavras morriam em sua garganta conforme avançavam pelos degraus e tinham chegado ao corredor.

Sua respiração igualava-se aos sons de seus batimentos cardíacos, ambos estavam altos e rápidos demais. Com extrema força seus braços foram puxados e haviam avançado rapidamente certa distância até a sala cirúrgica. Hinata agitava os braços e pernas numa tentativa de se livrar deles e logo seu corpo fora empurrado até a sala.

– Amarrem-na na maca, ainda tenho que analisar se há algum problema com seus olhos. – Akane ordenou automaticamente.

Hinata encarou a sala, sentindo o medo roubando-lhe as forças de uma vez. O brilho do Byakugan aumentava a cada segundo conforme sentia que não havia meio algum de sobreviver. Por fim seus olhos pousaram no corpo de Neji, inerte e jogado num canto qualquer.

O ar inflou seus pulmões e pareceu não escapar por um longo tempo. Os filetes de sangue secos que estavam no rosto de Neji indicavam o que havia ocorrido sem pudor. Os fios de cabelo cobriam grande parte do rosto do Hyuuga; seus braços estavam rente ao corpo como se ele fosse mais um resultado fatídico de um conflito.

Hinata sentia seus braços sendo puxados e seus pés movendo-se até algum lugar, mas não parecia que eles realmente lhe pertenciam. As lágrimas começavam a fluir por seu rosto, mas ela não as sentia totalmente. Cada pedaço de seu corpo parecia estar sobre anestesia e tudo soava como um poema trágico.

Ouvira o aviso de que seus olhos seriam retirados, mas sua atenção estava fixa em Neji. Mais lágrimas rolaram e sua mente ditava que talvez aquela fosse a real maldição de ser um Hyuuga.

_____そんざい_____

Há tempos o Uzumaki não sentia a adrenalina intoxicar suas veias de um modo quase viciante. Outrora havia um sorriso de satisfação em seu rosto conforme seus clones corriam e combatiam o inimigo ou enquanto seus treinos resultavam num jutsu de alto padrão. Desta vez não havia sorriso algum.

Sua mente explodia com as informações mais recentes e divagava o que estava acontecendo. Sentia o ar prender-se em seus pulmões e de algum modo expandir-se, fazendo o fôlego entrar e sair desesperadamente de seu corpo. Os selos que haviam colocado em seu corpo pareciam cada vez mais fracos e por meio segundo a Kyuubi rira.

Naruto e Gaara esgueiravam-se entre as árvores enquanto tentavam manter-se atentos a qualquer ruído e a qualquer aproximação repentina. Ambos estavam cansados e seus ossos doíam como se tivessem treinado arduamente por horas sem descanso. Mas àquela altura, a ânsia da liberdade gritava mais alto.

Bruscamente pararam enquanto a chuva os acobertava, como se os céus lhes dessem boas-vindas. Os pingos d’água caíam ferozmente e aterrissavam no solo paralelamente e caiam nos topos das cabeças de ambos e dividiam-se conforme eles se moviam.

Talvez aquele fosse o gosto da liberdade.

– Conseguimos Naruto. – a voz quase anestesiada de Gaara chegou aos ouvidos de Naruto como um segredo estúpido. – Nós realmente conseguimos.

Em minutos a chuva ganhava mais densidade e os portões da Vila da Nuvem estavam próximos e imperativos. Os rosnados da Kyuubi tornavam-se mais altos e cada vez mais urgentes no âmago de Naruto e lentamente sua voz invadia os pensamentos do Uzumaki sem permissão.

Vamos lá, Naruto. Você finalmente fez alguma coisa, deveria estar orgulhoso disso. – o tom zombeteiro da Kyuubi ganhava a atenção de Naruto. – Eu disse que havia como sair daquele lugar. – a risada baixa da Kyuubi ainda soava de modo sinistro e ameaçador. – Agora a questão é: o que você pretende fazer? Não pode ficar andando por aí como um bom ninja, você é um nukenin, lembra?

Um pequeno suspiro escapou dos lábios do Uzumaki enquanto as palavras da Kyuubi ganhavam o efeito esperado e a incerteza estava implantada.

– Naruto, você consegue manipular chakra? – Gaara questionou enquanto ganhava repentinamente a atenção de Naruto. – Não podemos ficar aqui, provavelmente estão à nossa procura e por isso precisamos de Henges. A floresta não vai ser segura por muito tempo.

Ao menos uma vez, ouça-o. Alguém tem que ser inteligente. – o comentário ácido da Kyuubi fora disparado em seguida sem qualquer tipo de censura.

– O Ero-Sennin morreu nessa Vila. Não é um pouco irônico que eu precise me esconder nela? – a contrarresposta de Naruto causou silêncio por alguns segundos. – Nós só temos uma chance, sabe disso. Então, é melhor irmos logo.

Um sorriso quase satisfeito era expresso pela Kyuubi enquanto ela ajeitava-se dentro dos portões que outrora protegiam Naruto de seus acessos de raiva. Seus olhos escuros brilhavam ansiosos e maliciosos por uma boa briga ou por alguns minutos de ação, entretanto a incerteza de seu Jinchuuriki chegava a ser palpável.

Mas ainda havia um fio quase extinguido em Naruto clamando pela verdade, e não se referia à culpa que ele carregava.

_____そんざい_____

Havia um tipo diferente de adrenalina que corria pelas veias de Naruto e que atormentava Gaara. Nada nela relacionava-se à emoção de estar livre ou longe das ruínas do Ferro, apenas remetia ao temor de serem descobertos e capturados. Constantemente sentiam os olhares desconfiados e curiosos dos cidadãos e ninjas os seguindo até certo ponto.

A chuva ainda mesclava as nuvens e mantinha a umidade alta sobre a Vila. Os passos extremamente cautelosos dados em linha reta por Naruto e Gaara pareciam denunciar que seus níveis de chakra estavam desregulados e que a qualquer momento, as transformações de camponeses que ostentavam virariam nada. E estavam perto demais daquela possibilidade.

– Parem aí. – a ordem de um shinobi os surpreendeu e ambos interromperam seu trajeto. Pouco depois o shinobi estava a sua frente e os encarava de modo analítico. – Não acham que estão indo pelo lado errado?

– Estamos indo à casa de um amigo... Algum problema com isso? – Gaara falou em seguida, tentando manter sua voz segura e calma o suficiente, mesmo que sua mente explodisse com ordens para fazer alguma coisa.

– E desde quando camponeses conseguem usar chakra? Isso sim seria uma grande novidade por aqui... Afinal as coisas mudaram desde a Quarta Guerra. – o shinobi disse enquanto movia o pescoço para os lados, logo mais dois shinobis aproximaram-se.

– Eu soube que ela foi feia. Disseram-me que alguns civis estavam envolvidos... Coisas de ninja. – Gaara retrucou rapidamente e Naruto forçou uma risada tranqüila. – Se não se importam, temos que ir andando.

Os três ninjas abriram espaço e aguardaram os dois camponeses passarem. Fora apenas uma questão de segundos e um dos shinobis ordenou que ambos parassem novamente. Naruto girou o corpo e uma kunai voava em sua direção, num impulso ele girou o corpo mais uma vez e a lâmina da kunai rasgara superficialmente seu pescoço.

– Acharam mesmo que iriam embora? Idiotas. – o shinobi bradou enquanto corria na direção de ambos empunhando outra kunai e os outros saltavam e atacavam ferozmente.

Os níveis de chakra de Naruto e Gaara haviam desestabilizado bruscamente, logo revelando suas identidades e os selos da prisão ainda impediam que ambos pudessem contra atacar num nível mediano. Tiveram de saltar para lados contrários, enquanto os shinobis dividiam-se para atacar. Um ninja se pôs na frente de Gaara enquanto outro o atacava pelas costas.

O antigo Kazekage tentava concentrar um pouco de chakra para, ao menos, conseguir saltar para a água e correr sobre ela, entretanto sua mente alertava que havia gasto chakra demais no Henge. Logo suas pernas cederam à falta de chakra e os ninjas lhe sorriam como predadores altivos; naquele momento não havia escapatória e Gaara fora rendido.

O Uzumaki tentava manter-se de pé enquanto a Kyuubi agitava-se no seu interior de modo irritante. Seus braços estavam cruzados, tentando defender-se dos socos e chutes que recebia sem intervalos do shinobi. Suas forças esvaíam-se rapidamente e o ninja lhe sorria animado enquanto conseguia quebrar a frágil defesa imposta pelo Uzumaki. E então, Naruto fora rendido.

– Eu realmente pensei que ia ser mais interessante. – um dos ninjas disse enquanto a atenção dos mais curiosos estava fixa na cena. – Bastardos... Akane-san vai ficar puta com isso. Dois idiotas conseguiram entrar na Vila.

– Mas foram capturados. Vamos levá-los até ela, afinal ela sempre cuida desse tipo de assunto... – o outro retrucou enquanto pegava uma corda de um estabelecimento e a cortava em duas partes. – Cara, esse tipo de gente envergonha qualquer ninja. Não passam de inúteis.

– Inúteis assim rendem um bom dinheiro. – outro retrucou enquanto pegava um pedaço de corda e o amarrava nas mãos de Naruto; o processo era repetido em Gaara. Ambos foram erguidos e empurrados. – Com nome importante ou não, ainda rendem dinheiro.

– Akane-san realmente vai ficar puta... – o primeiro retrucou ao empurrar Naruto.

A inquietação imediata da Kyuubi era apenas uma pequena e cabível parte. Os olhares e murmúrios variavam da arrogância a certo bel prazer sobre a captura recente. Logo havia o reconhecimento e a sombra da humilhação aproximando-se perigosamente sobre Naruto e Gaara. Tudo remetia a um desfile pomposo, do mais alto padrão sob olhares enigmáticos e analíticos.

Empurrões os direcionavam até o prédio principal. Gritos agonizados e de clemência os recebiam ao entrarem no local, o odor de morte e sangue penetrava o ar de uma maneira quase tóxica. Os ninjas os empurravam até as escadas e os forçavam a subir os degraus rapidamente; o primeiro lance de escadas fora subido em poucos minutos e os gritos ganhavam mais potência e retraíam os músculos de ambos.

– Akane-san! Akane-san! – um dos ninjas falou animado enquanto andava pelo corredor. Em passos falhos, o Uzumaki e o Sabaku avançavam pelo corredor e ao mesmo tempo seus pensamentos os atormentavam e torturavam-se com o teor da realidade em seu mais profundo aspecto.

– Entre logo... Fique quieta, merda! – a mulher ordenou irritada enquanto continha um grito raivoso pela agitação exagerada de Hinata.

Rapidamente o Uzumaki avançou pelo corredor e suas pernas fraquejaram por um instante, somente o suficiente para quase perder o equilíbrio diante da soleira do cômodo levemente iluminado. Então seus músculos resetavam dum jeito brusco, enquanto seus olhos fixavam-se na figura da Hyuuga. Instintivamente havia a emergente necessidade de fazer alguma coisa enquanto sua mente trazia as memórias de sua luta com Pain e da ação de Hinata.

O Uzumaki sentia o desespero fazer o sangue correr em seu corpo e a raiva surgindo como um ponto cego, ele não sabia de onde vinha, mas ainda assim a sentia. Os gritos angustiados que envolviam aquele andar pareciam despertar ainda mais a inquietação da Kyuubi e fazê-la sedenta por ação.

Naruto estava paralisado, não apenas pelo pânico do desconhecido ou pela fúria que fervilhava seu sangue de um modo sádico e equivalente ao descontrole da Kyuubi. Era apenas o medo se pronunciando e ameaçando afogá-lo de novo.

– Hinata! – desesperadamente Naruto levantou e deu três passos na direção dela, enquanto repetia o nome dela ininterruptamente. Dois shinobis o seguraram de imediato e o empurraram para fora. – Não! Hinata!

– Não acredito! Uzumaki Naruto?! O grande responsável pela Guerra está na minha frente? Quanta honra! – Akane disse enquanto sua voz soava zombeteira, mas não escondia sua surpresa pela captura. – O famoso Jinchuuriki da Nove Caudas bem na minha frente, como uma moeda de troca... Valiosíssima. Isso realmente é um achado! Onde o encontraram?

– Ele estava no bairro ao lado, tentou usar um Henge, mas não deu certo... – prontamente ela fora informada enquanto um amplo sorriso desenhava seus lábios.

– Hoje é mesmo o meu dia de sorte! Sabaku no Gaara?! Oh, não. Isso realmente é um grande dia de sorte... – ela disse enquanto analisava o rosto dele com ambição. – Uma Hyuuga da família principal, dois Jinchuurikis e, de brinde, quase sem chakra e com a reputação de nukenins. Só falta Uchiha Sasuke e Haruno Sakura aqui para completarem minha sorte!

Naruto movia os braços, tentando livrar-se dos ninjas, mas a falta de chakra mostrava suas conseqüências. A risada de Akane ecoou pelo local amplamente e ela encarou os dois.

– Eu vou retirar os olhos da Hyuuga e depois joguem o corpo no calabouço, assim como o de Neji. Ele já está fedendo desde a remoção e o cheiro está começando a impregnar na sala. É realmente incômodo. – ela os instruiu enquanto ouvia os gritos raivosos de Naruto. – E a respeito desses cavalheiros, podem levá-los ao calabouço, já que o caríssimo senhor Uzumaki faz tanta questão da companhia da Hyuuga.

Com calma Akane retornou para o cômodo enquanto os shinobis cumpriam as ordens dadas sem qualquer tipo de comentário. A inquietação da Kyuubi chegava a ser contagiante e seus grunhidos ecoavam ferozmente na mente de Naruto, enquanto o mesmo não conseguia conter o descontrole que liderava seus movimentos.

– Você ouviu o que ela disse e você sabe que a garota vai acabar como o arrogante Hyuuga se você não fizer alguma coisa logo. – o rosto raivoso e sério da Kyuubi surgiu repentinamente. O Uzumaki olhou em volta, reconhecendo a intervenção que sua mente criara entre ele e a raposa. – Não posso acreditar que você é tão estúpido a ponto de não entender isso.

– Eu sei, droga! O que você quer que eu faça?! Eu não tenho mais chakra, Kyuubi! – Naruto esbravejou enquanto sentia a raiva o controlando lentamente.

– Use o meu.

A confusão abateu o raciocínio de Naruto e o mesmo tentava contê-la em vão. Seus olhos estudaram a expressão insatisfeita que a Kyuubi ostentava e o modo sombrio como seus olhos brilhavam insanamente diante da clara possibilidade do descontrole de Naruto. A mente do Uzumaki pesava as conseqüências num modo leviano, enquanto a tensão da necessidade de obter poder e resgatar logo suas forças o fazia aproximar-se da Kyuubi.

Haveria um preço. E mais uma vez, Naruto estava disposto a pagá-lo sem entender a dimensão de seu peso.

– Me diga o que você quer em troca. – ele exigiu ao encarar seriamente a Nove Caudas.

– Acha que estou no seu nível? Realmente pensou que eu me rebaixaria tanto ao ponto de querer algo de um moleque que não tem coragem de defender o próprio nome, que dirá o legado de seus pais?! – ela gritou em resposta enquanto exibia seus caninos ferozmente e suas caudas agitavam-se tanto quanto. – Eu não quero nada além do que restou daquele pirralho que ousava dizer que conseguiria acabar com meu ódio. Porque isso que está na minha frente não passa de uma sombra ressentida que me faz querer rasgá-lo no meio e me livrar dessa humanidade podre e imprestável!

Naruto encarava com irritação seu bijuu. A tensão estava presente e sufocava qualquer tipo de medo ou pânico. Restara espaço única e exclusivamente para o ódio que emergia violentamente.

– Talvez Madara estivesse certo. Talvez não haja motivo para que sua raça sobreviva, porque todos sabem que apenas os mais fortes são lembrados e vivem. Fracos como você são apagados facilmente da história e surgem aos montes, como insetos. – o brilho nos olhos da raposa mudara drasticamente e assumira tenebrosamente a ira. – E isso realmente me enoja.

– Eu quero o seu poder, Kyuubi. E quero agora! – Naruto bradou enquanto sua face demonstrava uma pequena brecha da determinação que o movia. A risada da Nove Caudas surgiu em seguida.

– Por que eu faria isso? Você é tão patético e insignificante quanto seus antigos companheiros de time... Tão companheiros que lhe abandonaram na primeira oportunidade. – a Kyuubi ditou sem importar-se com a fúria que causava em Naruto, pois era exatamente o que ela queria.

– Você vai fazer isso, sua Kyuubi desgraçada! Eu vou pegar o seu poder e você não vai me impedir!

Um sorriso triunfante nasceu no rosto da Kyuubi. Finalmente havia conseguido o que queria: ação.

O chakra vermelho fluía em abundância pelo corpo de Naruto enquanto ele gritava raivosamente. Seu corpo tremia de modo assombroso e sua pele começava a apresentar hematomas, mas a dor não lhe impedia, apenas o impulsionava enquanto ele forçava livrar-se das cordas e logo conseguiu. Um sorriso dolorosamente impulsivo cresceu em seu rosto e ele girou o corpo; desferiu dois socos no shinobi à sua esquerda , afastando-o consideravelmente.

Naruto moveu-se velozmente e saltou, prendeu as pernas ao redor do pescoço do shinobi e girou o próprio corpo brutalmente, recebendo como resposta o estralo dos ossos do pescoço do ninja. E em seguida ambos caíram, mas Naruto recompôs-se em instantes e o manto da Kyuubi ganhava um tom mais vermelho e as três caudas balançavam.

Um grunhido de dor e cólera rompeu a garganta de Naruto e ele correu na direção dos outros dois shinobis, o mesmo os encarou descontrolado e ansiando por mais daquela sedenta adrenalina percorrer seu sistema. Um dos ninjas usou Gaara como refém e o outro empunhou sua katana.

– Não se aproxime ou ele mo... – a frase fora interrompida repentinamente e um grito rompia a garganta do shinobi. Naruto havia rasgado-lhe os joelhos usando a força da Nove Caudas e observou-o cair, assim como Gaara. Rapidamente Naruto cortou a corda que envolvia as mãos de Gaara e o olhou raivosamente.

– Seja útil e acabe com alguns. – ele ditou enquanto tocava o ombro de Gaara e lhe passava uma pequena quantidade de chakra.

O Sabaku ergueu-se e fitou o shinobi agonizando ao seu lado e Naruto rosnando para ele de modo irritadiço. Com pressa, Gaara pegou duas kunais e as empunhou enquanto iniciava uma luta com o shinobi que ainda mantinha sua katana rente ao corpo. Naruto avançou até a soleira do cômodo, enquanto ouvia os sons de passos aproximando-se e os burburinhos.

Não fora apenas o desespero que o motivara a roubar o poder de seu bijuu sem permissão ou a clara necessidade de lutar por sua própria vida e pelas demais vidas. Fora Hinata. E novamente fora ela quem despertara a cólera de Naruto ao ouvir o primeiro grito dela ao sentir o bisturi cortando sua pele.

Um novo grito rompeu a garganta de Naruto e fora mais feroz e sedento por sangue do que anteriormente. A violência estava estampada em seus olhos e o manto da Kyuubi se tornava mais denso, mais clamante por mortes e mais perigoso. Metade de seu corpo ganhava as características da quarta cauda enquanto a outra metade ganhava o esqueleto que o envolvera na sexta cauda.

Akane e os outros quatro shinobis que estavam com ela dentro do cômodo assustaram-se e sentiam que a morte vertia das mãos de Naruto. Eles tentavam esconder o medo, mas não escondiam o quão estavam paralisados.

Dois ninjas correram na direção de Naruto e um deles teve seu abdômen atravessado pelo chakra que envolvia o Uzumaki enquanto o formato da pata da Raposa exibia-se do outro lado. Seu corpo fora atirado contra o outro shinobi e em seguida Naruto saltou sobre ambos enquanto um pequeno Rasengan formava-se na palma de sua mão direita. O chakra expandiu-se e perfurou ambos instantaneamente.

O Uzumaki saltou mais uma vez e pousou sobre a maca. Naruto sorriu medonhamente e fitou o rosto de Hinata.

– Vocês todos vão morrer.

Gaara girou e rasgou a garganta do ninja que enfrentara e correu até o cômodo, Naruto segurava Akane pelo pescoço enquanto a encarava sadicamente. Ela gritou quando sentiu o Uzumaki estraçalhando parte de seu rosto pouco antes de fazer um Rasengan e eclodi-lo contra o abdômen dela. O antigo Kazekage atirou uma kunai na garganta de um shinobi e saltou imediatamente, subindo sobre ele e o derrubando enquanto cravava anda mais a lâmina na carne do ninja.

O outro shinobi fora pego abruptamente por Naruto, que o atirou contra a parede. As costas dele causaram um baque alto contra o concreto e no mesmo instante o Uzumaki estava na sua frente, segurando sua cabeça e a apertando até que o sangue jorrasse.

Por fim houve o silêncio e as lágrimas de Hinata enquanto o sangue pintava o local. Lentamente a Kyuubi retraía e as primeiras marcas do uso de seu manto exibiam-se na sua pele. O Uzumaki correu até a Hyuuga enquanto sentia sua pele queimando.

Hinata fitava com pavor o cenário e recusava-se a crer em seus olhos. Seu Byakugan estava ativo e ouvia os chamados de Naruto, o desespero dele era quase palpável. E seu rosto surgiu, absurdamente machucado e seus olhos não pareciam conter a mesma cólera sombria que demonstravam há pouco.

Logo o escuro a abraçou, enquanto Naruto a chamava e a marca da morte mostrava-se presente na Nuvem novamente.

_____そんざい_____

– O que foi que eu fiz? – Naruto questionou enquanto fitava as próprias mãos. Os portões abertos da jaula da Raposa estavam logo a frente. – O que você fez?!

O olhar superior e quase cínico da Kyuubi aumentava a raiva e o remorso de Naruto. Ela manteve-se em silêncio enquanto Naruto gritava a mesma pergunta de novo e de novo. Longos minutos se passaram e o silêncio finalmente fora instaurado.

– Eu? Mas que coisa estúpida, garoto... Eu disse que não daria o meu poder, porque você não está apto para ele. – ela ditou enquanto Naruto tremia diante de suas palavras. – Você está tão descontrolado que precisa roubar meu poder para fazer qualquer coisa. Está no mesmo nível do Uchiha.

– Eu não queria nada disso! Você me forçou a essa situação! – Naruto retrucou.

– Pare de mentir para mim! Você fez isso porque quis. Não agüentou saber que a Hyuuga morreria e por isso agiu como um perfeito animal. – a voz da Raposa elevou-se assustadoramente. – A verdade é que você não consegue suportar a idéia de perdê-la... É a segunda vez que você faz isso. E novamente não conseguiu defendê-la com as próprias forças.

– O quê?

Lentamente a Kyuubi afastou-se, ignorando os gritos de Naruto e ignorando suas exigências por uma explicação melhor. A Kyuubi virou-se e acomodou-se na escuridão de sua jaula.

– Nunca mais você terá acesso a meu poder. Você não é merecedor disso ou da minha piedade, moleque. – sombriamente ela disse, enquanto fechava os olhos. – Meu poder, o selo que me aprisionava e todas as vezes em que eu o ajudei são parte do legado de Yondaime.

O silêncio instalou-se enquanto as palavras da Nove Caudas perturbavam a sanidade de Naruto, assim como as lembranças recentes de Hinata.

– E acredite, eu não vou dá-lo a qualquer um. Mesmo que seja o filho dele. – por um momento a Kyuubi encarou-o. – E isto é uma promessa.


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Notas finais do capítulo

Yo!
Mil perdões pela imensa demora, mas passei este tempo escrevendo essa fanfic e outras que ainda quero postar. Mais mil perdões se o capítulo ficou muito longo. E mais mil perdões pela demora mais uma vez.
(Sobre a cena de luta para quem leu: até eu me surpreendi com o que escrevi, sei que ficou forte, mas é que eu queria expor como o Naruto pode ser radical quando descontrolado, pois no anime/mangá quando isso acontece ele não difere amigo de inimigo e eu quis mostrar isso de um ângulo mais radical. Desculpem mesmo se ficou muito ruim.)
Como prometido, começou NaruHina; os capítulos anteriores serviram para situar o que está acontecendo com os personagens e como estão suas mentes e sentimentos. Além disso, os capítulos anteriores serviram também para explicar alguns fatores importantes da Guerra dentro da estória; mas enfim...
Antes de qualquer coisa, boas vindas aos novos leitores. o/
Atualmente estou meio que enrolada, escrevendo capítulos de diferentes fanfics quase simultaneamente porque estou com inúmeras ideias, tanto para Sonzai, quanto para outras fanfics. Esse é outro motivo da demora. E bem, estou estudando para concurso público e há legislação para decorar e aprender, já que 28 questões envolvem a lei. Mas enfim... São muitas coisas e acabo me enrolando.
E sobre o capítulo em si, eu queria escrevê-lo de um modo diferente, um pouco mais puxado para o que as personagens sentiram e para a reviravolta do Naruto. Espero que tenha conseguido e caso não, vou me esforçar mais para o próximo. ^-^ Aos fãs de SasuSaku, por enquanto (não é para sempre) o foco vai estar sobre NaruHina, mas haverá cenas de SasuSaku com o decorrer da fanfic e capítulos com o foco total nesse casal e no outro.
De qualquer maneira, não sei se o tamanho ficou muito bom, mas espero que tenham gostado do capítulo. Qualquer erro, dúvida sobre o capítulo, me avisem.
Obrigada pelos reviews e por acompanharem a fanfic. Mil perdões pela demora mais uma vez, e agradeço aos que viram o trailer da fanfic. ^-~ No próximo capítulo vão ocorrer algumas coisas e a primeira aproximação entre NaruHina mesmo. O beijo deles vai demorar um pouco para acontecer porque eu não vejo sentido em por um beijo sem mais nem menos. Peço um pouquinho mais de paciência, já que NaruHina vai ser desenvolvido primeiro.
É mais isso por enquanto. Reviews, sugestões, críticas & afins são sempre bem-vindos.
Até o próximo!
o/