Leis da Natureza

O Nascimento dos Gêmeos Hale.

Sinceramente, não sei porquê eu aceitei assistir ao parto da Rosalie. Aquele é tipo de coisa que costuma me deixar meio... perturbado.

-Jaz? – eu ouvi a voz de Alice chamar. – Jaz!

Eu levantei os olhos, em silêncio.

-Quer parar de andar em círculos? Eu estou ficando zonza por você.

Eu parei involuntariamente. Eu nem tinha percebido que estava andando, muito menos que era em círculos. Mas eu ia fazer o quê? Não dava pra ficar parado, sentando ali, com a Alice prestes a dar a luz.

-Jasper, senta. Ou eu juro que eu vou te dar uma voadora.

Sim, era o Emmett com mais uma ameaça delicada e livre de qualquer cunho brutal. Bom, depois de “quebrar suas costelas com o cabo do martelo”, “enfiar sua cabeça no liquidificador” e “te amarrar de ponta-cabeça no pára-raios do prédio”, uma voadora era quase uma declaração de amor.

-Cala a boca, Emmett. – Alice se intrometeu. – Você nem devia estar aqui, em primeiro lugar.

Emmett estreitou os olhos. Lá ia começar a troca de elogios entre os dois.

-Esse é um país livre, eu posso ir aonde eu quiser. – ele retrucou.

-Não quando você tem dois filhos em casa e uma esposa como Rosalie para cuidar deles. Se bem que qualquer coisa é melhor para aquelas crianças do que você.

Eu prendi a risada, disposto a evitar mais explicitações de afeto da parte do Emmett. Ele abriu a boca, perplexo.

-A Rosalie nem está lá. Ela ia sair com a Bella.

Até eu fui pego de surpresa com aquela. A Rosalie nunca fazia nada que envolvesse ficar a menos de uns dez metros da Bella por vontade própria.

-O que foi que você fez com a Rosalie, Emmett? – Alice perguntou com as sobrancelhas erguidas. – Ou não fez, de repente...?

-Nada, ué. – ele respondeu encolhendo os ombros. – As mulheres é que são estranhas, vai saber. Eu deixei o Eran e a Scarlet com o Edward.

Eu arregalei os olhos. Deixar o Edward sozinho com os filhos do Emmett mais a Renesmee, não parecia exatamente uma idéia que pudesse dar certo.

-Com o Edward, Emm? – eu repeti. – Ele já quase sobe nas paredes com a Renesmee, com mais dois ele vai se arrancar os cabelos.

Emmett deu de ombros.

-Aposto que ia ficar melhor. Aquele cabelinho dele é meio... duvidoso.

Alice começou a rir

-Cuidado com o que você fala, Emm... – ela avisou recuperando o fôlego.

Emmett arregalou os olhos.

-O que você quer dizer com isso? – ele perguntou preocupado. – O que foi que você viu? Fala rápido, porque se foi alguma coisa com o Eran, ainda pode ser reversível. Nem que eu tenha que arrancá-lo com os dentes do lado Edward da força.

Alice e eu começamos a rir, até que Carlisle abriu a porta do quarto. Eu parei no mesmo instante, meu estômago dando um looping histórico.

-Estamos prontos? – Carlisle perguntou sorrindo, fechando a porta atrás de si.

Não, nós não estávamos prontos. Ele e Alice, talvez. Mas eu, decididamente não. Eu engoli seco e me sentei na primeira cadeira que consegui encontrar, desmontando nela. Emmett me olhou com horror.

-Vira homem, Jasper.

Eu fiz uma careta. Não era minha culpa se a sensibilidade de Emmett era tão grande quanto a de uma cebola. Alice, percebendo meu nervosismo, se virou para mim.

-Vai ficar tudo bem, Jaz. – ela falou sorrindo. – Eu posso ver.

Como se fizesse muita diferença. Ela podia ver, mas eu, não. Carlisle caminhou até a pia e lavou as mãos, depois pegou um par de luvas cirúrgicas. Eu comecei a me ajeitar na cadeira, respirando fundo.

-Jasper, a história da voadora é muito séria. – Emmett falou engolindo seco. – Você está me deixando nervoso.

-E você quer que eu faça o quê? – eu perguntei abrindo os braços.

-Eu sei lá, pára! Daqui a pouco a Alice fica também, depois o Carlisle... Até seus filhos vão nascer neuróticos.

Eu cruzei os braços e estreitei os olhos. Era fácil falar. Eu não tinha culpa de exprimir um pouco demais o que eu sentia, sem minha própria prévia autorização.

-Não dá, Emmett! – eu falei entre os dentes. – Sai daqui você, então.

-Isso é uma ameaça? – ele falou cruzando os braços.

Eu respirei fundo. Nem que eu quisesse eu teria coordenação suficiente para brigar ou fugir dele naquele momento. Talvez, com alguma sorte, ele também não teria. Mas eu não estava nem um pouco a fim de descobrir.

-Não, Emm, só fica quieto, ok? – eu falei voltando meu olhar para Alice e Carlisle.

-Muito bem, Ali... – Carlisle falou respirando fundo. – O primeiro está vindo... e tem cabelinho preto! – ele falou com um sorriso radiante no rosto. Meu estômago pulou e eu me coloquei de pé, mais rápido do que eu achei que uma pessoa fosse capaz e fazer. O que, claro, quase fez Emmett voar no meu pescoço.

-AHHH! Mas será que você quer morrer hoje, Jasper? – ele falou entre os dentes, levando as mãos à cabeça. Ele vivia reclamando dos dramas da Rosalie, mas era igualzinho. Pobres crianças, talvez passar algum tempo com Edward realmente pudesse fazer bem a elas.

-Emmett, menos. – Alice o repreendeu.

-É tudo culpa do seu marido, Chihuahua. – ele falou sem tirar os olhos de mim. Sinceramente, o Emmett me dava medo às vezes. – Ninguém mandou ele ser estranho assim...

Claro, que surpresa. Eu juro que nem imaginei que is sobrar pra mim. Eu o ignorei, como normalmente fazia, e decidi me concentrar em Carlisle. Péssima idéia. Ele estava sorrindo, as mãos estendidas. O primeiro bebê estava vindo.

Eu senti meus músculos congelarem e fiquei parado. Por mim, eu começaria a roer as unhas e a andar em círculos furiosamente pelo quarto até meus filhos estarem fora da barriga de Alice, mas com o Emmett Delicadeza querendo me escaldar vivo, eu preferi sentar e ficar quieto.

-Por que a Alice não dá escândalo? – Emmett perguntou com a cara fechada.

-Porque eu tenho um mínimo de senso de ridículo, Emmett. – ela respondeu estreitando os olhos. Eu ergui as sobrancelhas, impressionado. Como ela conseguia sequer falar com uma criança saindo inteira de dentro dela?

-Vamos lá, Alice... – Carlisle continuou. – Olha, a cabeça já foi... mais um pouquinho... isso! – ele terminou com o bebê nos braços.

Se eu tivesse alguma cor, ela teria sumido. Talvez ficado azul, de repente. Eu tapei os olhos com as mãos, aquilo era demais para mim.

-Jasper, me diz, por favor, que você não está fazendo isso. – eu ouvi a voz incrédula de Emmett ao meu lado. Agora já era tarde. Ele ia me lembrar daquela cena, detalhadamente, e para quem mais quisesse ouvir, pelo resto da minha existência. – Você é um coxinha mesmo, olha o seu filho! – ele falou me dando um tapa carinhoso nas costas que quase me desmontou da cadeira. – Peraí. – ele parou, uma estátua. – FilhO?

Eu tirei as mãos dos olhos e os levantei. Carlisle estava com o menino nas mãos, sorridente.

-É o Elijah, Jaz.... – ele falou com um sorriso bobo ns lábios. Eu olhei para Alice, o brilho nos olhos dela era indescritível.

-Não! – Emmett gritou pulando da cadeira com um estrondo. – Não pode! Ele é filho do Jasper, não pode ter saído tão rápido assim. Vai contra as leis da natureza!

-Emmett, - Alice retrucou. – você vai contra as leis da natureza. Todas elas. Agora quer parar de implicar com o meu filho? Ele acabou de nascer.

Emmett deu de ombros, a cara emburrada.

-É só que não faz sentido! – ele resmungou. – Mas eu nem ligo, também...

Alice e Carlisle começaram a rir. Eu ainda estava em choque demais para conseguir fazer qualquer movimento mais complicado que piscar, então permaneci calado. Carlisle se virou para mim.

-Quer segurar, Jaz? – ele perguntou ainda com Elijah em seus braços.

Eu arregalei os olhos. E se eu deixasse o menino cair? Mas eu não ia deixar. Nem o Emmett derrubou o próprio filho, eu não podia ser tão lesado assim. Ou podia?

-Jaz? – ele chamou novamente, e eu voltei a focar o quarto em minhas retinas.

-Quê? – eu perguntei mecanicamente.

-O Elijah...? – ele falou como quem explica alguma coisa difícil para uma criança. – Quer segurar?

Eu engoli seco. Não segurar meu próprio filho me faria virar motivo de chacota do Emmett pelo resto da eternidade. Mais do que isso, se ele conseguisse. Meu cérebro parou, eu não sabia o que responder.

-Mas... – eu comecei, forçando-me a pensar em alguma coisa para falar. – Ele é tão pequeno e... -

-Ok, entendi. – Emmett me interrompeu. – Você é frutinha demais pra pegar o moleque. – ele se virou para Carlisle. – Me dá ele aqui. Pelo menos uma figura masculina exemplar esse menino merece ter na vida.

Eu apenas observei Emmett pegar Elijah nas mãos, do modo mais desajeitado possível. Imagine um urso polar tentando segurar uma criança. Era pior que isso. Ele examinou o menino de cima a baixo, depois ergueu as sobrancelhas, sorrindo para mim. Alice estreitou os olhos.

-Emm, se você ousar verbalizar o que você pretende, eu juro que te soco assim que eu sair daqui.

-O brinquedinho do Eran é maior que o do Elijah, pronto falei.

-Emmett! – Alice grunhiu entre os dentes.

Emmett começou a rir, colocando Elijah mais perto de si. Eu abri a boca, incrédulo.

-Tudo bem, não é culpa dele... – Emmett começou, encolhendo os ombros. – Nem todos têm a sorte de ter um pai... que nem eu. É a vida, ela é injusta às vezes.

-Eu juro que eu vou te socar, Emmett. – Alice retrucou com o cenho cerrado. – Você não vai falar nada, Jasper?

Mas meu Deus, o que eu ia falar?

-Claro que não, ele não consegue. – Emmett respondeu por mim. – Vai, Jaz, segura o moleque... Ele não mor...AI! – Emmett puxou o dedo da boca de Elijah, bravo. – Me mordeu!

Alice começou a rir.

-Vai, provoca mesmo... A tendência é só piorar, Emm.

Ele franziu as sobrancelhas, emburrado.

-Bebês não deviam vir equipados com dentes. Também vai contra as leis da natureza.

-Você nem sabe o que é uma lei da natureza, fica quieto. – Alice retrucou.

-Muito bem, chega os dois. – Carlisle interferiu. – Ainda falta a Sappheire, Ali.

Alice assentiu com a cabeça, respirando fundo. Eu engoli seco de novo.

-Jasper, agora seu filho está vendo tudo. – Emmett falou se sentando ao meu lado com Elijah nos braços. – Pelo menos finja sua masculinidade. Por respeito. Que tipo de soldado você era, afinal?

-Cala a boca, Emmett. – eu falei entre os dentes balançando as pernas freneticamente. Eu só queria que aquilo acabasse logo.

Eu tapei os ouvidos e fitei o chão furiosamente, deixando para me preocupar com o que Emmett falaria de mim depois. Eu não queria nem ouvir Carlisle dizer o quão perto minha filha estava de nascer. Custava sair de uma vez?

Não percebi quanto tempo passou, só levantei o rosto novamente quando dois tapinhas delicados – dessa vez delicados de verdade – acertaram minhas costas. Era Carlisle, com uma garotinha de cabelos dourados, tão pequena, nas mãos. Eu fui obrigado a sorrir. Os olhinhos dela me observavam, curiosos. Eu levantei o rosto para Carlisle e ele me estendeu Sappheire, me encorajando. Eu olhei para Alice, seu sorriso era radiante. Engoli seco e, ainda apreensivo, peguei minha filha em minhas mãos.

-Nossa filha, Ali... – eu murmurei ainda desajeitado, sorrindo para Alice. – Nossos filhos... – eu terminei passando o olhar para Elijah, que tentava agarrar a mão de Emmett, provavelmente para mordê-la outra vez. Ele levantou o braço para que o menino não pudesse alcançá-la e se virou para mim.

-Bom, pelo menos uma coisa aqui não contraria a natureza. – Emmett falou com um sorriso malicioso no rosto, que já me fez imaginar o que vinha por ali. – O Jasper sempre tem mais afinidade com as meninas. A Sappheire vai ter com quem brincar de casinha.

***

NOTAS:  Gente, incorporar o Jasper não é uma tarefa muito fácil para essa que vos fala. Mas acho que deu pro gasto, o que vocês acham? Eu juro que eu tentei... hehe

Claro, não podia faltar o Emm no meio da brincadeira, né. *-*

Quanto ao capítulo oito, quero fazer uma proposta... o que vocês acham dele contar o que acontecia na casa com o Edward e as crianças enquanto os gêmeos da Ali e do Jaz estavam nascendo? Eu já tive algumas idéias, mas aguardo a manifestação de vocês! ^^

Espero que tenham gostado! J

Por favorzinho, comentem e votem! – ou eu vou dar uma voadora em vocês.

Beijos gelados, sonhem com seu vampiro ou lobo – depois de ver o trailer de New Moon eu deixo – preferido!

ps: A próxima atualização é uma galeria com as crianças! o/

JMcCartyC